“And Speaking of Scorpions…” por Herman ‘Ze German’ Rarebell: um visão por dentro da fase de ouro da banda alemã

Um bom metalhead deve ter em seu currículo uma bem fornida biblioteca com bibliografia de suas bandas de preferência e considero que atendo a este quesito. Bem, poucas vezes li uma obra com redação tão descontraída e pouco disciplinada como esta escrita pelo baterista alemão em conjunto com o escritor Michael Krikorian.

And Speaking of Scorpions

Esta obra, lançada em 2011 conta a vida (até o momento) de Herman Rarebell que, aliás, tem como real sobrenome “Erbel” – ele conta que mudou o nome em função da dificuldade dos ingleses em pronunciar corretamente seu nome. Obviamente a obra se concentra no período entre 1977 e 1995 quando se encontrava no Scorpions.

O livro abre contando a história dos shows na Rússia, ocorridos em agosto de 1989 que, de alguma forma, estão conectados no imaginário popular com a queda do muro de Berlim ocorrida em Novembro do mesmo ano. Ele conta como houve uma batalha para quem seria o headliner do festival em Moscou, que acabou sendo o Bon Jovi que segundo Herman, acabou em maus lençóis após uma apresentação matadora dos Scorpions.

Não vou descrever todo o livro aqui, mas creio que alguns trechos vale a pena serem comentados:

– Herman Rarebel é nascido numa cidade no sudoeste da Alemanha, à 200km de Frabkfurt.

– Cursou a Saarbrücken Music Academy, que abandonou no último ano para se mudar para Londres, em 1971, onde ele imaginou que poderia viver como um músico de rock.

– Diz ter se espelhado em Ringo Starr, Charlie Watts e Pete York (do Spencer Davies Group) e depois, Keith Moon, Mitch Mitchel e John Bonham.

– Sua história no Scorpions começou numa noite londrina no The Ship Club, onde ele acabou conhecendo Michael Schenker, à época já conhecido por seu trabalho no UFO. Ambos sendo alemães acabaram se dando bem o que levou a indicação de Schenker para a posição de baterista nos Scorpions. Herman disse que, ao contrário das promessas feitas quando de sua contratação pela banda, ao se mudar para Hannover descobriu que a banda tinha bem pouco estrutura e dinheiro o que quase o fez desistir de sua posição. Aliás, ele enche a bola de Michael Schenker, dizendo que o mesmo é a ponte entre Jimmy Page/Eric Clapton e Eddie Van Halen.

O livro é entremeado com piadas e histórias diversas relacionadas a groopies e suas aventuras sexuais. Garanto que o livro não deve estar no Top 10 de qualquer associação feminista. Outra menção repetida é Pete Way, baixista do UFO.

Em resumo, o livro é divertido, conta algumas histórias interessantes e apresenta algumas opiniões bastante sinceras de seu autor.



Categorias:Artistas, Curiosidades, Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Resenhas, Rolling Stones, Scorpions, The Beatles, UFO, Van Halen

9 respostas

  1. Schimmit,
    Excelente indicação, com certeza vale a pena e eu vou tentar “correr atrás”. Herman entra no final do “período Uli” e pelo que pouco sei é um dos “estrategistas” para que o Scorpions vá para uma posição de mais sucesso, inclusive por ser um dos compositores a partir dali. A banda se aproximaria cada vez mais do lado “comercial” e acredito que o auge foi em 1985, assim como quase toda banda de HM que participou da NWOBH. Para ter certeza disso tudo aí em cima, só lendo, ou perguntando a você…
    Dá uma ajuda?

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    • Perfeito, remote. É bem por aí mesmo. O único detalhe que posso acrescentar é que Herman identificou ao entrar, dois núcleos de compositores na banda. Um formado por Klaus Meine e R. Schencker, mais comercial, e outro, por Uli J. Roth, mais para o lado de Jimi Hendrix. Aliás, ele conta que Uli era tão fanático por Hendrix que teria namorado a última namorada de Hendrix que, aliás, é considerado por muitos como parcialmente responsável por sua morte.

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      • Essa da ex namorada do Hendrix eu sabia, eles compuseram we´ll burn the sky – uma sonzeira bem zen…

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        • Realizando um Update nos meus comentários – o livro foi devidamente lido (devorado). Vale a pena entender o outro lado dos escorpiões. Os alvos das baladas (nos dois sentidos), o ajuste da produção, o processo das composições, a banda ainda quase como amadora antes da chegada do Herman, a questão com Francis Buccholz, enfim, recomendo a todos, mesmo que numa narrativa totalmente desprovida de formatação ou mesmo de preocupação com a manutenção de um estilo tradicional de um livro.
          Eu comprei no aeroporto de congonhas por míseros 10 reais, quase inacreditável.
          Valeu a dica Schimmit.
          Remote

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          • Devorei também, em dois dias já tinha lido todo. Pra mim a grande novidade foi a participação de Michael no Lovedrive. Achava que ele tinha voltado de vez pra banda e mais uma vez brigado em pouco tempo de retorno face ao seu temperamento. Herman traz a versão de que o irmão famoso de Rudolf apenas deu uma força pra banda enquanto eles escolhiam Mathias. Ou seja algo previsto pra ser temporario mesmo.
            E fora isso, o livro vale cada página.
            Excelente a dica, sem dúvida

            Alexandre

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  2. Schimitt, valeu pela dica. Na pior da hiposteses a gente pratica um ingles
    Então sempre é bom ler sobre a historia do Metal

    Rolf

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  3. Muito boa a disca, assim como o post. O mundo dos livros tem sido invadido por boas publicações do nosso gênero mais amado, e eu particularmente adoro uma boa leitura.
    Em referência ao que foi brevemente revelado neste excelente post, me identifiquei com a questão ” ponte ” que envolve o irmão mais novo e temperamental de Rudolf.
    E concordo: Michael Schenker pode ser sim apontado em estar no caminho entre os guitarristas clássicos do início do hard e heavy metal e a revolução traçada por Eddie VH. Ainda que eu o ache mais próximo da primeira esquadra ( que é tão talentosa quanto o que Eddie nos traz) , houve sim uma mudança no som do alemão na direção do que seria ouvido nos anos 80.

    Muito legal nos trazer isso aqui, Schmitt!

    Alexandre

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  4. Xará, deixo aqui um agradecimento por mais esta ótima dica, que vem inclusive a complementar a discografia dos alemães já publicada por aqui, e que pode ser uma ótima fonte para mais informações interessantes sobre os goldens years da banda.

    Se puder contar um pouco apenas sobre a famosa “impossibilidade” de ser ter dois “Schenkers” na banda (imagino que o livro traga coisas sobre a dupla), seria legal.

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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    • Na verdade o livro fala pouco sobre Michael Schenker além do fundamental papel que ele teve na entrada de “Ze German” no Scorpions. Fica nas entrelinhas que, neste início, U.F.O. era muito maior que o Scorpions, do que se depreende que o Scorpions não seria uma opção comercialmente inteligente para Schenker mais velho.

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