Cobertura Minuto HM – SWU Music & Arts Festival – 09, 10 e 11/10/2010 – Fazenda Maeda, Itu – SP

Olá, pessoal!

Eu sou a Suellen, e vim aqui a convite do Eduardo dividir com vocês um pouco da minha experiência no SWU Music & Arts Festival. Um mês depois do festival, mas tudo bem, né?

Desnecessário repetir aqui sobre a proposta do festival de sustentabilidade, line up e várias outras coisas que todos já estão cansados de saber, não?

Então, vou me ater ao que realmente importa: a estrutura do local e aos shows que assisti.

Confesso que fui mais para conferir o festival como um todo que por alguma banda em especial. Talvez os únicos shows que eu realmente fazia questão de assistir eram os do Cavalera Conspiracy, Avenged Sevenfold e Queens Of The Stone Age. Portanto, fui pronta para esperar qualquer coisa, mente aberta a experiências novas e sem muitas expectativas.

Estrutura:

A Fazenda Maeda, local onde foi realizado o festival e que em dias normais funciona como pesqueiro e pousada, impressiona logo de cara pela imensidão do local (200 mil metros quadrados segundo o site oficial do evento). Muitíssimo grande, a ponto de não ser possível enxergar os dois palcos principais da entrada da fazenda.

Espalhados pela arena, várias obras de artistas plásticos feitas com material reciclado (garrafas pet, latinhas, pneus), roda gigante (de onde era possível ter a vista incrível de toda a arena), tenda de musica eletrônica (é… não fiz muita questão de conhecer essa não – rs), “praça de alimentação” (que, na verdade, era um cercadinho com algumas mesas e uns cinco quiosques) e frio. Muito frio!!! De bater os dentes. A ponto de a cerveja (a única opção de álcool) congelar levemente, criando aquela raspadinha de gelo por cima do líquido.

 

Os dois palcos principais, láaa no fim

 

Transportes:

No primeiro dia, na volta, passei por todo aquele caos que já foi relatado em vários sites como essa matéria no Folha.com . Não tinha transporte disponível na frente da arena conforme havia sido anunciado: ônibus, van, táxi, nada!! Muito menos alguém da organização pra dar uma informação a respeito do que estava acontecendo. A solução foi fazer uma caminhada de quase duas horas por uma estrada escura, com quase nenhum policiamento, até a rodovia principal e chegando lá, rezar pra conseguir algum transporte (o que acabou acontecendo graças a um táxi que apareceu milagrosamente, enviado dos céus).

Nos outros dois dias as coisas melhoraram consideravelmente porque passei a ir de carro, e aí chegar e sair da arena tornou-se a coisa mais fácil do mundo. Acredito que para os sem-carro a situação tenha melhorado também porque já havia muitas vans, ônibus e táxis logo na saída.

Shows:

09/10 – Sábado

No 1º dia do evento meu objetivo era assistir o tão aguardado show do Rage Against The Machine. Cheguei à arena já era noite com Los Hermanos no palco. Como não sou nem um pouco fã do som dos caras, este foi o momento em que aproveitei para dar uma volta e fazer um primeiro tour pelo local.

Em seguida, The Mars Volta no palco Água. Meu amigo é fã da banda então fomos para lá conferir o show. O máximo que já tinha ouvido falar dessa banda é que os caras do Metallica são fãs deles, mas até agora não consegui entender muito bem o que foi este show e ter uma opinião formada a respeito. O batera eu achei muito bom. O guitarra, dada as devidas proporções, lembra uma versão indie e jovem do Angus Young. O vocal, ora cantava, ora gritava, desafinava, dançava de um jeito meio maluquete. Sobre o som da banda, eu nunca sabia se as músicas estavam emendando uma na outra sem intervalo ou se somente era mesmo uma música só, de uns 20 minutos de duração.

Antes do fim do show, as pessoas já migravam em direção ao palco Ar, onde aconteceria o show do Rage Against The Machine, com certeza absoluta o mais aguardado da 1ª noite.

Chegar perto do palco Ar era impossível, a não ser que você estivesse plantado lá desde o início do dia. Quando soou a sirene anunciando o início do show, a platéia ficou enlouquecida. E logo na primeira música, um empurra-empurra generalizado se formou onde eu estava. Eu tentei manter a calma (porque afinal de contas só tenho 1,63m), já que qualquer tropeção terminaria comigo pisoteada por aqueles que também tentavam sair do tumulto. Depois de muito esforço eu e meu amigo conseguimos ir lá pra trás, em prol da nossa integridade física, para assistir o show através de um dos telões.

O show precisou ser interrompido várias vezes para restabelecer as barricadas que separavam a pista normal da vip. E quando finalmente o show voltou a rolar sem interrupções, mais problema: as caixas, que estavam falhando diversas vezes, simplesmente pararam de funcionar. A banda mandando ver no palco e a galera lá atrás sem ouvir nada. Começaram os xingamentos, aproveitando a rima que SWU tem com… bem… suco de caju.  No final, o que era pra ter sido um show incrível e memorável acabou sendo frustrante, ao menos para mim.

10/10 – Sábado

Novamente, só conseguir chegar à arena à noite. Show da Joss Stone. Enquanto os homens babavam pela menina, as mulheres eram as maiores fãs de suas músicas. A Joss, sempre tentando agradar, brincava com o público o tempo todo e se enrolava na bandeira do Brasil. Apesar de não ser muito meu estilo, fiquei bastante satisfeita com a apresentação dela. A sua voz é incrível e a sua simpatia fez com que, a despeito de sua beleza que é inegável, ela ganhasse muitos fãs naquele dia.

Em seguida, o show que eu queria ver neste dia: Dave Matthews Band, e que veio a ser o melhor show da noite. Finalmente comecei a ter a sensação de que ir ao SWU havia sido uma boa idéia. As minhas músicas preferidas não faltaram e o Dave estava super à vontade no palco. A banda, que é repleta de músicos excelentes, pareciam se divertir tanto quanto o público. De todos os 3 dias do festival, foi o único onde as pessoas pediram bis, e eles obedeceram. Só encerraram o show logo para não atrasar o próximo, que seria o Kings Of Leon (palavras do próprio Dave).

 

Feliz com o show do Dave Matthews Band

Do Kings Of Leon, pelo que conheço do som dos caras, confesso que esperava um show mais energético e agitado. Tirando uns dois ou 3 momentos em que eles tocaram seus hits mais famosos, senti a platéia meio apática. Onde eu estava, as pessoas pareciam entediadas, não sei explicar muito bem. Não chegou a ser um show ruim, só estranho…

11/10 – Segunda

Disparado o melhor dia do festival, e o que eu aguardava com mais expectativa. Finalmente consegui chegar à Fazenda Maeda antes do anoitecer, e o sol forte não lembrava nem de perto o frio de 8 graus das noites de Itu.

Partí logo pro palco Água. Cavalera Conspiracy começando. Max com seu atual visual lixão, de quem não lava os cabelos e nem escova os dentes há uns 2 anos, Iggor com camisa do Palmeiras (o que fez com o que Max xingasse a própria mãe ao apresentar o irmão como filho de meretriz – rs), juntos, no mesmo palco. Só isso já valeu por todo o SWU. E a banda já saiu emendando porrada atrás de porrada do seu primeiro, e, até agora, único álbum Inflikted. Nos poucos e rápidos momentos que o Max interagiu com o público, foi pra pedir para a galera pular, abrir roda de mosh, gritar, falar palavrão (muito engraçado ouvir palavrão em português em show, não to muito acostumada com isso).

E, claro, não poderiam faltar músicas do Sepultura (Refuse/Resist, Troops of Doom, Attitude e Roots Bloody Roots). Nessas horas só dava pra ver a poeira laranja que levantava em volta por causa da empolgação do público.

Fim do show com falta de fôlego. Pôr do sol lindo, público em êxtase, fica difícil até descrever o que foi aquele momento. Pode chorar em show de Thrash? Se não pode, me desculpem, por favor…

 

Cavalera Conspiracy \m/ (sim, eles estão lá no palco, façam uma forcinha pra enxergá-los - rs)

 

Ainda sob a emoção do Cavalera, pausa de 5 minutos pra respirar e correr para o Palco Ar para ver Avenged Sevenfold (A7X para os íntimos) com Mike Portnoy na bateria. O A7X, junto com o Linkin Park, era a banda que mais tinha fã de carteirinha naquela segunda-feira, e a banda não decepcionou. Fez um show muito empolgante com a platéia cantando todas as músicas e pulando sem parar. Destaque para o vocalista que, além da ótima presença de palco (corre de um lado pro outro sem parar, estilo Axl Rose), tem uma voz muito poderosa e, como não poderia deixar de ser, para o grande Mike Portnoy, um show à parte. O cara aparenta ter voltado aos 20 anos tamanha a satisfação que ele demonstra por estar tocando com o A7X. Portnoy brinca com a platéia o tempo todo, joga as baquetas pro alto, larga a bateria sozinha e vai pra frente do palco saudar o público. O cara está realmente se divertindo bastante e parece muito feliz (os fãs de Dream Theater certamente irão me odiar depois de ler isso aqui). Enfim, outro grande show.

Próximo show: Incubus (¬¬). Hora de aproveitar a melhor atração extra-show do SWU: a roda gigante. Que vista incrível (apesar do frio polar que fazia lá no alto)!!!

Roda Gigante: outra grande "atração" do festival

Roda Gigante: outra grande "atração" do festival. Uma pena não ter tirado uma foto da vista.

De volta ao palco Ar, o primeiro e único atraso do SWU: 50 minutos de espera para o show do Queens Of The Stone Age (ou QOTSA). Durante muito tempo relutei em ouvir alguma coisa desta banda graças à enorme babaquice do seu ex-baixista de adentrar o palco do Rock In Rio III completamente nu por achar que isso é normal no Brasil.

Passados uns 8 anos e com implicâncias deixadas de lado, especialmente depois de Josh Homme (vocalista do QOTSA) ter se juntado a John Paul Jones e Dave Grohl para o projeto Them Crooked Vultures, comecei a ouvir QOTSA e curtir bastante.

E o QOTSA nem precisou se esforçar muito pra fazer a platéia esquecer o atraso, pois mandaram hits atrás de hits. As músicas ficam muitíssimo mais pesadas ao vivo, e é impossível ficar indifirente à apresentação da banda. Se eu falar que tem até uns riffs meio “Black Sabbathicos” nas músicas deles vocês acharão que eu sou maluca? Tentem ouvir “I Think I Lost My Headache”, ao vivo, que prova o que eu to dizendo. Showzaço! E como dito pelo próprio Homme, “What a magical beautiful f@%#%g night!”. Virei fã da banda depois desta apresentação.

O SWU para mim terminou aí. Depois do Queens Of The Stone Age ainda se apresentariam nos palcos principais Pixies, Linkin Park e Tiësto, mas eu não tinha mais disposição física e, para falar a verdade, nenhum interesse em ver estas bandas.

Hora de dar um último passeio pela arena e voltar pra realidade. Sabem aquela euforia de fim de show misturada com uma melancolia por saber que acabou? Foi como me senti quando sair da Fazenda Maeda.

O festival teve muitos problemas? Sim! Filas pra comprar comida, cerveja cara, filas no banheiro, o som que várias vezes ficava muito baixo (você era obrigado a se enfiar na multidão para poder chegar lá na frente e ouvir um som de melhor qualidade), o caos do transporte no primeiro dia, mas evento grande é assim mesmo: não dá pra esperar o mesmo conforto de um Citibank Hall, no Rio ou Credicard Hall, em São Paulo.

Muitos pontos positivos também. Independente do gosto musical de cada um, não podemos negar que o Eduardo Fischer conseguiu trazer bandas contemporâneas que estão em alta lá fora.  O Kings Of Leon acabou de lançar um álbum novo não tem nem 2 meses e o Avenged Sevenfold é uma banda que a cada dia cresce mais, especialmente agora que conta com o Portnoy na bateria (temporariamente? Ainda não se sabe nada a respeito), além de bandas cultuadas por aqui, claro, dentre os fãs do estilo em que elas se propõem, como Pixies e Rage Against The Machine (que ainda contou com a importância de ter feito a sua estréia no Brasil).

A existência de 2 palcos principais, um ao lado do outro também foi outro acerto da organização. Com exceção do Queens Of The Stone Age, todos os shows começaram na exata hora em que estavam marcados na programação. E o fato de a arena ser imensa, também facilitou muito o deslocamento do público entre um palco e outro.

Acertadas estas falhas de organização, seria uma ótima idéia se o SWU passasse a ser um evento anual no Brasil.

Eduardo Fischer inclusive já disse que vai trazer Alice In Chains e System Of A Down para o SWU 2011. Só a presença do Alice já garante a minha ida a Itu ano que vem.



Categorias:Alice in Chains, Artistas, Avenged Sevenfold, Cada show é um show..., Cavalera Conspiracy, Curiosidades, Queens Of The Stone Age, Resenhas, Rumores, Sepultura, System Of A Down

17 respostas

  1. Olá Suellen,

    primeiramente, como já lhe disse inúmeras vezes ontem a noite, bem-vinda ao seu primeiro post no Minuto HM, o blog da família do heavy metal. Espero que este seja o primeiro de muitos.

    “Segundamente”, parabéns pelo artigo. Você possui ótima redação e conseguiu incorporar bem o espírito do blog, que tem mesmo um tom mais pessoal, porém superando, (todas) muitas vezes, textos da tal “mídia especializada”.

    Sobre o que você trouxe dos 3 dias do festival, muito bacana. A imagem de quem viu o festival apenas pela fraca transmissão do Multishow ficou bastante arranhada, mas você tratou de comentar que, apesar dos problemas, o resultado final foi bastante positivo.

    Para mim (meu gosto pessoal agora), a única banda que tenho mais interesse é a A7X, banda esta que tratei de ver e gostar do show pela TV. Claro, muito pelo Portnoy…

    Já durante o show do Rage Against rolou aquela “tesoura” básica, então, foi realmente vergonhoso.

    Mas muito bom ver que a experiência dos outros 2 dias foi bem melhor…

    Lições aprendidas, que o festival continue, portanto, e que traga ainda mais nomes de peso para nosso país… apesar que, ultimamente, a reclamação é apenas pelo lado financeiro… a fartura é alta.

    Novamente, meus parabéns.

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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    • Valeu Eduardo, Mais uma vez obrigada pela oportunidade 😉

      Lendo o texto com calma agora, vi que tem umas falhinhas mas foi culpa da pressa. Na proxima vou revisar com mais calma 🙂
      Aliás, consegui chegar a tempo do Bruce Dickinson cover que comentei com voce que eu iria. Eles estavam começando a primeira musica hehe (Freak). Muito bom!

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      • Suellen, o prazer é nosso em tê-la por aqui. Sobre os errinhos, é mais do que normal… fique tranquila e a vontade para voltar ao post e revistar / corrigir / formatá-lo como quiser.

        Legal que deu tempo de você ainda ver o cover do Bruce. Deve ter sido bem corrido…

        Hoje a “correria” está pelo meu lado. O sábado está agitado.

        [ ] ‘ s,

        Eduardo.

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  2. Suellen

    Parabéns pelo review, gostei muito do texto que soube descrever os acertos e erros deste SWU. Esperemos que o próximo, além de trazer o Alice in Chains, que sem dúvida é uma ótima pedida, traga apenas os pontos positivos que você tão bem nos fez ver acima.

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  3. Obrigada Alexandre,

    Minha intenção com este texto foi tentar tirar a má impressão que todos ficaram do SWU e mostrar que, apesar de diversos problemas, tambem teve muita coisa legal.

    E Alice In Chians, sou muuuito fã! Costumo brincar que o Layne Staley, entre todos os grandes músicos que ja morreram, é o meu ” morto preferido” (apesar que agora tambem tem o Dio… Vou ter q rever isso aí – rs)

    Tudo bem que o novo vocalista não tem o mesmo carisma e presença do Layne mas acho que o mérito dele está exatamente pelo fato de ele não tentar copiar o Layne, tem o seu estilo próprio. E o último cd, Black Gives Way To Blue, é realmente muito bom.

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  4. Suellen, excelente post.

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  5. sou fã dos cavaleras e foi otmo vc ter visto e nos passar o festival , valeu e continue trazendo estas loucuras pelo METAL,show show

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  6. sera´q vem ao RJ …?

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