Cobertura Minuto HM – Scorpions em SP – Credicard Hall (resenha do show 2 – SP)

{ Get Your Sting And Blackout – turnê mundial de despedida da banda: 2010 }

Dia 19/Setembro, domingo, em uma fria noite de São Paulo. Este foi o cenário para a derradeira apresentação dos alemães de Hanover na maior metrópole da América Latina. Os paulistanos foram agraciados com duas apresentações, sendo a primeira realizada na noite anterior (sábado).

Aqui mesmo já há algo a ser criticado: o show de despedida dos SCORPIONS em São Paulo já vinha sendo divulgado, assim como o período de venda e pré-venda de ingressos, desde o início de 2010: seria apresentação única em 19/Setembro (até aqui, nada de diferente). Em questão de dias após o início das vendas os lugares do Credicard Hall foram esgotados.

Eis então que após meses, em uma quarta-feira do mês de Julho começa a ser divulgado ostensivamente pela imprensa: Show extra dos Scorpions… No dia 18/Setembro, ANTES da apresentação previamente divulgada. Esta manobra de marketing acarretará em algumas consequências à própria apresentação (veremos daqui a pouco).

Voltando à fria noite de São Paulo, o tradicional totem luminoso já indicava se tratar da noite dos Escorpiões sexagenários. Movimentação grande nos arredores mesmo há uma hora de antecedência do espetáculo. Estacionamentos complementares com preço alcançando a estratosféricos quarenta reais!

Logo ao adentrar as dependências do Credicard Hall, um breve encontro entre Eduardo, fundador do Minuto HM, Renatão, Marcus Batera e Christian com minha pessoa. Acompanhe as fotos nos primeiros posts da cobertura, redigidos e postados ao vivo.

A conversa faz o tempo passar mais rápido e logo já estamos há 30 minutos do horário de início (eram 19h30) e uma imensa fila se desenrolava pela rua de entrada da casa, e pior, não se movimentava. Curiosamente, o mesmo acontecia para o setor da platéia superior, o qual nunca havia observado dificuldade para a entrada.

O grupo de ‘familiares’ do Minuto HM se despede rapidamente, afinal apenas eu estaria na platéia superior, e todos começam a rumar para a entrada. O procedimento de entrada (ao menos para o meu setor) estava tão moroso quanto um procedimento de docagem de um transatlântico. Mais dez minutos para finalmente chegar ao topo da casa e escutar ao fundo um rock rolando. Horário: 20h15. Felizmente não eram os alemães com pontualidade britânica.

Somente dias depois fui descobrir que se tratava da banda “Salário Mínimo”. Até nos acomodarmos já tinham sido tocadas cerca de três ou quatro músicas. O som até agradava aos ouvidos mas as letras não pareciam empolgar e tudo piorou quando o vocalista aproveitou os holofotes para dizer algo como “é difícil fazer fama tocando rock no Brasil”. Mais algumas afirmações pejorativas ou derrotistas e pronto, saíram do palco.

Se estivéssemos no Coliseu romano este seria o momento de se arremessar pães aos espectadores e abrir as portas para a entrada dos selvagens felinos.

Mas quem entrou triunfalmente foram cinco selvagens Escorpiões, incrivelmente empolgados e vibrantes tocando a primeira música de seu trabalho mais recente:

01. Sting In The Tail
02. Make It Real
03. Bad Boys Running Wild
04. The Zoo
05. Coast To Coast
06. Loving You Sunday Morning
07. The Best Is Yet To Come
08. Holiday
09. Wind Of Change
10. Raised on Rock
11. Tease Me Please Me
12. Dynamite
13. Kottak Attack – James Kottak Solo
14. Blackout
15. Six String Sting – Matthias Jabs solo
16. Big City Nights

Encore:
17. Still Loving You
18. Rock You Like A Hurricane

Sting In The Tail fez a platéia receber muito bem os alemães de Hanover, entretanto, apenas com empolgação. Eram poucos os que conheciam a letra ou mesmo a melodia a fundo, ao menos no setor superior.

Ao encerrar a primeira investida, o carismático baixinho Klaus Meine anuncia a próxima música: Make It Real. Novamente muito bem recebida, a música também carece de acompanhamento decente para os que estavam no evento circense.

Praticamente emendando o fim de Make It Real com Bad Boys, era o momento da platéia ir ao clímax. Mas isto não ocorreu. Até aqui a banda estava fazendo sua parte de forma no mínimo majestosa, mas o público não estava respondendo à altura. À altura das lendas vivas que estavam na frente deles. Algo como abrir um vinho, uma água e no momento de apreciar, o vinho não estar à altura da água.

Parênteses: isto se repetiria por diversas outras músicas, o que leva à seguinte conclusão: o anúncio na mídia de que se tratava da turnê de despedida fez com que um público diferente fosse atraído ao show. Os SCORPIONS que já possuem um público eclético, indo de pais a filhos e até avôs, agora contavam com uma platéia que não conhecia a banda tanto assim, a ponto de cantar em uníssono todos os seus sucessos. Isto não aconteceu em nenhum dos últimos shows deles por aqui, e falo pelas duas últimas apresentações, no próprio Credicard Hall. Note que a banda não tem culpa por isso, apenas os presentes ao espetáculo. Mas, the show must go on, então voltemos a ele.

Ao término de Bad Boys, Meine fica mais tempo brincando com a platéia, dizendo que já estavam com saudades de São Paulo e etc. Uma bandeira brasileira é lançada ao palco e acomodada nas costas do vocalista e posteriormente no suporte da bateria de Kottak.

De repente os telões da estrutura de palco se acendem e exibem a próxima, ao mesmo tempo que é anunciada: The Zoo. Não importa se a platéia não acompanhava ou se no meu setor supostamente deveríamos ficar sentados, levantei e cantei a plenos pulmões uma The Zoo executada com um vigor digno de banda de adolescentes. Sim, eles estão em forma magnífica, tão bem que durante a apresentação não há nem como querer desviar a atenção para fazer comparações. Os SCORPIONS ainda estão MUITO BEM!

Logo na sequência, foi hora de solos de guitarra. Coast to Coast, com telões exibindo algo como uma highway americana no meio do deserto, sendo cortado por um veículo em alta velocidade. Velocidade tão alta quanto a de Jabs e Schenker em seus respectivos instrumentos. Destaque para a guitarra “Mercedes Benz” de Rudolph, que traz o logotipo da montadora alemã em seu corpo. Entrosamento magistral entre os dois.

Logo que acaba, mais umas brincadeiras de Meine com os presentes, esticando um pouquinho o final de Coast to Coast, parecia até que tocariam novamente. Mas entram as luzes baixas e vem a primeira baladinha da noite borbulhante dentro do Credicard.

Loving You Sunday Morning foi tocada com precisão, sendo acompanhada muito bem pela pista. Realmente, a platéia era constituída por um público mais introspectivo, se é que podemos colocar desta forma.

Depois, mais uma do novo trabalho. The Best Is Yet To Come. Mais uma vez, os alemães cantaram realmente sozinhos. Quase ninguém na casa conhecia a letra e sequer a melodia. Mas foi muito bem tocada, e não significa que quem não conhecia não poderia se empolgar e gritar, acenar…

Voltando a um score mais lento, Holiday foi tocada de uma maneira levemente diferente. Alguns trechinhos repetitivos foram mais repetitivos. A platéria respondeu (ufa, ainda bem!). A música se prolongou bastante até pois todos gostaram de alternar o vocal com Meine, o que ele faz com grande simpatia.

Findada Holiday, se estivéssemos em uma luta de boxe teríamos o primeiro nocaute. Por mais incrível que pareça: Wind of Change. Antes de qualquer pré-conceito, a explicação do nocaute: Klaus Meine explicou brevemente o contexto da criação da música, a apresentação do Moscou Music Peace Festival (fiquei muito contente por ter suprido os leitores do Minuto HM com informação suficiente para este score – aos que não conheciam, é claro) e tudo mais. E ao iniciar a música, os telões exibiam vídeos históricos mostrando a queda do muro, o olhar perplexo de militares soviéticos ante à multidão nas ruas. Emocionante, mesmo sendo uma música tão popular, conhecida e até ‘batida’ na opinião de alguns.

Saindo da lona do ringue e ficando de pé novamente, Meine diz que foi criado em meio ao rock e pergunta se a platéia também o fora. Começa então Raised On Rock. Excelente momento para esta investida, a platéia acompanha de forma animadíssima a execução deste já hit do último trabalho.

As próximas duas, Tease Me Please Me e Dynamite fazem todos tirarem o pé do chão. É incrível a presença de palco que estes sexagenários dispõem. Refaço a frase de parágrafos atrás, eles intimidariam qualquer banda adolescente expoente que se julgue forte nos palcos.

Os integrantes saem do palco. As luzes se apagam. Apenas Kottak permanece. Com baquetas equivalentes aos cruzados de Mike Tyson, vem o inevitável segundo nocaute, o Kottak attack! O já tradicional solo de batera desta vez balançou o trono no topo do Olimpo. Tocando trechos conhecidos das principais músicas de cada álbum da banda, ao encerrar, os telões exibiam vídeos com duração de segundos que culminavam com uma cena idêntica às capas dos álbuns. Nestes momentos, emparelhado à cena do vídeo, vinham ao telão as capas originais e o ano de publicação dos trabalhos. Impossível não lembrar do trabalho feito aqui no Minuto HM!! E ainda nem mencionei que o próprio Kottak, sim ele mesmo, era o protagonista dos vídeos. Em um rápido flash: Kottak teve hélice nos pés para Fly to the Rainbow, agulha na mão para tatuar a moça de Love at First Sting, recostados em um carro para poder entrar e compor a mão elástica de Lovedrive, camisa de força para Blackout e assim por diante… O trabalho foi primoroso e conferiu ao baterista a maior surpresa do show!!

Voltam todos os integrantes e agora Schenker usa uma caracterização à Blackout com gorro e óculos com garfos entortados. A platéia parecia se lembrar um pouco mais desta música e foi acompanhada muito bem. A própria platéia evoluía.

No fim de Blackout, era hora de Jabs brilhar. Six String arrancou suspiros dos espectadores com as peripécias feitas pelo guitarrista, sendo premiado com close-ups ao vivo de integrantes do staff filmando para o público presente.

Para fechar a noite, Big City Nights, com direito a telão exibindo cenas de uma metrópole fictícia e ao fundo, letreiros correndo com o nome de “São Paulo”. Uma bela homenagem em uma música que levantou até os mais omissos espectadores.

Fim do espetáculo. Os músicas agradecem de forma convincente e deixam o palco. Apreciadores mais escolados tinham certeza do encore, entretanto, lembrem da platéia incomum… Muitos realmente pensaram ter chegado ao fim o espetáculo.

Só que depois de dois nocautes durante o show, os SCORPIONS voltam com força total para o que seria o headshot da noite.

Still Loving You ao vivo, na presença dos alemães é incrível. Esteja você acompanhado de amigos, namorada, marido/esposa ou até mesmo sozinho. Esta energia que emana da música é empolgante. Algo que poucos conseguem com tamanha eficiência. É claro que esta não foi só cantada por todos os presentes como ovacionada ao término. Os alemães acabavam de ganhar toda a platéia.

E como a missão dada aos alemães foi cumprida, eles encerraram com Rock You Like a Hurricane, sendo acompanhados de uma empolgação indescritível a qual nunca havia visto em show algum no Credicard. Foi espetacular ver TODOS da platéia acompanhando e os alemães fechando a conta de forma tão primorosa.

Fim do espetáculo.

Eles ainda estão tão bem que não há tempo para lamentar que estejam parando e encerrando a carreira. De qualquer forma, quem viver verá (e lembrará) destes alemães como as estrelas que sempre foram e sempre serão em nossas mentes e corações.

Ótimas gravações feitas no show, acessem este link.

Colaborou: Joel Oliveira Jr e Bete Sozza.

[ ]’s

Julio.

___________________________________________

Revisão / contribuiu / edição final: Eduardo [dutecnic]



Categorias:Artistas, Cada show é um show..., Curiosidades, Discografias, Entrevistas, Minuto HM, Resenhas, Scorpions, Setlists

11 respostas

  1. Julio,

    parabéns pelo excelente review, algo que já esperava vindo de um cara com sua qualidade.

    Concordo plenamente com seus comentários iniciais sobre o ABSURDO da máquina de marketing quanto à questão da venda dos ingressos e do tal “show extra” do sábado. Eu fui extremamente prejudicado nesta, como já comentei aqui pelo blog e pessoalmente contigo, pois optaria pelo show de sábado por uma questão pessoal (apesar de normalmente preferir sempre a última data quando temos shows seguidos). Desta vez, eu iria no sábado!

    Sobre o problema para entrar no show, confirmo que a coisa estava feia também na pista, pois haviam 3 “divisões” para este setor: clientes do Citi, clientes do produto Mastercard Show Pass e o pessoal, digamos, “normal”. Daí, filas e desentendimentos na entrada. Nós mesmos fomos sem querer para a da Mastercard, daí depois fomos para a outra entrada, do outro lado, de acordo com nossos ingressos. Enfim, exemplo de desorganização que com sinalizações e separadores de fila não aconteceriam.

    Sobre o comentário (que eu concordo fortemente) “Sting In The Tail fez a platéia receber muito bem os alemães de Hanover, entretanto, apenas com empolgação. Eram poucos os que conheciam a letra ou mesmo a melodia a fundo, ao menos no setor superior.”, realmente nada surpreendente, infelizmente: https://minutohm.com/2010/02/02/momento-papo-cabeca-reflexaodesabafo-shows-moda-publico-nao-conhece-nem-os-classicos/ . Inclusive, tomei a liberdade, como fiz no post como um todo, de incluir este link de maneira recursiva no seu comentário.

    Seu review está impecável e vai ao encontro da minha opinião, ficando muito próximo do que eu, mesmo sem ter seu conhecimento, provavelmente escreveria. Também acho que o destaque do show foi o Kottack Attack, no qual cheguei a me emocionar ao lembrar da discografia publicada tão brilhantemente por você aqui no Minuto HM.

    Como você, acho, como comentei logo após o show (https://minutohm.com/2010/09/19/cobertura-minuto-hm-–-scorpions-em-sp-show-2-–-parte-6/), que a banda realmente está muito bem, em todos os sentidos. É esperarmos para ver se, quem sabe, rola um convite para o Rock In Rio IV, ano que vem, pois, se rolar, acho difícil eles não se reunirem.

    Obs.: acho que nunca coloquei tantos links recursivos na minha vida aqui no Minuto HM… hahahaha… fiz com prazer, com todo merecimento… e só consegui fazer porque havia MATERIAL DE QUALIDADE para tal…

    Novamente, parabéns, Julio, e obrigado por compartilhar tudo isso connosco, aqui no blog da família do metal.

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  2. Mais uma (ótima) galeria de fotos deste show:

    Scorpions -  Credcard Hall - SP

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  3. Julio e galera, ainda temos chance de vermos os alemães novamente em nosso país…

    Vamos torcer…

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  4. Novamente o rumor do retorno da tour da banda para o Brasil – São Paulo… e esta fonte, pouco conhecida inclusive na cidade, costuma sim ser confiável, pois sempre que vejo algo ali, cedo ou tarde, se confirma…

    http://www.destakjornal.com.br/readContent.aspx?id=17%2C117549

    Aguardemos…

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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