Cobertura Minuto HM – Black Sabbath e Megadeth no RJ – parte 4 – resenha Black Sabbath

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O fim de tarde e início de noite no Rio de Janeiro já havia começado muito bem com o show do Megadeth, mas a hora era da esperada atração principal, que reuniria pela primeira vez em terras cariocas o Black Sabbath em sua formação quase original, já que sabemos os dissabores que fizeram Bill Ward ficar de fora desta etapa que julgo ser a final da banda.

O espaço reservado na pista vip está bastante confortável e resolvemos todos buscar um espaço mais à frente , do lado direito da platéia, onde estará em breve principalmente o Sr. Iommi. A preocupação com a saúde do fundador do heavy metal se faz presente em todos nós, e há a sensação de que o guitarrista pode fazer deste seu último show no Rio de Janeiro. Esperamos que não, mas é possível que as turnês exaustivas estejam fora dos planos de Iommi daqui em diante. Assim, a escolha por seguir para o seu lado do palco não foi contestada nem pelo meu irmão Flávio, de nós o maior admirador da outra lenda das cordas no palco, o grande Geezer Butler.

Estamos razoavelmente perto do palco e observa-se a montagem final dos equipamentos do Black Sabbath, nesse momento descendo uma cortina preta que cobre parcialmente o que se situa atrás dela.  Do nosso lado direito, ao lado do palco, se avista o Cristo Redentor iluminado e mal posso avaliar quanto tempo se passou entre os dois shows, o certo é que as sirenes de War Pigs começam a soar, ouvimos as risadas de Ozzy e após a cortina subir podemos enfim nos encontrar com Ozzy, Iommi , Butler e Clufetos.

A música segue em seu maravilhoso ritmo lento levado por Butler que é o sinônimo de heavy metal, aliado ao peso da guitarra do mestre e fundador do gênero, Tony Iommi. Iommi está ali, há pouco metros de nós, e durante a música reflito sua importância para tudo relacionado ao que amo verdadeiramente, não posso conter as lágrimas de emoção. Algo que nunca aconteceu comigo em sei lá quantos calejados anos de shows assistidos se dá, pois choro copiosamente ao fim da canção, em sua parte mais emblemática que é cantada em uníssono pela plateia.

Ainda me refazendo da emoção segue-se o exemplo de uso das afinações baixas, que foi seguido por cem entre cem guitarristas que se aventuraram em tocar heavy metal. Death Metal, Doom Metal, Trash Metal, Nu-Metal,  em suma qualquer das subdivisões do metal, tudo está ali, nos primeiros acordes de Into the Void.

Para quem não sabe, em 1971 Iommi gravaria o álbum Master of Reality abaixando a afinação de sua guitarra em um tom e meio e ali redefiniria o metal, mesmo após os sucessos dos seus dois primeiros álbuns.

Após Into the Void, talvez venha o momento mais inusitado da noite , pois a canção que se segue é a extraodinária, mas pouco conhecida Under the Sun, de 1972, que fecha o álbum Sabbath Vol. 4. As imagens do telão que remetem a exemplos claros de fanatismo religioso que se traduzem em tragédias se contrapoem ao seu final, quando Ozzy diz: “Thank you, God bless you.”

Os clássicos voltam a imperar, mas desta vez dividindo espaço com faixas do último álbum, 13.  A banda toca Snowblind, Black Sabbath e Fairies Wear Boots , entre outras, intercalando esses clássicos supremos com Age of Reason, God is Dead? e End of the Beginning. As músicas novas passam no teste ao vivo, embora acho que tenham perdido um pouco em relação à sonoridade de estúdio. Delas , acho que Age of Reason foi a que ficou melhor, com um ótimo solo de Tony Iommy. Embora a voz de Ozzy tenha dado pequenos sinais de falha, é preciso no entanto destacar que  me impressionou positivamente esse meu  segundo questionamento vocal da noite, pois Ozzy esteve muito bem durante todo o show, é certamente o melhor desempenho de sua voz que presenciei ao vivo.

A banda toca ótimas faixas antigas não tão conhecidas do público menos conhecedor da carreira do Black Sabbath. Entre Dirty Women e Behind The Wall of Sleep, o grupo toca as inquestionáveis Iron Man e NIB, esta, uma aula de baixo do Sr. Butler:

É hora de entender porque Bill Ward dificilmente teria condições de suportar as exigências da turnê atual. Com quase duas horas de show, a banda ainda precisa de um tempo para descansar, tempo este que é coberto por um solo de bateria. Tommy Clufetos é, ainda que provavelmente todos nós gostaríamos de ver Ward ao lado de seus antigos companheiros, a escolha certa para os shows, pela incrível habilidade aliada a uma pegada tão necessária ao peso de um grupo seminal como o Black Sabbath. Basta observar um pouco para perceber que é costumeiro Clufetos levar as baquetas bem atrás de seu tronco para literalmente   “espancar” os tons e pratos . Não obstante esta observação, Tommy também demonstra um belo conhecimento de seu instrumento, como vemos abaixo em Rat Salad, seguido de seu solo:

O show vai chegando ao fim, com Children of the Grave, mais um exemplo de uso de afinação baixa, ainda em 1971 . O público sabe que vai haver um bis, pois Paranoid não havia sido tocada. Ozzy provoca a audiência, por detrás do palco e recebe a reação pedida. A banda retorna para o fim já esperado:

Como curiosidade, Geezer Butler some do palco após os acordes finais de Paranoid, e Ozzy ensaia uma procura por ele para a saudação final. Eles acabam se despedindo em trio, algo que Butler se justificaria no dia seguinte, nas redes sociais.

Eu termino essa resenha fazendo um necessário agradecimento àqueles que postaram os vídeos que acima compõe o post (e o do Megadeth, a parte anterior) no YouTube. Não fossem por eles, não teríamos material que não fosse o simples conteúdo textual das coberturas, o que certamente comprometeria demais algo próximo da qualidade que se espera dos posts deste blog.

Ainda que as imagens possam estar para alguns longe do padrão desejável, eu agradeço demais a cada um que com suas imagens aqui contribuíram. Faltou alguma canção? Certamente, pois o grupo tem muito material de qualidade, eu particularmente gostaria de ouvir alguma dos álbuns Sabbath Bloody Sabbath ou Sabotage, mas era uma época de vocais bastante desafiadores para Ozzy , já naquela ocasião. Assim, a noite foi emocionante, ainda mais por estar com amigos que são como irmãos para mim.  Dificilmente os veremos reunidos novamente, mas fica a sensação do dever cumprido. E que eles fiquem bem quem sabe para nos emocionar de novo!

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Saudações

Alexandre Bside

Setlist:

War Pigs
Into the Void
Under the Sun/Every Day Comes and Goes
Snowblind
Age of Reason
Black Sabbath
Behind the Wall of Sleep
N.I.B.
End of the Beginning
Fairies Wear Boots
Rat Salad – solo de Bateria Tommy Clufetos
Iron Man
God Is Dead?
Dirty Women
Children of the Grave
BIS:
Paranoid (com introdução de Sabbath Bloody Sabbath)
Zeitgeist (em playback)



Categorias:Black Sabbath, Cada show é um show..., Curiosidades, Entrevistas, Músicas, Resenhas, Setlists

12 respostas

  1. Sabbath incrível, um dos melhores shows que já vi. Iommi é um monstro. Ele é a prova que ser virtuoso ou tocar extremamente rápido não é necessário para ser grande. Como alguns acordes podem ser tão poderosos?

    Acredito que Ozzy estava acima da média (melhor que Mustaine, com voz baixa em muitos instantes) e sabe ser animado mesmo com deficiências físicas e voz falhando em alguns momentos.

    NIB, Fairies wear boots e Paranoid apoteóticos. Momentos emocionantes…

    Abraços!

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  2. Glaysson, desculpe a demora em comentar, já havia lido o seu comentário acima, mas esqueci de retornar. Acho que você foi perfeito em tudo aí em cima. E vou além, nunca vi o Ozzy cantar tão bem e já tirei a dúvida nos vídeos disponíveis pela internet. Era algo inesperado e foi excelente.

    E o Iommi é realmente fora da curva, mesmo depois de tanto tempo não vi surgir ninguém como ele . Como você definiu, como alguns acordes soam tão poderosos quando tocados por ele.

    Obrigado pelo comentário

    Saudações

    Alexandre Bside

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  3. É muito difícil comentar algo aqui. O ano foi muito generoso em termos de shows no país, mas aqui a relação é muito superior à música maravilhosa que vinha daquele palco mágico.

    Eu fui o primeiro a chegar na Apoteose nesta data tão quente na cidade. A ansiedade era grande. Os encontro com você, seu irmão e com o Rolf são coisas muito especiais, é um privilégio sem tamanho. Mas eu não imaginaria que o ápice viria logo em War Pigs, ao vê-lo tão emocionado. Aquilo não teve preço. Depois, o Remote emocionado e eu ali derrubado especialmente durante “Black Sabbath”. Fico feliz de ter dado certo nosso “deslocamento” mais para frente do mestre Iommi, onde ficamos mais altos e com uma visão privilegiada – e com uma caixa de som bem na nossa frente. O choro do B-Side, sempre um cara tão tranquilo, é o reflexo mais que positivo da noite. A performance da banda se mantém em altíssimo nível, como havia sido 2 dias antes em São Paulo, e a grande surpresa positiva fica por conta do vocal de Ozzy que, nesta tour, contra toda e qualquer expectativa, vai muito melhor do que em qualquer oportunidade passada. Está tudo perfeito!

    Em Under The Sun, vem o choque contrastante mesmo, me lembro de comentar isso contigo, B-Side. A hóstia queimando e Ozzy, repetitivo no “thank you, God bless you”, hehehe.

    A resenha é um espetáculo, assim como o setlist da noite, recheado de clássicos imortais para o heavy metal. A história passou novamente pela gente, com algumas boas novas músicas do álbum 13. Há de se destacar a cozinha da banda também, com Butler sempre perfeito – mesmo não estando se sentindo bem a noite, fato que se confirmou por ele sair do palco sem voltar para o cumprimento tradicional ao final – e Clufetos, que é uma máquina de dar porrada (mas com muita categoria) na bateria.

    Vale ainda destacar a precisão das cordas. É incrível como é “erro zero” destes senhores dos cantos do palco. Não é qualquer exagero afirmar que eles são insubstituíveis. Não há comparação. São os donos de tudo e eu, que imaginei que após a morte de Dio nunca mais os veria ao vivo, sou muito grato por ter conseguido mais duas oportunidades.

    Fica uma sensação muito gostosa e eterna de uma noite inesquecível, ouso dizer sem precedentes (e talvez sem ser possível de repetição futura) entre os shows que vi com este trio carioca.

    B-Side, Remote e Rolf, novamente, obrigado… agradeço pois é mesmo um privilégio ter visto os mestres imortais com vocês, os mestres da terra. Eu torço para que este momento possa ainda se repetir, apesar de entender que não deverá acontecer. E, em não acontecendo, a nossa parte está eternizada para sempre nos corações metálicos.

    Eu jamais esquecerei o que vi, ouvi e principalmente senti nesta noite.

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  4. Eduardo, também é um privilégio assistir os shows em sua companhia, aliás hoje em dia sabemos que pessoas até mais conhecidas do meio tem demonstrado este desejo. Entenda então, é realmente um privilégio pra mim.
    Seus comentários acima são perfeitos e o show foi muito acima do que poderia esperar.
    O Ozzy foi muito bem, o Butler sempre é esse músico sensacional, uma ótima surpresa ter visto o Clufetos e a emocão passou do ponto ao ver o mestre Iommi tão perto. O sentimento ali foi de agradecimento por eu ter tido tal oportunidade e junto de vocês.

    Mais uma vez agradeco,

    Alexandre

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  5. Saiu no Progarchives: http://www.progarchives.com/album.asp?id=43735

    BLACK SABBATH Live. Gathered in Their Masses lyrics
    DVD/Video, released in 2013

    Songs / Tracks Listing

    1. War Pigs
    2. Into The Void
    3. Loner
    4. Snowblind
    5. Black Sabbath
    6. Behind The Wall Of Sleep
    7. N.I.B.
    8. Methademic
    9. Fairies Wear Boots
    10. Symptom Of The Universe
    11. Iron Man
    12. End Of The Beginning
    13. Children Of The Grave
    14. God Is Dead?
    15. Sabbath Bloody Sabbath (Intro) / Paranoid

    Line-up / Musicians

    – Tony Iommi / guitar
    – Geezer Butler / bass guitar
    – Ozzy Osbourne / vocals
    With:
    – Brad Wilk / drums
    Releases information

    November 27, 2013

    Keep rockin`

    Abilio

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  6. Ozzy Osbourne entrevistado por Marcos Mion durante a passagem da banda pelo país: http://wikimetal.uol.com.br/site/ozzy-osbourne-entrevistado-por-marcos-mion/

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  7. 19/02/2017 data importante para nós….aniversário de Tony Iommi.

    Vamos acender velas, saudá-lo e desejar que continue fazendo seus riffs demoníacos como disse Ozzy em recente entrevista na Blabbermouth.

    Abraços

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