Discografia Scorpions – [CAPÍTULO 3]

{In Trance – álbum & tour: 1975}

Como vimos no capítulo anterior, em outubro de 1974, Jürgen Rosenthal foi forçado a deixar os SCORPIONS devido ao serviço militar obrigatório. Ele foi então substituído pelo baterista belga Rudy Lenners. Visivelmente ciente do heavy rock que a banda rumava, Achim Kirschning deixa os SCORPIONS no natal de 1974 e após uma breve reunião dos integrantes, fica decidido que continuariam a jornada sem repor o tecladista.

Como qualquer mudança na formação requer muito ensaio, eles se dedicaram a fazê-lo ao mesmo tempo em que preparavam o lançamento do terceiro álbum, In Trance (Em Transe) em 1975, desencadeando na sequência uma nova e mais extensa turnê pela Europa.

O terceiro álbum de estúdio foi de muita valia também por iniciar as relações com o mundialmente famoso produtor Dieter Dierks, quem sedimentou o contrato assinado com a RCA logo após a publicação do In Trance.

Lineup:

Klaus Meine: Vocal

Uli Roth: Guitarra, vocal

Rudolph Schenker: Guitarra-base, backing vocal

Francis Buchholz: Baixo, backing vocal

Rudy Lenners: Bateria, percussão

Tracklist:

Faixa Título Compositor Duração
1 Dark Lady Roth 3:30
2 In Trance Meine, Schenker 4:47
3 Life’s Like a River Roth, Schenker 3:54
4 Top of the Bill Meine, Schenker 3:26
5 Living and Dying Meine, Schenker 3:24
6 Robot Man Meine, Schenker 2:47
7 Evening Wind Roth 5:06
8 Sun in My Hand Roth 4:25
9 Longing for Fire Roth, Schenker 2:44
10 Night Lights Roth 3:14

Os SCORPIONS consensam que como estão tomando uma nítida direção em relação ao heavy rock, precisam adotar uma posição de vanguarda e liderança em todos os aspectos, assim como chamar a devida atenção. Descontentes com o resultado da arte final aplicada à capa do último álbum, decidem que seus álbuns precisam ser “tão enérgicos quanto sua música”, como costumava dizer Rudolph Schenker.

E toda essa energia nas capas e no interior (músicas) dos álbuns se desenrolará por muitos anos a fio, como acompanharemos de perto…

A versão original da capa do In Trance exibia muito discretamente um dos seios da modelo dependurados sobre a guitarra. Durante a impressão sequenciada, após finalizar o primeiro lote, a imagem foi censurada (afinal estamos em meados de 1975). De forma a dar sequência à publicação, sem que prejudicasse a chegada do LP às lojas, uma segunda versão da capa é rapidamente preparada, simplesmente escurecendo-se a imagem proibida. A versão original (e censurada) da capa ilustra o início do capítulo, aqui no Minuto HM. Parece tão indecente assim?

A composição da cena é creditada completamente a Uli Jon Roth, já que a contrastante Stratocaster branca nos braços da modelo é o instrumento utilizado por ele próprio nos ensaios, gravações e turnê do In Trance.

Abaixo e à esquerda, novamente a versão censurada. À direita, a versão alternativa.

 

 

Tour:

A turnê do In Trance foi realizada em diversos países da Europa ocidental, sendo esta a primeira a ter como destino o Reino Unido. Somada à qualidade do álbum, esta turnê deu aos SCORPIONS a posição de melhor banda em atividade da Alemanha. A agitação criada começava a reverberar pelo mundo: no mesmo ano do lançamento desta obra, uma febre relacionada aos SCORPIONS tomava conta do Japão, tornando este álbum o mais vendido do selo RCA no país do sol nascente!

Ao término do ano, fechando as contas do grupo, a constatação: em 1975 duas bandas compartilharam recordes de arrecadação: KISS (!!!) e SCORPIONS!!!!

Era o estrelato dos alemães.

Avaliação:

A banda revelação da Alemanha… Esta é a reação da audiência ao acompanhar um álbum duas estrelas ser sucedido por um quatro estrelas como o In Trance.

Nesta obra é impossível passar desapercebido pela música que se torna ainda mais enérgica com Dark Lady na abertura do disco. A faixa título desponta como uma das (senão a) melhor da compilação. Afinal, o álbum inteiro tem extrema qualidade, cativando o ouvinte e merecendo destaque à performance de Uli Roth, a melhor em conjunto com os SCORPIONS até o momento. Definitivamente, um marco na carreira dos alemães (e do belga).

Aos que conhecem pouco ou muito pouco da banda, um desafio: escutem este álbum e sintam quais (e quantas!) músicas se tornam hits imediatos. É nítida a associação das melodias com o SCORPIONS.

Estava formada a identidade da banda (pelo menos por enquanto).

Acima, da esquerda para direita, em 1975: Francis Buchholz, Klaus Meine, Rudy Lenners, Uli Roth e Rudolf Schenker.

Premiações:

Os SCORPIONS foram votados em 1975 como a melhor banda alemã na ativa.

Surpreendentemente, o álbum In Trance e suas músicas não conquistaram posições de destaque na mídia e/ou prêmios internacionais, além das informações aqui relatadas. Entretanto, assim como uma medalha de valor sentimental, este disco foi o divisor de águas para o estrelato da banda.

Para seu iPod:

Avaliação do álbum: 4 estrelas ( * * * * )

Ouça: Dark Lady; In Trance; Top of the Bill, Robot Man.

[ ]’s

Julio



Categorias:Artistas, Covers / Tributos, Curiosidades, Discografias, Músicas, Resenhas, Scorpions

15 respostas

  1. Acho que não conheço muita coisa desse disco, mas pelo jeito vale a pena ir atrás…
    Ser destaque ao lado do Kiss em 1975 foi algo surpreendente mesmo, até pq este foi um ano incrível para o quarteto mascarado, sem contar as outras grandes bandas existentes na época…

    Belo review, novamente.

    Abraços.

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  2. Não sabia da capa censurada, logo que li fui correndo procurar o disco, mas como não tenho o LP, o CD infelizmente é a versão ‘escurinha’!
    E acho que daqui pra frente a coisa começa a esquentar né Julião?
    Muito bom!!!

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  3. Júlio!!!
    Curto o som deles desde a adolescência, mas não conhecia a história. O Minuto HM não poderia ter escolhido pessoa melhor para escrever sobre eles. Seu trabalho está primoroso.
    Obrigada por tanta informação.
    Falta muito para setembro?
    Beijos
    Bete, sua prima mais legal…rs.

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  4. Realmente o disco é muito bom, merece algo como as 4 estrelas tão adequadamente avaliadas pelo autor do post. Também concordo com os destaques, indubitavelmente as mais clássicas do álbum: A faixa In trance é uma das melhores faixas da época do Roth na banda, assim como Dark Lady. A questão da capa é algo que terá continuidade nos demais trabalhos, certamente uma questão de marketing a partir daqui, visto o sucesso e provável repercussão da polêmica que a envolveu.
    O álbum traz uma mescla entre músicas mais pesadas e belas baladas, também uma característica pura da banda, e eu particularmente gosto mais de Roth como guitarrista solo (aliás o considero talvez o mais técnico guitarrista de sua geraçâo) do que como compositor e principalmente como cantor, aqui entaõ, ele leva uma “surra” do Klaus Meine. As composições algumas vezes são inspiradíssimas, como esta Dark Lady, mas em outros momentos destoam um pouco do resto do álbum, como num dos poucos pontos fracos do disco , a faixa Sun in My Hand. Acho também que in Trance (o álbum) perde um pouco de fôlego em suas faixas finais, mas num geral é realmente um trabalho que merece a atenção de todos.
    Mais uma vez, um excelente post, Julio,aguardamos o próximo com ansiedade, Parabéns!

    Alexandre Bside

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  5. Esta fase do Scorpions é a minha preferida, e ja´ define a caracteristica da banda em mesclar baladas e hard rocks mais agitados, com um gênio das 6 cordas e o excelente vocal de Meine. Novamente um show de composições de Meine/Roth/Schencker nas 6 primeiras, com destaque para o genial guitarrista solo em suas melodias dobradas (Dark lady, In trance, Living & Dying, Top of the bill) e nos solos sujos hendrixianos também em Dark Lady e Top of the bill. Meine se destaca nas baladas Living & Dying, Life´s Like a River e no vocal rasgadao no hard rock agitado Top Ot The Bill. Robot Man também é um hard rock de respeito com bom apelo comercial. As ultimas 4 são mais fracas, principalmente no blues pesado, mal cantado por Roth (Sun in My Hand) – um verdadeiro desperdício vocal, levando-se em conta que a banda contava com Klaus Meine para resolver qq problema nesta área.
    Ainda temos ótimas linhas de baixo em Longing for fire e Life´s like a river e alguns teclados (reminiscentes?) a la Hammond nas baladas.
    A primeira capa que foi censurada marcaria um pouco de polêmica que a banda levaria para frente numa forma de chamar a atenção dos fãs e imprensa em geral – era bem melhor do que a que ficou depois – hehehehehe – uma pena…
    Ótimo álbum , mas teremos outros excelentes ainda aí para frente.
    Recomendo a todos que não conhecem esta fase do Scorpions que adquiram os albuns da dupla Meine/Roth.
    Julio, estou ouvindo todos os albuns em função da sua ótima idéia nesta discografia, parabéns e aguardemos o próximo.

    Flavio Remote

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  6. Julião,

    outra excelente contribuição. O desafio foi aceito e vou me aprofundar mais neste disco a partir da próxima semana – essa estou brincando de Manowar no clima do show da próxima sexta.

    Obs.: Dark Lady é boa demais mesmo… uma viagem…

    Parabéns… ah! Já falei que esta estrutura ao final chamada “Para seu iPod” é sensacional? Hehehehe.

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  7. Julio e amigos,

    pelo formulário de contato com o Minuto HM, recebi este contato que achei muito legal e compartilho com todos, mas especialmente com o amigo Julio.

    Deixo também registrado, em nome do Minuto HM, um “muito obrigado” ao Tadeu por comparilhar conosco este interessante artigo que complementa a discografia. Tadeu, fique a vontade para comentar por aqui, tanto neste post quanto em todo o blog!

    _____________________________________________________________________________

    Name: Tadeu Bigas
    Email: tadeu.bigas@yahoo.com.br

    Message: Olá, saudações metaleiras!

    Primeiro quero parabenizar pela fantástica discografia comentada do Scorpions, muito bom, impecável.
    Gostaria de sugerir que desse uma olhada no post que editei e foi publicado no whiplash http://whiplash.net/materias/curiosidades/122163-scorpions.html à respeito de um disco raro do Scorpions.
    Talvez possa lhe interessar a inserir de forma extra na discografia que vc. publicou ref. à obra do Scorpions. Trata-se de um disco que eles gravaram, um compacto na verdade com dois covers do Sweet, cantado em alemão que ficou muito doidopor sinal, e usaram um psedônimo “The Hunters”.
    Desde já, parabéns, e Obrigado!
    Abraço, Tadeu!

    _____________________________________________________________________________

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  8. Valeu Galera!
    Como Scorpions Maníaco… esse trabalho do Julio soou como uma mini biografia dos caras, quase um livro…, uma banda como Scorpions não dá pra se resumir mas também não dá p/ descrever tudo, acho que nem eles próprios conseguirão um dia registrar esses 40 anos… mas o que sei é q o trabalho do Julio aqui no MHM foi sem dúvida detalhista, fiel, e muito emocionante… é o melhor registro na Web Nacional…à respeito.
    Abraço!
    Tadeu Bigas – Scorpions Crazy Fan

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    • Tadeu,

      em nome do Minuto HM, agradeço pela sua atenção e pelos elogios. Falei pessoalmente com o autor da discografia aqui do blog, o Julio, que também ficou muito feliz com a dica dada, que ele não conhecia, bem como com seus elogios.

      Seja sempre bem-vindo aqui no Minuto HM.

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  9. Trago aqui um encontro que poucos viram, e iria passar desapercebido, mas que contém uma nata musical admirável ; Antes porém preciso colocar a minha ignorância por aqui em informar que eu não conheço o guitarrista da direita ( na visão platéia ) do palco Adrian Galysh. Tão pouco sei quem é o baterista que teve a honra de estar com os demais monstros no palco para a execução de uma das melhores músicas do Scorpions : In Trance !
    Ah…os ” monstros ”
    Uli Jon Roth ou Ulrich Roth , como ficou conhecido aqui nessa excelente discografia – guitarras
    Warren DeMartini – guitarra, ex e eterno Ratt
    Francis Buchholz – baixo e eterno Scorpions , que aliás sumiu depois de sair da banda. Bom vê-lo aqui de novo!!
    E como se não bastasse tudo isso, o vocal ficou a cargo de Jeff Scott Soto.
    Quem acabou de ler essas linhas, pode se ajeitar e apreciar essa versão da faixa título em algum lugar , no ano de 2006

    Saudações

    Alexandre

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Trackbacks

  1. Consultoria do Rock – “Melhores de Todos os Tempos: 1975″, com participação do Minuto HM « Minuto HM

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