O show tem que continuar… mas até quando?

A medida que avançamos nas primaveras, ficamos mais reflexivos. Olhamos para trás e damos um reboot nas memórias mais recentes e damos uma força aquelas que estão escondidas em algum jardim secreto dentro das nossas mentes. Diz uma música de um roqueiro brasileiro que o “esforço pra lembrar é a vontade de esquecer”. Talvez isto sirva para o compositor. Eu não lembro mesmo pela morte prematura dos neurônios.

Enquanto assumo a maturidade das lembranças, a falência do corpo e a vivência da alma, vou recordando das arestas responsáveis por formarem o que eu sou. O encontro com Eduardo (virtual e posteriormente pessoal) e a turma do MHM na época do Aliterasom é uma recordação. O dia em que vi Ozzy, Geezer e Iommi no palco, também. Ou mesmo, lá atrás, quando pedi que meu pai comprasse o recém-lançado Lick It Up (Kiss) e ele me trouxe um compacto (sim, você que está lendo e tem menos de 30 não sabe o que é isso) de Thriller, do Michael Jackson.

Ainda sob a vigilância cristã (literalmente) dos meus pais, fiquei enclausurado sob a desculpa da religião; mesmo o Cristianismo que nunca foi aprisionador, pelo contrário, age em mim fomentadamente livre, lá pelos idos de 80/84 era difícil gostar de rock quando os discos eram quase todos liricamente “from hell“.

compactothriller

No último podcast levantei a bola com os meninos com a pergunta do Milhão: “Quem poderá substituir os nossos ídolos?“. Quem acompanha o podcast sabe que qualquer interrogação mínima é motivo de muita discussão. O mais engraçado que na nossa cavaca, a gente “briga” (com todas as aspas), discute (sem aspas), ri (muito), criamos nossas piadas internas, frases de efeito (“blindemos os clássicos”). Qualquer questionamento pode virar horas de puxa-puxa intelectual e informativo. Literalmente. No entanto, esta pergunta ficou sem resposta. Ninguém se atreveu mais do que eu em minha pergunta a responder. E por isso ficou…

kiss1982

Se os grandes inventores sempre foram os maiores ídolos da humanidade, na família MHM nossos grandes ídolos são músicos. Pessoas que admiramos, que mexem conosco, que nos tiram do lugar, que “sacodem a cabeleira” (mais uma inside joke), que fazem a gente querer reduzir o hiatus nosso encontro. Se desse, a gente ia pro bar toda sexta pra papear e rir com o outro e do outro, na paz, na guerra e na amizade.

Mas e a pergunta, quem responde?

Page, Plant e Jones. Vivos. Nos discos e nas arenas, em raras ocasiões. Stanley, Simmons, Frehley e Criss. Vivos. Nas discografias, nas presepadas e no coração da gente. Hammet, Hetfield, Ulrich e Trujillo. Vivíssimos. Nos álbuns, nos shows, nos filmes… Smith, Harris, Dickinson, Murray, Gers, McBrain… McCartney, Starr… Chimbinha, Dado Villa-Lobos, Vox, Martin, Glover, Coverdale, Turner, Gillan, Paice, Tina Turner… por quanto tempo teremos estes nossos “outros” amigos por perto?

Permitam-me outra ousada e veemente e não menos óbvia resposta: por pouquíssimo e breve tempo. O tempo urge. Um show, um disco e uma partida. E assim vão os posts, as lágrimas e as saudades.

metallica1991

O que faremos durante os próximos 20 anos, hein, Presidente? Let It Be ou Let it Bleed? Será que seremos nós, BSide, Remote, Villanova, Rolf, Schmitt, Abreu, ídolos de nós mesmos ou tornaremo-nos uns “guris” de alma velha procurando por aí pelo velho novo disco do “Sabá” (como a gente chamava antigamente, nesta fonética)?

Desafio: por sobrevivência artística, precisamos de um novo entorpecente. Eu sei: clássicos não são forjados de uma hora pra outra. Não nascem do nada. Somos atropelados por eles e não sucumbimos. É a dor que dói e fortalece. Só quem toma de rock and roll na veia sabe que entorpece pra ascensão e não para queda.

Mas a pergunta continua sem resposta…

ironmaiden1985

Portnoy? Tem tamanho de Peart ou de outro “menor”? Grohl? Alcançará um lugar que já pertenceu a outros guitar heroes e compositores? Corey Taylor? O cara por trás da máscara do Slipknot tem pedigree para segurar a onda de fazer a gente gritar e cantar suas canções ? As outras gerações serão “reféns” dos gostos dos tios ou avós. Eu não herdei os Beatles de ninguém e daí chamo atenção para o que esta turba não terá com os nossos: convívio. Em toda relação, convívio e reciprocidade é importante. Mesmo que esta resposta se dê em um “you the best” nos palcos da vida.

rush1980

Isso me preocupa. Gosto de ser um historiador da biografia destes caras e percebo que as lembranças deles estão cada dia mais distantes deles e das minhas. Eram jovens e hoje velhos são. Quando passam o uniforme, eles tem botões e algum cheiro de nostalgia. Não haverá pessoas para o mesmo time destes titãs da música? Não é arrogância de quem ama e idolatra? Não sei. Confesso novamente: não sei.

Definir é restringir e eu manterei a pergunta. Não sei o que a nossa semente terá a dizer sobre as nuvens que já estão passando e muito menos que tipo de Sol e luz eles irão se banhar, mas é preocupante. Todos, praticamente, passaram dos sessenta e eu os considero sobreviventes pelo estilo de vida pouco saudável dos tempos de glória.

Eu lhes pergunto: amanhã, quem vocês irão amar?

Daniel Junior é membro da família MHM, colunista do site Seriemaníacos e colaborador cultural do site Eu Escolhi Esperar . Vem aí o melhor site de reviews de cinema do sistema solar …The Crow e o primeiro lançamento literário do colunista em breve nas livrarias e lojas digitais.



Categorias:Artistas, Black Sabbath, Deep Purple, Discografias, Dream Theater, Foo Fighters, Iron Maiden, Kiss, Led Zeppelin, MetallicA, Queen, Rush, Slipknot, The Beatles

50 respostas

  1. Fala, Daniel. Pois é. E eu esperava que minha mãe chegasse do centro com o LP Bad, do Michael Jackson e ela me desce do ônibus com o compacto “I Just Can’t Stop Love You” do mesmo artista.
    Pois é. O povo de hoje. Falta de memória. E que parece obra de alguém (ou alguma “seita” de algum tipo) e o povo parece aceitar isso prazerosa e conscientemente (e perversamente…)
    Pois é. Muitos dos mesmos da nossa época que viveram as compras aos baldes de vinil (“eu tinha uns 600 vinils naquela época”…) hoje se zumbificam com os big brothers da vida mesmo com o Pedro Bial ter dito no Pânico na TV que é tudo farsa. Perversão? aquele mesmo tipo de “fascínio por auto-destruição” do qual Gene Simmons e Paul Stanley falavam sobre Vinnie Vincent?
    Ei, e o suposto “excesso” de opções? aquela do tipo “não vão mais ao cinema porque ao invés de gastar “tudo aquilo” para cada um, aluga o dvd e todo mundo assiste junto pelo preço de uma locação?” é válido?
    “Estilo de vida pouco saudável dos tempos de glória”: pois é. Por que talvez ninguém imaginava que fôssemos um dia estar nessa “era” (?) de Lady Gaga, “pancadão que se chama de Funk”, e até a obsessão de mesmo lugares de mais categoria abolindo o “Nós” e metralhando “a gente” para todo lado.
    Creio que a humanidade em si esteja em um processo de desgaste nunca antes visto, ou até do tipo “injetaram, cheiraram e fumaram naquela época mas os efeitos do dia seguinte continuam até hoje”.
    Parece que as melhorias que a Engenharia Genética pudesse trazer (Khan) poderiam nos levar para um mundo pelo menos mais Equilibrado e Harmônico, ainda que não houvesse mais Ídolos da Música com os de antes mas pelo menos pudéssemos estar mais próximo do Futuro do dinheiro abolido de Jornada nas Estrelas.
    Vida Longa e Próspera.

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    • Olá Rafael, tudo bem?

      Seja bem vindo ao Minuto HM.

      Então, você levantou alguns aspectos bastantes profundos e que não por acaso conversamos em nossos podcasts e que você está convidado a ouvir. O link está no topo do site.

      Eu disse para os rapazes que tudo estava um pouco pior. E “tudo” não é um eufemismo. O mundo piorou e aquilo que nos restou de mais sagrado se tornou um pouco banal, conforme você mesmo salientou através dos seus exemplos.

      Agora, amigo, infelizmente não adianta ficarmos apenas na saudade e admitirmos que o tempo está passando, inclusive para nós. Naturalmente o saudosismo a medida em que nos tornarmos mais velhos vai tomando conta da gente em um sem número de exemplos na vida.

      O cuidado que cada um de nós dará à vida que conquistamos é um assunto íntimo, mas o que esperar das pessoas que aprendemos a respeitar e admirar no campo musical? Existe uma vontade paradoxal de saber como será a vida sem eles, já que parece que vivemos com eles. Uma doce ilusão.

      Obrigado por sua participação,

      Daniel

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      • Somente quanto a este ponto de “o mundo está pior do que antes”.
        Não vou dizer que nunca pensei isso. já passei (bastante) dos 40 anos e estes pensamentos nos surgem. Mas sabe do que lembro? lembro daqueles senhores de ternos, cabelos muito curtos e óculos de aros grossos nos idos do final dos anos sessenta vendo passar em sua frente o pessoal do Flower Power. Será que o pensamento dele é tão diferente deste que estamos expressando aqui. Vou te dizer: é difícil fazer um juízo de valor em relação ao tempo em que vivemos. Não consigo ter certeza se é pior ou melhor. Sei com toda certeza que é diferente e que muda cada vez mais rápido, pelo menos para nosso cérebro, acostumados com os “bons tempos”.
        São muitas variáveis. Algumas coisas melhoraram, outras pioraram, talvez dependa do ponto de vista. Como um jovem veria a comparação entre estes dois tempos?
        Como o autor deste post, não sei se estamos piores. Mas uma coisa luto com todas minha forças. Não ficar agarrado ao passado, porque este, já passou amigos!

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        • Fala Schmitt!

          Sim, seu contra-ponto é importante. Muito. Deixe-me utilizar um bojo histórico que tenho em relação a cultura pop com um exemplo muito recente e infelizmente tocando a vida de muitas pessoas.

          Roberto Bolanos foi responsável por um dos personagens de humor/comédia mais famoso no MUNDO. Um gênio da TV, com sua linguagem básica e ao mesmo tempo ‘deep’, por falar de relações familiares com um tempero absolutamente peculiar. Mesmo que o astro não tenha feito o tipo de humor para TV que eu venero e acho graça, jamais poderia deixar de reconhecer o talento inegável deste mexicano que quebrou as fronteiras latinas para chegar ao planeta. Merece todas as homenagens. Deixará saudades.

          Há 30 anos é uma das maiores audiências de uma emissora brasileira.

          A pergunta que eu te faço Edu é a seguinte:

          – Não surgiu nada melhor que o Chapolin Colorado e o Chaves nos últimos 30 anos?

          Com um produção precária e um roteiro de “quadrinhos de escola infantil” a Televisa conseguiu inclusive a rendição de Matt Groening (criador dos Simpsons – este sim, um humor que eu curto) incluindo um personagem na família de Springfield.

          … E os sitcoms (comédias de situação americana) e as comédias escrachadas brasileiras no início dos anos 80, e os trapalhões, e a Praça é Nossa e o mal escrito e produzido Zorra Total, e o Hermes e Renato e tantas outras manifestações artísticas de comédia teriam a repercussão e o humor em alta como as produções do Bolanos? Chuto, sem medo, que não. E por que?

          É uma resposta longa, mas se permite a ousadia e a “viagem” filosófica: falta um pouco na nossa alma, sobre alguma coisa nos nossos bolsos…

          Não sou ingênuo (talvez um pouco) mas aquele papo que o Rolf falou sobre “risco/investimento” tornou-se cada dia mais forte nesta época em que não somos mais tão novinhos, por outro lado, esta geração sofre com um discurso menos politicamente correto e ao mesmo tempo menos engraçado, mas que tende mais para o deboche e a ironia. O humor é utilizado como arma de guerra. Impensável para 20, 30 anos atrás…

          De qualquer forma, vamos aqui debatendo e tentando ver o que virá desse fórum!

          Abraço,

          Daniel

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  2. Daniel, que texto brilhante!! Uma sequência daquela discussão do último podcast, mas comparável à sequência do Poderoso Chefão, ou seja tão boa, melhor, eu poderia arriscar a dizer, melhor do que a primeira parte.
    Bem, comentar aqui agora ficou difícil…Eu vou ouvir a discografia toda do Rush, prestar atenção nas letras do Neil Peart , para talvez tentar arriscar aqui um comentário que chegue perto desta poesia em forma de post que li acima. Assim, prometo um volta..
    E só para não terminar este comentário na base do ” to be continued..” , queria deixar uma reflexão sobre o Portnoy, que é talvez o meu último grande herói :
    Eu acho que ele abandonou a banda quando percebeu que o que viria de legado dali em diante seria apenas para ” cumprir tabela”, e é essa a minha opinião sobre o Dream Theater hoje em dia.
    Daí , tentou vários projetos, mas todos tem essa galera bem talentosa , mas de uma mesma faixa etária dos heróis tão bem citados lá em cima, ou seja, estes caras em algum momento vão pendurar as chuteiras mais ou menos com a mesma ” data de validade” . São eles Neal Morse, Steve Morse ( não, eles não são parentes), Pete Trewavas, Billy Sheehan, Tony Macalpine, Ritchie Kotzen, Derek Sherinian, Russell Allen e aí a lista segue, já que sabemos que o batera em questão é ligado nos 220 volts todo o tempo.
    Quando ele tentou algo mais voltado à atualidade do ponto de vista mercadológico ou mesmo cronológico, acabou se estrepando, pois foi teoricamente mal quisto tanto na banda original ( Dream Theater) quanto na que ele se aventurava ( Avenger Sevenfold) . Ainda que o A7X seja uma banda que evoque ( ou emule, ou coverize, segundo as linguas mais afiadas) o passado, qual seria talvez a contribuição de Mike como membro participante desta banda mais atual ? Teria ele espaço ? Teria ele como se manter como herói, catapultando a banda californiana à reboque ? Infelizmente, não teremos como saber isso. E assim a pergunta-chave deste post continua sem resposta.
    Eu volto daqui a uma discografia inteira canadense…
    Até lá

    Alexandre

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  3. Daniel,

    Um ponto interessante na “velhice” das bandas é a dificuldade que grandes festivais estão tendo de ocupar o lugar destas bandas. São sempre as mesmas: Metallica, Iron, PJ, etc.

    O próximo Rock in Rio terá quais headliners? Repetir Metallica pela terceira vez seguida? Iron? Stevie Wonder, Elton John, AC/DC?

    Como dito no texto, só vejo o Slipknot com banca de segurar um dia de heavy sem essas já faladas…

    Como Medina irá sobreviver sem os velhinhos rs?

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    • Fala Glaysson.

      Ótimo ponto tocado por você, mas na Europa, por exemplo, eles dão oportunidades à bandas como Within Temptation, Nightwish, Rapsody of Fire, Sonata Artica… Enfim, existem diversos grupos, muitos com mais de 10 anos de carreira, buscando lugar ao sol.

      Aqui no Brasil até possuem um público fiel, mas (infelizmente) bem restrito, que não daria conta de um festival da proporção do RiR.

      Continuamos aguardando…

      Abraço,

      Daniel

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  4. Daniel,

    Desta vez você se superou nesta preciosidade em forma de post… Excelente é o mínimo que se pode dizer desso incrível texto que lemos aqui acima… Li várias vezes, umas pra pensar no assunto, outras pra simplesmente curtir a forma como o desenvolveu…

    Bem, esta pergunta sempre está se revolvendo dentro de mim, mais especificamente desde que entrei de cabeça no estudo da MPB no final dos 90. Aonde estão os novos Cartolas, Jobims, Chicos? E isso já faz 20 anos… De lá pra cá, que grande nome apareceu na nossa música popular, tão rica em seu passado? Ainda tivemos Baleiro, Lenine (que claramente já não se comparam com as levas anteriores..) Mas e hoje, 01.12.2014, me citem um apenas, por favor!

    Voltando mais no “túnel do tempo”, o grande período da música clássica, com Mozart. Beethoven, Strauss e etc. morreu, e ficamos com as obras que estes compositores fizeram sendo refeitas eternamente. Obviamente possívelmente ainda temos grandes compositores eruditos (desculpem mesmo a minha gigantesca ignorância no assunto). mas o mercado se segmentou tanto que eu mesmo não sei nem se existem realmente.

    E o Sinatra e seu Rat Pack? Quem seria o grande crooner norte-americano de hoje?

    E os bluesman? Hendrix. que seria uma das maiores esperanças para a continuação do estilo, foi crucificado por Muddy Waters e seus comparsas ao abandonar o blues para ir pra Inglaterra fazer música de hippie drogado com dois brancos inexpressivos…

    Ao morar em Nova Iorque, notei que lá todo e qualquer estilo de música está vivo e operante, mas desse bolo todo de bandas e artistas, quem fará a diferença a nível mundial, tendo uma carreira sólida e duradoura?

    Eu mesmo sofro muito com meu próprio dilema pessoal… Longe de querer ser metido ou exagerado em minha auto-estima, me considero como, na qualidade de compositor, músico, arranjador, produtor e etc, um dos mais legítimos herdeiros do Prog-rock, e minha obra recente fala por si só e acredito plenamente que não me deixa mentir… Mas quem, fora vocês aqui do blog, enxerga alguma importância nisso tudo que fiz e ainda faço? Como fazer esta minha música ser ouvida e respeitada como devia, se sou um pequeno grão de areia localizado na área mais inóspita (Brasil/Paraná/Paranaguá…) dessa infinita praia de artistas espalhados pela internet/mundo? Dos meus 500 “amigos” no facebook, muito poucos (e são regulares daí) se dignam a perder seu tempo pra parar e ouvir as músicas que lá posto… É realmente desanimador, e apenas não desisto novamente porque música é como o ar que respiro, sem fazê-la, morro aos poucos… Garanto que se eu tivesse tido uma verdadeira chance, estaria fazendo de tudo pra perpetuar o nosso tão amado Rock and Roll da forma mais verdadeira e digna… E mesmo assim, eu também já sou um cara da old-school (born in 71)…

    Repito tua pergunta: quem serão os novos nomes do R&R? Estamos fadados a ouvir os mesmos discos que já ouvimos a 30 anos para todo o nosso sempre?

    O Rock and Roll morrerá, ou já morreu desde a fatídica declaração de Lennon neste sentido?

    O curso da Unesp tratado no recente post do Eduardo possa talvez trazer esta resposta?

    keep wonderin’

    Abilio Abreu

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    • Olha Abilio, antes de eu comentar propriamente no post, pelo celular aqui quero rapidamente responder que o post recente sobre o curso da UNESP não vai ajudar a responder, pelo contrário, vai nos deixar mais confusos ainda, pois quem aqui crê que teremos outro “Romantismo”, por exemplo?

      Eu acho que aquele post vai é nos deixar ainda mais intrigados quanto à dívida levantada tanto nos podcasts como muito bem neste post que estamos…

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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    • Abílio, amigo ou amigo Abílio.

      Obrigado pelas palavras: um profeta normalmente não tem honra em sua própria cercania, mas é nesta família que me sinto mais à vontade para dizer o que estou pensando, por isso, muito obrigado mais uma vez.

      No podcast, em que tu não tiveste, eu usei dos teus argumentos (até o Eduardo Schmitt conclamou o mundo undergound para falar da beleza que a maioria não conhece, escolhendo como exemplo o cinema argentino) e disse que o mundo estava pior, de uma maneira geral.

      E hoje, mais do que tentar responder, eu levanto a bandeira do “No Surrender” por entender que as questões emocionais e afetivas prejudicam a minha forma de adjetivar o que me “toca” menos. Por isso, ao mesmo tempo que concordo com você sobre a ausência dos melhores em suas devidas posições, creio que eu estou contaminado pelos meus prismas – todos subjetivos – na hora de julgar o que é produzido atualmente.

      Aliás, verdade seja dita: se nós, que somos teus parças, não dermos oportunidade para sermos conquistados pelo novo, como pois não iremos admirar a tua arte e a tua singularidade sincera?

      Este assunto daria um double pod ou um pod xp… Quem sabe mais breve do que a gente pensa.

      Um grande abraço,

      Daniel

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      • Mais uma questão interessante que entendo assim: estaríamos nós abertos para o novo? É complicado responder e mais complicado ainda este exercício de se abrir para o diferente quando já consolidamos um “gosto” musical. O diferente às vezes assusta mas também excita, trás emoções novas. complicado…
        Mas Abílio, tua produção artística tem SIM, é claro, importância e significado. Não podemos confundir um sucesso comercial com valor artístico. Veja a sorte tua e a nossa que vivemos num período da história em que se pode registrar com tremenda facilidade sua produção artística (ao menos a musical).
        Pense que tuas músicas daqui para frente poderão “chover” da nuvem em que está para os ouvidos de felizardos mortais de qualquer parte do planeta para seu deleite e desfrute.
        Só de pensar na possibilidade disso ocorrer é fantástico.
        Apesar de todos os talentos que “vieram à tona” nas décadas de 60 e 70 (só para mencionar estas) não tenho a menor dúvida que toda um outro numeroso grupo de artistas não viram “a luz do dia” naquela época. E nunca teremos a possibilidade de conhecer sua produção pela dificuldade de produção e registro inerente àquela época.
        Entendo que possas eventualmente sentir uma certa frustração de não conseguir disseminar intensamente tuas obras, mas isto não diminui o valor delas.

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  5. Daniel,

    O assunto é tão interessante, quanto vasto e polêmico. Concordo com o Abílio, quando ele identifica a mesma situação em outro segmento musical. E então ainda não me posicionando completamente, solto questões no ar: Até que ponto o direcionamento da industria fonográfica não exerce grande influência na criação de pseudos ídolos de consumo imediato, fraca qualidade e portanto pouca duração em sua carreira?
    E a evoluçaõ para a da midia digital de musicas isoladas, que praticamente acabou com o conceito do album? O formato anterior (album – cd, K7, disco, seja o que for) não ajudava a criação de uma historia para o grupo/banda/artista solo?
    Vamos pensando e mastigando mais sobre o assunto.
    Remote

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    • Fala Remote,

      acho que você aprofundou a questão nos métodos e instrumentos da Indústria Cultural, que é um papo acadêmico e complicado…

      E respondendo sua pergunta, sim, o formato anterior era FUNDAMENTAL na consolidação de uma carreira. Hoje, existem outros que são também importantes para disseminação da obra do artista, caso do Youtube, o maior responsável por revelar artistas de todos os segmentos, inclusive os não-musicais.

      Agora, partindo do teu questionamento, acho que a premissa do Youtube é mais fugaz do que os álbuns: ele (youtube) busca o que mais de “espetacular” acontece agora e os 15 minutos de fama de AW se estende, por vezes, por um ou dois anos (quem não se lembra da dupla: “Para Nossa Alegria”?).

      Os artistas que admiramos (ou não) consolidaram seus trabalhos através de álbuns, turnês, histórias e composições que mexeram com o inconsciente coletivo de uma sociedade, senão, uma geração.

      É papo para muita discussão e dissertação.

      Abraço,

      Daniel

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      • Perfeito – onde estão os artistas do Para Nossa Alegria?
        E ainda tem a recente velha novidade antiga que é o que se produz hoje à luz da escolha fonográfica? As tais recalchutadas gravadoras (que hoje gravam cada vez menos) que determinam os fugazes Naldos da vida., para a nossa alegria…..

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  6. Daniel, primeiramente, o post é muito legal e também muito legal o nível dos comentários que estão aparecendo (pleonasmo total essa frase).

    Olha, está todo mundo meio em cima do muro, querendo o lugar que normalmente é meu – Eduardo “The Wall”. Já aviso que eu não ficarei dessa vez.

    Mas antes: quando eu vi seu post, automaticamente me lembrei do meu pai. Explico: eu sempre comentei para meu pai que ele não ficasse preso “apenas” (e dá-lhe destaque para as aspas no “apenas”) nos Beatles, afinal, a fase que ele pode pegar musicalmente dizendo era simplesmente anos 60, 70, 80… e daí nem preciso continuar…

    De qualquer forma, os Beatles causam mesmo essa sensação de “completo”, de “todo”, ao seu fã, de fato que as outras bandas acabam sendo realmente “secundárias” ao beatlemaníaco. Nada mais importa mesmo. Quando John Lennon foi covardemente assassinado, eu não era vivo, mas é nítido como o mundo dessas pessoas mudou. Com George o impacto foi menor, e com Paul creio que a comoção não será mais a mesma como foi com Lennon, justamente porque hoje em dia tive um estagiário que me perguntou “quem é George Harrison”? Ou seja, o tempo passou e, por mais que Paul seja hoje, para mim, o maior músico do planeta vivo, o impacto nas gerações já é diferente – e muitos fãs que viveram os Beatles estão na mesma situação, sejamos realistas.

    Por que estou dizendo isso? Porque também é relacionado. Quem vai tomar o lugar do Lennon no coração beatlemaníaco? NINGUÉM, NADA, NUNCA. Quem vai tomar o lugar das grandes bandas que logo nos deixarão – isso é discussão velha por aqui, sempre levantada por mim e pelo Rolf… eu respondo: NINGUÉM.

    Para mim, não há substituições. Não haverão novos Elvis, Lennon, Bonham, Cliff Burton, Dio, Mercury, Michael Jackson, entre tantos outros. Para a geração nascida até o final dos anos 80, o mundo pertencerá às bandas covers e tributos de Rush, Pink Floyd, Iron Maiden, etc.

    Atualmente, quais são os grandes nomes para Medina colocar em posições sde headliners? Essa pergunta é delicada, e tem variantes, como qualidade ou popularidade. Por qualidade, a coisa anda complicada. Slipknot? Tem qualidade e popularidade (gosto não conta). Foo Fighters? Estão forçando para virar banda enorme, e não é. Qual é a banda nova grande? Muse? Talvez. Terá longevidade? Não sei, acho que não.

    O assunto beira ao infinito e não há certo ou errado, afinal, não podemos prever o futuro e não quero parecer aqui um velho babão, afinal, não sou, mas meus ouvidos são cada vez mais. E eu respondo sua pergunta claramente: não, para nós, o jogo está acabando, mesmo. Tento ouvir coisas novas, única coisa que me chamou a atenção foi o Rival Sons que, por sua vez, tem sonoridade calcada no que já existe.

    Avenged Sevenfold no lugar do MetallicA? Me parece outra forçada de barra, mas não é impossível.

    O futuro do que amaremos são nossos clássicos, assim como meu pai sempre amará os Beatles mesmo tendo bandas que surgiram depois de qualidade. O ponto é que HOJE não temos a opção de ouvirmos Beatles e de repente, do nada, Deep Purple, Led Zeppelin, Black Sabbath surgem uma década depois. O que surgiu EFETIVAMENTE de RELEVANTE depois do movimento grunge e do Oasis?

    Enfim, divaguei muito, a resposta é “eu vou amar o que sempre amei”. Os shows, para mim, acabarão. Isso eu falo hoje, 02/dez/2014. Espero que o MHM possa ser repassado para uma geração que RIA do meu comentário e deste post com diversas boas bandas que venham ainda a surgir… mas espero que elas RIAM com qualidade também, não apenas porque um vídeo no “YouTube” ou algo do tipo no futuro “estourou” de hits.

    Curtamos os nossos ídolos enquanto ainda podemos. O Paul vem para cá há 5 anos seguidos, e somos privilegiados. O MetallicA, o Iron Maiden, o Tony Iommi com o Sabbath, estão aí. Há rumores de Rolling Stones ano que vem, e o Kiss acaba de confirmar tour em abril/2015 na Argentina (portanto, deverão passar aqui). Curtamos, aproveitemos. Está acabando.

    Espero, sinceramente, estar errado.

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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    • A esperança é em cima dos tais ups and downs das eras de criatividade artistica, podemos estar ladeira abaixo e não sei quando irá reverter para o ladeira acima, se é que vai…
      Quanto as últimas moicanas, depois do grunge e o próprio Oasis, não veio o DT? Considerando que o verdadeiro primeiro disco do DT é o Images, podemos considerar pelo menos contemporâneo, com mais longevidade para o DT?

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      • E ainda, quanto ao seu pai e a nós mesmos, já olhando no que o Ale disse abaixo, podemos parafrasear o Belchior em Como os nossos pais?

        … “Mas é você
        Que ama o passado
        E que não vê
        É você
        Que ama o passado
        E que não vê
        Que o novo sempre vem…”

        …” Minha dor é perceber
        Que apesar de termos
        Feito tudo, tudo,
        Tudo o que fizemos
        Nós ainda somos
        Os mesmos e vivemos
        Ainda somos
        Os mesmos e vivemos
        Ainda somos
        Os mesmos e vivemos
        Como os nossos pais…”

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        • E ainda (polemizando) praticamente na mesma época (76X75)

          Farofa fa (Mauro Celso)

          Comprei um quilo de farinha
          Pra fazer farofa
          Pra fazer farofa
          Pra fazer farofa fa

          Comprei um pé de porco (faró fa fa)
          E orelha de porco (faró fa fa)
          Pus tudo isto no fogo (faró fa fa)
          E remexi direito (faró fa fa)
          Com a fome de um lobo (faró fa fa)
          Eu calcei o meu peito (faró fa fa)

          Fa
          Faró Faró Faró
          Faró Faró Faró
          Faró Faró Faró Fa Fa

          Farinha de mandioca (faró fa fa)
          E pimenta malagueta (faró fa fa)
          Eu gosto de farofa (faró fa fa)
          Comi, não faço careta (faró fa fa)
          Mas sou forte como um touro (faró fa fa)
          Da cabeça inteligente (faró fa fa)
          Só não mastigo tijolo (faró fa fa)
          Porque me estraga os dentes (faró fa fa)

          Fa
          Faró Faró Faró
          Faró Faró Faró
          Faró Faró Faró Fa Fa

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            • Faltava comentar isso: affffff, Maria…

              [ ] ‘ s,

              Eduardo.

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              • Eduardo,
                O objetivo é ilustrar que já nos meados dos anos 70 as gravadoras já investiam neste tipo de sucesso imediato. Eu era criança, lembro que isso tocou para caramba durante um verão desses ou qq coisa parecida. E o que fez o tal Mauro Celso depois? Existem outros exemplos, até anteriores a esse (Bilu Tetéia e assim por diante)
                Quase ao mesmo tempo o outro exemplo aí abaixo com a Elis cantando o Belchior. Além do trecho da letra que meio que se aplica ao que penso sobre nossa discussão (como ressaltei ai acima e tb no comentário mais abaixo), percebe-se que a tal música não tinha o mesmo conceito de sucesso efêmero e vive até hoje, não é?
                O que talvez nos dificulte hoje, seja termos cada vez mais disponível o primeiro tipo e menos o 2o tipo.
                P.S
                1) Peço ajuda ao Alexandre, Abílio, Caio, Rolf e demais violonistas e guitarristas de plantão, o efeito no começo da Como nossos pais é o tal mxr phase 90 (usado muito por VH, Richie Blackmore, Dave Murray, entre outros?)
                2) Seu comentário affff, Maria – ri para car….. aqui….valeu o dia…

                Remote

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                • 1) Phase 90, sem dúvida. Se é o MXR , que eu hoje uso na minha cadeia de pedais, não dá pra afirmar, mas que é parecido é . Sei lá se na época tinha algum doido que fazia pedais caseiros ou algum similar no mercado.

                  2) Faltava ilustrar/Faltava comentar ; Aff maria…ahahahhahhahah!!!

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        • Ilustrando isso também..

          Aliás cantava fácil, fácil….

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    • Agora leio teu comentário, estimado presidente, e vejo que concordamos (ao menos em parte) no que se refere a caráter indelével de nossos ídolos.
      Lendo teu post e fazendo uma comparação com minha mãe (que viveu a juventude no final da década de sessenta) e jura de pé junto (sob meus protestos) que prefiria Ray Coniff e Renatos e seus Blue Caps à Beatles ou Rolling Stones, me peguei pensando.
      Será que estamos focando no que há de pior em nossa época.
      Entendo que Adele ou a tristemente falecida Amy Winehouse faziam(fazem) uma música de primeira qualidade. Mas (como minha mãe fez) preferimos focar nos Ray Coniffs de nosso tempo (Naldo, Anitta e Kate Perry, etc…). O que quero dizer é que em todas as épocas existem artistas famosos interessantes e outros nem tanto assim. Elvis Presley ou Pat Boone? etc, etc, etc…
      Não seria um pouco isso o problema?

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    • Eduardo,
      Vou comentar aqui o que mandei no WhatsApp, e não vai exatamente na linha do post, mas remete ao privilégio seu de ter bebido na fonte inspiradora de seu pai como (além de tudo) influência na música.
      “Hoje eu vendo o Celebration Day e em Stairway to Heaven me emocionei, por tudo e principalmente pela mistura de gerações do público que cantava. Será que esta música será esquecida, ou já não faz parte do conhecimento dos jovens, principalmente daqueles que diferentemente do Eduardo, não têm o privilégio de terem a ajuda paterna para apresentar a mágica das canções verdadeiras?”

      No video acima me chamou a atenção (além de todo o resto)
      6:00 A moça cantando junto
      7:01 Um pessoa de camisa amarela balançando a cabeça ao som do solo de Page (com Jason fazendo uma repetição junto com a bateria).

      Abraços…

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  7. Folks, antes de tudo, uma questão de ordem :cadê o Rolf nesta discussão, heim ????Tá fazendo falta….

    Enquanto o mais enrolado dos seres humanos não aparece por aqui, queria dizer que estou voltando da audição prometida , me inspirei nas letras do Neil Peart e trago algumas considerações e um questionamento:

    Bem, eu acho que o Schmitt foi muito feliz ao classificar a questão vendo também o ponto que aqui posso considerar como um choque de gerações. Assim, se houve em um passado não tão remoto uma aversão às bandas que nós tanto amamos por nossos pais, por que nós, já em idade não tão pequena talvez estejamos fazendo o mesmo ? Afinal, para trazendo o assunto para o comentário do outro Eduardo, o Presidente, o que o seu inspirador pai, que tem um gosto musical bastante elogiável, tem a dizer de bandas da nossa apreciação, como o Led Zeppelin, por exemplo ? Eu antecipo a resposta, dando uma de Clairvoyant : Ele não liga pra nada que ultrapassou a geração dele.

    Assim, é complicado para nós, mortais de uma outra geração que não a nova, abrir estes horizontes para o atual. Digo mais, é um exercício que nós precisamos fazer, por que a tendência é realmente achar que tudo hoje não presta.

    Além disso, o tempo ” urge” hoje em dia. Já foi o tempo de se fazer uma coisa de cada vez, eu me lembro de parar para ouvir um álbum, pegar o encarte, ler com atenção as letras, tentar ” entrar na história do álbum, ir além da audição mais primária. Não se fazia mais nada,a não ser puramente ouvir o álbum. Hoje nem nós, da geração anterior a essa que poderia construir algum ídolo, fazemos isso. Como esperar longevidade para essas bandas mais novas? Como admitir que alguma delas vai construir uma carreira, como Iron, Metallica, Kiss e mais recentemente o Dream Theater fizeram? Hoje é tudo ao mesmo tempo agora, seria isso um prenúncio anunciado na música dos Titâs?

    Outro ponto importante é o formato, muito bem levantado pelo Flávio, que é a consequência do tudo ao mesmo tempo agora. Tá tudo espalhado por aí, não é ? Não se ouve uma obra inteira, dificilmente, mesmo na base do tudo ao mesmo tempo agora, por que tá tudo ” solto ” por aí. Comprar cds virou coisa de especialistas, de colecionadores. Vinil, nem se fala. O gosto mais popular do nosso gênero de predileção tá misturando faixas do Slikpnot, com o AX7, com o Foo Fighters, com o Muse, tudo num ” random ” só, nos celulares, nos Ipods, nos Itrecos.

    Baseado em tudo isso aí em cima, eu sou obrigado a responder destemido a pergunta achando que não, não haverá mais novos heróis. Mas fica a questão: Quais bandas modernas tem legiões de fãs? Se há tais legiões, estamos errados. Alguém da geração mais nova que se pronuncie. Se não há, fica a tristeza em acreditar neste caminho sem heróis, ou seja, ” A world without heroes “, não é isso ? Mas eu acho muito pouco provável que alguém da atual geração consiga chegar neste pedaço do meu comentário, afinal o tempo ” urge “. Quem vai perder tempo lendo tantas linhas ? Ou seja, enquanto não se instalar um Limitador de Velocidade no atual mundo, eu não vejo outro caminho que não o citado pelo Daniel. O que é uma pena…Como é uma pena eu ter de encerrar este comentário escrevendo que não, eu não ouvi a discografia toda do Rush pra poder escrever isso aqui…

    Faltou tempo, desculpem-me…

    Alexandre

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  8. Sensacional, e eu estou perdendo tempo – um verdadeiro tempo perdido então….se é que vcs me entendem.

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  9. Tem mais uma questão delicada nisso tudo que é o “sentido” que as coisas fazem na relação “tempo”.

    Explico-me: que sentido faz hoje em dia usarmos DOS e um modem para mandarmos um fax? Que sentido faz hoje ignorarmos que existe o pão de forma ou o miojo que ajuda naquele momento de preguiça? Que sentido faz hoje não termos um carro e andarmos na cidade à cavalo? Ou não tomarmos uma determinada vacina?

    Digo isso pois há certas evoluções que, salvo coisas como religião, vieram para ficar e literalmente substituíram hábitos, crenças, gostos, atitudes, comportamentos, enfim, tudo.

    Agora, quando o assunto é música, é engraçado que não funciona assim por completo. O velho receiver valvulado dá som em muita porcaria “PMPO” por aí. Os cabos “flamenguistas” e RCA são usados até hoje largamente. O vinil está aí de novo. Os CDs existem ainda, mesmo que engolidos pela internet.

    Mas bem mais convincente que o parágrafo acima vem a questão do sentido da própria música! Diferente do cavalo, hoje largamente usado para outros momentos como lazer para quem é da “cidade”, a música é diferente.

    Simples: ainda faz sentido ouvir Led Zeppelin? Pink Floyd? Beatles? Iron Maiden? Ainda faz?

    Claro… música se entende e se consome diferente de um mero produto físico, oras. É por isso que quando a gente discute aqui certas coisas, vem a emoção e memórias atreladas. E é por isso que temos dificuldades no novo ou nos sentimos velhos antes da hora, pois nossas lembranças e sentimentos estão lá trás.

    Adicionalmente, tem q questão de novo realmente não nos trazer nada que a gente possa ver potencial ou achar significativo de alguma forma. E é natural que busquemos algo comparativo que nos faça mais sentido…

    Bom, depois desta verdadeira viagem de redação pelo celular pelos transportes de São Paulo, deixa eu voltar para a realidade aqui, hahahaha…

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  10. Antes de ler os (já adivinho) saborosos comentários, resolvi me manifestar inicialmente sobre as questões tão relevantemente levantadas pelo amigo Daniel:
    Quem poderá substituir os nossos ídolos?
    Mas precisam ser substituídos? Jimi Hendrix, Stevie R Vaugahn e Ronnie James Dio já passaram desta pra melhor e continuam sendo tanto ou mais ídolos do que foram quando estavam vivos.
    Sendo assim, precisamos de mais ídolos do que temos? Tenho convicção que não. Seria muito legal ter novos ídolos mas não considero que precisemos de mais ídolos.
    Penso que somos sortudos (ou abençoados) em vivermos em uma época em que existem tantos artistas admiráveis e precisamos ser gratos por isso.

    O que faremos nos próximos 20 anos:
    Cara isto é o que menos me preocupa. Tenho em torno de 400 Gb de músicas em casa. Isto dá muito, mas MUITO material a ser admirado e estudado.
    Isto sem contar os ramos da música clássica e do jazz, nos quais gostaria de me enfronhar mais.
    Mas isso não é música nova. Tá e daí? De minha parte, esta questão de novidade não me impulsiona tanto.
    De novo, seria ótimo ter bandas novas que eu amasse, mas se não aparecer mais nenhuma banda excepcional, não penso que terei, pessoalmente, um prejuízo tão grande assim.

    Será que estaria demonstrando uma escassa ambição artística (pelo lado do consumidor de música)? Não sei. Penso que não, porque explorar nossa história musical, esquadrinhar cada acorde ou lick interessante também tem valor artístico. Ou assim penso.

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  11. Olá,

    algumas vertentes mais que interessantes estão saindo da nossa discussão, MAS efetivamente a pergunta não está sendo respondida.

    Schmitt e Presidente tocaram em polos bons de discussão, que eu levaria um livro para concordar ou contrapor; o que me causa incômodo é a pergunta do Eduardo “do Sul”:

    Sendo assim, precisamos de mais ídolos do que temos? – Na verdade Edu, nós não precisamos nem de música, então partir desta premissa de “precisar” no sentido de “necessidade” torna até o meu texto banal, meio tolo, procurando piolhos em cabeça de cobra.

    O presidente levantou questões que envolvem a evolução da sociedade e seus instrumentos sociais. É uma ferida mais profunda. Nem quero ir por aí, não tenho embasamento para tal.

    Só gostaria de restringir à questão musical mesmo se é “confortante” ter apenas um HD (como o Schmitt citou) ou mesmo se conformar como o Eduardo tocou…

    Particularmente gostaria de sair da “zona de conforto” (um belo clichê) para ir em busca do novo como se não tivesse sobre mim qualquer tipo de rótulo. Não quero buscar nos novos o que eu já conheço e sim ir em busca deste novo produto que está sendo entregue. Ver com outros olhos.

    Vou mais fundo: não fôssemos sócios do Abílio, independente da arte apresentada pelo mano, daríamos uma chance a ele em nossos players ?

    Daniel

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    • Daniel, eu estou tranquilo, meu primeiro comentário acima responde pergunta de forma bem direta… não teremos mais nada surgindo significante como citamos os medalhões até principalmente 1995…

      Espero estar errado, repito.

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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    • A discussão está alcançando um nível realmente elevadíssimo, matéria pra mestrado e doutorado…

      Acho que temos que desapegar de nosso próprio egoísmo ao pensarmos se “nós” efetivamente teremos “novos ídolos” do mesmo nível de nossos “eternos ídolos”, cujos nomes tem sido citados nos comentários já tecidos no assunto.

      Assim sendo, pensemos nas novas gerações, como por exemplo, minha filha de 3 anos de idade. Quem ela idolatrará? Beatles, Stones, Led e etc também? Claro que eu mostrarei tudo isso pra ela, como já faço, mas ela terá a oportunidade de viver o “novo” em tempo real, quando o “novo” acontecer. Ou estes realmente cairão fatalmente em esquecimento, “morrendo” junto conosco quando finalmente toda a nossa geração estará extinta? Ou melhor, e para aqueles que nascerão em 2050 (caso não destruamos o planeta, é claro… mas isso já estende o papo pra outra seara…)?

      Quanto ao meu trabalho, gosto da sinceridade do Daniel ao levantar a pergunta, pois talvez ela já responda o porquê de ser tão difícil “empurrar” um material artístico ao público em geral. Talvez se a mídia me vendesse adequadamente, acredito que sim, vocês apreciariam a minha música como se eu fosse algum artista desconhecido, porém, apenas na base do “ouçam minha musica, meus amigos” no facebook/soundcloud, etc. ficarei a ver navios… (literalmente, já que trabalho com navegação para sobreviver, pois mesmo tocando quase 60 shows em 6 meses – covers é claro – os cachês de hoje em dia não cobrem nem 1/3 do meu suado salário…)

      keep questionin’

      Abilio Abreu

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    • Eu resolvi pensar sobre tudo escrito e vou colocar as minhas considerações e no fim minha conclusão, como o Daniel sempre quis neste post. Depois de fugir habilmente da resposta do Dehumanizer no ultimo podcast, desta não irei fugir. Desculpe, pois vai ser longo. Colocarei o MC (minhas considerações) ao lado de cada pérola que já vi aqui.

      1)A humanidade deveria ir …” para um mundo pelo menos mais Equilibrado e Harmônico, ainda que não houvesse mais Ídolos da Música com os de antes”…

      MC: Por mais que o mundo chegasse a ser mais harmonioso (coisa que ainda está longe), os ídolos são importantes e não precisariam e nem deixariam de existir.

      2a)…”Naturalmente o saudosismo a medida em que nos tornarmos mais velhos vai tomando conta da gente em um sem número de exemplos na vida”….
      e
      2b)…”Mais uma questão interessante que entendo assim: estaríamos nós abertos para o novo? É complicado responder e mais complicado ainda este exercício de se abrir para o diferente quando já consolidamos um “gosto” musical. O diferente às vezes assusta mas também excita, trás emoções novas. complicado…

      MC: Concordo, sempre vou comparar com o que já tenho (tive) e preciso de algo a mais para que considere um destaque.

      3a)…”sim, o formato anterior era FUNDAMENTAL na consolidação de uma carreira”…
      e
      3b)…”Outro ponto importante é o formato, muito bem levantado pelo Flávio, que é a consequência do tudo ao mesmo tempo agora. Tá tudo espalhado por aí, não é ? Não se ouve uma obra inteira, dificilmente, mesmo na base do tudo ao mesmo tempo agora, por que tá tudo ” solto ” por aí”…

      MC: Concordo, infelizmente a coisa deu uma desandada, e as obras são mais efêmeras atribuindo uma idolatria fugaz aos atuais artistas. Preferia a paulatina progressiva criação de um grande ídolo de outrora.

      4)…””quando eu vi seu post, automaticamente me lembrei do meu pai. Explico: eu sempre comentei para meu pai que ele não ficasse preso “apenas” (e dá-lhe destaque para as aspas no “apenas”) nos Beatles, afinal, a fase que ele pode pegar musicalmente dizendo era simplesmente anos 60, 70, 80… e daí nem preciso continuar…
      De qualquer forma, os Beatles causam mesmo essa sensação de “completo”, de “todo”, ao seu fã, de fato que as outras bandas acabam sendo realmente “secundárias” ao beatlemaníaco”….

      MC: Procurar a referencia no Pai é perfeito, porém eu que sou fã e conheço toda a carreira dos Beatles, apesar de não ter vivido a tal Beatlemania, não consigo considerar as outras banda como secundárias. Acho que talvez aplicasse às outras bandas o conceito de secundária se as comparasse com o Led. Então da mesma forma, outras pessoas irão comparar com Bandas mais recentes, como o Metallica, o Dream Theater ou Slipknot…

      5) … “Mas é você Que ama o passado
      E que não vê É você
      Que ama o passado E que não vê
      Que o novo sempre vem…”

      MC: Eu acredito ou prefiro acreditar que concordo com o Belchior que lá nos anos 70 dizia que o novo sempre vem. Talvez demore um pouco mas virá.

      6)..”Quem poderá substituir os nossos ídolos?
      Mas precisam ser substituídos? Jimi Hendrix, Stevie R Vaugahn e Ronnie James Dio já passaram desta pra melhor e continuam sendo tanto ou mais ídolos do que foram quando estavam vivos.
      Sendo assim, precisamos de mais ídolos do que temos? Tenho convicção que não. Seria muito legal ter novos ídolos mas não considero que precisemos de mais ídolos.
      Penso que somos sortudos (ou abençoados) em vivermos em uma época em que existem tantos artistas admiráveis e precisamos ser gratos por isso”…

      MC: Os ídolos não precisam ser substituídos, mas não há nada de errado em termos outros ídolos que juntem a estes.

      Vou concluir então:
      Acho que novos ídolos virão, podem demorar, mas virão, e talvez eu tenha mais dificuldade de entender que são novos ídolos no princípio, mas inevitavelmente e com muita alegria entenderei que são os novos ídolos que se juntarão aos meus antigos.É o meu veredicto e espero não estar errado – daqui a 20 anos vou me atestar….

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      • Eita… comentário monstruoso do monstro Remote… demais!

        Remote, será que o blog estará no ar até lá? Há 20 anos atrás, estávamos iniciando a era do CD, as pessoas usavam modem de 2.400 kpbs para acessar as BBS (e não internet) e quem tinha e-mail era como ter uma Lamborguini Diablo hoje em dia.

        De qualquer forma, mesmo que o blog não exista, o conteúdo eu espero dar um jeito de guardar e nós estaremos na edição 1234938 dos nossos podcasts para discutir!

        [ ] ‘ s,

        Eduardo.

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      • Galera,
        Não sei porque estamos discutindo tanto – segundo Lester Bangs, o rock n roll dava seus ultimos suspiros em 73, antes de Kashmir ou Rock and roll all nite, por exemplo….

        Excelente atuação deste ator que se foi tão prematuramente (RIP).
        E o filme, quem não viu, recomendo…

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        • O ator não está em questionamento, o personagem sim… Eu preciso discordar de forma veemente.

          Alexandre

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        • E ainda na série o Rock and Roll (pelo menos o americano) morreu!!!!;;;; o Documentário interessante e controvertido (como nosso assunto aqui) da BBC, na sua ultima parte da trilogia anos 60/70/80, indica que o rock se foi após o grunge de Kurt Cobain. Cita especificamente que a briga dos casais Kobain/Courtney Love e Axl/Modelo bonita pacas num show da MTV, foi o prenuncio do fim do que existia antes (notadamente o Guns com sua ida para o mainstream com a dupla Use your ilusion e demais estilos) para a consagração do grunge que viria a morrer em seguida. Isso esta no ultimo capítulo. Lembremos que o documentário aborda o Rock Roll USA, apesar de referenciar outras bandas (notadamente as inglesas).
          \o que veio depois do Grunge? Vejam vocês mesmos.

          Eu que gosto de documentarios sobre nosso assunto predileto, me deliciei, concordando com grande parte….

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  12. Eu acredito que vão surgir novos grandes nomes tanto no rock quanto no Metal e seus subgêneros, não acreditar nisso seria admitir que o rock está morto, e isto, de forma nenhuma é real. Surgem milhares de bandas todos os anos, e há recantos onde o rock/metal é realmente uma coisa proscrita, (países islâmicos por exemplo); então ainda há muito ‘campo’ para surgirem pessoas, bandas, músicos de relevância mundial, que irá arrebatar os corações de seus contemporâneos e extemporâneos. Pode acontecer de que eu não presencie isso ou mesmo que estas bandas não venham a ‘mexer’ com minha cabeça, mas eu acredito sim que há esperança.

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  13. E chega o retardatário com quase 1 ano de atraso… para reacender o já pouco discutido assunto da morte do rock and roll. Na verdade, todos os posts do blog considero atuais e dignos de comentários a qualquer tempo.
    Infelizmente preciso estar inspirado para comentar assuntos tão interessantes e não é sempre que isso acontece. Ainda bem que não sou compositor, pois morreria de fome.

    Não sei ainda há o que se comentar, mas talvez venha reforçar algumas coisas já ditas ou ir contra outras. Pelo menos a reflexão fica aí registrada.

    Um ponto que acho bastante relevante é a questão capitalista da música e mais especificamente do RnR. O nosso amado estilo musical definitivamente não é um modismo como os que vemos surgir e desaparecer. Ele é auto reinventado pelas bandas antigas, por questões comerciais (aumento do território = consumidores = lucro, ou pela simples necessidade de mudar. Afinal fazer sempre a mesma coisa enche o saco! Lembro da onda colorida de meados dos anos 80. Achei esse movimento complicado de digerir na época. Judas Priest com o Turbo, Kiss como Asylum, Manowar (Fighting the World) (tudo bem que a maioria aqui não curte, eu curto kkkk) etc. O rock não morreu e a tsunami colorida passou. Algumas bandas demoraram mais para voltar ao prumo outras menos. Novas vertentes surgiram e o rock vai se reinventado.
    Minha predileção é pela primeira metade dos anos 80 quando muitas bandas estavam começando a conquista de territórios outras iniciando e jogando todas as fichas na mesa.

    Acho que muitas coisas influenciam no surgimento de novas safras (economia, política, guerras, o social, etc.). Todo esse contexto serve para deixar o cenário melhor ou pior para bons álbuns (ou não), novas bandas surgem com maior ou menor impacto.

    Não sou dos mais antenados no que tem aparecido ultimamente, mas acho que os ciclos aparecem. Uns gostam outros não.
    O RnR fica mais agressivo e tudo é reflexo do que acontece no mundo.

    Agora tem os malucos que são anti rock and roll e explodem casas de shows. Será que alguma banda vai se inspirar nisso para compor?

    Seria necessária uma visão antropológica mais profunda para ser conclusivo, mas acho que o Rock sempre existirá como a essência (guitarras distorcidas, baixo, bateria, teclado, “vocais” nem sempre afinados).

    That’s All Folks!!!

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    • Claudio, um ótimo comentário nesse polêmico post. Realmente a moda colorida foi um balde de água fria no meio dos anos 80, mas o rock sobreviveu. Continuo esperando a novidade revigoradora, que não acontenceu ainda, e enquanto isso estou ouvindo uma velha novidade, o Nektar Sounds Like This indicado pelo JP, até agora indo muito bem….

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