Discografia Scorpions – [CAPÍTULO 6]

 

{Tokyo Tapes – álbum duplo, ao vivo: 1978}

Após os festividades do ano novo de 1978, a banda se reune para alguns ensaios preliminares e Uli Roth não comparece. Rudolph Schenker tenta contato algumas vezes mas não obtém sucesso. Repentinamente, em uma reunião de definição da nova turnê, na casa do produtor Dieter Dierks eis que surge Uli Roth.

Visivelmente irritado, junta-se aos presentes e prontamente anuncia que deixará os SCORPIONS. Mas para a surpresa de todos, ele não o faria imediatamente, deixou claro também que participaria de uma última turnê, algo como uma grande despedida.

Roth cumpriu à risca sua promessa, participanda da turnê e deixando a banda antes mesmo da publicação do Tokyo Tapes (Gravações de Tóquio), o primeiro álbum ao vivo dos alemães. Mais tarde Uli afirmaria que descordava completamente do rumo “comercial” a qual a banda vinha tomando.

O lineup abaixo se manteve portanto apenas durante a turnê.

Lineup:

Klaus Meine: Vocal                                                                                               Uli Roth: Guitarra, vocal                                                                                    Rudolph Schenker: Guitarra-base, backing vocal                                                 Francis Buchholz: Baixo, backing vocal                                                              Herman Rarebell: Bateria, percussão

Tokyo_Tapes_1978

Tracklist:

Faixa Título Compositor Duração
1 All Night Long Meine, Roth 3:43
2 Pictured Life Meine, Roth, Schenker 3:15
3 Backstage Queen Meine, Schenker 3:40
4 Polar Nights Roth 6:55
5 In Trance Meine, Schenker 5:31
6 We’ll Burn the Sky Meine, Dannemann 8:12
7 Suspender Love Meine, Schenker 3:39
8 In Search of the Peace of Mind Dziony, Heimberg, Meine, Schenker, Schenker 3:07
9 Fly to the Rainbow Roth, Schenker 9:45
10 He’s a Woman, She’s a Man Meine, Rarebell, Schenker 5:28
11 Speedy’s Coming Meine, Schenker 3:37
12 Top of the Bill Meine, Schenker 6:44
13 Hound Dog Leiber, Stoller 1:22
14 Long Tall Sally Blackwell, Johnson, Little Richard 2:30
15 Steamrock Fever Meine, Schenker 3:52
16 Dark Lady Roth 4:09
17 Kojo No Tsuki Taki, Tsuchii 3:46
18 Robot Man Meine, Schenker 5:52

Sua banda sendo eleita a número um em seu país natal, tendo feito diversas turnês por toda a Europa e Reino Unido, atingindo países fora da sua região geográfica. Tudo isso no finalzinho da década de 70, com um heavy rock característico.

Qual seria o próximo desafio? O que faltava fazer?

Uma turnê pelo Japão, em resposta ao carinho e audiência dos fãs, aproveitando para gravar as performances no país do sol nascente, publicando um álbum com eles. E foi exatamente isso que os SCORPIONS fizeram.

Tokyo Tapes inclui em seu repertório faixas de todos os discos anteriores da banda, exceto por All Night Long, uma música nova que não havia sido publicada em nenhuma obra.

Desta vez, quebrando a série de três capas vertiginosas e polêmicas (estabelecida por In Trance, Virgin Killer e Taken by Force) a imagem escolhida para ilustrar o LP consistiu apenas em uma foto de bastidores da apresentação, a qual usamos no início do post. Mas as capas alternativas já tinham se tornado também algo como uma marca registrada dos alemâes e por isso, para a vendagem em diversos outros mercados internacionais (principalmente na Asia), foi criada uma capa alternativa, conforme reprodução abaixo.

Tokyo_Tapes_Alternate

Tour:

Obviamente por se tratar de um álbum ao vivo, a turnê do Tokyo Tapes foi invertida, ou seja, o show dos SCORPIONS realizado em Tóquio nos dias 24, 26 e 27 de 1978 no Sun Plaza Hall foi gravado para a publicação do Tokyo Tapes no início do segundo semestre do mesmo ano, apenas para o mercado japonês!

Sobre os shows e a gravação do álbum, Klaus Meine disse: “Os gritos e brados da multidão que nos assistia foram incríveis, parecia que cultuavam estrelas!” já Roth comentou: “O Tokyo Tapes foi o pico dos SCORPIONS! Depois de vários anos tocando juntos, foi uma realização maravilhosa, tudo deu muito certo! Infelizmente por problemas técnicos o primeiro show não pode ser gravado, fiquei muito chateado pois na minha opinião foi de longe o melhor dos três!”. Mais tarde Ulrich também afirmaria que o som de sua guitarra ficou muito baixo na versão final do álbum.

 Japão 1978: Meine, Roth, Rarebell, Schenker e Buchholz

Como Roth deixou o grupo antes mesmo da publicação de Tokyo Tapes, a turnê homônima se restringiu à terra do sol nascente, sendo que o restante do ano de 1978 foi empregado em outra tarefa, muito árdua por sinal, a qual saberemos no próximo capítulo…

O álbum é composto pelas músicas gravadas no segundo e terceiro show. As músicas Hell-Cat, Catch Your Train e o hino nacional do Japão (Kimi Ga Yo) também foram tocadas porém não estão incluídas na versão final do disco.

Cerca de cinco meses após o release de Tokyo Tapes no Japão ele foi lançado nos outros mercados mundiais, chegando inclusive pela primeira vez aos Estados Unidos. A América até então não tinha contato algum com os alemães do heavy rock!

Em 2001 a obra seria remasterizada pela EMI mas com Polar Nights omitida para que fosse possível publicar todas as outras músicas em um único CD. Para não ficar de fora, esta excelente versão foi incluída como Bonus Track do remaster de Taken by Force. Estes desarranjos temporais fazem com que a versão de Tokyo Tapes com dois CDs (álbum duplo contendo o show na íntegra), publicado em 1996 pela RCA, seja item precioso na coleção de qualquer apreciador.

Avaliação:

Uma despedida maravilhosa! Tokyo Tapes é a melhor forma de encerrar o que podemos chamar de Primeira Fase dos SCORPIONS. Contendo uma coleção de greatest hits até o momento, este álbum é o rebento final do guitarrista Uli Jon Roth com performance simplesmente espetacular (e irretocável pois foi feita ao vivo). Claro que algumas falhas existem, como por exemplo o próprio vocal de Roth, principalmente constrastando com o já gigante Klaus.

We’ll Burn the Sky, no Tokyo Tapes merece um parágrafo exclusivo. A performance de Roth é inesquecível. Este som por si só já seria o suficiente para definí-lo como o virtuoso guitarrista da banda. Empolgante, completamente homogênea e à altura do sucesso que já faziam os SCORPIONS, é um hit imperdível.

In Trance, Fly to the Rainbow e Speedy’s Coming também estão no mesmo nível de suas ótimas versões de estúdio, tomando destaque também aqui na execução ao vivo.

O ponto baixo da obra fica por alguns covers sem muito brilho, leia-se Hound Dog e Long Tall Sally, e pelo fato da compilação ao vivo ter sido mesclada entre shows em dias diferentes, o que não entrega a fluidez dos cheers da platéia entre as músicas (o que para muitos pode ser até mesmo um detalhe sem a menor importância).

Também merece destaque a música popular japonesa Kojo No Tsuki, a qual facilmente pode-se identificar a empolgação da platéia, pelos reefs e belo solo ao final. Posteriormente veremos o efeito de se cantar músicas na língua natal da localidade do show.

Premiações:

Se a febre SCORPIONS já existia no Japão, após a turnê do Tokyo Tapes e a publicação do álbum, os alemães continuaram impressionando os orientais. Já na Europa, por não conter muitas músicas novas, o disco não atrai tanta atenção. Desempenho menor ainda no blindado mercado americano, onde dificilmente são percebidos por este trabalho.

Para seu iPod:

Avaliação do álbum: 4 estrelas ( * * * * )

Ouça: In Trance; We’ll Burn the Sky; Fly to the Rainbow; Robot Man.

APÊNDICE: SCORPIONS – Primeira Fase (1972 a 1978)

Os seis primeiros trabalhos da banda constituem o que comumente se vê por aí em críticas especializadas como a fase de “subida ao estrelato”. Estes discos realmente construíram a sólida base que os suportaria nos anos seguintes, por tudo o que estaria por vir – bom ou ruim, entretanto, algumas vertentes descordam desta classificação já que o clímax do grupo ainda não havia sido atingido.

A rigor, esta classificação é corretamente situada no tempo levando-se em consideração a saída de Uli Roth, sendo que a continuidade daqui pra frente seria diferente. Pelo fato de o grupo já estar em um patamar de sucesso, o próximo trabalho poderia definir uma nova fase, ou era, para os SCORPIONS.

Como em qualquer ‘condensado’ perde-se muitos detalhes dos degraus galgados, mas de qualquer forma, segue abaixo um breve resumo do lineup e as músicas destacadas na seção “Ouça”, aqui do Minuto HM, para a Primeira Fase dos SCORPIONS:

  Vocals Guitar Bass Drums

1972

Klaus Meine

Michael Schenker
Rudolph Schenker

Lothar Heimberg

Wolfgang Dziony

1974¹

Klaus Meine
Uli Roth

Uli Roth
Rudolph Schenker

Francis Buchholz

Jürgen Rosenthal

1975
1976

Klaus Meine
Uli Roth

Uli Roth
Rudolph Schenker

Francis Buchholz

Rudy Lenners

1977
1978

Klaus Meine
Uli Roth

Uli Roth
Rudolph Schenker

Francis Buchholz

Herman Rarebell

¹Achim Kirschning nos teclados.

Ano Álbum Classificação Ouça
1972 Lonesome Crow StarStar I’m Going Mad
Leave Me
1974 Fly to the Rainbow StarStar Speedy’s Coming
They Need a Million
Fly to the Rainbow
1975 In Trance StarStarStarStar Dark Lady
In Trance
Top of the Bill
Robot Man
1976 Virgin Killer StarStarStarStar Pictured Life
Virgin Killer
Catch Your Train
Crying Days
Yellow Raven
1977 Taken by Force StarStarStar Steamrock Fever
We’ll Burn the Sky
He’s a Woman, She’s a Man
1978 Tokyo Tapes (ao vivo)

StarStarStarStar

In Trance
We’ll Burn the Sky
Fly to the Rainbow
Robot Man

Colaboraram: Mayra Scheidt, Patrick Villanuovo e Denis Fernandes.

[ ]’s

Julio.



Categorias:Curiosidades, Discografias, Resenhas, Scorpions

12 respostas

  1. Este álbum finaliza de forma brilhante a era Roth. O unico ponto fraco são as covers que seriam facilmente substituidas por outras musicas da banda e o que não faltavam eram boas substitutas. Considero o Tokyo Tapes um dos 10 melhores ao vivo de todos os tempos e a performance de toda a banda esta excelente, com destaque para Roth. Excelente post e no fim um ótimo resumo dos albuns desta fase. Nas estrelas apenas discordo em poucos aspectos, onde daria 3 estrelas para o Fly to the rainbow e 5 para o Tokyo Tapes.
    Excelente post e aguardamos aqui novamente pelo proximo capitulo. Parabens.
    Abraços
    Flávio

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  2. Julio
    Achei muito interesante os detalhes da saída de Roth, algo que não tinha muito conhecimento. Realmente o direcionamento musical, já contando com o produtor que os acompanharia ainda por um longo tempo, era divergente do que Roth buscava, e imaginava que esse seria o motivo principal de sua saída.
    Considero este um dos grandes discos ao vivo que conheço, acho que captura um momento singular na vida da banda. Também deixaria de fora as covers dos clássicos do rock and roll que eles se dispuseram a tocar, mas ainda assim acho as versões razoáveis, e com um bonus de ter o toque de Ulrich , mesmo num estilo um pouco diferente do que estava acostumado a tocar. Sem dúvida, haveria outras músicas que ficariam melhor no álbum. A música japonesa ficou muito bonita e melodiosa, com um ótimo solo de Roth. E várias outras músicas ficaram melhores neste álbum, como In Trance e Polar Nights . A versão de Fly to the rainbow remete ao clássico de Hendrix, Little Wing, onde se mostra claramente a maior das influências do guitarrista solo. Outro aspecto interessante é a inclusão de duas faixas ( All Night Long e Suspender Love) que não constavam dos álbums anteriores , e são ótimas músicas, em especial a primeira. Termino meu comentário dando um parabéns a este capítulo da discografia, sem dúvida o melhor entre todos que já li, coroando talvez o melhor álbum desta fase dos alemães.

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  3. Eu daria no mínimo 3 estrelas para todos os albuns!!

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  4. As edições parecem primorosas , a do Tokyo Tapes traz vários bônus e corrige a falta da faixa Polar Nights na edição simples que era a única disponivel .

    Super recomendada.

    Alexandre

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  5. Interessantíssimo as fãs…

    SCORPIONS UPLOAD TOKYO TAPES DOCUMENTARY PART III – ARTWORK – “IT GIVES THE RIGHT VISION WHEN YOU LISTEN TO THE ALBUM”: http://bravewords.com/news/scorpions-upload-tokyo-tapes-documentary-part-iii-artwork-it-gives-the-right-vision-when-you-listen-to-the-album

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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