Cobertura Minuto HM – Edguy – curiosidades, passagens pelo Brasil e um pouco de história

Neste próximo domingo o Edguy se apresentará pela sexta vez em São Paulo, onde esteve pela primeira vez há pouco menos de treze anos. A banda, formada na Alemanha como parte da segunda geração do Power Metal europeu, criou verdadeiras raízes em terras brasileiras e sempre demonstrou grande afinidade com o público local. Esquecendo um pouco dos shows com o projeto solo de Tobias Sammet, o Avantasia (além de suas passagens solo como convidado em outros shows), vamos a um breve resumo das passagens da banda pelo Brasil.

A primeira visita do Edguy ao Brasil aconteceu em janeiro de 2002, para quatro shows durante a tour do álbum “Mandrake”, sendo o primeiro em São Paulo e os outros três em pequenas casas de shows no sul do país. O público lotou o (assim chamado na época) Directv Music Hall, fato que surpreendeu a própria banda, que mal acreditava que teria tantos e tão apaixonados fãs durante sua primeira apresentação. De fato, a plateia fez seu show à parte, arrancando declarações emocionadas de Tobias e a promessa de retorno.

A banda ficara tão impressionada com o público brasileiro que não só retornou em 2004 para a tour do álbum “Hellfire Club” (sendo headliner do festival Rock The Planet) como também trouxe os equipamentos para a gravação do que seria seu segundo álbum ao vivo (o primeiro havia sido gravado na tour anterior, e se não fosse o contrato já assinado antes da primeira passagem pelo Brasil estou certo de que “Burning Down The Opera” também teria sido gravado por aqui). O Espaço das Américas, na época, não tinha grande estrutura para shows, e devido a muitos problemas técnicos a qualidade da gravação ficou muito aquém do necessário para um lançamento completo. A banda acabou por lançar trechos do show apenas em DVD, intitulado “Superheroes DVD”, com muitos overdubs e correções.

Menção também para a letra de “Lavatory Love Machine”, do mesmo álbum, que faz homenagem aos fãs brasileiros:

Oh if only Brazil was not so far

far away I would swim or walk or ride

But never ever fly

But all the noise of the maniacs there

The sweat on my face it’s worth to bear

But I don’t wanna bounce and die[…]

Após o lançamento de “Rocket Ride”, além do EP “Super Heroes”, a banda voltou ao Brasil para agora sim gravar um álbum ao vivo com toda a qualidade a que tinha direito, em um lugar apropriado. O público que entupiu o Credicard Hall em 2006 não só viu uma apresentação de gala da banda, com direito ao palco completo e efeitos de luz, mas também foi agraciado com um “bis” logo ao início do show: devido a um problema técnico (de novo?) a banda teve que interromper o show após a segunda música, e simplesmente começar de novo. Ouvimos duas vezes, portanto, “Catch Of The Century” e “Sacrifice” naquela noite. Após três anos o Edguy lançou finalmente seu registro em terras brasileiras, o CD/DVD “Fucking With Fire”.

O show seguinte de banda, em 2009 durante a tour do “Tinnitus Sanctus”, recebeu um público muito abaixo de qualquer expectativa. Isto se deu também pelo maior tempo que o Edguy levou para lançar seu novo álbum de inéditas (anteriormente tínhamos lançamentos pelo menos um álbum, single, EP ou DVD com meses de diferença), mas o principal motivo foi o ‘boom’ de shows de bandas que notaram o potencial do mercado brasileiro. Não só o In Flames tocava na mesma noite chuvosa de domingo em outro local, mas também estávamos a um mês de receber grandes nomes como Iron Maiden e Kiss (além da expectativa da confirmação de AC/DC e MetallicA para o fim do ano). Não é para o ânimo (e bolso) de qualquer um. Tobias inclusive conversou com os poucos fãs que foram ao Credicard Hall sobre isto, dizendo que houve inclusive a possibilidade de cancelamento da tour pelo Brasil. Os presentes no entanto testemunharam um show muito agradável e divertido, além de impecável em termos de som e estrutura.

Também pela baixa procura do show anterior, a divulgação de “The Age Of The Joker” em 2012 não teve um show completo do Edguy no Brasil, mas apenas quase “pocket shows” de abertura. Em São Paulo a banda voltava, oito anos depois, ao Espaço das Américas (agora com muito mais estrutura) para abrir o show de Slash, tocando nove músicas (sendo apenas duas do novo álbum) por pouco menos de uma hora, sem empolgar a plateia que, naturalmente, aguardava o headliner.

2012a

Estando presente em todas as tours e acompanhando a evolução da banda é impossível negar que a banda tenha uma grande presença de palco, abusando da interação com a plateia e realmente aparentando divertir-se durante os shows. Os solos de bateria de Felix Bohnke, sempre acompanhados de alguma trilha sonora conhecida (Star Wars, Piratas do Caribe) são sempre um show à parte. As brincadeiras entre os integrantes, as apresentações, competições entre o público, são todos elementos que não faltam aos shows.

Os integrantes também não escondem suas bandas favoritas e influências. Tobias rasgou elogios a Slash, para quem o Edguy abriu em sua mais recente passagem. Em 2009, a banda inseriu o refrão de “Let The Hammer Fall”, do Hammerfall, durante a execução da música “The Headless Game”. E não podemos deixar de lado as menções ao Iron Maiden, para quem o Edguy abriu shows durante a tour do álbum “Theater Of Salvation” (1999) e, com isso, angariou muitos fãs. Durante a tour de “The Age Of The Joker”, Tobias Sammet substituiu a parte falada da música “Robin Hood” pelo trecho de “Seventh Son Of a Seventh Son”, apenas trocando “he has the power to heal” por “we have the power to steal… from Iron Maiden”. Finalmente, o álbum mais recente, “Space Police”, ganhou uma faixa bônus chamada “England” em que as letras citam o Iron Maiden, Bruce Dickinson e Steve Harris diretamente:

[…]England’s got Steve Harris

and if that wasn’t enough for you

England’s got Bruce Dickinson

and of on top of it – the other ones

in Iron Maiden too, yes it’s true[…]

Embora faça questão de considerar-se uma banda de heavy metal o som do Edguy foi predominantemente Power Metal desde seu terceiro álbum, “Vain Glory Opera”, de 1998. Seus dois primeiros álbuns certamente tiveram um estilo mais direto (de forma similar ao primeiro álbum do Helloween, uma de suas principais influências), mas foi com uma levada mais melódica a banda conquistou sua legião de fãs.

Adicione a esta mistura o flerte com o Hard Rock do álbum “Tinnitus Sanctus” (2008), além da postura de rir de si mesmo (que, confesso, me faz lembrar do Massacration), e terá uma boa definição do que é o Edguy: uma banda power-prog-heavy-hard-rock-“happy”-metal, com grande carisma e interação com o público, bastante competente naquilo que se propõe a fazer e que fará mais um excelente show neste próximo domingo como headliner do Free Pass Metal Festival, junto de Hammerfall e Gotthard.

Até lá!

Caio.

Contribuiu: Eduardo.



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5 respostas

  1. Caio, excelente sua volta aos posts, eu confesso não conhecer absolutamente nada da banda, desculpe-me.
    O texto e fotos estão em ótimo nível, aguardo a sequencia deste post com o show vindouro.
    Enquanto isso, poderia indicar algumas faixas de seu agrado da banda, que tal umas cinco que você entenda ser a definição da banda ?

    Grato

    Alexandre

    Curtido por 1 pessoa

  2. Salve B-Side! Valeu pelos elogios!

    Complicadíssima esta tarefa! Listas são sempre injustas, principalmente quando pensamos que temos apenas aquela oportunidade, apenas aquelas músicas para apresentar uma banda para alguém e, quem sabe, ganhar até uma companhia para o show! É uma grande responsabilidade e, claro, sempre cometemos alguma injustiça! 🙂

    Vamos fazer da maneira mais justa, creio eu. Uma música de cada fase da banda, de cada momento/álbum do Edguy. E se você gostar de alguma, eu sugiro mais algumas similares. Vamos lá, em ordem cronológica:

    1- Out Of Control (do álbum “Vain Glory Opera”, de 1998) – a música junta diversos elementos em momentos distintos (introdução, versos, ponte, refrão) e tem a participação de Hansi Kürsch, do Blind Guardian.

    2- Babylon (do álbum “Theater Of Salvation”, de 1999) – típica música de abertura de um álbum de power metal (ou seja, a faixa 2 após a tradicional introdução). Rápida, com a cozinha estilo metralhadora em grande parte e mais cadenciada nas pontes.

    3- Painting On The Wall (do álbum “Mandrake”, de 2001) – Tive que pegar uma só da dupla “Mandrake” e “Hellfire Club”, e isso doeu, rs. Esta é bastante melódica e cadenciada, e escolhi por ter funcionado muito bem ao vivo.

    4- Sacrifice (do álbum “Rocket Ride”, de 2006) – esta é realmente uma de minhas favoritas. Maior uso dos teclados, mas ainda assim muito boas e pesadas linhas de guitarra. Começa mais lenta, mas pega embalo e tem um refrão bem melódico.

    5- Dead or Rock (do álbum “Tinnitus Sanctus”, de 2008) – do álbum mais ‘hard’ do Edguy. Foi difícil escolher uma música desde álbum, já que a sonoridade mais direta está presente em diversas músicas. Fiquei com ela porque foi a escolhida pelo Edguy para abrir os shows da tour.

    Alguém pode me xingar por não ter colocado nenhuma balada, sendo que existe no mínimo duas por fase (álbum + single + EP). Se sua preferência for pelas baladas, fique com “Land Of The Miracle”, “Another Time”, “The Spirit Will Remain”, “Save Me” e “Thorn Without A Rose”.

    O Edguy tem sua seleção de músicas extremamente melódicas, teoricamente mais trabalhadas e temáticas, criadas para serem “épicas”. Se gostar deste estilo, fique com “The Kingdom”, “Theater Of Salvation”, “The Pharaoh”, “The Piper Never Dies” e “The Asylum”.

    E o lado Massacration, com músicas mais ‘caricatas’ e bem humoradas, embora ainda muitas vezes tenham um som bastante competente. Neste estilo posso citar “But Here I Am”, “Save Us Now”, “Lavatory Love Machine”, “Trinidad”, e a ótima “Judas At The Opera”, com participação de Michael Kiske.

    Você pediu cinco e lá se foram umas vinte. Como eu disse, via de regra, listas são sempre injustas, hehe. Divirtam-se!

    Grande abraço!
    Caio

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  3. Caio, se o post já é muito legal, seu retorno aos posts e comentários do blog é ainda melhor.

    Meu conhecimento a Edguy se resume a essa, digamos, “interação” com o Iron Maiden, e o que conheci foi vendo justamente textos e outras coisas relacionados à Donzela. Mas nada como sua explicação por aqui para dar uma clareza ao assunto, ainda mais se tratando de um fã que, como podemos ver, marca presença nos shows.

    Assim como o B-Side, me resta conhecer antes de tecer qualquer comentário… obrigado pelas dicas por aqui, é o primeiro post do blog sobre Edguy, e começamos bem demais.

    Bom show para você e sim, aguardando a resenha! Até já também!

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  4. Olá Caioberaldo!

    Bom tê-lo de volta.

    Durante alguns anos consumi Edguy por osmose. Morei com um amigo que curtia muito o som da banda.

    Particularmente não gosto da fase mais ‘power’ do grupo alemão, mas reconheço na banda uma vontade muito grande de soar autêntica e até em alguns momentos – na minha opinião – consegue isso. Tenho muito respeito por estas tentativas.

    Que bom que você está proporcionando mais um momento ótimo aqui no MinutoHM, justamente quando estamos discutindo sobre dar uma chance ao novo – e olha que o Edguy não é nenhum ‘garoto’ no cenário, o primeiro disco é de 1997. Pra você ‘ver’ como tem coisas bacanas surgindo, principalmente na Europa.

    Um grande abraço e mais uma vez parabéns pela cobertura.

    Daniel

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Trackbacks

  1. Cobertura Minuto HM – Free Pass Metal Festival – Edguy, Hammerfall, Gotthard (08/12/2014) | Minuto HM

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