13 canções para “entender” os Beatles

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Foi uma feliz coincidência. Pretendia escrever sobre os quatro meninos de Liverpool tão breve fosse possível aqui no Minuto HM, quando a Rede Globo estreia sua nova novela – “Império” – trazendo na música de abertura o cantor inglês/brasileiro Dan Torres interpretando o clássico “Lucy In The Sky With Diamonds”. Já tive oportunidade de entrevistar Dan Torres há cerca de 3 anos para o Aliterasom. Músico talentoso escondido por trás dos covers britânicos. Voltando ao assunto do post: o desafio não era dos mais complicados. Das minhas quase quatro décadas, o convívio com o repertório dos Beatles é quase similar a minha idade. Não obstante, somado às audições dos discos, as exibições de documentários (repetidas por dias), a leitura dos livros que envolvem o universo de cada um deles… esse leque de opções fez com que eu entendesse porque quando eu era adolescente achava que os fãs dos Beatles eram malucos. Os motivos são amplamente justificáveis. Quase sem querer os Beatles inventaram quase tudo que hoje em dia ainda existe. Um amigo dizia com propriedade que eles foram a primeira boy band. Mudaram a moda e criaram a sua. Estabeleceram um novo nível para expressão “idolatria”. Cresceram musicalmente e maturaram a expressão musical a cada disco; trouxeram novos conceitos com relação à equalização dos discos, criaram novas motivações para arranjos vocais que saíram do lugar-comum das ‘terças’ e ‘quintas’… poderíamos fazer a introdução menos introdutória da história do MHM só para descrevermos a importância histórica-musical de Richard (em uma das biografias sobre sua vida ele pede que ninguém se refira a ele como Ringo ao final dos Beatles, então tudo bem), George, John e Paul.

A principal motivação de trazer um pouco mais sobre a obra destes músicos foi ainda a falta de conhecimento que muita gente tem sobre a obra do Fab Four e isso é assustador. Este fenômeno se dá a medida que vamos nos distanciado no espaço/tempo da origem da lenda. Não quero cair no pecado da nostalgia e utilizar dos clichês do saudosismo para justificar uma afronta à atual música produzida hoje. Não. Não há qualquer intenção de promover a besta condução de uma competição que invariavelmente não leva a lugar algum, porém os Beatles estão para os músicos de qualquer estilo musical como Platão está para filosofia, como Chomsky está para os linguistas, como Darwin está aos biólogos, como Freud para os analistas. Nas mais diversas culturas, em seus mais diferentes idiomas, os Beatles com sua melodia imponente influenciam os que entendem suas letras e os que ignoram (no sentido da ignomínia), os que sabem tocar suas canções e os que não nunca tocarão, os que sabem cantar suas músicas e os que não sabem. Sim: eles estão além do bem e do mal. E talvez seja um caso único da arte contemporânea onde os críticos de arte não ousam ser massivamente “do contra”. A unanimidade da direita e da esquerda. O casamento do canhoto com o destro.

Se faz necessário também esclarecer que o verbo “entender” do título é mais uma provocação do que especialmente uma verdade. Pura presunção do autor encucar no leitor a partir do seu ponto de vista, todo o universo beatleniano, como se ele fosse cabível e elástico em apenas 13 unidades. Patético armazenar as tantas facetas musicais de cada um deles no texto ou nas imagens. Os Beatles sobejaram. Cortaram cabelos, colocaram as barbas de molho e ‘brincaram’ de fazer músicas que ainda são desafios para os mais curiosos arqueólogos da música. Iniciativas como fazer uma música em um só tom (“Tomorrow Never Knows”) apontando para uma tendência anti-comercial, anti-climax e quase anti-musical, abusando das notas de um modo maior para “incomodar” (com todas as aspas) os ouvidos nada acostumados com um cantor de língua presa (Lennon) falando coisas como: “Turn off your mind, relax and float down stream, It is not dying, it is not dying” (atenção: este blog não faz alusão ao uso de drogas ou entorpecentes).

Bem, o papo está ótimo, mas vamos às canções. Para tornar o texto com uma identidade única, recorri às percepções musicais das minhas experiências e farei algo inédito até então: darei o tom original de cada canção, com uma breve explicação sobre a mesma. Se houver histórias sobre elas, transmitirei-as e caso você saiba mais alguma, colabore no campo dos comentários:

01) Please Please Me (álbum Please Please Me, 1963) – Tom: Mi Maior (E)

O que Roy Orbison, sexo oral e John Lennon possuem em comum ? Pois é. Começando pelo começo, Lennon compôs esta canção em Liverpool imaginando o astro Roy Orbison (autor do clássico “Pretty Woman”) interpretando-a, já que havia acabado de escutar o singles “Only The Lonely” do músico americano. Quando o cover do Chico Xavier esteve na terra da Rainha, os Beatles excursionaram por três semanas com o astro. A letra da música segundo os críticos da época tinha duplo sentido e o crítico Robert Christgau, editor do Village Voice, “aumentou a polêmica afirmando que era sobre sexo oral”*. Essa canção traria uma das principais e mais marcantes características dos Beatles: os contra-cantos.

02) Don’t Bother Me (álbum With The Beatles*, 1963) – Tom: Sol Maior (G)

Essa foi a primeira canção de George Harrison gravada pelos Beatles mesmo que não traga o “beatle quieto” (assim como alguns se referiam a ele em várias biografias) nos vocais e que traz pela primeira segunda vez, o guitarrista solo como vocal principal. Ele já havia debutado em “Do You Want You Know A Secret”, primeiro álbum da banda, “Please Please Me”. A cadência utilizada por Starr seria uma marca indubitável do seu estilo, que seria utilizada em outras faixas dos Beatles. Conforme acima eu indico que a música é em Sol Maior, no entanto ela tem “pegadinhas harmônicas” com alteração da terça de Lá, quase sempre alterada para Dó natural, fazendo com que a escala seja alterada para… Mi menor! Mas não se engane: Sol é o tom da música, com a música se utilizando da relativa para ser mais melancólica. O vocal indefectível é de John Lennon. Uma das canções menos “apreciadas” pelos fãs e por isso mesmo muito singular para ser apresentada como parte da obra.

03) Things We Said Today (álbum A Hard Day’s Night, 1964) – Tom: Lá Maior (Am)

Aqui já temos as primeiras brincadeirinhas tonais dos Beatles e as inserções de violão na banda de rock. Essa canção ninguém pede nos shows de Paul McCartney mas é uma das suas parcerias** mais legais com Lennon. Segundo algumas publicações, a canção fala sobre o então relacionamento que Paul tinha com Jane Asher, uma famosa atriz da época, que pensava em abrir mão de sua carreira para se dedicar ao romance. Falando de harmonia, para mudar o clima nos versos “Me, I’m just the lucky kind/Love to hear you say that love is luck.” ele se utiliza de um Lá Maior e depois de Mi bemol diminuto mas mesmo na gravação ele vai se utilizar de um piano para reforçar a alteração do Ré . No violão fica absolutamente imperceptível que eles estejam fazendo a progressão. Em miudos: a primeira parte: A – D – B/D# – E   /   A – D – B – Bb5. Coisa de McCartney. Existem alguns tutoriais no YouTube ensinando a tocar mas só aqui você encontra o jeito “Daniel” de harmonizar. 😉

04) I’m A Loser (álbum Beatles For Sale, 1964) – Tom: Sol Maior (G)

Um dos músicos que mais influenciou tanto Lennon como McCartney foi Bob Dylan. Quando o músico americano lançou The Freewheelin’ Bob Dylan, a história conta que ambos ficaram semanas escutando a música de vanguarda de um dos maiores ícones da música mundial até os dias de hoje. Simultaneamente, Lennon foi confrontado por um jornalista chamado Kenneth Allsop, que saísse dos temas pronominais (“She Loves You”) para canções auto-biográficas. Alguns acreditam que I’m A Loser seria a junção de Lennon querer soar como Dylan e ao mesmo tempo satisfazer o desejo de Alsop. A verdade mesmo nunca saberemos mas é mais uma canção que Lennon pede sutilmente socorro nos versos “Although I laugh and I act like a clown/Beneath this mask I am wearing a frown”. Dois destaques: a guitarra solo formidavelmente estranha sem qualquer tipo de efeito e com fortes chances de ter sido improvisada pelo simplismo da forma como foi tocada e o walking bass de Paul McCartney.

05) I’ve Just Seen A Face (álbum Help!, 1965) – Tom: Lá Maior (A)

Help! é o disco que eu acho… argh… mais “chato” dos Beatles. Com todo o respeito aos quatro mas parece que o cansaço havia tomado conta do grupo e as canções soavam estranhamente parecidas com o início de carreira, caso da música título. Escolhi I’ve Just Seen A Face porque acho que ela tem a estrutura parecida com Mr. Robinson (de Simon & Garfunkel), que eu gosto desde sempre por conta dos vocais destes ótimos cantores. Aqui os Beatles soam quase como uma canção country, sendo a sua introdução bem distinta do resto da canção. Neste disco também temos “Yesterday”, mas seria um lugar comum escolhê-la. Mesmo sendo um lado B dos Beatles, esta música já foi regravada por vários cantores ao redor do mundo, o que mostra que mesmo o repertório mais “fraco” da banda, ainda traz fascínio sobre os admiradores da sua música.

06) Think For Yourself (álbum Rubber Soul, 1965) – Tom: Sol Maior (G)

Rubber Soul já traz uma boa melhora na qualidade da produção dos Beatles. É neste disco que o quarteto começa a apurar os vocais (tudo fica mais limpo e múltiplo), trabalhando com mais canais e isso quer dizer, mais possibilidades. Nesta canção escrita por George Harrison, os Beatles soam modernos e dando um espaço maior ao seu compositor mais novo. Harrison faz escolhas harmônicas menos previsíveis e não parece querer coverizar seus colegas integrantes de banda. Mesmo assim, sua música possui alguns indícios de que é “ele” quem está por trás. Clique aqui para “ouvir” um vídeo da banda ensaiando os vocais desta canção. Se você está com o “inglês britânico” em dia, perceberá que eles não param de brincar com a própria letra e um com o outro. Ambos parecem estar aguardando a fita retornar ao ponto da inclusão dos vocais. Há desde brincadeiras com um sotaque alemão desde perguntas como: “Você joga sinuca?”.

07) Eleanor Rigby (álbum Revolver, 1966) – Tom: Mi Menor (Em)

Uma colcha de retalhos. Foi assim que Eleanor Rigby foi composta a época. Com contribuições de todos os Beatles, McCartney resolveu contar a história fictícia de uma mulher que recolhia arroz nas igrejas após o casamento. Se você acha a ideia uma viagem, Paul escolhe terminar a canção contando parte do funeral de Eleanor, nome que foi inspirado justamente em uma lápide que o músico havia encontrado em Putney Vale Cemetary, em Londres. O arranjo de cordas de George Martin tem uma força tão grande que não me lembro de ter ouvido a versão ‘demo’ desta canção, que fora originalmente composta pelo McCartney ao piano. Você tem oportunidade de escutar um ótimo arranjo desta canção feita no programa The Voice Brasil com os cantores Rafael Furtado e Nando Motta. O verso mais famoso da música (“Ah, look at all the lonely people”) foi escrito por George Harrison.

08) Getting Better (álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, 1967) – Tom: Dó Maior (C)

Este é o disco que tem mais respeito do público e crítica dos Beatles. Pela psicodelia da capa, pela audácia das canções e pela despedida de formatações e arranjos mais tradicionais. Os Beatles, apenas quatro anos após a sua estreia discográfica, estavam mais maduros musicalmente e cada vez mais audaciosos em suas canções. A capa até hoje é uma obra de arte referência para tudo que se possa imaginar. A escolha por Getting Better pra mim parece óbvia porque é uma música de rock. Pura e simples. Guitarra, baixo e bateria. Mesmo com a adição de piano (bem grave) e cítara. Ela é seca, com vocais relaxados e me parece uma forma como McCartney comporia em sua carreira solo: sempre a partir do seu groove, fazendo música pop e resolvendo/finalizando quase inesperadamente. Este álbum é espetacular (a versão remaster é fantástica), mas esta faixa é muito especial. O título da canção foi inspirado numa frase muito utilizada por Jimmy Nicol, baterista que substituiu Richard Starkey enquanto este estava doente. Sempre que perguntavam à Nicol como estavam as coisas eles respondia: “Está melhorando”.

09) Your Mother Should Know (álbum Magical Mystery Tour, 1967) – Tom: Dó Maior (C)

Quem conhece a história dos Beatles sabe que o filme/disco Magical Mystery Tour foi uma extravagância de Paul McCartney. Eles haviam acabado de mudar o mundo de cabeça pra baixo com SPLHCB e poderiam bem tirar um ou dois anos de férias. O baixista quis fazer uma “viagem” de ônibus registrando tudo que acontecia no caminho. Óbvio que não poderia faltar uma ótima trilha sonora para esta trip. Neste disco, existem várias canções que se tornaram clássicos do Fab Four, como “All You Need Is Love”, “Penny Lane” e “Hello, Goodbye”, mas quero manter a coerência de escolher canções que são um pouco menos conhecidas do quarteto, além do mais, esta possui um clipe oriundo do filme que é impagável, no sentido amador da palavra. Chega a ser vexatório assistir os quatro dançando de terno no que seria uma espécie – de musicalmente falando – de um vaudeville. Nas faixas em diante teremos muito menos contribuições da banda para as composições mas canções compostas unicamente por seus cantores, por mais ululante que isso possa parecer.

10) Happiness Is A Warm Gun (álbum The Beatles, 1968) – Tom: Dó Maior (C)

Desta vez vou começar falando do tom desta música, que começa lentamente com uma série de brincadeiras em Lá Menor. Um delicado dedilhado emoldura os versos de Lennon (que deve ser o responsável por tal execução), Harrison está com uma guitarra suja e cortante. Essa música é uma colcha de retalhos. Lennon havia composto três composições e não havia dado direção a nenhuma delas. Por isso, amigos como Derek Taylor e Neil Aspinall, contribuíram com histórias jocosas, mas a história mais interessante foi quando George Martin mostrou à Lennon uma revista americana sobre armas que dizia: “A Felicidade é uma arma quente na mão…”, um trocadilho com o livro de 1962 do cartunista Charles M. Schulz (criador do Snoopy), Happiness Is A Warm Puppy. The Beatles ou Álbum Branco (como ficou famoso) é um disco cheio de crises entre os músicos. Reza a lenda que Paul McCartney gravou boa parte das baterias já que Richard estava chateado com a total falta de atenção às suas ideias. Harrison parecia estar cada dia mais envolvido com sua filosofia oriental e pouco se importava com os caminhos musicais da banda, mesmo tendo contribuído com a belíssima “While My Guitar Gently Weeps”. Há canções muito estranhas neste disco como “The Continuing Story of Bungalow Bill” mas mesmo assim, como todo o material da banda, vale uma conferida. Reparem como Lennon ‘vomita’ a letra e como é difícil cantá-la. Ele era o mais transgressor dos compositores da banda.

11) Hey Bulldog (álbum Yellow Submarine, 1969) – Tom: Si Maior (B)

Um dos melhores riffs dos Beatles ao lado de Day Tripper e Revolution. Com um piano nervoso, Lennon usa quintas (aumentadas) para dar um ar de expectativa no refrão. É uma deliciosa canção do quarteto que raramente ganha versões. Mesmo com uma letra boba, a faixa que acabou entrando na trilha do desenho Yellow Submarine, também traz o baixo não menos nervoso de Paul McCartney, ajudando no riff e fazendo seus saltos e intervalos sem pedir qualquer tipo de permissão aos outros integrantes. Não deixa de ser curioso que mesmo Richard, com toda a sua limitação técnica, era capaz de dar todo o suporte rítmico ao grupo. Quando tocava rock (da sua época) servia bem aos malabarismos de Paul ou mesmo aos atrasos de piano. Faixa OBRIGATÓRIA para quem gosta de rock. Existe uma versão que traz Alice Cooper nos vocais e Steve Vai que vale uma conferida pelo peso conferido à canção. A interpretação ficou a desejar.

12) Because (álbum Abbey Road,1969) – Tom: Dó Sustenido Maior (C#)

Muita gente pensa que o Abbey Road é o canto do cisne dos Beatles. O último álbum da banda com gravação dos quatro. Na verdade houve um grande esforço para que este disco soasse como “Beatles”. O clima ruim parecia não querer sair mais. Para quem escutou os discos “iê iê iê”, sentirá uma enorme diferença na canção dos quatro e como a banda poderia soar mais pop, como acontece em “Here Comes The Sun” de George Harrison. Apesar da pouquíssima participação de Lennon (ele está mais presente no lado B), este disco traz um petardo chamado “I Want You (She’s So Heavy)”, que traz elementos de blues, jazz, rock… porém, a minha escolhida foi “Because”, pelo perfeito arranjo vocal e pela beleza melódica. Abbey Road traz diversidade, melancolia, beleza e realmente tem um “quê” de despedida. O acompanhamento harmônico de “Because” é bem complexo e ao mesmo tempo simples. A composição fica variando entre Dó Sustenido e seus tons vizinhos. O acompanhamento não é nada fácil, mas não custa tentar. Só para não passar em branco: McCartney é responsável pelos vocais agudos, Lennon pela melodia principal e Harrison pela segunda voz.

13) Two Of Us (álbum Let It Be, 1970) – Tom: Sol Maior (G)

Se vê muito do jeito que McCartney compor nesta faixa. Como é engraçado perceber como as vozes de ambos (Lennon e McCartney) e agora temos cantores melhores e com um caminho sobremaneira diferente do trilhado pela banda no início da carreira. Two Of Us trazia um clima de paz entre as grandes brigas que grupo teria especialmente por conta do anúncio do fim da banda. Por volta do final de 1969, cada um queria mostrar ao mundo que poderiam fazer discos de sucesso sem a assinatura “Beatles”, porém, uma cláusula dizia que, até que se anunciasse o fim do grupo, todos os lucros das vendas dos discos deveriam ser revertido aos Beatles. Logo, se Lennon quisesse lançar seu primeiro solo antes da divulgação do fim do casamento, o dinheiro seria dividido pelos quatro. Este absurdo contratual só teve objeção em Paul McCartney, que acabou intensificando sua briga inclusive com seu amigo de infância George Harrison. Não podemos deixar de salientar que durante as gravações de Let It Be, McCartney forçou a barra como produtor e isto se vê no documentário não finalizado de mesmo nome. Não é um disco empolgante, muito pelo contrário, e soa como “fim de festa”, mas não pode ser ignorado pelos clássicos Let It Be (que dizem teve McCartney chorando durante as gravações) e Get Back. Uma última observação: reparem como Harrison usa a guitarra na verdade como um baixo. Parece até um pouco chateado.

O disco responsável pela paixão nutrida até os dias de hoje

O disco responsável pela paixão nutrida até os dias de hoje

Mais uma série de canções que poderiam entrar na lista para você entender os Beatles:

There’s A Place (Please, Please Me)
I Wanna Be Your Man (With The Beatles)
Any Time At All (A Hard Day’s Night)
I’ll Follow The Sun (Beatles For Sale)
You’re Going To Lose That Girl (Help!)
You Won’t See Me (Rubber Soul)
For No One (Revolver)
Lucy In The Sky With Diamonds (SPLHCB)
I Am The Walrus (Magical Mystery Tour)
Helter Skelter (The Beatles)
All Together Now (Yellow Submarine)
Golden Slumbers (Abbey Road)
I Me Mine (Let It Be)

* Foi fundamental a participação do livro “The Beatles – A História Por Trás de Todas as Canções” escrito por Steve Turner. Nele encontrei alguns cenários interessantes de cada canção. Obrigatório para quem é fã do grupo.

** É sabido que uma troca de favores fez com que Lennon e McCartney assinassem várias canções juntos, mesmo sem a participação um do outro. Foi um pacto que ambos fizeram pouco antes dos Beatles lançarem os seus primeiros discos.

Daniel Junior é ex-editor do PipocaTV,  colaborador do Minuto HM, Seriemaníacos e Eu Escolhi Esperar.

Revisão: Eduardo.



Categorias:Alice Cooper, Artistas, Covers / Tributos, Curiosidades, Instrumentos, Músicas, Resenhas, The Beatles

22 respostas

  1. Daniel, eu tava tentando entender o ” entender ” do título deste post e não tava entendendo nada , pois não tinha “entendido” alguma lógica neste ” entendimento ” do ” entender”. O que faltava ? Ler com mais atenção o post.
    Aí eu li melhor o trecho ” Se faz necessário também esclarecer que o verbo “entender” do título é mais uma provocação do que especialmente uma verdade. Pura presunção do autor encucar no leitor a partir do seu ponto de vista, todo o universo beatleniano, como se ele fosse cabível e elástico em apenas 13 unidades” e conseguir ter o ” entendimento ” do ” entender ” do título do post.
    E deixando este ” entendimento ” de lado, agradeço pela oportunidade de ter aprendido vários detalhes interessantes durante a leitura deste post, desde passagens e sequências de acordes até mesmo o simples conhecimento de faixas que não são minhas habituais.
    Afinal, é indiscutível pra mim a importância seminal da banda em tudo que foi construído desde que eles deram o pontapé inicial e fundamentaram todo o cenário musical que vemos hoje e em algumas décadas pra cá. E me confesso um não tão profundo conhecedor da banda, principalmente da tal fase ” iê-iê-iê” que não me chama tanta a atenção .
    Assim, é bastante familiar a seleção de músicas a partir da segunda metade desta lista , mas algumas da primeira fase foram chamadas à minha atenção pelo seu detalhado post.

    Eu daqui agradeço!

    P.S : I’ve just seen your face é Simon & Garfunkel purinho, como diria o filósofo Rolf, ” colhido do pé ” .

    Alexandre

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    • Poxa Alex, obrigado.

      A intenção foi esta mesma: pegar uns BSide (com o perdão do trocadilho) e mostrar que os Beatles estão além de tantas coisas conhecidas e já gravadas no ouvido da gente de tanto ouvirmos por eles e por outros. O que eu mais gosto de acompanhar é o fato da banda ter crescido muito e através dos discos vermos as evoluções tecnológicas em um espaço tão pequeno.

      Do Rubber Soul para o Revolver eu acho a diferença gigantesca, em termos de equalização e timbragem dos instrumentos. Do Sgt. Peppers então, nem se fala.

      Obrigado pelo comentário,

      Daniel

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  2. Daniel, para mim, a parte mais importante do texto é a parte que fala que muita gente não conhece a obra dos Beatles. Independente de gostar ou não e por mais que possa parecer absurdo neste espaço, o mundo lá fora prova que isso é uma verdade cada vez maior.

    Não lembro se comentei no último podcast, mas tenho um exemplo próximo, de um rapaz do meu trabalho com seus 23 anos de idade e que, em uma brincadeira onde fiz o trocadilho de um nome por “George Harrison”, esta pessoa me perguntou: “quem é George Harrison?”. Eu ainda comentei, “o dos “Beatles”, mas a cara de dúvida e desconhecimento continuou a mesma. Estou falando de uma pessoa que está se graduando em uma universidade particular de nome médio para bom, cara, um rapaz de classe média, com acesso amplo à informação, de família com condições de classe média e que trabalha em uma empresa multinacional de grande porte… portanto, para mim, o resgate é importante é de uma forma ou de outra, será comum ver nas próximas gerações o conhecimento sobre as clássicas bandas indo embora – afinal, são 2 da banda ainda vivos, fazendo shows, mas o tempo passa igual a todos e temos que ter isso sempre em mente para aproveitarmos…

    Bom, me dou a liberdade aqui de dizer que me assustei e bastante ao ver o título do post – primeiro porque de uma maneira geral não gosto de títulos “10 aquilo, 10 aquilo outro”. Segundo, de achar que isso talvez seja possível para bandas pontuais, mas JAMAIS para os Beatles.

    Mas ao ler o texto, fui “em acalmando”, afinal, você mesmo fala em detalhes sobre o assunto, de uma forma correta. A intenção dos números, ao que entendo, é trazer uma música por álbum, ainda que eu ache que mesmo assim não dá para entender a obra desta forma, para esta banda. Mas isso é uma opinião minha e, olhando os detalhes trazidos para cada música, o post ficou muito mais interessante e agregou, sim. A parte do “entender” do texto é ótima para justificar o que você realmente quis dizer, assim entendo que o susto passou no momento que li aquilo.

    Eu não posso concordar ainda que o Help! é um disco chato – isso não posso nem de longe considerar nada. Um disco que tem uma faixa como a própria faixa-título já descredencia, sempre em minha opinião, o adjetivo. O álbum tem The Night Before, You’ve Got To Hide Your Love Away, Ticket To Ride, a música citada no post e um masterpiece, Yesterday. Chato? Posso entender “chato” como “músicas de estrutura mais simples” do que eles eram capazes de construir? Talvez por aí eu possa achar um caminho de concordância. Do contrário, jamais.

    Achei legal a escolha por músicas mais “desconhecidas” do grande público para trazer comentários ótimos que você trouxe, além do excelente destaque do tom de cada música, que é sem dúvidas algo que valoriza o post, e muito. Uma curiosidade adicional seria pensar em quantos “takes” cada música era gravada, pois os Beatles “brincam” com os outros quando este é o tema…

    Sensacional o comentário da estrutura de I’ve Just Seen A Face com Simon & Garfunkel, nunca tinha notado e é verdade, mas vamos apenas adicionar aos que não tiverem este detalhe que a música dos Beatles foi lançada 3 anos antes do clássico da dupla de NY.

    Gostei ainda da forma como foi ficando claro a evolução técnica da banda com seus comentários a cada música. Em Eleanor Rigby, vale comentar que o nome “Eleanor” veio justamente da época do Help!, da atriz Eleanor Bron, que estrelou o filme Help! com os 4 músicos. Mas como em quase tudo na histórica das músicas deles, há outra vertente, que é a lápide de uma Eleanor Rigby do lugar onde Paul e John se encontraram pela primeira vez, em 1957. Vai saber… mas outra curiosidade da música é que nenhum dos 4 tocou qualquer instrumento nesta música, apenas os vocais harmônicos de George e John estão presentes (além de Paul), e a ideia do violino de fundo é de McCartney também.

    Ultimamente tenho escutado muito o Magical Mystery Tour, sem qualquer explicação coerente que eu possa dar. Tenho focado muito no baixo de Paul neste disco, e é de uma genialidade ímpar (pleonasmo). A escolha que você fez para o post é perfeita, ainda que Paul, em seus shows solos, não deixa de explorar o álbum em suas variações de setlist. I Am The Walrus é uma das maiores loucuras (em todos os sentidos) da história da música que tenha sido gravada da forma que foi.

    Para ser justo e voltando no assunto do que é “chato”, para mim é a parte que eles mergulham na cultura indiana. Isso, para mim, é a parte chata da discografia inteira da banda – prefiro muito mais o “iê-iê-iê” do que ouvir certas coisas com esta influência.

    Para terminar, entendo quando você escreve que o Let It Be não é “empolgante”, pelo clima de brigas – aliás, este é um disco que estava praticamente escrito antes do início das gravações do Abbey Road, mas estes discos são a prova de que, mesmo quando você não se dá com outras pessoas mais, e por mais que existam problemas, o talento e a arte sempre prevalecem. Isso serve como lição de vida, em casa, no trabalho, nos esportes, em tudo! Como podem pessoas que não conseguiam ficar mais juntas praticamente gravarem o que gravaram? O final do Abbey Road? Let It Be com a própria faixa-título, com Across The Universe, I’ve Got A Feeling, One After 909, THE LONG AND WINDING ROAD?

    Enfim, não dá para entender os Beatles em 13 ou sei lá quantas unidades mesmo, acho que ficou claro inclusive no post a todos. Quem aqui estiver lendo isso e por uma situação ou outra quer conhecer melhor a banda, comece sabendo que, de uma maneira geral, eles possuem trabalhos que parecem coletâneas, mas são discos! É talvez a ÚNICA banda que consegue isso da forma que eles conseguem – ou uma das poucas.

    E volto ao início: aproveitemos enquanto é tempo os 2 que ainda estão vivos e tocando, pois a obra, ainda bem, poderemos aproveitar e cabe a nós fazer isso que este post ajuda a fazer: ir em frente com as próximas gerações.

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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    • Eduardo,

      se você coloca o comentário como apêndice do texto ele ficava melhor ainda !

      Rá (sempre que eu usar esta onomatopeias formada por duas letras é para que todos se lembrem da atuação HISTÓRICA de Al Pacino em “Perfume de Mulher”, em que entre uma fala e outra, ele usava estas interjeições que davam susto no pobre (Chris) O´Donnell.

      Sim, conforme o Bside e você detectaram é uma utopia entender os Beatles e é por esta incompreensão que eles são venerados. NINGUÉM, ouso dizer, conseguiu ser genialmente pop, underground, “da moda”, fora dela, românticos, boleiristas, roqueiros, com suingue, como os Beatles… Tá pra nascer (será?)

      Muitos bons os seus comentários… Em relação à atriz Eleonor, que tem foto e tudo no livro que eu faço referência, a própria publicação diz ter dúvidas sobre isso por conta do tempo que a composição se dá e a presença de Eleonor entre eles; preferi ficar com a da lápide. Mais sombria. hehe

      Não gosto de nada do Help. Nada. Só de You’ve Got To Hide Your Love Away, que tem neste disco da imagem, porque foge da estrutura musical do disco. No livro diz o take em que as canções ‘valeram’…:(

      Se alguém imitou alguém em I’ve Just Seen A Face com certeza foi o ‘Bozo’ e o Paul Simon. Excelente!

      Hey Bulldog tem que estar no setlist da banda MHM como diria Marcus Batera. Amo esta canção. Tem um dos momentos mais divertidos entre Lennon e McCartney no clip. Lennon era “de veneta”. Por vezes sisudo, em outras faz muitas caretas. Acho que é um momento raro de felicidade. É uma das harmonias mais doidas dele. E assim como em Something (escute-a com o fone de ouvido, from the top, on the top), o velho Macca faz o que lhe é peculiar: ser brilhante.

      Não me espanta o pertinente exemplo que você trouxe do desafortunado colega de trabalho. Culpa do ensino básico que deveria trazer Beatles como matéria obrigatória. Brincadeira. Conforme disse no texto: a medida que ficamos distante, especialmente da obra original, o interesse – que pra mim, observando a geração, já foi maior – vai se esfacelando.

      Por mim, o Anthology passava no lugar do Faustão todo domingo. O que você acha ?

      Valeu,

      Daniel

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  3. Olá, Daniel! Primeiramente gostaria de parabenizar pelo site. Segundo pelo trabalho, pela dedicação e pesquisa.
    Muito legal o texto e o intuito do mesmo.
    Mas não pude deixar de notar um erro (que é bastante comum) em Don’t Bother Me. Os vocais foram, sim, gravados pelo Harrison. Os timbres dos dois são bem parecidos, mas a voz do George é mais “fechada” (grave, se preferir) e suave. A do John é mais “aberta” (aguda) e rouca.

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  4. Daniel,

    Belo post. Conheço o “básico” da banda e foi me enturmar com algumas das faixas selecionadas, pois não as conheço.

    Das citadas gosto muito de Eleanor Rigby e me lembrei de uma informação interessante sobre a tal Eleanor:

    http://rollingstone.uol.com.br/noticia/mccartney-revela-eleanor-rigby/

    Abraços!

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  5. Cada vez mais desinformado sobre o que lançam de música hoje em dia, ou seja, sobre os artistas e “artistas” de hoje, sou da franqueza de que, para mim, Beatles não tem meio termo, tudo é bom e no fim iremos preferir um “chato” Help! a qualquer…qual é o artista e/ou “artista” que está em evidência hoje? o que me faz lembrar da inveja que tenho dos que foram numa das Mostra de Cinema de São Paulo em que foi exibido um documentário de Eduardo Coutinho sobre o que se passa na tv aberta hoje, documentário este que talvez nunca será lançado porque ele mostrava programas das emissoras sem permissão, documentário este que se chamava…Um Dia na Vida.

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  6. Há apenas um aspecto que pode fazer entender a ( lamentável) lista do link. Se a lista traz os artistas influentes hoje em dia , em especial para um público mais jovem ( é lógico, isso na média, tem muita gente nova que ouve coisa mais antiga, inclusive e talvez principalmente Beatles), a coisa realmente muda de figura, pois, considerando o desapego às origens da música considerada moderna pela atual geração, é coerente presenciar absurdos como este, que deixam bandas pouco conhecidas no cast em detrimento aos chamados ícones do gênero.
    Só resta lamentar…

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  7. Um post com uma proposta diferente mas que traz algumas canções em comum, entre elas, “Hey Bulldog”.

    http://whiplash.net/materias/melhores/208954-beatles.html

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  8. Continuando, minha recuperação de posts, encontro mais esta pérola. Quero dizer que o post pareceu feito diretamente para mim. Confesso que lamentavelmente não tenho um profundo conhecimento dos Beatles e que (principalmente na fase menos rockabilly e mais psicodélica) fui apresentado a algumas músicas por este post do Daniel. Desta forma, a expressão “para conhecer” funcionou em certa medida. Conheci um pouco mais sim. Das músicas apresentadas gostei muitíssimo de Getting Better e de Hey Buldog. MAs confesso que achei “Your Mother Should Know”uma música “mais do mesmo” ou seja, encontrável muitas outras vezes no catálogo da banda – boa mas sem maiores novidades e “Happiness Is A Warm Gun ” decididamente não me agradou, muito abaixo da média. Ok, podem me crucificar!

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    • Schmitt, primeiramente é excelente que esteja fazendo esta recuperação de posts e principalmente com esta proposta de não deixar rolar um backlog… kudos para você!

      Olha, assim como sou grato pela sua indicação do primeirão do Bad Company, que eu escuto agora como poucos álbuns (incrível como me desce bem o disco), preciso reforçar então que você mergulhe mais no mundo dos Beatles. É um agradável caminho sem volta.

      A não ser que você curta, eu pularia inicialmente apenas a fase indiana da coisa, como o que se ouve no Yellow Submarine. De resto, você realmente está perdendo tempo. Quer um disco para mergulhar inicialmente? Magical Mystery Tour. Ou se quiser algo mais da primeira fase, Rubber Soul. Vai por mim, xará!

      Agora, Your Mother Should Know não é mais do mesmo, não… talvez pelo andamento dela e a voz de Paul tenham lhe soado assim, mas dentro do contexto do disco, acho que sua opinião mudaria… faça a experiência…

      Não lhe critico sobre Happiness Is A Warm Gun, afinal, “não é música de todo dia”. A mensagem passada pela letra, entretanto, é lindíssima.

      Bom, conte comigo para o assunto Beatles, por favor…

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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