Kiss discografia 3a parte – Álbum: Dressed To Kill

Hoje: o terceiro capitulo de nossa discografia: DRESSED TO KILL

ALBUM: DRESSED TO KILL

A capa do Cd ilustra a Moldura que vinha em alto-relevo no Vinil

A capa do CD ilustra a moldura que vinha em alto-relevo no Vinil

  • Lançamento: 19/03/75
  • Produtores: Neil Bogart e KISS
  • Primeiro Single: “Rock And Roll All Nite” – em 04/75
  • Segundo Single: “C’mon And Love Me” — em 07/75
  • Paul Stanley sola pela primeira vez em “C’mon And Love Me”.
  • Gene Simmons toca guitarra em “Ladies In Waiting”…
  • RIAA Gold Certification em 02/77
  • O Álbum atingiu #32 nas paradas

Faixas:

1- Room Service – 2:59 6- C´mon and Love me – 2:57
2- Two Timer – 2:47 7- Anything for my Baby  – 2:35
3- Ladies in Waiting – 2:35 8- She – 4:08
4- Getaway – 2:43 9- Love Her All I Can – 2:40
5- Rock Bottom  –3:54 10- Rock and Roll All Nite – 2:49
A contracapa do cd da Série Remasters

A contracapa do CD da Série Remasters

No começo de 1975, Hotter than Hell dá sinais que não consegue projetar a banda para o lugar em que ela queria estar. Neil Bogart, num golpe político, juntamente com a então namorada Joyce Biawitz demite os produtores dos dois álbuns anteriores. Ao descobrir que a banda estava recebendo ofertas de outras gravadoras, percebem que deveria haver uma mudança no comando da banda, para que a própria banda se convencesse que o novo rumo resolveria o fracasso dos álbuns anteriores. Neil havia dito para a banda que ela necessitava de um hino, e a banda, antes da viagem para a tal reunião com caráter político, que mudara os rumos no comando, e ainda no Hotel Continental Hyatt House (Los Angeles), em Janeiro de 1975, cria Rock and Roll All Nite – Gene Simmons faz as estrofes e Paul Stanley o refrão. Neil Bogart seria o produtor do novo álbum (mais por uma questão de custo, pois era mais conhecedor da sonoridade “ Disco”, comum nas demais atrações da gravadora) e o grupo se convence a se manter na Casablanca Records, as gravações se dariam no Eletric Ladyland Studios em Nova Iorque.

DRESSED TO KILL marca uma mudança de som da banda, mais limpo, em relação aos anteriores, porém isso não deve ser creditado diretamente à mudança da produção. Paul Stanley se lembra de Ace Frehley tocando em um amplificador que ele próprio havia feito, e os outros amplificadores eram pequenos Fenders e pro baixo provavelmente um Ampeg B 15 , ou seja amplificadores de 15 a 20 watts de potência, que eles usavam “ no talo”  – o que seria isto, um corte de custos ou uma ideia louca? Neil Bogart, que  não era bem um produtor, estava fumando maconha durante as sessões, e talvez não tivesse a correta percepção da realidade do que estava sendo feito ali. Havia um problema maior: com exceção de She – que era tocada nos shows ao vivo e Love Her All I Can, não havia nenhum material prévio disponível para gravação. She foi adaptada da anterior versão do Wicked Lester, e Ace fez um solo, claramente influenciado pela música Five to One (The Doors), as outras músicas foram feitas durante a gravação do álbum.

A banda literalmente parava as gravações para compor, mas tudo correu muito rápido, sem grandes elaborações. Novamente a intenção do “atual produtor” era tentar capturar o som da banda ao vivo no álbum. Outra novidade que seria estendida para os próximos álbuns: o processo de gravação começa a mostrar uma diversidade em quem toca o que, e isto não é exposto na capa do álbum. Gene toca guitarra em Ladies in Waiting e Paul sola em C´mon and Love me – e nada aparece na capa – indicando créditos para toda a banda, indiferentemente de suas participações.

A avaliação de cada um em relação ao álbum é bem diversa: Simmons avalia como 2,5/5, Stanley dá 3,5/5, Criss daria 3/5 e Frehley é  o mais satisfeito, avaliando como 4/5.  No último dia de gravação, Bob Gruen vem para criar um momento clássico: a fotografia para capa do álbum com os membros em ternos – alguns esquisitos – e mascarados, é tirada em uma rua próxima ao estúdio de gravação, na esquina sudoeste da Rua Vinte e Três com a Oitava Avenida. Ao que parece, os ternos eram de Bill Aucoin, o empresário do conjunto, algumas das gravatas do próprio fotógrafo e o tamanco usado por Gene era da então esposa de Bob Gruen.

A contracapa do vinil - um truque fotografico da mesma foto da capa

A contracapa do vinil – o negativo da mesma foto da capa

*A contracapa do Lp Japonês

*A contracapa do Lp Japonês

Apesar da correria na gravação do álbum e da “pouca” produção do mesmo, há um sentimento positivo no processo, até porque a banda retorna para sua cidade e se sente muito mais confortável para fazê-lo. Segundo Peter Criss, eles se esforçaram árduamente para que DRESSED TO KILL fosse realizado, mas estavam felizes, em casa e no estúdio de gravação que era o seu predileto (Eletric Lady , Studio B). Em 19/03/75, o álbum é lançado e se inicia uma onda em que a gravadora começa a inovar na embalagem ou mesmo nas qualidades das capas. Neste caso, a capa era em alto relevo, destacando o nome da banda. Dois dias depois, Bill Aucoin, utilizando sua influência, consegue dois shows como Headliners no Bacon Theater em Nova Iorque. É a primeira vez como banda principal, um sentimento estimulante para quem havia tocado somente como banda de abertura, se sujeitando às vontades das outras bandas principais. Em 24/03/75, o primeiro passo na direção de uma acidental tacada de mestre: o show no Allen Theatre, Cleveland, Ohio é gravado por vários motivos. O principal: a banda vinha sendo constantemente abordada por outras gravadoras, e a Casablanca já se preocupava em preparar um material mais fácil para a gravação do quarto e talvez derradeiro álbum do contrato inicial. Outra grande vantagem, a redução de custos de uma futura gravação em estúdio, além do fato em que registrava aonde o grupo sempre brilhou: os shows ao vivo, o que até então não se conseguia transpor em vibração, espontaneidade, enfim o que era de melhor, para os álbuns em estúdio.

Na promoção do álbum, tocam She e Black Diamond em 1/04 no programa The Midnight Especial (disponível no Kissology Vol 1) e  o sempre inovador Neil resolve alugar o Michigan Palace para gravação de dois vídeo-clips: Rock and Roll All Nite e C´mon and Love me – os dois singles lançados no álbum (também disponíveis no Kissology Vol 1).

Na mesma noite, a banda se apresenta novamente como Headliner no Cobo Hall. Em 3/5/75 tocam na Filadéfia, no Tower Theater, em um show inusitado que teria Paul Stanley usando óculos escuros por sobre sua máscara tradicional, em função de uma conjuntivite. A banda retornaria para o Cobo Hall em outra noite para gravações do show em 16/05, assim como em 21/06 em Cleveland e 23/07 em Wildwood, New Jersey. A turnê de DRESSED TO KILL terminaria em setembro daquele ano. Embora DRESSED TO KILL não tenha levado o KISS ao sucesso desejado, entrar entre os 40 da parada americana, foi um passo na direção correta. O pequeno sucesso de Rock and Roll All Nite, que atingiu o número 68 nas paradas de singles, apontava uma confiança para o futuro.

Uma coisa era clara: o álbum não correspondia com o já então relativo sucesso da banda como Headliners nos seus shows, mas pode se ressaltar que ele seria o primeiro de estúdio dos três primeiros a receber Gold RIAA certification, mostrando um avanço, ainda que refletido tardiamente.  Bom, agora era partir para a conclusão do contrato com a Casablanca, lançando um álbum que realmente refletisse os shows do grupo: Kiss Alive! – mas isso é historia para o próximo post.

O Vinil brasileira não mostra o logotipo do KISS

O Vinil da edição brasileira não mostra o logotipo do KISS

*O encarte do Lp Japonês com as letras das músicas.

*O encarte do Lp Japonês com as letras das músicas.

N.R.: DRESSED TO KILL é um álbum mais leve, as guitarras quase sem peso, mas tem uma bateria mais bem gravada. É um álbum mais rock and roll na essência do que os anteriores. Talvez não traga tantos clássicos, mas as músicas menos conhecidas tem muita qualidade, como Love Her All I Can, tocada recentemente na turnê Rock the Nation. Para nós, do post, que gostamos de um pesinho… teria tudo para ser desprezado, mas não é. Não é, porque o álbum apresenta uma espontaneidade que transpira pelos alto-falantes. É um álbum curto, mas muito gostoso de ouvir, e que tem mais uniformidade de estilos do que os anteriores.  Facilmente poderíamos escolher o KISS – primeiro – como um álbum melhor dos três, mas neste caso, cada um tem seu teor – KISS com mais musicas clássicas – HOTTER THAN HELL, mais pesado e DRESSED TO KILL – mais rock and roll (tirado do pé – Rolf!), se alternam em nossas preferências. Cabe destacar que em certos países o logotipo do KISS nas capas era modificado, com os SS invertidos, de forma a não remeter ao símbolo do nazismo. DRESSED TO KILL é o primeiro onde a capa brasileira mostra este logotipo alterado, embora outros que foram distribuídos na mesma época mostravam-se com logotipo original. Isto demostra que nossa distribuidora não seguiu nenhum padrão, e provavelmente procurava a forma mais barata de distribuição, não se importando com a opinião dos fãs. Até a próxima semana e Ao Vivo!

A capa do Vinil Brasileiro - Não há o alto relevo com o Logotipo do Kiss - O logotipo invertido - a mensagem

A capa do Vinil Brasileiro – Não há o alto relevo – O logotipo com SS invertidos – A mensagem “Including Rock And Roll All Nite”

*O Disco Japonês “da época”, recém comprado – com o “Logo” correto.

*O Disco Japonês “da época”, recém comprado – com o “Logo” correto.

Flavio Remote e Alexandre B-side.

*Post Revisado com inclusão de fotos do novo “velho” vinil japonês em 29/07/2015.



Categorias:Artistas, Covers / Tributos, Curiosidades, Discografias, Instrumentos, Kiss, Resenhas

28 respostas

  1. Esta série da discografia do Kiss está sensacional. Bem escrita e gostosa de ser lida, rica em curiosidades.

    Também sou da opinião que uma banda precisa de um hit rapidinho para poder se lançar a voos mais altos. É como no futebol: todo time precisa de alguém que possa ser chamado de “ídolo”.

    E realmente: os caras e o mundo não tinham a dimensão que criaram um hino da história da música em geral: Rock and Roll All Nite.

    [ ] ‘ s e parabéns à dupla…

    Eduardo.

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  2. O Hotter Than Hell relançamento dos anos 80 também vinha com o SS invertidos e um adesivo no canto de baixo da capa escrito “serie raridade” , mas tanto o Dressed to Kill, como o Destroyer , R n’R Over e Love Gun foram lançados originalmente nos anos 70 pela gravadora ‘copacabana discos’ com o logo normal

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  3. Bill

    Muito obrigado pela informação,bastante relevante para quem quer entender o porque de cada disco na edicao brasileira sair com um formato diferente de “SS” s .

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  4. me amarro nesta capa é show de bola

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  5. B-Side e Remote, post publicado no Whiplash…

    http://whiplash.net/materias/db/109797-kiss.html

    Não vou falar mais parabéns, é pleonasmo… 🙂

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  6. Legal, parabéns para todos !

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  7. B-Side, Remote e galera, infelizmente Bill Aucoin, empresário que “descobriu” e ajudou a banda no início da carreira, ou ainda o “quinto membro do Kiss”, segundo Peter Criss, faleceu – mais um que nos deixa devido ao maldito câncer (desta vez, próstata):

    http://www.google.com/hostednews/ap/article/ALeqM5jfAZDStzyTfsAzj1IlYu33LHw_wQD9GKH1P00

    R.i.P., Bill.

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  8. Uma lástima, realmente…..Bill teve o mérito de acreditar naquilo em que quase ninguém acreditava, somente ele e os próprios integrantes do KISS achavam que a banda seria um sucesso. Sua visão de marketing foi fundamental para a banda acontecer, descanse em paz!

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  9. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  10. Da série “nunca tocada antes”, mais uma que o KISS aprontou , no Kiss Kruise 3 :

    Anything for my baby, que abriu o show elétrico no cruzeiro.

    Minhas considerações são as seguintes:

    Antes de tudo, é completamente inesperado o opening act de um show do KISS ser esta faixa. Até por que ela não tem cara de abertura de show, de forma alguma. Quando o show começa e se ouve a bateria do Eric Singer, tenho certeza que todos esperavam Rock and roll all nite ou então Do you love me ? Daí se seguiu um bom backing vocal e um vocal bem razoável de Paul Stanley, considerando o que temos ouvido do músico ultimamente. E a música até ficou bem legal ao vivo, embora também esteja longe da minha predileção . Como as demais raramente tocadas e que foram ouvidas neste cruzeiro, vale pela surpresa e para os die-hards fãs.

    Ah…E eles tocaram também Ladies in Waiting, que pelo que me conste, só fez parte de alguns shows da então Dressed to Kill Tour. Não que fosse inédita,mas também algo muito além do que se esperaria ouvir.Paul comete uma gafe no inicio da música, dizendo que eles nunca haviam tocado a canção, mas dá até pra perdoar, face à raridade da música ao vivo.
    Essa eu gosto bastante e ficou bem legal ao vivo

    Alexandre

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    • B-Side, quanto a Anything For My Baby, a música realmente surpreende e não combina mesmo com abertura de shows – aliás, meio sem graça, até – e a bateria dava mesmo indicação de que poderia vir Rock And Roll All Nite… de qualquer forma, sem dúvidas vale pela raridade!!

      Sobre Ladies In Waiting, me permita uma pequena correção: Paul fala que não sabe se tocaram antes (claro que ele sabe esse tipo de coisa, enfim…), de qualquer forma, ele não fala que não tocaram antes, e sim que não sabe se tocaram antes. E depois brinca dizendo que espera que não achemos que eles nunca a tenham tocado antes – complementando dizendo que ele estava falando com a banda, não ao público. A música é outra que vai muito bem mesmo (Gene a canta muito bem e os suportes funcionam bem também, no meu entender – de restante, entendo ser uma música fácil de ser tocada pelo restante da banda), quem sabe um dia eles não voltem a tocá-la em terra firma?

      [ ]’ s,

      Eduardo,

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      • Eduardo, sobre Ladies in Waiting, obrigado pela ajuda com o inglês de Stanley. E ele nem sempre sabe essas coisas não, de vez em quando ele se enrola com os álbuns, cita uma música de um álbum, mas na verdade é de outro, ele não é lá essa enciclopédia não.. Quanto a tocá-la em terras firmes, é mais fácil eu ganhar na loteria..

        Sobre Anything for my baby, concordo ipsi-litteris com o seu comentário. Considero a mais fraca do álbum

        Alexandre

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    • Ainda sobre o Kiss Kruise III, um vídeo-teaser que mostra um pouco do evento como um todo – que contou com brasileiros, como se pode ver com a bandeira que aparece logo no início – será que essa turma do país um dia aparecerá por aqui no blog?

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  11. Realmente minha ausência no blog por tanto tempo foi uma lástima. Não soube desse KissKruise. Como estou no meu limitado 3G não consigo nesse momento conferir o vídeo. As gravações parecem ser oficiais. Muito legal estarem tocando músicas incomuns ao vivo. Mais uma boa tacada de marketing.
    Valeu!

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  12. Meus Brothers BSIDE/REMOTE, saudações.
    Olha eu aqui na terceira parte dessa viagem maravilhosa!
    Este disco traz uma das capas mais bonitas do KISS (pra mim). A foto é assaz elegante! Eles realmente estavam VESTIDOS PARA MATAR.
    Assim como os dois anteriores, gosto bastante desse também (aliás, gosto bastante dos nove primeiros discos do KISS – 1974/1979 – alguns mais, outros menos).
    O meu é a edição nacional com os Ss “errados”, mas eu gostei disso. Dá um “sabor” diferente ao produto.
    Não sabia das curiosidades de Paul e Gene (se eu já havia lido sobre isso em algum lugar, foi apagado da memória).
    Nos vemos no Cobo Hall, Detroit/1975…
    Abraços…

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