Dave Murray e seu melhor solo de guitarra em Powerslave

Bem, o assunto aqui é solo de guitarra…mas não se trata de qualquer um, venho através deste post trazer uma curiosidade acerca do fantástico primeiro solo de guitarra da faixa-título do histórico álbum Powerslave, do Iron Maiden.

A versão de estúdio, acima colocada, traz o solo original em questão, a partir de exatamente 2 minutos e 48 segundos. O que se ouve aqui é um dos melhores solos que Dave Murray fez no Iron Maiden, durante cerca de 50 segundos. A música ainda traz outros dois solos memoráveis, o na sequência de autoria de Adrian Smith, e um outro de Dave Murray, antes da famosa volta da canção, assunto que já foi tratado por aqui.

Ao vivo, Dave Murray por vezes improvisa e varia de forma bastante constante seus solos, um exemplo clássico do que estou tentando trazer é o igualmente fantástico solo de The Number of The Beast, que ganhou uma quase tentativa de arrancar as cordas de seu instrumento em suas versões mais novas, como se pode acompanhar abaixo, a partir de 2 minutos e 58 segundos :

Trazendo novamente o álbum e faixa-título Powerslave, vamos voltar no tempo para o início da extraordinária World Slavery Tour: Na ocasião, o Iron Maiden fazia história ao tocar de forma pioneira em países do então Leste Europeu, a chamada Cortina de Ferro. Foram 5 shows na Polônia, 1 na Hungria e 2 na então Ioguslávia, tendo entre eles um show na Áustria, país não considerado pertencente do então bloco comunista. Naquela época, shows nos países da Europa Oriental eram raríssimos, visto à resistência comunista ao mundo capitalista comandada pela então União Soviética, o país “manda-chuva” entre os países do regime em questão .

A invasão da Donzela de Ferro foi devidamente documentada e transformada em home-vídeo, formato VHS para vídeo-cassetes, através do tão propalado “Behind the Iron Curtain”. O misto de documentário e cena de shows é de apreciação obrigatória pelos fãs do Maiden, pois traz o início da turnê de números impressionantes (cerca de 190 shows em quase um ano de excursão) que a banda fez para divulgar o álbum Powerslave, inclusive contando com a primeira passagem da banda pelo nosso país, no também pioneiro festival Rock in Rio, em 1985.

E é nesse documentário que lembro ainda na primeira metade da década de 80 de ter ficado estupefato com o citado solo de Murray, que pode ser ouvido durante o documentário, ainda que não tenhamos imagens de Dave tocando tal trecho. Esse solo foi por mim e pelo meu irmão Flávio sempre considerado o mais belo que o guitarrista fez na canção entre todas as versões que ouvimos. Abaixo, trago um trecho do documentário, onde pode-se ouví-lo com clareza de detalhes, a partir de 2:26 minutos.

O que não havia percebido é que, com o perdão da palavra e pedindo mil desculpas a todos os fãs “xiitas” do Iron Maiden, Dave errou durante a reprodução do solo original, e isso feito, pôs-se a improvisar no trecho final do mesmo, trazendo essa versão inusitada e maravilhosa do lindo pedaço instrumental. Para melhor embasar essa minha teoria que vai trazer a ira de todos os mais ortodoxos fãs do Iron Maiden, trago o motivo de tal (perdoem-me mais uma vez) erro.

Acontece que os shows do Iron Maiden nessa perna da turnê foram os primeiros que eles fizeram… o álbum foi lançado em setembro de 1984, eles já estavam no Leste Europeu desde o início de agosto, antes portanto do lançamento oficial do trabalho. O áudio gravado para o documentário traz três datas: 11 e 14 de agosto, na Polônia, e 17 de agosto, na Hungria. É portanto muito natural que Dave Murray ainda não estivesse plenamente treinado no solo em questão. Ouvindo com mais atenção, é possível perceber onde o músico, vamos dizer assim, “muda a trajetória” do solo original, entre 2:48 e 2:49 minutos do vídeo acima.

E o que se segue a partir desse instante é ainda por mim considerado, quase trinta anos depois, a melhor versão do solo de Powerslave pelo Sr. Dave Murray. Um erro maravilhoso que nos trouxe uma linda versão desse mestre da guitarra! Quem dera Dave errasse a vida inteira como aqui…

Para terminar este post, abro o espaço para a análise dos vários especialistas em Iron Maiden que habitam esse nosso generoso espaço do Minuto HM, aceitando eu inclusive todos os possíveis achincalhamentos que por ventura aqui chegarem.

Peço à todos que me perdoem pelo atrevimento…

E viva o solo do Dave Murray !

Saudações

Alexandre Bside



Categorias:Cada show é um show..., Curiosidades, Instrumentos, Iron Maiden, Testament

20 respostas

  1. Bside, sempre muito legal quando vc tras essas polêmicas pra cá. Ainda não pude ver os videos.Volto depois para dar a minha opinião, mas pelo visto este é mais um daqueles erros polêmicos do Iron, como a famosa respirada do Bruce em Revelations, mas sendo este um “erro” bem-sucedido hehee,

    Abraços,

    Su

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  2. Muito bem sucedido, Suellen, isso na minha opinião. Aguardo seu retorno para comentar

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    • Ouvindo com atenção o solo original e a versão “Behind the Iron Curtain”, quem está bastante acostumado com a versão de estúdio, realmente nota de forma bem clara esta “mudança de trajetória” do solo. É algo bem perceptível, nem o fã mais “cri-cri” tem como negar. Agora não venha me perguntar qual a minha versão preferida porque não sei mesmo responder, rs.

      O fato é que realmente Murray errou, e o que poderia acabar estragando todo o clima introspectivo que este momento da música tem a intenção de criar, graças ao seu grande talento, acabou sendo improvisado lindamente com um solo repleto de muito feeling.
      Aliás, o Powerslave tem um trabalho de guitarras fantástico do início ao fim. Pra mim é O disco do Iron Maiden quando se trata sobre este assunto.

      Só pra complementar, este “Behind the Iron Curtain” já tem a sua versão em DVD no disco 2 do Live After Death.

      Abraços,

      Su

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      • Suelllen

        Excelente contribuição trazendo detalhes acerca do ótimo documentário Behind the Iron Curtain, que como sugestão pode fazer parte de uma futura apreciação num dos podcasts aqui do Minuto HM.
        O fã mais cri-cri realmente não tem como negar que trata-se de um erro de Murray, mas será que isso se aplica ao dono deste blog ? Quem quiser arriscar um palpite , que mande para cá ..
        Brincadeiras à parte, Suellen, você por enquanto fica devendo a resposta de qual é a sua versão de solo preferida do Dave Murray em Powerslave .. Mas não é pra sempre a dívida, ok ?

        Alexandre

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        • Bside,

          que tal essa versão from hell feita pelo Testament no seu mais recente disco?

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          • Suellen, a versão é bastante competente, mas não posso ir muito além disso por questões estritamente pessoais . Eu não sou uma pessoa de gostar de metal num estilo mais ” from hell”, como você muito bem definiu.
            Além disso, fazer uma cover de uma canção que em 84 teve uma interpretação imaculada ( e que não entendo como pode ser superada) , é um desafio até ingrato…
            Mas o instrumental está muito bem, os solos trazendo uma interpretação com “esteróides” dos originais. Quando falamos de vocal, vejo uma maior distância, pelo estilo from hell do Testament, mas principalmente por que Bruce é e sempre foi um dos melhores de todos os tempos .
            Acho que o Testament passou ” na prova ” . Mas o dez sempre será do Iron Maiden.

            Alexandre

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          • Pô, eu gostei da versão “from hell” aí… o vocal não chegou a me incomodar muito, pelo menos nesta música, mas claro que é o que “menos” gostei – e, diferente da original, não dá para ficar ouvindo direto…

            O instrumental e as pequenas “mudanças” trazidas foram muito competentes.

            A versão é excelente e bastante divertida, como o B-Side disse, eles passam sim de ano, com folga, mas a versão original é insuperável e sempre será.

            [ ] ‘ s,

            Eduardo.

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        • Eu topo este ser um dos assuntos do próximo podcast (Behind the Iron Curtain), sem dúvidas… aliás, ainda temos o novo disco solo do Harris, vai faltar apenas uma opção, hehehehe…

          [ ] ‘ s,

          Eduardo.

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        • Powerslave = aula de guitarra. Essa é minha definição simples para o disco. Assim como B-Side e Remote dão aula no Minuto HM, sempre. Privilegiados somos nós de termos tudo disponível…

          Mas não vou conseguir fugir do assunto, então vamos lá, hehehehe…

          Eu vou aqui concordar sim que foi um erro, claramente ele se “perdeu” e acabou se “achando” e nos trouxe esta versão maravilhosa realmente. Mas não sei escolher uma não… foi muito legal da banda ter trazido isso no documentário, que eu já assisti, já havia notado uma diferença, mas nunca tinha parado para refletir como foi trazido tão brilhantemente neste post – sendo sincero, nem lembrava e agora deu vontade de assistir tudo de novo.

          Murray é meu guitarrista favorito da banda e, apesar de achar que hoje em dia ele anda fritand… simplificando algumas coisas ao-vivo, ele continua sendo minha referência quando o assunto é timbre de guitarra do Iron Maiden.

          Mas este post está sensacional e o assunto é demais. Realmente a capacidade dele conseguir continuar com o solo e ainda fazer o que fez, entregar esta versão tão linda, mostra o talento deste grande músico, que sempre manteve sua linha e entrega ao grupo em todos os momentos. O fato dele ter trazido o trecho final ali foi brilhante, querendo ou não.

          Sim, B-Side e galera, foi sim um maravilhoso erro e concordo: pode errar assim mesmo, hehehehe. Aliás, sabemos que Murray tem mesmo essa incrível capacidade de improvisação, e a usa sempre, apesar de hoje em dia, como disse, não estar improvisando TANTO como antes – diferente de Adrian, que sempre procurou ser bastante fiel ao estúdio, algo que admiro e muito também, diga-se de passagem, e que faz da dupla uma das mais geniais no heavy metal de todos os tempos…

          Que post! Parabéns!

          [ ] ‘ s,

          Eduardo.

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  3. Também compartilho a opinião de esse ser o melhor solo dele no Maiden, aproveito para parabenizá-lo por mais um post sensacional!

    Abraços

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  4. Valeu, Bruno, obrigado por comentar . A música é de um momento irrepreensível na carreira na donzela . Dificil é dizer o que não soava perto da excelência naquele álbum.

    Alexandre

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  5. Velho… B-Side… divido a mesma opinião que vc sobre esse solo.. uns dos mais maravilhosos que ja ouvi..não só do maiden mas como da história do rock …eu fiz uma homenagem a esse solo uns 7 meses atras.. tirei alguns intrumentos e eis como ficou. aprecie sem moderação

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  6. Muito legal ouvir com ainda mais detalhes os solos originais da música . Parabéns pela merecida homenagem.
    E obrigado por participar aqui no Minuto, Freedom_SP70, o espaço é aberto à todos com contribuições de qualidade como a que você nos trouxe

    Saudações

    Alexandre Bside

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  7. valew galera ! esse solo , alias, esses solos, pois adrian arrebenta igualmente ,sao obras primas. master pieces , e merecem ser divulgados. grande abraço a todos , fico feliz por terem gostado. fiz outros videos desse tipo ..basta olharem minha pagina no youtube. grande abraço !
    um exemplo The clairvoyant

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  8. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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Trackbacks

  1. Discografia Iron Maiden – Episódio 06: 1984 – Powerslave e 1985 – Live After Death – Minuto HM

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