Pisando numa área onde meu conhecimento é bastante limitado, afinal a bateria é um grande mistério que envolve um inexplicável senso de coordenação motora muito além do que posso entender, trago por aqui uma campanha publicitária da Sabian, grande marca de pratos para bateria, que envolve vídeos de seus mais conhecidos clientes, bateristas famosos e renomados em diversos gêneros musicais.
Até aí, muitos vão dizer, qual a novidade? Isso é senso comum entre todos os instrumentos, músicos de fama emprestando (e ganhando, é claro) seu prestígio para divulgar determinado modelo. A diferença, no entanto, é como essa campanha foi feita: o vídeo traz o tema obsessão e envolve, logicamente, um prato para cada instrumentista, como seu objeto de tal obsessão. Os bateristas que participam, no entanto, também trazem outros aspectos de suas vidas tidos como obsessivos. Longe de tentar fazer desse artigo uma espécie de violação da vida particular de cada um, ou uma espécie de “Revista Contigo” no Minuto HM, trago 2 exemplos constantes aqui no blog e suas excentricidades, pois essas tem direta relação com seus desenvolvimentos como músicos. E mais do que isso, momentos fantásticos de execução de seus instrumentos em detalhes.
O primeiro exemplo traz o espetacular Neil Peart conduzindo principalmente a música Subdivisions, do álbum Signals. A música dispensa comentários, está na categoria “Olimpo” do universo Rush. Neil explica sua relação com o prato de sua predileção obsessiva, um prato de condução de nome 22″ Paragon Ride, enquanto traz outras três paixões: viagens, motocicletas e livros. Seu modo de encarar as viagens, utilizando-se de motocicletas, faz com que o desgaste de inúmeras turnês passe a ser composto de momentos agradáveis ao músico, não é segredo que Peart viaja à parte do restante da banda e crew. Por fim, seus livros nos ajudam a entender porquê as letras da banda são tão maravilhosas:
O segundo exemplo envolve o igualmente fantástico baterista Mike Portnoy. O baterista e co-fundador (e atual ex-baterista) do Dream Theater é conhecido por sua adoração por séries e filmes, além de colecionador de milhares de CDs e música em outros formatos. A coisa aqui pode ser até objeto de estudo de profissionais da área que envolva a mente humana, como psicólogos ou psicanalistas, pois algum tipo de patologia pode ser até avaliado na obsessão de Portnoy por suas coleções, que também envolvem revistas de sua predileção. O momento musical mais interessante, no entanto, está quase ao fim do vídeo, onde Mike mostra algumas de suas baterias, inclusive as que fizeram parte de três de seus tributos, como este, por exemplo. São réplicas de instrumentos de determinadas épocas de alguns de seus heróis, John Bonham (Led Zeppelin), Keith Moon (The Who) e o outro obsessivo deste post, Neil Peart. No meio disso tudo, Mike Portnoy fala de seu prato signature, o Max Stax, uma espécie de prato 2 em 1, que mistura efeitos de um “China Cymball” com uma espécie de prato percursivo. Mas nessa área, eu não me arrisco muito mais do que isso, e peço a ajuda dos especialistas que habitam o blog:
Por fim, há diversos outros bateristas no site da Sabian trazendo seus pratos de obsessão e outras atividades obsessivas. Estas envolvendo momentos familiares ou predileção por determinados carros, por exemplo. Quem tiver interesse, pode dar um pulo no site oficial da marca de pratos e dar uma checada.
E eu vou ficando por aqui, aguardando os sempre valorosos comentários dos ilustres frequentadores desse blog.
Saudações,
Alexandre Bside
Categorias:Artistas, Curiosidades, Dream Theater, Instrumentos, Rush, The Who
B-Side, bem legal você ter trazido este post com estes 2 ótimos vídeos destes 2 bateristas que dispensam comentários…
O primeiro vídeo, que eu gostei bem mais, traz este que é um dos “pais” do segundo, em um processo de maturidade impressionante, de se tirar o chapéu, seja pela humildade que ele conduziu o agradável bate-papo, seja ainda pela incrível vida que tem.
Sem querer ser repetitivo, a humildade é algo que impressiona neste vídeo do NP, ele comentando “to fill the educational gaps” quando estava na estrada, lendo. Um cara destes tem uma experiência única de vida e é inteligente o suficiente para ainda mostrar como todos nós, a cada dia, temos que parar e repensarmos como conduzimos as nossas vidas e quando ainda podemos fazer e entregar para os outros, mas também para nós mesmos…
E estes livros despertam o interesse de muitos, tenho certeza…
O vídeo do Portnoy traz um lado meio que conhecido dele, pois ele sempre deixou claro estes “obsessões”, ainda que seja bem legal ver que, mesmo com tanto dinheiro que proporciona a compra de tanta coisa, ele ainda cuida pessoalmente das coisas e as tem porque realmente gosta, e não apenas “ter por ter”.
Agora, a parte musical, principalmente do primeiro vídeo, é sensacional… ver a precisão cirúrgica de Neil e o talento inquestionável de Portnoy são colírios para os olhos daqueles que apreciam as panelas – e como estas panelas fazem comida boa… não me arrisco aqui comentar da parte técnica, até porque não tenho conhecimento para tal, mas é muito bom ver o nível de dedicação que eles têm, cada um com seu estilo desenvolvido de vida, e também como cada detalhe de cada parte da bateria é decisivo para a identidade do som que chegará para nós, meros mortais…
Excelente post, B-Side.
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Eduardo, obrigado pelas palavras, são especiais vindo de um ex-futuro , atual presente e já promissor baterista . Entre os livros de Peart, um me chama mais à atenção , aquele que traz os detalhes da tour de 30 anos da banda . Gostaria muito de tê-lo em minhas mãos em algum momento. E no meio desses ótimos comentários ( como também os abaixo, do Flávio e do Bruno), algo também merece minhas palavras por ainda não ter sido alvo de nenhum de nós , inclusive da minha parte no texto inicial do post: A bateria linda que parece uma peça de relojoeiro que Peart usa atualmente . Os detalhes dos pratos , os desenhos, a tradicional cor que o baterista deve certamente ter uma predileção , aliada às ferragens douradas, tudo é de extremo bom gosto e muito justamente está a disposição deste que considero o ” mestre dos mestres ” da função.
Alexandre
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B-Side, por favor… não dá para falar que sou baterista… meus objetivos já estão mais do que atingidos neste assunto, mas é bom não esperarmos por mais coisas desta minha fonte, de verdade… a curva de aprendizado agora vai ser MUITO lenta, se não é que vai estabilizar… meus limites são bem claros, e falo disso numa boa. De verdade, o que vier daqui para frente, é lucro puro…
Sobre a beleza da bateria, sim, é uma obra de arte mesmo – aliás, muito mais legal que muitas obras de arte de museus chatos por aí, hahahaha…
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Bside,
Voce sempre nos presenteando com posts excepcionais, e agora, para não menor surpresa nossa, um post sobre Bateria, isso mesmo, o Alê falando sobre bateria…. Quando vi isso decidi que era hora de parar tudo e ouvir o que ele tinha a dizer, pois pode parecer antagônico, mas gosto de ouvir a opinião de quem entende menos as vezes – leia-se “toca outro instrumento” – , são opiniões menos carregadas de vícios ou gostos, são como opiniões de crianças sobre temas adultos com a ingenuidade que lhes é pertinente.
Bom, deixando as comparações “nada a ver” de lado vamos lá:
1 – Neil Peart – Gosto do Neil desde que ouvi pela primeira vez o 2112, a maneira como ele usava o contratempo em “A passage to Bangkok” na casa dos Gêmeos B-side e Remote, me atirou em um abismo que do qual até hoje não me recuperei, ainda hoje ouvi no carro o “Permanent Waves” e percebi que aquilo que senti lá no começo continua do mesmo jeito, me deixando aéreo tamanha a precisão e destreza com que o velho Neil toca seu instrumento. Como motociclista que também sou, imagino que ele tenha o mesmo método para pilotar sua BMW e escrever seus livros, aliás, consegui captar nele durante os anos em que o ouvi, que ele preza por tudo perfeito e mesmo assim tudo por melhorar, exaltando a sua Humildade tão bem descrita pelo Eduardo no comentário anterior.
Sobre o prato em questão só posso dizer que ele sempre usou os da Zildjian, mas teve que se render ao Marketing agressivo da Sabian que também levou o Portnoy e muitos outros, mais pela variedade e grana do que somente pela qualidade de seus pratos, já que como uma marca veio da outra, a qualidade em seus produtos é inquestionável, duas gigantes das ligas de Bronze.
2 – Mike Portnoy – Esse cara realmente reflete o baterista que sempre quis ser, acho o Neil mais Mestre, mais professor, mais Doutor em bateria, ou qualquer outro adjetivo mais soberano possível do exército dos Bateras, um Marechal das Baquetas, mas acho o Portina o cara que sintetizou isso tudo mais um pouco de Bonham e Keith Moon e criou seu próprio estilo. Nos dias de hoje criar algo já é difícil, criar um estilo então, mais ainda e o Portnoy conseguiu mesclar isso que aprendeu com os mestres das baterias, que ele mesmo nos apresentou com suas respectivas réplicas. Ele desenvolve a musica e suas variações como ninguém, inverte os tempos e os divide/duplica como se já tivesse nascido com um metrônomo dentro da cabeça, desvendar suas musicas e principalmente tocá-las é de um prazer imenso, é como se vencessemos uma maratona de revoluções, viradas, ruffos e bumbos duplos. Ele é tão criativo que tenho a impressão que isso o tirou do DT, esse jeito 220Volts não era bem aceito e quando tiveram a chance de paz, forçaram sua saída do grupo, mas isso é outra conversa… Quero falar do prato que ele desenvolveu junto com a sabian, o MAX STAX, ele simplesmente inverteu um China junto com um Splash e deu no que deu, um som cortado e curto, que serve para atacar e marcar tempo, dado sua versatilidade e som único. Realmente o Portnoy conseguiu se resumir em mais uma de suas criações. Único e Inovador.
Parabéns pelo Post, Velho B-side.
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Bruno, além de agradecer muitíssimo pelas palavras, é de uma enorme responsabilidade ter sido o texto acima lido por você e também pelo Eduardo, que já chegou nesse grupo seleto de ” paneleiros ” que eu tenho o privilégio de conhecer .
Eu preciso , em especial, dizer-lhe que o trecho de soberbo uso do contratempo em a Passage to Bangkok que você mencionou como tendo ouvido lá na casa onde hoje mora a minha mãe , e que mudou sua maneira de encarar o instrumento me emocionou, de verdade, amigo..
A versão , que é de um dos meus álbuns ao vivo favoritos de todos os tempos, o Exit…Stage Left ( que hoje seguramente está perdendo apenas para um certo álbum de 1977 que reuniu um saudoso baixinho de grande voz ao lado de um certo guitarrista temperamental pela primeira vez ao vivo) , onde Neil é tão espetacular, que o maravilhoso solo de Lifeson, reproduzido no mesmo momento em que Peart resolve mostrar o que se pode fazer usando um simples contratempo,ficou em segundo plano. Compartilho com você a mesma opinião sobre o Permanent Waves, ao ouví-lo hoje parece ser a primeira vez que me deparo com tamanha genialidade . Mas o Exit…Stage Left é o um dos álbuns que mudaram a minha vida e a minha relação com a música e com os instrumentos em geral . Lembro perfeitamente de quando o comprei, na Tijuca, mas vamos deixar o resto da história quem sabe para outro momento.
Em relação a Portnoy, entendo perfeitamente sua apreciação ! Afinal, Peart tem tudo que um baterista pode precisar, exceto talvez por não trazer o “lado metal ” em suas origens . Ainda que o mestre tenha alguns momentos em que isso transparece, é em Portnoy que se percebe de forma mais plena a junção da criatividade com o peso que Bonham em especial trazia . Eu aindo considero o discípulo um espetacular seguidor do mestre, no entanto, Neil nesse quesito é pra mim o “cara”.
Muito obrigado pelo comentário, amigo, muito enriquecedor e especial para mim
Alexandre
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Bruno, você conhece o B-Side há anos e sabe da humildade dele… estou para um baterista assim como este blog estou para astronauta… B-Side está valorizando de uma forma que não dá para defender…
Agora, este comentário do B-Side, assim como o seu, Bruno, são tão bons quanto o próprio excelente post… é uma honra poder estar no meio disso aqui…
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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B-Side, post publicado no Whiplash: http://whiplash.net/materias/biografias/164459-rush.html
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Adorei o post e é surpreendente, pois é vindo de Mr. B-side que nunca teve habilidade com baquetas, já o mesmo não posso dizer das palhetas…
Considerando os dois gênios – acabo preferindo o Mr. Drum Rush, tanto em estilo bateristico, lirístico e como o lado pessoal, um ser mais comedido, que não precisa fazer nenhuma força para se destacar, em todos os aspectos mencionados. O Prato 22, qué ilustrado como é usado em subdivisions, que eu sermpre pensei que fosse algo de divisões de ritmo – teoricamente um tema mais apropriado para um Baterista, que compõe a letra. É que não podemos pensar num baterista que faz a letra e sim devemos pensar em Neil Peart fazendo a letra – que trata lá em 1982 de um tema muito atual – o preconceito, ou tratando como modernamente é nomeado: Bullying.
O Detalhe da marcação e a alternância do Ride – existe outra palavra que não seja Genial?
Já Mr. Portnoy é outro gênio mais moderno, com grande conhecimento musical, profundamente mergulhado em suas influências, como o Zepp, o Who e o Rush traz o prato combinado splash – mini china – que é interessante também, mas o som não me agrada tanto quanto a escolha de Neil.
Excelente post
Abraços
FR
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Flávio, em relação estrita aos pratos que são os teoricamente motivos principais dos vídeos ( mas que pra mim, um completo leigo, acabaram ficando em segundo plano ) , eu confesso ter gostado bem mais do prato 2 em 1 do Sr Portnoy, achei-o muito inventivo e diferente.
Algo que você trouxe no comentário acima e que é muito especial é a questão que envolve a letra de Subdivsions: como se não bastasse a excelência musical, Neil sempre consegue ser mestre também nas linhas que traça para as canções da banda , e com um tema tão coerentemente bem refletido, diga-se de passagem.
Obrigado por agregar essas informações ao post
Alexandre
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