Discografia MetallicA – parte 8: Prólogo / Early Years (1980 – 1982)

“It was going nowhere”. Foi assim que Brian Slagel descreveu a relação entre James e Lars antes da dupla conhecer seus futuros companheiros, especialmente Dave Mustaine mas, principalmente, Cliff Burton. Mas vamos trazer um pouco de como tudo aconteceu e como Brian Slagel surgiu na história da banda – que nem nome ainda tinha – ainda no início da década de 1980.

Como vimos, Lars, mesmo jovem, já era um grande conhecedor de metal e estava sempre acompanhando tudo que estava nascendo na época. Foi assim que o dinarmaquês conheceria duas figuras de gostos musicais semelhantes ao dele: John Kornarens e Brian Slagel. John era grande fã do UFO e ambos foram assistir a um show do Michael Schenker (Scorpions / UFO / MSG). Ao final do show, no estacionamento, John viu um garoto com uma camiseta européia do Saxon e se aproximou. Ao perguntar a Lars como ele tinha conseguido tal camiseta, ele ficou empolgado pois achava que em Los Angeles era o único que conhecia a banda. O encontro rendeu um papo sobre NWoBHM que acabaria culminando na amizade deles.

Pouco tempo depois, já estavam juntos ouvindo discos da NWoBHM com outros amigos: Bob Nalbandian, Patrick Scott, Ron Quintana e K.J. Doughton. Toda essa “garotada” se reunia e mergulhava no que saía da Inglaterra naqueles dias, especialmente uma certa banda novata chamada Iron Maiden e o The Soundhouse Tapes. Lars tinha 16 para 17 anos e John e Slagel tinham 18 anos. Mesmo mais novo, Lars tinha a seu favor o conhecimento quase exclusivo da cena européia, trazendo dicas então desconhecidas à dupla. A paixão pela NWoBHM fazia Lars querer fazer parte daquilo a qualquer preço.

Lars conheceria ainda por Patrick Scott bandas como Accept e Mercyful Fate, esta de seu país de origem. Mas foi pelo Diamond Head que Lars ficou mais fã, pelo som e atitude da banda, e começou a querer coverizar músicas como Am I Evil?, Helpless, Sucking My Love, The Prince e principalmente It’s Electric.

Mesmo com toda essa paixão, não havia indicações que Lars gostaria de se tornar músico e formar uma banda, até que Brian Slagel, na casa de Lars, viu um kit de bateria desmontado em um canto. Lars afirmou que iria então formar uma banda, mas seus amigos não acreditaram no início.

Brian, entretanto, iniciava seus trabalhos com uma fanzine, chamada “The New Heavy Metal Revue”. A intenção de Slagel era claramente aproveitar o momento que a NWoBHM passava na Europa e divulgá-la nos EUA, onde a penetração ainda era ínfima. A primeira edição de 1981 trazia algumas fotos do Iron Maiden e outras bandas americanas melhores, e suas cópias foram distribuídas a todos que eles tinham acesso e contato.

Do lado de Lars, que manifestara desejo de formar uma banda, o problema estava justamente em encontrar outros interessados no estilo que ele estava tão envolvido. Foi quando ele então publicou o histórico anúncio no jornal de Los Angeles “The Recycler”, com os seguintes dizeres: “Drummer looking for other metal musicians to jam with Tygers of Pan Tang, Diamond Head and Iron Maiden”, vimos a primeira formação da banda e a importância que cada membro teve nos primórdios da banda, bem como Hetfield sendo “obrigado” a cantar além de tocar guitarra, a pedido do Lars. O “The Recycler” ainda foi importante para a formação de outros grandes nomes, como Mötley Crüe e Guns N’ Roses.

Já abordamos na discografia os papéis de cada membro neste período. Entretanto, Lars ainda estava “arquitetando” muitas ações para a banda. Sua dedicação vista como fã de metal, tentando buscar, por exemplo, um autógrafo de Ritchie Blackmore, ou então viajando de volta para a Europa e conseguindo se relacionar com o Diamond Head, impressionava a amigos e outros que viam as coisas acontecerem como “mágica” para ele. Lars aproveitava todos as oportunidades – ou mesmo “criava” formas – para poder beber com Lemmy, conhecer Steve Harris – com quem aprendeu a lição que bandas deveriam ter somente um líder.

Quando Lars retornou da Europa, sua dedicação realmente passaria a ser a banda. Enquanto Lars começava a praticar mais bateria (veremos na sequência desta discografia que o dinamarquês, no início, possuía habilidades no máximo rudimentares no instrumento, coisa que era clara para James e todos que estavam acompanhando os garotos), havia também a preocupação com o nome que seria adotado para eles.

Mesmo com futuro ainda indefinido, Ron Quintana, inspirado pelo sucesso que a fanzine New Heavy Metal Revue de Brian Slagel já estava fazendo, decidiu criar também uma publicação. A ideia dele era ter uma revista “super heavy metal”. Lars viajou para São Francisco (futura “cidade” da banda) e os dois, que já discutiam nomes de revistas e bandas quando se encontravam, acabaram novamente discutindo qual poderia ser um nome para a fanzine. Lars tinha uma lista com alguns nomes que, para Quintana, eram muito “batidos”, como Red Vette e Black Lightning. Quintana então mostrou a Lars a sua lista, que continha nomes como Metal Death, Metal Mania e… Metallica.

Lars imediatamente gostou do nome e, com habilidade, perguntou a Quintana se ele iria chamar a fanzine dele de Metal Mania. O nome foi mesmo escolhido e a primeira edição lançada em agosto/1981, trazendo o Motörhead, que havia tocado por lá meses antes, na capa.

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A primeira edição da lendária Metal Mania

Lars e James tinham em análise nomes como Helldriver, Nixon, Blitzer e Thunderfuck. Mas após o encontro com Ron, o nome estava mesmo decidido. Sem falar com Lars por 6 meses, foi somente após este tempo, feliz com o nome Metal Mania e já na terceira edição de sua publicação, que Quintana soube que Lars havia usado o nome “Metallica” para sua banda – e ele mal sabia que Lars tocava bateria suficientemente para ter um grupo…

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Em paralelo, a banda começava a ter seu material registrado. As primeiras fitas demo possuem os primeiros voos de Lars, Hetfield com os membros de cada época tocando covers e as primeiras músicas próprias. Do lado da parte gráfica, já apareceria o clássico logo com o nome da banda, ainda com os contornos nas letras que, no futuro, seriam removidos.

Whiskey Audition Tape:

# Faixas Duração
1 Killing Time (cover do Sweet Savage) 2:36
2 Let It Loose (cover do Savage) 3:11
TOTAL 5:47
  MÉDIA 2:53

Lineup:

  • James Hetfield (vocal)
  • Lars Ulrich (bateria)
  • Dave Mustaine (guitarra e backing vocals)
  • Ron McGovney (baixo)

Reconhecida como a primeira demo da banda, gravada na lendária garagem do baixista Ron McGovney, em ensaios feitos em março/1982. Esta gravação rendeu aos garotos um primeiro desafio no mesmo mês: fazer um show abrindo para o Saxon no dia 27/março/1982 no Whisky A Go-Go.

Ron McGovney’s 82 Garage demo

# Faixas Duração
1 Hit The Lights 4:20
2 Jump In The Fire 4:26
3 Killing Time (cover do Sweet Savage) 4:26
4 Let It Loose (cover do Savage) 3:16
5 Sucking My Love (cover do Diamond Head) 3:10
6 The Prince (cover do Diamond Head) 7:23
7 Am I Evil? (cover do Diamond Head) 5:01
8 Helpless (cover do Diamond Head) 8:24
9 No Remorse 6:12
TOTAL 45:39
  MÉDIA 5:10

Lineup:

  • James Hetfield (vocal)
  • Lars Ulrich (bateria)
  • Dave Mustaine (guitarra e backing vocals)
  • Ron McGovney (baixo)

Esta demo também foi gravada na garagem do primeiro baixista da banda, Ron McGovney. O registro é bem conhecido entre os fãs mais dedicados da banda e existe mais de uma versão dele, sendo que alguns ainda arriscam remasterizações caseiras.

Uma curiosidade adicional desta demo são duas faixas extras gravadas em diferentes sessões que reuniam ideias gerais (inclusive solfejos no meio de conversas, discussões e risadas) e alguns riffs isolados, que também são alvo daqueles que buscam os detalhes da banda – ideias estas que apareceriam em músicas dos futuros Kill ‘Em All e Ride The Lightning (notem, por exemplo, algo de Creeping Death em torno do minuto dezoito ; Ride The Lightning – a música – a partir do minuto 37) e The Call of Ktulu, “espalhada”) do MetallicA e mesmo em álbuns da ainda nem nascida banda Megadeth. É interessante notar ainda como tais ideias seriam muitas vezes “concatenadas” e se tornariam parte de registros oficiais. Estes registros rudimentares são informalmente conhecidos como “Jam” na história da banda:

Há ainda outro registro, informalmente chamado de “Unreleased Kill ‘Em All song”, que é pedaço melódico composto por James e Ron. Em 1996, Ron McGovney, em entrevista, confirmou a veracidade do registro.

Power Metal demo

discmet_8_32_PowerMetal

# Faixas Duração
1 Hit The Lights 4:18
2 Jump In The Fire 3:55
3 The Mechanix 4:47
4 Motorbreath 3:23
TOTAL 16:23
MÉDIA 4:05

Lineup:

  • James Hetfield (vocal e guitarra base)
  • Lars Ulrich – bateria
  • Dave Mustaine – (guitarra solo e backing vocals)
  • Ron McGovney – baixo

A demo não-oficial também gravada na garagem de Ron em abril/1982 ganhou o nome de Power Metal em razão do fato de Ron McGovney ter impresso tal nome no primeiro cartão de visita da banda (aliás, McGovney claramente exerceu também o papel de primeiro manager do grupo). Com 4 faixas originais, o destaque é para The Mechanix, de Dave Mustaine, música que ganharia outro nome no ano seguinte (The Four Horsemen), quando faria seu debut oficial no Kill ‘Em All. Mustaine ainda retrabalharia em uma versão que chamaria apenas “Mechanix” e seria lançada no álbum de estreia de sua futura banda, Megadeth (Killing Is My Business… And Business Is Good!).

No Life ‘til Leather

# Faixas Duração
1 Hit The Lights 4:18
2 The Mechanix 4:28
3 Motorbreath 3:18
4 Seek & Destroy 4:55
5 Metal Militia 5:17
6 Jump In The Fire 3:51
7 Phantom Lord 3:33
TOTAL 29:40
MÉDIA 4:14

Lineup:

  • James Hetfield (vocal e guitarra base)
  • Lars Ulrich (bateria)
  • Dave Mustaine (guitarra solo e backing vocals)
  • Ron McGovney (baixo)
  • Cliff Burton está creditado na parte de dentro da fita, mas não toca na demo.

No Life ‘til Leather foi gravada em 05/julho/1982 e é a demo mais conhecida de todas desta fase embrionária da banda. Lançada pela Metallus Maximus Music, as músicas são a base do Kill ‘Em All, ainda que não estejam presentes nesta fita algumas das faixas, como o solo de Cliff Burton que seria registrado como (Anesthesia) Pulling Teeth, Whiplash, No Remorse, além da alteração da The Mechanix para The Four Horsemen. A origem do título da demo é justamente a primeira coisa que se ouve “oficialmente” da banda em Hit The Lights.

Esta demo foi lançada em duas oportunidades de forma não-oficial. O primeiro título foi “Metallica: Bay Area Thrashers”, com gravações ao vivo de diversas fontes, inclusive do vídeo Cliff ‘Em All. Quando a banda descobriu a “montagem”, todas as cópias foram removidas das lojas. O segundo lançamento saiu com o título “Metallica: In The Beginning… Live” (com mais de uma versão de capa) e o mais interessante de tudo é que aparentemente sem mudanças em relação ao primeiro release…

Foi nesta época que a banda começaria a se “afastar” do estilo de metal que o Judas Priest e o Iron Maiden estavam fazendo, basicamente buscando linhas mais agressivas e rápidas. 

É muito importante mencionar ainda que muitos fãs discutem quem realmente está cantando – Hetfield ou Mustaine. É realmente de se confundir, mas a versão oficial é que Mustaine sempre fez, no máximo, backing vocals apenas.

No Life 'Til Leather & Power Metal Demos

No Life ‘Til Leather & Power Metal Demos

Atualização: em março de 2015, a banda anunciou através de seu site oficial e uma entrevista para a RollingStone o “lançamento” de uma inédita cópia exata da famosa demo, em k7, que passaria a ser comercializada como um dos itens do Record Store Day do dia 18/abril/2015. A banda também anunciou seus planos para o lançamento de uma versão expandida em CD e vinil, transformando tais lançamentos nos primeiros oficiais da banda quanto às suas demos.

Live Metal Up Your Ass

# Faixas Duração
1 Hit The Lights 4:15
2 The Mechanix 4:28
3 Phantom Lord 4:59
4 Jump In The Fire 4:40
5 Motorbreath 3:05
6 No Remorse 6:23
7 Seek & Destroy 6:51
8 Whiplash 4:08
9 Am I Evil? (cover do Diamond Head) 7:50
10 Metal Militia 5:59
 (*) TOTAL 52:38
MÉDIA 5:15

(*) A banda também tocou The Prince (cover do Diamond Head) como última música no encore, porém a fita acabou (!) e o registro não foi feito.

Lineup:

  • James Hetfield (vocal e guitarra base)
  • Lars Ulrich (bateria)
  • Dave Mustaine (guitarra solo e backing vocals)
  • Ron McGovney (baixo)
  • Cliff Burton está creditado na parte de dentro da fita, mas não toca na demo.

discmet_8_39_Live Metal Up Your AssA demo Live Metal Up Your Ass (não confundir com o Metal Up Your Ass, que seria o nome do primeiro álbum)  foi gravada em 29/novembro/1982, no Old Walford, em São Francisco. O interessante deste show da banda foi sua banda de apoio – o Exodus, que contava com o guitarrista e futuro membro do MetallicA, Kirk Hammett. A banda tocaria as 9 músicas próprias que tinham escrito até tal momento e que também estavam na demo No Life ‘til Leather, incluindo os covers Am I Evil? e The Prince, ambos do Diamond Head, e também duas faixas que seriam lançadas na Megaforce demo (que será abordada em capítulo futuro). Tanto o nome quanto a cover desta demo foram as opções da banda para serem usadas como o álbum de lançamento. Entretanto, a gravadora não permitiu o uso do nome e da arte gráfica (como também será abordado no capítulo apropriado) e a banda lançaria o disco sob o título Kill ‘Em All.

A banda faria mais de 30 shows no ano de 1982, de março ao final de novembro, todos eles em cidades do estado da Califórnia, EUA.

Galeria de fotos – Early Years:

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N.R.:

Uma banda sem um vocalista (um verdadeiro moleque gritando sem qualquer técnica e com a típica voz de adolescente espinhudo – sério – é tão ruim que fica engraçado ouvir Hetfield nesta época) e com um líder sendo o pior músico de todos que passaram a frequentar a garagem de Ron McGovney, cuja técnica pode ser classificada, com muito esforço, como apenas rudimentar na bateria (mas um conhecimento teórico monstro de heavy metal e do novo movimento que estava explodindo no Reino Unido, a NWoBHM). Um baixista-manager que se preocupava com o futuro mas que era o único que não encaixava na então filosofia de festa e um guitarrista já com mais maturidade musical, Mustaine, porém assim como Hetfield (principalmente) e Lars, inserido em um contexto de muitas bebidas e bagunça.

Por mais que as boas ideias já estivessem por ali, é difícil imaginar um futuro para a banda analisando este momento. Talvez uma brincadeira que pudesse virar algo mais sério, mas não uma banda que rumaria ao topo do metal em toda a história. Você apostaria nisso com base em tudo que viu aqui?

Mas, no fundo, havia mais por trás dos adolescentes. Na verdade, o baterista estava fadado ao sucesso pois, com uma educação diferenciada e com certa penetração no meio, acabava conversando de tudo com todos. Muito articulado e tendo como característica uma dedicação ímpar para conhecer o meio e seus ídolos, Lars percebia o crescimento da cena na Europa e trazia isso para a América, mesmo com poucos adeptos. Hetfield não sabia e não queria cantar, mas quebraria um galho por ali para a coisa sair, enquanto acompanhava um guitarrista em nível superior na época, Dave Mustaine, que foi responsável por muitos dos riffs, bases e solos que se ouve neste início. E um baixista-empresário, apesar de talentoso, acabaria sendo substituído por um gênio de outra cidade, São Francisco. As coisas começavam a ganhar um certo contorno.

Um garoto vestindo uma camiseta européia do Saxon visto em um estacionamento que resultaria em um inusitado novo conhecido, Brian Slagel, que, como ainda será visto nesta discografia, seria o cara que acabaria apostando na banda.

É incrível pensar em tudo isso hoje em dia. O tal encontro que resultaria em um amizade entre Lars e Slagel também seria responsável pela divulgação de outras bandas que estavam surgindo, através da compilação Metal Massacre, que veremos em dois capítulos.

Mas o que se ouve neste período deve ser entendido como o embrião do thrash metal. A ideia de sair da linha Iron Maiden / Judas Priest em busca de (muito) mais velocidade nas guitarras e com rápidas viradas de bateria (além da caixa aparecer com muito mais frequência), mas mantendo-se em geral pesada, o que caracteriza o heavy metal, começaria nesta época. Enquanto a banda se ajustava e tocava covers de suas bandas preferidas, algumas ideias já eram registradas, principalmente, na garagem do primeiro baixista. 

Há duas formas de se olhar o resultado das demos: uma delas é pelo lado da consideração da idade dos caras já fazendo um som próprio com um instrumental robusto, cheio de novas ideias e que já fazem um amante do metal “balançar a cabeça”. É incrível mesmo pensar no talento que os garotos já tinham. Outra é analisar o resultado do todo e considerar que a banda precisava mostrar potencial para chamar a atenção, mas ainda tinha evidentes problemas a resolver – entre eles, o vocal. Procurarei fazer um mix destas duas visões mais abaixo.

Outra consideração importante é ressaltar que ainda estamos falando, basicamente, do ano de 1982, pois o que a banda cresceu no ano seguinte, com Cliff já mais ativo na banda e com a dupla Hetfield / Lars iniciando o desenvolvimento deles (marca que seria característica da banda a cada ano que se passaria) é uma grandeza. Observações feitas, vamos lá.

Na “Ron McGovney’s 82 Garage demo”, se nota claramente a energia que a banda estava tentando passar logo de início, em Hit The Lights. Ainda que a versão em questão tenha mais influência do heavy metal tradicional do que a versão oficialmente lançada no Kill ‘Em All (notem o baixo muito influenciado em Steve Harris / Iron Maiden no início e mesmo no meio da música, no riff antecedendo o solo). É difícil ouvir a voz de Hetfield nesta época e pensar nos dias de hoje – o que se ouve nesta época é algo que divide os adjetivos cômico / horrível. O solo é a cara de Dave Mustaine mesmo e muito dali permaneceu a versão final. Jump In The Fire é outra que traz um baixo extremamente Iron Maiden em seu início, algo que também mudou para a versão final. A bateria é extremamente básica e o novamente o vocal de Hetfield faz os adjetivos de cima serem ressaltados. O refrão mostra um Hetfield tentando prolongar o nome da música, como um vocalista de heavy metal normalmente faria ali, mas o fato é que o resultado é tenebroso – sendo removido na versão final juntamente bem como os “gritinhos” na ponte para solo. Em No Remorse, novamente temos a guitarra de Mustaine se destacando sob uma simples, mas boa linha de baixo. A base da música realmente seria transportada para a versão golden dela no ano seguinte, ainda que com um solo ainda faltando. Em geral, é uma demo forte, com ótimas ideias, riffs sujos e pesados, e uma clara necessidade de melhoria de bateria e vocal, principalmente – curiosamente, os caras que seriam os mais “relevantes” da banda no futuro…

Já sobre a Power Metal, o destaque vai para The Mechanix, a futura The Four Horsemen, com destaque absoluto para as guitarras, especialmente para Dave Mustaine, que escreveu a música. Interessante ainda como uma letra que focava no tema de “velocidade” passaria a ser algo sobre a visão da banda sobre os 4 cavaleiros do apocalipse – realmente uma evolução que veremos mais detalhes no post do primeiro álbum de estúdio.

No Life ‘til Leather é para mim a demo mais legal de todas, pois já temos ali a base do Kill ‘Em All mesmo. A gravação já possui uma qualidade superior e com certeza com o estúdio já contribuindo para a qualidade final do material (e ajudando o sofrível – e engraçado – vocal de Hetfield que pode ser claramente ouvido na Live Metal Up Your Ass). As viradas de bateria do Lars já estão melhores, mais robustas, as guitarras estão em um volume mais alto e ficam “a frente” do som. Aqui a “brincadeira” ganha uma aspiração profissional muito mais clara – quem não gostaria de ter visto isso ao vivo na época que surgiu, literalmente “passando o trator” em tudo que vinha pela frente? A energia em Seek & Destroy é unica, basta ouvi-la para imediatamente iniciar a bangear sem parar. Metal Militia é outra que desperta o coração apaixonado pelo metal, com sua poderosa intro, um andamento permeado por ótimos riffs e uma letra que é a tradução do que o MetallicA representaria na cena.

Em dois capítulos, veremos, entretanto, qual foi o verdadeiro estopim para que a banda ganhasse notoriedade – como Lars conseguiria finalmente lançar uma música da banda (através da figura do Brian Slagel) que ainda, na realidade, mal existia.

Antes disso, entretanto, veremos mais sobre como a onda da NWoBHM atingiria os Estados Unidos, com o surgimento de um novo estilo / categoria do metal: o nascimento do thrash metal (e do speed metal), focando especialmente no trio que comporia junto com o MetallicA o chamado Big Four, com Slayer, Megadeth e Anthrax.

Até o próximo capítulo.

[ ] ‘ s,

Eduardo.

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43 respostas

  1. Eduardo,
    Parabéns por mais este post repleto de informações, curiosidades; informações que não tinhos acesso nos idos dos anos 80.
    Agora é reler com calma e acessar os links para curtir todo esse conteúdo. Muito bom mesmo. Inspirador!!!
    Valeu!

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    • Claudio, agradeço pelas palavras e por estar acompanhando a saga, que está apenas começando, mas que realmente já traz muita informação. Realmente agora é diferente, são muitas opções, o que apresenta outra dificuldade: qual é verdadeira? O que é exagero? O que é fidedgno? Quando conflita,no que confiar? Espero, com este trabalho, ser uma boa fonte de informações. Erros deverão acontecer – e conto com a ajuda de todos para poder ajustar!

      Sobre o conteúdo, exatamente isso… curta com calma. Uma recomendação que posso dar: caso já conheça bem o Kill ‘Em All, vá para o conteúdo. Caso faça um tempo que não o escute, vale a pena ouvi-los antes do material daqui, será mais “proveitoso” para ver as demos, por exemplo. E até mesmo para Ride The Lightning – a música – e Creeping Death.

      Valeu e vamos em frente!

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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      • Acredito que os documentários oficiais ajudem bastante na confirmação do que se veicula na internet assim como entrevistas em revistas.
        Pena não poder contribuir com o material que já tive. O EP Jump in the Fire era um Picture disc muito legal assim como o EP Creeping Death. Mas a título de pesquisa vai a dica como citação. Quando comprei o Ride the Lightning “nacionalmente duvidoso” em 84 foi algo incrível assim como o Kill ‘Em All. Pra fazer os gêmeos digerirem foi dureza. Verdadeira lavagem cerebral! kkkkk

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        • Claudio, ajudam mesmo. Eu tenho algumas fontes que considero fidedgnas, como biografias e uma ou outra literatura que tenho em casa ou acesso na internet, mas o interessante é tentar ler de mais de uma fonte pois, mesmo com estas oficiais, há divergências muitas vezes. A verdade VERDADEIRA, talvez nem a banda mesmo saiba direito.

          Sobre os materiais que você já teve, logo chegaremos (talvez não tão LOGO assim, mas chegaremos) aos discos oficiais em estúdio, ou seja, logo chegaremos à discografia-básica e vou querer ouvir mais sim destes “causos” de vocês que, diferente de mim, viveram efetivamente à época. Imagino que deva ter sido uma grande dificuldade fazer os gêmeos ouvirem isso na época, ainda mais com tanta coisa que estava acontecendo no mundo do metal.

          Ahhhh… os golden years do metal…

          [ ] ‘ s,

          Eduardo.

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          • Eduardo,
            O Trash não foi fácil de ser digerido e até hoje tenho várias restrições a álbuns que são tidos como clássicos do gênero. Não vou adiantar o comentário sobre o Kill em All ou Ride The Lightning, eles virão com os seus capítulos. O Cláudio mergulhou muito antes de nós, de cabeça e com vontade, participou do surgimento do Metallica no Brasil, enquanto nós estávamos mais antenados com a tal fase áurea do HM. Já dei uma lida neste capitulo, mas o conteúdo e muito extenso e preciso mais tempo para comentar com propriedade aqui. Voltarei (espero) em breve
            Flavio

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            • Remote, conhecendo-os como hoje, eu entendo perfeitamente. O gênero é de difícil assimilação mesmo hoje, e ainda mais que vocês o viram nascer e em uma época que o auge de muitas bandas aconteceria.

              De qualquer forma, hoje o tempo passou e aqui estamos. Tenho certeza que vocês analisarão os discos pensando no passado, no surgimento, mas também o quanto apreciam hoje – e creio que para vocês ficará interessante entre 1986 e 1988 em termos de trabalho musical deles.

              Aguardo seu retorno por aqui.

              [ ] ‘ s,

              Eduardo.

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  2. Isso é estarrecedor e vai levar vários MInutos Hms para ter sido todo “devorado”. Uma vez que eu acabe de ler e ouvir toda essa maravilha aí em cima, eu volto por aqui com os comments..

    Mas ,antes de tudo, sensacional como vai ficando a discografia ( que ainda nem começou, diga-se de passagem,,,,)

    Alexandre

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  3. Realmente, um trabalho de fôlego, minucioso e de muita qualidade. preciso mais tempo para me debruçar sobre todo o material, mas já adianto meus parabéns.

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  4. Grande trabalho, grande post!

    Essa história do Metallica, lá no início é muito difícil de colocar em ordem!! Já tentei ouvir todas as demos em sequência e sempre falta alguma coisa. Por exemplo, não conhecia esse jam tape. Vou ouvir porque deve ser muito bom.

    É incrível o avanço que o Metallica teve nas demos para o nascer do Kill. Eu vou contra a corrente e afirmo que o responsável por isso se chama Cliff Burton. Grande parte do público (principalmente os mustainezetes) dá a Mustaine uma importância muito grande na composição do Kill, ele realmente a tem, mas o esmero, a cadência que o Metallica teria com o passar dos anos se deve ao fato novo, ou seja, a chegada de Cliff. Mas isso podemos discutir depois!

    Outro ponto é sobre o vocal, horrível. Quando peguei a primeira demos pra ouvir, jurava de pés juntos que quem cantava era Mustaine. Ainda bem que o senhor Het estudou e cresceu neste quesito haha!

    Abraços e parabéns!

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    • Glaysson, obrigado pelas palavras e por continuar acompanhando este embrião da saga, mas que já traz tantas e tantas coisas dos primórdios da banda.

      Você foi muito feliz em colocar sobre a dificuldade de se colocar em ordem isso tudo… cara, é um sofrimento, é um show de desencontro de informações. Espero ter conseguido pelo menos deixar um pouco a coisa na ordem.

      Eu também acho que Cliff Burton é o grande músico da banda neste período, era o mais “estudado” em termos musicais, mas a “mãozinha” de Mustaine no Kill ‘Em All é fundamental. Os riffs cavalgantes e mega velozes são coisas que vem da influência e talento dele, ainda que Hetfield tenha tido um ENORME desenvolvimento musical em um curtíssimo espaço de tempo (de 1982 a 1983) – sendo que a voz melhorou muito para 1983 – 1984, mas isso ainda falaremos…

      Fico feliz ainda em ver que o post lhe trouxe uma “novidade”, realmente são muitos materias e é preciso separar coisas falsas também que estão a rodo pela internet. Boa audição e fique a vontade para comentar dela por aqui.

      Obrigado novamente.

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  5. Após ver ou melhor ouvir todo o material do post, trago algumas considerações: Primeiro, em relação ao Diamond Head: É interessante como ao mesmo tempo a banda traz elementos que iriam formar parte da base do MetallicA, mas ao mesmo podem soar no exemplo trazido aqui no texto ( It’s Eletric) de forma mais tradicional, até um hard rock parecido com o próprio UFO que motivou o encontro de Lars com seus amigos Brian e John. É realmente algo transitório, pois há algo de hard rock , mas também exemplos como Am I Evil?, diametralmente oposto.
    Outro ponto interessante traz as publicações embrionárias de fanzines da época, o que hoje tornaram-se…blogs, como o Minuto HM. Era bastante comum essa prática underground de resenhas, inclusive aqui no Brasil ( em menor escala, evidentemente).
    As demos que compõe o post trazem um Hetfield que foi copiado por Mustaine até hoje ( vocalmente falando). É impressionante como não é Dave o vocal da banda nesta época. Chego a quase não crer nisso. E desnecessário dizer como o vocal de James melhorou com o tempo. Mas isso é história para os próximos capítulos. Voltando às demos, cada um tem um conteúdo particular: Enquanto o Ron Mc Govney’s Garage Demo soa verdadeiramente como uma demo caseira de divulgação ( com qualidade de som bastante precária), a tal Metallica jam tape é a simples gravação de um ensaio da banda, com o puro propósito de desenvolver idéias para novas canções. E sim há varios riffs que foram pra frente ali.
    As raridades continuam aparecendo no post, como a música inédita inacabada que não aparece em álbum algum da banda. As demos Power Metal e No Life ’til Leather já se apresentam como divulgação de trabalho, nos moldes do lendário The Soundhouse Tapes, do Iron Maiden, mas em produção mais módica e com menos tratamento sonoro. E possível perceber alguma pós produção, mas o que chama mais a atenção é a agressividade da banda, diferente de tudo que havia na época.
    O último exemplo para audição traz um show da banda à epoca, e continuamos a achar que Mustaine canta alguma ou muitas coisas ali. Não é ele pelo menos a apresentar as músicas ? Se não for, impressionante como o vocal embrionário de Hetfield transferiu-se para Mustaine.
    Mas o melhor do post é a análise que nunca tinha lido a respeito do momento da banda e como a chance do que era visto e ouvido ali na época tinha toda a chance de dar …errado. Aliás, erradíssimo. Uma análise digna de um senhor conhecedor da banda, cada vez mais acho que essa história de discografia do MetallicA vem trazendo a apoteose das discografias por aqui. Voltando ao Metallica, o que se via por ali :um baterista desenvolvendo suas limitações, nenhuma definição acerca do vocal, e, convenhamos, Het tinha toda a razão de não gostar de seu vocal, que está muito longe do que ele veio a desenvolver pra frente, é um desenvolvimento quase inacreditável deste estágio sofrível. Um guitarrista solo com ótimas idéias, tão boas quanto seu temperamento difícil e um egocentrismo que não combinava com pelo menos um outro egocêntrico na banda: Lars. Junte a isso um baixista limitado e tudo que se esperava era ver o MetallicA dar com os burros n’agua.
    A reviravolta vai vir em breve, eu espero, e por fim só me resta dar os obrigatórios parabéns por essa verdadeira aula de Metallica em estágio prestes a virar…o Metallica!

    Alexandre Bside

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    • B-Side, um comentário que só vc mesmo poderia fazer… dá até gosto…

      Sim, as influências neste início são claras. Concordo que é algo transitório, mas realmente as bandas idolatradas eram a faísca para Lars conseguir seguir sua vontade de ter uma banda.

      Eu acho muito legal ver o lance das fanzines, como funcionava o underground, e hoje, como você bem disse, temos poucas zines ainda (como a excelente Poeira, no Brasil), as pessoas ficam mesmo nos e-mails, redes sociais e blogs… qualquer semelhança com este espaço, não é mera coincidência.

      É difícil crer mesmo no lance do vocal Hetfield x Mustaine. A voz é como a do Mustaine, não há dúvidas, mas os registros não apontam para isso. Mustaine falava de vez em quando, até por ser o mais maduro e menos tímido em termos de palcos de todos.

      Suas observações das demos são perfeitas, aliás, é aquela tal capacidade que você e seu irmão possuem de síntese sem perder detalhes.

      Eu estou indo tão devagar assim até chegar no Kill ‘Em All pois esta fase mostra mesmo muito do que a banda entregou (e ainda entrega) em sua carreira – conhecer alguns detalhes mostra e nos faz entender muitas das atitudes e decisões que foram tomadas. Os moleques tinham mais chance de fracassarem, como foi visto, mas insistiram e, entre tantas coisas que posivamente conspiraram também a favor, logo tomariam conta do pedaço.

      Obrigado novamente!

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  6. Em tempo : Não há algum registro da época em vídeo onde se evidencie que os vocais são de Het ou Mustaine, então é plenamente justificável que a dúvida ainda persista. AInda que saibamos que eles ficavam sob responsabilidade de Hetfield, é meio estarrecedor não achar que Dave também cantava.

    Alexandre

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    • Na biografia do Metallica lembro de algo assim:, o autor fala que o James era muito tímido no início e o Dave assumia os vocais para chamar o público algumas vezes e que depois James se “soltou”. Não lembro claramente… Mas temos vídeos sim:

      1 – Dave fala umas coisas>

      2 – Aqui é o James que fala, mas com voz bem parecida com a do Dave:

      3 – Vejam próximo de 9:40 e 15:20, 19:50(James), 29:30(James):

      Ou seja, James era tão tímido que só se soltava na música e Dave não cantava, só falava entre as músicas em algumas ocasiões! Eles dividiam o microfone entre as músicas (alternadamente???).

      E o Dave até hoje copia o “i think you recognize this song…” ou algo parecido, que o James fala em algumas versões antigas antes das músicas.

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      • B-Side, o Glaysson aqui trouxe em vídeo aquilo que realmente só se vendo para acreditar… eu concordo com você, é algo que a gente fica muito desconfiado… é nítido ver como Mustaine era o cara da banda em termos de comunicação com o público, e que era mesmo o que estava mais a vontade…

        Como o Glaysson bem disse, Hetfield só se “conectava” com tudo durante a música. Suas interações com a plateia, que começava a crescer, eram mínimas e apenas coisas “arroz-e-feijão”.

        Glaysson, muito obrigado pela excepcional contribuição.

        [ ] ‘ s,

        Eduardo.

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        • Valeu,Glaysson, os vídeos, embora com a qualidade muito sofrível, ajudaram a entender a questão da banda nesta época, Os vocais de Hetfield realmente era muito próximos dos de Mustaine e percebe-se ainda um desconforto na posição para James.

          Obrigado pelas contribuições

          Alexandre

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  7. Bom tava devendo aqui. O Eduardo fazendo esta completa e eletrônica Enciclopédia Metallica – precisamos ter cuidado e maior tempo para apreciar. É incrivel haver este material pré 1o disco, e mesmo pré primeira demo. No início dos anos 80 tinhamos como registrar de forma mais acessível na “já enterrada” fita K7 que durou bastante tempo aqui no Brasil – Diria até o fim dos anos 90, com a chegada do CD-R. Aqui grande ou todo o conteúdo esta neste formato ruim. A fita K–7 trazia ruidos à gravação e também o que se imagina do restante do equipamento para gravação.? Mas os registros são históricos, pelo valor de mostrar a gigante evolução da banda em praticamente 1 ano. 1983 (imagino) já terá grandes alterações – principalmente pela entrada e seguimento com o trabalho de Cliff. O ganho em qualidade será o diferencial para o Metallica – será que estou certo?
    Como já disse por aqui, tenho um pouco de restrições a este início da banda. E como o Cláudio falou acima não foi muito fácil me acostumar com a “sujeira” desta fase inicial. Não quero me antecipar pois a discografia está começando a chegar no ano que começo a gostar da banda. Ainda falta um pouco de aprimoramento, vamos ver mais à frente. Sim, o Cláudio tinha uma cópia pirata de Ride The Lighting e já não aceitáva o pessimo som da cópia, que escondia as virtudes do mesmo. Vou comentar propriamente nos capítulos seguintes.
    É interessante o processo de composição, às vezes onde alguém literalmente cantava o que se desejava fazer com o instrumento até acertar o riff. Estou enganado ou o próprio Lars dava muito pitaco desse jeito?
    Posso dizer que já usei “muito” dessa técnica…
    Ficam nítidos também os pontos fracos – O baixo está bem perdido, mas realmente precisava ser um cara diferente/genial para entender como se posicionar em tanta sujeira e rapidez do início do trash. O Cliff vai dar um jeito nisso logo à frente.
    Falar do vocal é mais do mesmo aqui. Ainda bem que não ouvi isso – lá em 1985/86 no Brasil, acho que não iria querer mais saber do Metallica. O tempo fez o seu trabalho com o Hetfield. Digamos que com o Mustaine não iria ficar melhor tampouco…
    No mais é aguardar pelo próximo – salivando cada vez mais.
    Abraços
    Remote.

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    • Remote, estava devendo mas pagou com juros, excelente o comentário, apesar dos exageros como “Enciclopédia MetallicA”.

      Fico satisfeito que vocês agora entendem o motivo de eu estar tão “devagar” nesta fase inicial, com estes primeiros materiais. Eu não poderia ir direto ao Kill ‘Em All (aliás, ainda tem material a ser postado antes dele). Sobre suas considerações da fita k7, sim, ela durou bastante por aqui, até a popularização do CD-R, que realmente só ocorreu bem no final dos anos 90 / início dos anos 2000. Tenho isso claro na cabeça pois em 1998, quando um grupo meu da escola entregou um trabalho em CD-R, parecia que estávamos entregando uma coisa alienógena para o professor – e isso que era uma escola particular “informatizada”.

      O equipamento clássico que se lê na literatura da banda usado para as primeiras gravações era um pequeno 4-track TEAC, que pertencia originalmente a Sean. E sim, o ganho de qualidade será imenso a cada nova empreitada da banda que ainda veremos.

      É uma pena que o Claudio não possua mais suas raridades dos anos 80, ou seja, realmente os materiais da época. Eu mesmo me interessaria, e bastante, pelo EP Jump In The Fire :-). E, ao mesmo tempo, ainda bem que vocês não conheceram a banda com este vocal do Hetfield, pois senão meu trabalho que já não é fácil de fazer você adquirir o vinil do Kill ‘Em All seria impossível – e hoje ele é apenas quase impossível :-). Brincadeiras a parte, é monumental o desenvolvimento vocal de James que veremos entre 1983 e 1986…

      Quanto a Lars cantar e solfejar tudo, você também está correto. Ele era o principal direcionador da sonoridade desejada, e atribuo isso ao enorme conhecimento que ele tinha do heavy metal europeu. Lars era o fã querendo ser ídolo, se é que a analogia aqui é válida…

      Quanto aos pontos fracos, eles realmente eram muitos e estou satisfeito em ter conseguido mostrar um pouco disso, de como a banda tinha tudo para não sair do lugar… e muito disso mudou com a entrada de Cliff.

      Vamos em frente e obrigado novamente pelas pertinentes observações – haja responsabilidade em escrever isso por aqui…

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  8. Estou acompanhando desde o começo desse review sobre o Metallica e posso dizer que está demais!!! Praticamente um doutorado em Metallica isso aqui!! Parabéns Eduardo!!!!!

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  9. O MetallicA vai “lançar”, em celebração ao Record Store Day, a famosa “demo tape”, ou também conhecida como No Life ‘til Leather, em formato k7 mesmo…

    O material foi remasterizado mas, segundo a banda, sem alteração nas mixagens originais.

    Para continuar o lance comercial, a banda também expandirá a “fitinha” para CD, vinil e um set para colecionadores no verão americano.

    Tracklisting
    Hit The Lights
    The Mechanix
    Motorbreath
    Seek & Destroy
    Metal Militia
    Jump In The Fire
    Phantom Lord

    Recorded on July 6, 1982 at Chateau East Studio, Tustin, CA

    James Hetfield – lead vocals, rhythm guitar
    Lars Ulrich – drums
    Dave Mustaine – lead guitar
    Ron McGovney – bass

    Mais informações: http://www.metallica.com/news/no-life-til-leather.asp

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  10. Metallica: conheça o bootleg “Dave ‘Em All”

    A história do Metallica é repleta de acontecimentos grandiosos, porém alguns espinhos (como em toda carreira) também se fizeram presentes neste processo. Um exemplo é a passagem conturbada de Dave Mustaine pela banda. Desentendimentos à parte, Mustaine seguiu seu caminho e para a alegria de muitos fundou o MEGADETH.

    Porém sua participação no Metallica foi de suma importância para a banda na época, principalmente em questão as composições do primeiro disco “Kill ‘Em All”. O álbum é, sem sombra de dúvidas, indispensável! Riffs estrondosos e uma “pegada” sem igual transformou o Metallica em uma das melhores bandas do mundo.

    O fato é que essa briga “milenar” impossibilitou Mustaine de gravar algo oficial com o Metallica, restando apenas uns poucos vídeos da época dos VHS para essa apreciação. Porém, como nada é perdido para os amantes da música pesada, vou falar sobre um BOOTLEG intitulado “DAVE ‘EM ALL”, onde Mustaine executa junto ao Metallica faixas do “Kill ‘Em All”.

    DAVE ‘EM ALL traz a execução de um conjunto de músicas que antecedem o lançamento do primeiro álbum do Metallica. O interessante é que algumas faixas estão com as letras diferentes além de trechos instrumentais que divergem das versões imortalizadas no debut.

    O bootleg registra o último show de Dave Mustaine com o Metallica e foi gravado em 1983. A apresentação contou exclusivamente com músicas do Kill ‘Em All, inclusive com a faixa “The Mechanix” que se tornaria a “The Four Horseman” no debut.

    Fica a dica pra quem gosta tanto de Metallica quanto de Megadeth, pois esse registro (além de ser um petardo musical) faz parte da história do Thrash Metal Bay Area.

    Faixas de DAVE’EM ALL:

    – Hit The Lights / Hit the Dave

    – The Mechanix / The Mustaine

    – Motorbreath / Mustainebreath

    – Seek & Destroy / Dave and Destroy

    – Metal Militia / Mustaine Militia

    – Jump In The Fire / Dave in the Fire

    – Phantom Lord / Mustaine Lord

    – Whiplash / Davelash

    – No Remorse / No remustaine

    Remasterizado e um bom som.
    FONTE: roadie-metal.com

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  11. No Life ‘Til Leather: Mustaine abordando que não dará nada a Lars do que foi responsável naquele início da banda e do que viria a sair no primeiro álbum, Kill ‘Em All: http://www.blabbermouth.net/news/dave-mustaine-i-think-lars-ulrich-is-just-afraid-to-play-with-megadeth/

    Opinião: Mustaine está certo…

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  12. Assunto infinito…

    DAVE MUSTAINE Doesn’t Want To ‘Perpetuate False Information’ By Giving LARS ULRICH Songwriting Credit On METALLICA’s Early Demo: https://www.blabbermouth.net/news/dave-mustaine-doesnt-want-to-perpetuate-false-information-by-giving-lars-ulrich-songwriting-credit-on-metallicas-early-demo/

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  13. Dois assuntos:

    1)

    E 2) a sem-fim discussão do início da banda ganha mais um capítulo…

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  14. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  15. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  16. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  17. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  18. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  19. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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