{Lovedrive – álbum & tour: 1979}
Em meados de 1978, com a publicação do ótimo Tokyo Tapes, os SCORPIONS perdem seu principal guitarrista. Uli Roth deixa o grupo, conforme havia prometido anteriormente, para formar a sua própria banda: Electric Sun.
Mais uma vez a jornada dos alemães encontra um momento difícil. Eles precisavam de um novo guitarrista e rápido, para que pudessem dar continuidade à onda positiva criada pelo álbum ao vivo, meses antes. Dieter Dierks exercia verdadeira pressão para que os músicos de Hanover encontrassem uma solução pois ele já dispunha de sinal verde para começar a produção de mais um álbum.
Sem muitas opções, a alternativa foi ir ao mercado, em termos literais. Um anúncio na famosa revista-tablóide britânica Melody Maker foi providenciado, tornando pública a necessidade do grupo contratar um novo guitarrista.
Ainda em Londres, os SCORPIONS avaliaram cerca de cento e quarenta (140!) candidatos à posição, sendo que o faziam intercalando com os ensaios e atividades de produção do novo álbum, e terminaram por escolher um garoto também de Hanover, Alemanha, para a vaga: Matthias Jabs.
Jabs foi rapidamente incluído nas atividades do novo álbum, Lovedrive (sem tradução livre), já trabalhando nos arranjos das músicas preparadas. Coincidentemente, algumas semanas antes, Michael Schenker era expulso da banda UFO devido a seu alcoolismo insensato e após um rápido período de arrependimento por sua situação, se junta novamente à banda do irmão, participando inclusive das gravações de algumas músicas para o novo álbum.
E é por isso que o lineup desta nova empreitada dos alemães fica assim:
Lineup:
Klaus Meine: Vocal
Michael Schenker: Guitarra, backing vocal
Matthias Jabs: Guitarra, backing vocal
Rudolph Schenker: Guitarra-base, backing vocal
Francis Buchholz: Baixo, backing vocal
Herman Rarebell: Bateria, percussão
Tracklist:
Faixa | Título | Compositor | Duração |
1 | Loving You Sunday Morning | Meine, Rarebell, Schenker | 5:39 |
2 | Another Piece of Meat | Rarebell, Schenker | 3:31 |
3 | Always Somewhere | Meine, Schenker | 4:57 |
4 | Coast to Coast | Schenker | 4:43 |
5 | Can’t Get Enough | Meine, Schenker | 2:37 |
6 | Is There Anybody There? | Meine, Rarebell, Schenker | 3:58 |
7 | Lovedrive | Meine, Schenker | 4:52 |
8 | Holiday | Meine, Schenker | 6:32 |
Em Lovedrive o baterista Rarebell não se limita a ajudar os integrantes em relação ao idioma inglês, mas também toma lugar junto a Schenker e/ou Meine para efetivamente compor a letra de algumas músicas (vide quadro).
Como se trata de um disco de estúdio, nada melhor do que uma capa polêmica, então mãos à obra afinal estamos falando dos SCORPIONS. A figura que ilustra o post foi a capa original do Lovedrive, sendo posteriormente censurada e substituída por uma versão muito mais pobre e simples, conforme vemos abaixo. Entretanto, a versão original foi premiada como a melhor capa de álbum musical de 1979, pela revista Playboy.
Como até mesmo o produtor Dieter Dierks sofreu pressão de diversos executivos do selo RCA para que o álbum fosse completado e pudesse ir para as prateleiras brevemente, a saída de Roth foi também o momento em que os SCORPIONS romperam com a RCA, tendo seu trabalho divulgado mundialmente pela Harvest/EMI e, como pretendiam ter uma melhor aproximação da América, escolheram a Mercury para divulgação em solo norte americano.
Tour:
Lançado em Fevereiro de 1979, o Lovedrive gerou a necessidade de uma turnê imediata, até porque já estavam há cerca de um ano sem cantar em solo pátrio. Mas eis que se deparam com a formação contendo dois guitarristas (lead guitar). Com todos de malas prontas para iniciar longa viagem pela Europa, Rudolph Schenker dispensa o recém contratado Matthias Jabs.
Os SCORPIONS começam a turnê Lovedrive pela Grã-Bretanha, onde ficam viajando durante cerca de um mês e todos notadamente desaprovam os ainda presentes hábitos alcoólicos de Michael Schenker. Nos últimos shows na Inglaterra, Michael se perde em diversos reefs, sendo providencialmente suportado pelo irmão Rudolph. No derradeiro final, perde totalmente o controle de seus sentidos em uma passagem de som, sendo encaminhado por Rudolph a uma clínica de reabilitação para alcoólatras, dias depois.
Em Abril, iniciando suas apresentações na França, os SCORPIONS já anunciam seu novo e definitivo lineup, com Matthias Jabs oficializado novo guitarrista da banda.
Avaliação:
A obra-prima! Um disco que mantém a tradição SCORPIONS de mesclar músicas heavy rock de ritmo rápido com algumas baladas lentas, porém já exibindo a nova tendência musical da banda. Tendência esta que pode ser facilmente comparada a um estilo Van Halen!
Os três guitarristas fazem um trabalho soberbo nestas faixas, principalmente lembrando que Matthias havia entrado há meses no grupo!
As letras das músicas também estão mais bem trabalhadas, assim como as melodias mais refinadas, condizentes com as letras que discorrem.
Algumas das músicas mais clássicas dos SCORPIONS estão presentes no Lovedrive. Somando a elas, faixas extremamente competentes completam o álbum que é considerado por todos um dos melhores trabalhos dos alemães de Hanover.
Premiações:
Lovedrive é sem dúvida alguma um marco colossal na carreira da banda. O álbum atingiu a 11ª posição na Alemanha, 10ª na França e a 55ª nos Estados Unidos. Faturou o disco de ouro no na Alemanha e nos Estados Unidos (sic). Os singles Is There Anybody There? e Lovedrive alcançaram a 39ª e 69ª posição, respectivamente, no Reino Unido (Billboard).
Como o próprio Klaus Meine disse em entrevista a uma rádio alemã, na época, quando questionado sobre a explosão mundial que o LP atingira:
“Unsere besten so weit!” (Nosso melhor, até agora!)
Para seu iPod:
Avaliação do álbum: 5 estrelas ( * * * * * )
Ouça: Loving You Sunday Morning; Always Somewhere; Coast to Coast; Is There Anybody There?; Lovedrive; Holiday.
[ ]’s
Julio.
Categorias:Curiosidades, Discografias, Resenhas, Scorpions, UFO
Excelente Post, novamente.
O Lovedrive é um album recheado de sucessos e uma clara movimentação para um lado menos heavy. O som está mais polido e é mais bem gravado que os outros. Nas musicas, apesar de que todas foram tocadas ao vivo – faço aqui minhas restrições a semi reggae Is there anybody there e acho Coast to coast e Another piece of meat mais fracas.
A diferença de estilos de Mathias e Roth é bem perceptivel, e Mathias se dirige ao estilo Van Halen, se distanciando do estilo mais classico hendrixiano que nunca mais veriamos na banda. Analiso a escolha de Mathias como acertada pois direcionou o estilo da banda para um lado mais moderno e adequar ao mercado americano que era alvo da banda.
Recentemente encontrei um registro de um show em chicago 1979 e é interessante ver o Mathias Jabb executar as novas e antigas da era Roth. Vale a pena conferir, se alguem tiver curiosidade me contate.
Dou 4 estrelas para o álbum.
Abraços
Flavio Remote
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Ainda sobre o álbum vou destacar as excelentes Loving you Sunday Morning e Lovedrive (mais pesadas e aceleradas) e Always Somewhere e Holiday (baladas clássicas “scorpianas”)
Flavio Remote
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Fala, Remote…
Já corrigi a questão de “accountability” do comentário, colocando seu nome/e-mail no comentário que havia saído como do B-Side. Tenho minhas impressões do que pode ter acontecido, se quiser, depois falamos…
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Acho que só conheço a grande “Holiday” deste disco (pelo menos por nome).
Vou ver se já consigo ouví-lo mais rapidamente e volto por aqui.
Abraços.
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Julio, mais uma vez parabéns pelo ótima discografia e ótimo novo capítulo.
Você me revelou outro fato que desconhecia, da saída provisória de Mathias Jabbs no inicio da turnê deste Lovedrive.
Em relação ao álbum, acho que gosto menos do que talvez ele mereça, pois sem dúvida todas as músicas são bem conhecidas. Os meus destaques vão para as excelentes baladas Holiday e Always Somewhere, e para a faixa inicial Loving you sunday morning. Tambem gosto bastante da instrumental Coast to Coast, algo inusitado e que não tenha lembrança de ter sido repetido pela banda nem antes nem depois, e a inclusão desta instrumental de ter sido motivada talvez pela presença dos três guitarristas. As demais músicas, sempre na minha opinião, funcionam melhor ao vivo, em especial Cant Get Enough.
Até o próximo capítulo !
Alexandre Bside
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Julio, os posts da Discografia Scorpions estão cada vez melhores.
Parabéns a você e para todos que estão colaborando!
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Ju, estou adorando a discografia!
bjs
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Olá, Carla. Seja bem-vinda ao blog do Minuto HM.
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Julio, post publicado no Whiplash: http://whiplash.net/materias/news_851/130290-scorpions.html
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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OLha, acbo de ouvir novamente e na íntegra este album. Não acho tão bom. Na realidade pode ser considerado o início do declínio do Scorpios. Pro meu gosto não chega aos pés de In Trance ou Virgin Killer. E o início do dedilhado de “always somewhere” não é chupado de “Simple Man” do Lynyrd Skynyrd?
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Olá Eduardo,
Dentre os fãs sérios dos Scorpions sempre existiram duas vertentes: os que apreciam a “era Roth” e os que apreciam a “era pós-Roth”, já que o estilo da banda mudou muito após a saída deste. Pelo seu comentário, acredito que você faça parte da primeira vertente, estou certo? rs
Em geral, para os que pouco conhecem da banda, os álbuns Blackout e Crazy World são sempre citados como os melhores devido ao sucesso comercial, baladas consagradas e o próprio desconhecimento de trabalhos anteriores. Virgin Killer e In Trance, na minha opinião, são os maiores expoentes da “era Roth” e é claro que são excelentes trabalhos, comparáveis aos dois discos mais “populares”, mencionados no início.
Quanto ao ínicio de “Always Somewhere”, ótima observação, se parece muito com “Simple Man”. Vou pesquisar mais sobre essa semelhança, entretanto, como a faixa do Lynyrd data de 1973 e a dos alemães apenas em 1979, talvez estes seis anos de diferença tenham surtido algum efeito latente nos alemães.
[ ]’s
Julio
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É verdade, as músicas se parecem muito mesmo no início. Muito bem observado, Eduardo.
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