Iron Maiden – “The Trooper” – uma involução de solos

A fulminante entrada de Bruce Dickinson no Iron Maiden com o lançamento do clássico “The Number of the Beast” no ano de 1982 gerou enormes expectativas de como seria o álbum sucessor. Com a substituição de Clive Burr por Nicko McBrain já durante a turnê “The Beast on the Road”, fechando a formação mais clássica da banda de todos os tempos, as possibilidades musicais foram ampliadas e, em 1983, o Iron Maiden lança o álbum “Piece of Mind”.

Pela primeira vez, a banda viajou para as Bahamas, gravando no famoso Compass Point Studios, aonde o clássico álbum “Back in Black” havia sido poucos anos antes gravado pelo AC/DC. Com a produção irretocável de Martin Birch, o álbum superou as expectativas, sendo a perfeita continuação para “The Number of the Beast”, já nos dando o tom do que viria logo pela frente na sequência estarrecedora de “Powerslave” até “Seventh Son of a Seventh Son”.

A música escolhida como single, “The Trooper”, tornou-se um hino extra-oficial britânico, e devido ao seu enorme sucesso, foi tocada em praticamente todas as turnês da banda até os dias de hoje. Mais recentemente, o título da música virou o nome da cerveja oficial da banda, como já visto aqui em vários posts e comentários do blog.

Ok, até aqui, nada é novidade, então, qual a razão deste post?

A ideia nasceu quando notei que desde que Adrian Smith (além do Bruce, claro) voltou para a banda em 1999, o primeiro solo da música virou um solo “compartilhado” com Janick Gers, que obviamente havia “herdado” o solo quando da saída de Adrian da banda em 1988. Na verdade, esse solo”compartilhado” não me agradou muito, mas deixei isso apenas guardado em minha memória.

No início de 2014, o Remote criou o post dos solos dobrados, e imediatamente notei que este solo “compartilhado”, por mais bizarro que fosse, de certa forma se encaixaria na proposta do post, e comentei por lá incluindo um vídeo. O assunto tomou corpo no próprio post, e durante o 15º podcast, me incumbi na tarefa de fazer uma retrospectiva destes solos tão clássicos, para podermos definir de uma vez por todas quem é quem dos guitarristas da nossa amada Donzela.

Método de escolha: além da versão original, foram escolhidos registros / shows das principais épocas e fases da banda, com o adicional de algumas das passagens da banda por cidades brasileiras.

Proposta: analisar a performance dos guitarristas ao longo do tempo para evidenciar as transformações ocorridas ao longo de 30 anos e, assim, mostrar a regressão (parcial) que entendemos ter acontecido durante a execução dos solos da música.

Então vamos lá: no vídeo abaixo, trazemos uma retrospectiva de 1983 a 2013 em grandes momentos históricos da banda, sejam em álbuns oficiais ou em shows / festivais importantes na sua história:

Agora vamos analisar, vídeo a vídeo, mais detalhes de cada uma destas performances:

1983 – Piece Of Mind (Bahamas, versão original)

Como já explanado acima, os solos da versão original foram gravados no Compass Point Studios, sob a produção de experiente Martin Birch.

O solo é dividido em duas partes, cada qual sendo de responsabilidade de cada guitarrista da banda. Na primeira parte, tocada por Adrian Smith com sua guitarra Ibanez Destroyer vermelha, a base do solo mantém o tom original das estrofes e refrões da música (Mí menor), sendo usada mais especificamente a sequência harmônica Em / D / Bm / C   D. Já na segunda parte em que sola Dave Murray com sua Fender Stratocaster 57′ preta modificada (que pertencera ao lendário guitarrista Paul Kossoff da banda “Free”), o tom é elevado em uma 4ª (Lá menor), uma estratégia harmônica muito usada pela banda para definir a mudança de guitarrista/solo e também elevar em alguns graus a emoção, sendo usada mais especificamente a sequência harmônica Am / G / Em / F   G.

No primeiro solo, Adrian Smith nos conta uma verdadeira “história instrumental”, uma vez que a sequência de frases de extremo bom gosto utilizada é bastante coerente e fluente. Dos 0:22 aos 0:26, nota-se um detalhe da produção, aonde Adrian dobra em terças um pequeno trecho do solo. Ao meu ver, esta dobra de 1983 é responsável pela maneira como este solo será sendo executado depois de 1999, quando a banda ficou com três guitarristas em sua formação – mas isso explicarei melhor quando chegar a hora. O solo é clássico e memorável, comprovando a notória habilidade de Adrian em compor solos incríveis.

O segundo solo, executado por Dave Murray, começa com uma frase com os seus tradicionais e rápidos “trills” (ao meu ver, sua maior especialidade e característica), e nota-se que, de forma até econômica, há uma “boa história” sendo contada, com o bom uso de alavanca e bends precisos. Repito, Dave é um guitarrista de estilo único, e de certa forma incontrolável, como veremos abaixo na sequência da involução dos solos. Então entendo que Martin Birch “domou” a fera devidamente para entregar no LP um solo que, como o primeiro, é de fácil assimilação por parte do ouvinte, fazendo justiça a todo o restante da música em termos de composição, produção e execução. Up the Irons!

1983 – Live In Dortmund (Alemanha, World Piece Tour)

Neste vídeo, temos o primeiro registro da música ao vivo, ainda na turnê de promoção do álbum “Piece of Mind”.

Adrian Smith executa, com perfeição, exatamente o mesmo solo da gravação original, comprovando que ele realmente compôs o solo no estúdio para ser perpetuado nas apresentações ao vivo da banda. O feeling é ótimo, e o timbre da guitarra se assemelha ao da gravação original.

Já com Dave Murray, notamos que a coisa funciona de forma um pouco diferente. Nesta versão, usando um pedal wha-wha,  Dave segue no início o caminho do solo original, mas logo se desprende e começa a improvisar, característica eterna do guitarrista. Nota-se que ele segue alguns “checkpoints”, mas com uma boa dose de improviso, sendo mais rápido do que melódico, como se nota no final do solo. Um bom solo, mas ainda prefiro o do estúdio, então já o considero como uma pequena involução.

1985 – Rock In Rio 1 (Brasil, Rio de Janeiro, World Slavery Tour)

O conturbado show na primeira edição do Rock in Rio, objeto de um dos posts mais acessados de todos os tempos aqui no Minuto HM, foi registrado ao vivo pela Rede Globo. Como dá para perceber, os solos ficaram em segundo plano, uma vez que Bruce ganha a cena com a malcriada bronca que dá no tal de “J.T.” neste que chamamos de um dos mais “atrapalhados” shows da carreira da banda.

Bem, após curtir bastante o destempero de Bruce seguidas vezes, e tendo em vista a má mixagem (dando os devidos descontos por se tratar de um monstruoso show ao vivo passado em tempo real na TV brasileira em 1985 e transferido para VHS em EP), me concentrei e consegui finalmente ouvir e analisar os solos.

Adrian Smith, com sua Les Paul Goldtop 1970 (com captador de ponte DiMarzio Super Distortion e mini-humbucker de uma Gibson Firebird), é perfeito novamente. Não muda nenhuma nota, e em sua evolução natural como guitarrista, faz o solo com uma ótima pegada.

Já Dave Murray, usando um pedal wha-wha, faz um solo bem parecido com a versão que veremos abaixo no excelente “Live After Death” do mesmo ano, mostrando que ele seguia um caminho usual neste solo durante a turnê do álbum “Powerslave”. O solo possui uma estrutura mais parecida também com o original, especialmente em seu início e fim, sendo o meio a parte que Murray traz o feeling como prioridade.

1985 – Live After Death (Estados Unidos, World Slavery Tour)

O álbum “Live After Death” é ao meu ver o mais perfeito dos álbuns ao vivo lançado pela banda. A gravação é boa, o setlist fenomenal, e a banda está “on top of their game” nos shows gravados em Long Beach Arena, na Califórnia/EUA. Posso afirmar que é um dos discos mais ouvidos em toda a minha vida (assim como do Eduardo), uma verdadeira escola de guitarra, tendo em vista a total separação das guitarras nos canais direito e esquerdo. Vocês nem imaginam quantas tardes da minha adolescência passei aprendendo a tocar as partes de Adrian Smith ao som deste LP… mas vamos ao que interessa, os solos:

Adrian Smith mais uma vez executa o solo original com total perfeição e ótimo feeling. Aqui, me agrada muito o timbre, o que não é nenhuma surpresa em se tratando de uma Les Paul “envenenada” como essa com Adrian no comando.

Já Dave Murray, usando wha-wha, faz um solo muito parecido com a versão de estúdio e do Rock in Rio, improvisando um pouco, mas de forma muito coerente. É minha versão preferida do solo, superando até a original do estúdio – aqui pode-se considerar o “auge”.

1988 – Donington Park (Inglaterra, Monsters Of Rock, Seventh Tour Of A Seventh Tour – versão do Eddie’s Archive)

Em 1988, Adrian Smith fazia sua última turnê com a banda nos anos 80. Aqui a banda já chegava a um auge em termos de composição e produção, mas aparentemente Adrian não estava mais muito feliz em tocar no Iron Maiden.

Nota-se no primeiro solo desta versão, que o solo, mais uma vez, é o mesmo, mas aqui o feeling é outro… sinto uma pegada mais nervosa, com tremolos mais agressivos… seria um reflexo do momento que estava se aproximando? O solo também é levemente encurtado…

No segundo solo, Dave Murray mantém a linha dos solos da turnê de 1985, usando bem (e bastante) a alavanca e passando pelos “checkpoints” necessários da história que conta com seu solo. Um dos meus favoritos do guitarrista nesta sequência.

1992 – Live At Donington (Inglaterra, Fear Of The Dark Tour)

Aqui temos o primeiro registro que encontramos após a substituição de Adrian Smith por Janick Gers. O show no Monsters of Rock em 1992 mostra a banda em um momento crítico, um pouco antes da saída de Bruce Dickinson da banda. Infelizmente o diretor do vídeo optou por uma fotografia poluída e edição de cenas com cortes muito rápidos, sem dar qualquer ênfase nos guitarristas que solam. O tipo da edição que dá até dor de cabeça… mas vamos aos solos:

Como já comentei acima, Janick obviamente “herdou”o primeiro solo após a saída de Adrian Smith, e notamos que ele tenta, mas de forma quase que precária, seguir algumas linha melódicas, como no início do solo e no fraseado em repetição aos 0:16; porém, o abismo na execução entre ele e seu antecessor é grande, e o solo tem ao meu ver, muitas notas e pouco feeling. O timbre de suas Fender Stratocasters, característico de Gers, não é dos meus favoritos, pois falta um pouco de peso ao meu ver.

E vemos que nessa fase a bruxa estava solta, pois Dave Murray faz um solo completamente diferente de todos já avaliados, numa sequência absurda de notas e mais notas, com uma rapidez incrível. A banda toda parece estar a 45 rpm, e o solo acaba sendo uma avalanche nonsense de notas. Sem dúvidas, é a maior diferença desde o lançamento da música, praticamente uma década antes.

1992/1993 – A Real Dead One (Europa, Fear OF The Dark Tour)

Este segundo registro da turnê de “Fear of the Dark” não nos mostra muitas mudanças daquilo já dito no solo acima.

O solo de Gers é bem parecido com o de Donington, mostrando que ele, de uma forma ou de outra, havia criado sua própria (e equivocada) interpretação do solo da música.

Murray continua totalmente enlouquecido, e despeja centenas de notas mais uma vez, sem mostrar qualquer preocupação em trazer algo do solo original. Mas é notável a destreza e feeling do grande Dave Murray, apesar da aparente negligência em não executar nada do solo da versão de estúdio.

1996 – Monsters of Rock (Brasil, São Paulo, The X Factour)

O show do Phillips Monsters of Rock em São Paulo em 1996 também foi marcado por um “ladrão de cena”… é quase impossível prestar atenção em algo com Blaze Bailey trocando uma ideia com seus “amigos invisíveis” – claramente tentando ainda fazer movimentos do então ex-vocalista da banda, mas de uma forma que chega a envergonhar só de olhar. Como diriam os gringos: “What the hell is going on?!?!”

Quanto aos solos, notamos que Janick é mais melódico nesta versão, fazendo mais bends do que escalas rápidas, mas o solo original está tão longe quanto ir de São Paulo a Bahamas a pé…

Dave Murray mantém a linha frenética da tour de 1992 no início do solo, mas aos 0:31 entra numa escala mais melódica, que passaria a fazer parte do seu solo desta fase em diante. Aos 0:39, ele executa frases mais rápidas até o final do solo, sem nenhuma referência ao solo original.

2001 – Rock In Rio 3 (Brasil, Rio de Janeiro, Brave New World Tour)

Apesar dos triunfais retornos da dupla Bruce e Adrian para o Maiden, recolocando a banda no auge do heavy metal em termos gerais, com relação ao assunto do post, que são os solos da clássica The Trooper, é aqui que o leite azeda de vez. Lembram da frase dobrada em terças no estúdio por Adrian Smith lá em 1983? Bem, ao meu ver ela é a semente daquilo que se transformou o solo após o retorno de Adrian à banda em 1999.

Vou explicar melhor: minha intuição indica que, na hora de dividirem os solos das faixas mais clássicas para a turnê, parece que houve um certo impasse sobre quem seria o primeiro a solar: Adrian ou Janick? De toda forma, tendo três guitarristas na formação, faria bastante sentido Adrian solar o solo original (como é sua característica) e, incidentemente Janick parar a base e fazer junto com ele apenas a frase dobrada em terças.

Mas não foi isso que “los 3 amigos” decidiram, como notamos neste vídeo do show histórico no Rock in Rio 3 de 2001, que virou até álbum e vídeo oficial da banda neste retorno ao festival carioca.

Veremos que resolveram que o caminho mais legal seria os dois, Adrian e Janick, solarem o “mesmo” solo juntos, e no momento da dobra em terças, Janick executaria tal tarefa. Em tese é isso que acontece. Adrian, pela primeira vez com uma Fender Stratocaster, sola mais uma vez perfeitamente o solo original, e Janick apenas “emula”, ficando tudo um pouco desencontrado, realmente embolando por haverem algumas notas em conflito, e ainda por cima a frase dobrada é mal executada, pois Janick entra atrasado. Não vejo realmente o porquê de terem escolhido este caminho.

Já Dave Murray, com uma Fender Stratocaster preta e usando o wha-wha, faz uma mescla: inicia como no solo de estúdio, e aos 0:39 entra na escala melódica e encerra com frases rápidas. Um solo muito mais bem estruturado do que os que vinha fazendo nos anos 90, salvando o resultado final de alguma maneira.

2003 – Live In Dortmund (Alemanha, Death On The World Tour)

Na versão do DVD “Death on the Road”, vem a pergunta: se no Rock in Rio foi ruim, será que agora, depois de diversos shows e oportunidades para acertarem qualquer “aresta”, vão deixar Adrian solar em paz? A resposta é não. O “solo compartilhado” veio pra ficar, como veremos até o final da resenha.

Percebemos que Adrian Smith, blindado, novamente faz seu solo de sempre, e Janick Gers faz também um solo bem parecido com o de 2001, repetindo os desencontros da versão anterior. A dupla empunha as mesmas guitarras do show do Rock in Rio 3.

O solo de Murray (que aparenta estar mais feliz que nos anos 90) é também muito similar ao de 2001, trazendo a já habitual “fritada” de encerramento, quando o solo ainda seguia seu caminho natural. Aqui marcamos o início de um Murray, digamos, mais “econômico” (ou até preguiçoso) em alguns momentos.

2008 – Flight 666 (Japão, Somewhere Back in Time Tour)

Posso afirmar que quase nada mudou de 2003 para cá. Os solos são incrivelmente similares aos da turnê “Death on the Road”, mostrando um padrão fixo ao longo dos anos 2000. Aqui Adrian empunha sua guitarra “signature” Jackson Adrian Smith San Dimas Dinky.

2011 – En Vivo! (Chile, The Final Frontier World Tour)

Aqui notamos que o desencontro entre Janick e Adrian se acentua. Enquanto Adrian faz o solo original perfeitamente (novamente como se estivesse isolado do resto do mundo), Janick flutua com frases que em alguns momentos sobram, e em outros acabam cedo demais.

Dave Murray, pela primeira vez empunhando uma Gibson Les Paul, nos apresenta a parte inicial do solo original. Aos 0:35, ele troca a chave para o captador grave, e daí para frente acaba improvisando com muitas frases rápidas até o final.

2013 – Donington Park – Download Festival (Inglaterra, Maiden England European Tour)

No show do Download Festival, sucessor do Monsters of Rock e também realizado no Castle Donington, vejo a melhor versão do “solo compartilhado”. Janick parece dessa vez estar fazendo algo mais coerente com o solo original de Adrian Smith e o resultado como um todo é um solo em conjunto mais limpo.

E temos novamente o solo “meio original/meio improviso” de Murray. Interessante ver que ele resgata a escala melódica dos 2000 aos 0:41.

2013 – Rock In Rio 5 (Brasil, Rio de Janeiro, Maiden England North / South American Tour)

A última versão disponível é do Rock in Rio 2013, como já falamos aqui, conta com a total ausência do baixo no PA e na gravação, além de diversos outros gravíssimos problemas com a bateria e até mesmo com as guitarras.

Notamos no solo compartilhado os mesmos problemas de sempre: Adrian toca o original perfeito, enquanto Janick fica apenas emulando o mesmo, adiantando um bend aqui, atrasando uma frase acolá…

Já Murray faz seu solo “híbrido” novamente. Aqui vejo que o mesmo não tem medo de ousar, até errando uma nota aos 0:35. Mas Murray é experiente, e acaba controlando a situação e improvisando até o final, apesar da nítida economia (que se observa nesta versão até mesmo olhando-se um pouquinho para o Nicko).

Conclusão

Só posso concluir uma coisa: no Iron Maiden temos realmente três guitarristas muito distintos.

1) Adrian Smith: profissional, competente, controlado, perfeccionista. Criou o solo e entrega este “produto” de forma “asséptica” toda e qualquer vez que tocou (e tocará) ao vivo. Não se importa de ter que fazer a mesma coisa 1000000 de vezes, e fará sempre o melhor possível.

2) Dave Murray: excelente (e muito rápido) guitarrista. Na maioria das vezes preserva a estrutura básica do solo, mas, talvez chateado de ter que tocar a mesma coisa toda noite, permitiu-se alguns compassos para criar algo diferente e inusitado a cada noite, se arriscando até mesmo a cometer pequenos erros. Dono de um feeling raro. Um aventureiro destemido, mas bastante conhecedor da montanha para não se perder nunca.

3) Janick Gers: um bom guitarrista, com uma linguagem e personalidade completamente própria, que preencheu honrosamente a lacuna deixada por Adrian Smith no final dos anos 80, e que obviamente não consegue “se enquadrar” e solar exatamente igual a Smith. Nada contra o profisssional, mas deveria ter ficado na base e entrado na hora da dobra apenas. A involução do solo é mais um erro da produção, ao meu ver, do que dele mesmo.

Por fim, a (in)volução de The Trooper poderia ser falada em termos gráficos também, já que a “arte” que vem sendo usada para a última versão da Maiden England Tour traz uma versão horrorosa deste clássico da banda. Mas isso nem precisamos comparar…

keep troopin’

Abilio.

Contribuiu: Eduardo.



Categorias:Cada show é um show..., Curiosidades, Instrumentos, Iron Maiden, Músicas, Resenhas

21 respostas

  1. Bem,

    Sobre este post o que me restar comentar é apenas ler e aprender! Como um ignorante em conhecimentos músicais, só leio e tento captar algo que está no ar.

    Belo texto!

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    • Glaysson, a ideia é provar uma teoria, na verdade… há 2 lados: o lado técnico e o lado não-técnico, ou seja, o resultado para os “ouvidos” de cada um de nós.

      Neste segundo lado, o assunto traz uma dose polêmica, pois acredito que há muita gente que gosta de como Gers e Adrian fazem hoje o primeiro solo – eu, por exemplo, acho legal o “efeito” final. A parte Murray é mais “fácil” de discutir, até porque ele sempre improvisa, como fica claro notar nos vídeos…

      Enfim, vale para conversarmos, sem dúvidas aparecerão diversas opiniões ainda.

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  2. Com o Abilio não poderia ser diferente – é um material para se apreciar atenciosamente. Volto aqui comentando apos ver os videos, já que a polêmica promete

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  3. Não dá pra negar que o abilio é fã do adrian. hahahahaha
    vi ao vivo na final frontier tour. O adrian foi fleumático, gers deu feeling nessa parte. O murray quando entrou, fez parecer um abismo de feeling entre o primeiro solo e o dele. E que venham as polêmicas… 🙂 Ótimo post, abílio!

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  4. Perfeito o post, como tudo que o Abílio traz por aqui. O desenrolar do post é de maestro mesmo, os solos sendo desvendados precisamente durante o texto. O assunto pra mim traz pelo menos dois caminhos distintos :

    Um, a questão da mudança de ano pra ano do original do solo de Dave Murray, para versões livres , algumas felizes , outras nem tanto e a grande maioria aquém do solo original. Fica claro que Dave gosta de improvisar , mas eu particularmente não acho que está faltando habilidade, treino ou que o guitarrista desaprendeu durante os anos. Dave continua muito bem, não é mais talvez tão inspirado nos novos solos. Ele simplesmente não quer repetir a mesma coisa e arrisca. Às vezes, vai bem, às vezes não vai.

    O outro ponto envolve os dois guitarristas que se revezaram na função do primeiro solo e que depois se juntaram para fazê-lo. Minha opinião é clara, o solo original que é praticamente repetido “ipsi-literis” pelo criador em suas execuções não recebe de Jannick um tratamento de igual valia.

    Quando Jannick está sozinho então, aí sim eu vejo o tal abismo que foi citado no comentário do André acima. A volta de Adrian nos ajudou em muito ao ter de novo o solo original de volta. A sobreposição de Gers funciona melhor quando a guitarra dele está mais baixa na mixagem. Vejam bem, isso não é uma crítica ao guitarrista. SImplesmente essa segunda linha por baixo do solo original até que vai bem, mesmo que Gers não seja nem perto do guitarrista cirúrgico que Smith se constitui.

    Aliás, eu acho que o pouco que Adrian mexeu no solo mais recentemente foi em acrescentar um muito bem vindo pedal Wah-Wah. E está cada vez melhor na execução do solo, pois também se tornou um guitarrista melhor durante os anos, a evolução do músico é claríssima.
    Voltando à dobra, fica complicadíssimo quando a mixagem privilegia Jannick. Aí eu passo….

    E passo mais ainda quando o guitarrista se via sozinho na missão. Passado o solo a seu cargo, víamos o abismo, mesmo quando Murray se mostrava menos inspirado…

    Um show o post, Abílio, excelente mesmo !

    Alexandre

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    • Bside,

      Foi realmente muito legal fazer este post, ainda mais que, pela primeira vez, foi escrito com a valiosa colaboração do nosso Presidente Eduardo!

      Durante o processo, a gente notou que fora a proposta inicial do post, que é analisar os solos, o post serve como um verdadeiro painel histórico da banda, aonde acompanhamos a evolução dos músicos, cenários, equipamento, sem contar o envelhecimento dos componentes.

      E já estou pensando que poderei fazer outros posts similares com outros solos/bandas… Caso tenham algumas sugestões, elas sempre serão bem-vindas!

      keep troopin’

      Abilio Abreu

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      • Uma outra música que também segue mais ou menos nesta linha é The Number Of The Beast (principalmente com Murray).

        E Abilio, foi um prazer mesmo poder ter feito o post contigo, as ideias fluem que é uma beleza, ainda que, neste post em especial, você mereça o bolo com cobertura…

        [ ] ‘ s,

        Eduardo.

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  5. Este post poderia funcionar como uma aula magna em ironmaidenologia avançada. Que coisa impressionante.
    Quanto ao tema em si, penso:
    – Já está plasmado no texto e comentários acima a inquietude do Murray em repetir seu solo original nos shows ao vivo. É uma questão de escolha do artista, não se pode condená-lo, ainda que, se me perguntassem eu diria: preservem os clássicos!. No caso, os clássicos solos do álbum de estúdio. Minha crítica ao Murray se concentra nos solos apresentados na década de 90. Ali percebi uma queda na sua apresentação. Se era desleixo, excesso de algum componente etílico ou sei lá o que não sei, mas os soles dele nesta época me parecem abaixo dos da década anterior e posterior. Nos últimos solos, especialmente, voltei a perceber que ele segue uma estrutura bem semelhante, deixando um trecho, mais para o final, para uma improvisação.
    Quanto ao Adrian Smith não há o que falar neste solo. Próximo à perfeição em todas as apresentações destacadas neste post. E, ao contrário do que alguém possa pensar, com um feeling fantástico. Concordo inteiramente com a análise do autor. Aqui, neste ponto especialmente, gostaria de parabenizar o Abílio que superou a sua frustração (até mágoa) pessoal decorrente de seu malfadado encontro com AS e soube manter o equilíbrio na análise.

    A ideia do solo em dobro para resolver a situação de haver 3 guitarristas e dois soles em “The Trooper” é apenas isto. Uma boa ideia e também uma ideia bastante audaciosa. Depende de um entrosamento especial entre os guitarristas o que, pelos exemplos apresentados no post não parece ser o caso.
    O Iron Maiden fez história usando a técnica de guitarras dobradas, mas a grande verdade é que esta técnica não funcionou quando a aplicada no solo de The Trooper.

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    • Xará, excelente comentário e concordo ainda que Murray dá uma recuperada mais recentemente, ainda que também ache que infelizmente, em algumas oportunidades, role uma certa fritada ou “economizada” em vários momentos, inclusive em apresentações da música-tema do post, assim como em outros clássicos, como The Number Of The Beast.

      Deixo para você comentar mais uma questão forte / polêmica: estaria Gers mais atrapalhando do que ajudando (especifica e tecnicamente abordando a questão desta música)?

      Eu já dou minha opinião: não para mim, mas sem dúvida, rola uma “embolada”.

      E esta questão pode ser colocada para todos que não abordaram especificamente o tema…

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  6. Apenas mantendo o assunto “The Trooper”, mas longe de ser qualquer “involução”, vejam essa: vídeo promocional do novo Porsche Panamera com The Trooper sendo executada por uma orquestra!

    Isso que eu chamo de melhor dos 2 mundos…

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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    • Eu gostei, bastante. E fica claro nesta versão do quanto o heavy-metal pode se aproximar da chamada música clássica, algo que soa uma aberração pra muita gente.
      Mas vou cometer a pretensão de achar que poderia ficar melhor, alguns trechos são verdadeiramente lindos, mas faltou trabalhar outros que ficariam tão ou mais sensacionais..
      Desculpe eu ficar aqui soando arrogante e pretendendo ser maestro..É que eu penso no potencial do restante da canção e imagino uma obra-prima em forma de orquestra.

      Aliás, existe uma versão completa deste tema que foi para o comercial ?

      Alexandre

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  7. Abilio, segue comentário feito no vídeo no YouTube:

    ————————————

    carl leo:

    Não sei o porquê de caracterizar os solos ao vivo de Dave/Adrian como involução! Adrian tem a característica de fazer solos quase iguais ás versões de estúdio, qdo ele geralmente muda algo, é porque trata-se de uma coisa mais elaborada e madura. Já Dave tem um estilo bem livre, isso tem um preço alto pois muitas vezes o improviso não sai como o esperado, faz parte da emoção do momento. Nada de caracterizar como involução. Os guitarristas do Maiden não são exímios instrumentistas mas eles têm seu valor, não deveríamos taxar o músico apenas pela sua performance ao vivo, analisemos suas composições, sua capacidade de criar e de interagir com as composições dos outros integrantes, dentre muitos outros aspectos a serem levados em cont

    ————————————

    Obs.: já havia sido comentado para a pessoa ler o post original para poder entender a análise.

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  8. Fica pela curiosidade apenas… o resultado final é no mínimo duvidoso…

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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    • Excelente didática, que traz a cereja do bolo , que é a Destroyer vermelha , remetendo à Ibanez de Adrian . O professor cita o gear em detalhes no meio do primeiro vídeo.

      Interessante também é a combinação perfeita de utilizar um pedal Tube Screamer também da ibanez antes dos drives gerados pelos amplificadores.

      Tão clássica combinação como a canção e a Ibanez Destroyer vermelha usada por Adrian.

      Os vídeos são aulas em todos os sentidos.

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