As grandes vozes femininas

Não é de hoje que este post paira em minha cabeça e hoje, após mais um contato com uma das grandes vozes femininas, é hora de parar de comer um pouco e tentar, mesmo que de forma muito humilde e simples, homenagear algumas das grandes vozes femininas da música. E queria também contar com a ajuda de todos nos comentários para trazermos outros merecidos exemplos, já que eu vou me ater a apenas duas dois nomes, ambos deles de “fora” do “core” do blog, portanto, peço uma licença para tal.

Estes 2 nomes que trarei abaixo dividem o meu gosto pessoal e eu não consigo colocar nenhuma das duas como “a melhor”. São vozes que de uma forma ou outra, marcaram inclusive minha infância, ainda que de forma indireta, mas continuam me emocionando sempre que as escuto.

São eles:

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Karen Carpenter

Carpenters 1976 Karen Carpenter (Photo by Chris Walter/WireImage)

Carpenters 1976 – Karen Carpenter (Photo by Chris Walter/WireImage)

Mesmo deixando nosso plano MUITO cedo (apenas 32 anos de idade), principalmente por conta de sua luta contra um problema ainda “tabu” no mundo (anorexia), a californiana possui uma voz totalmente descomunal, no melhor sentido. Karen começou sua carreira tocando bateria (!) e cantando ao mesmo tempo. Como ela ficava escondida atrás do kit, era incentivada a assumir o microfone mais a frente da banda, deixando então outro membro tocando bateria. Aos poucos, ela foi cada vez tocando menos e cantando mais e mais.

O Brasil tem uma importância histórica enorme para fãs de Karen e, claro, da banda Carpenters, já que foi por aqui, mais especificamente no Shopping Sendas (atual Shopping Grande Rio) que a banda com Karen, Richard e a banda fez sua última apresentação oficial, durante sua única tour em nosso país. Além disso, em 05/nov/1981, no Rio de Janeiro, gravaram o clipe brasileiro de Touch Me When We’re Dancing, indo ao ar no Fantástico logo depois.

Os Carpenters foram sucesso mundial especialmente entre os anos 1970 e início dos anos 1980, atingindo uma vendagem que ultrapassou bastante a barreira das 100 milhões de cópia. Ao longo de quase 14 anos de carreira, a banda obtivera 10 compactos consecutivos entre os três primeiros lugares da parada norte-americana, recebeu 3 prêmios Grammy e teve 17 discos de ouro. Recomendo este site para saber mais de quem realmente viveu e entende do tema, site este que foi a principal fonte para o material trazido acima. E este link para o áudio do histórico último show da banda.

Não podia deixar de colocar essa que é uma verdadeira referência à voz e aos Carpenters:

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Julie Andrews

Minha primeira segunda homenageada é inglesa, lindíssima e já apagou mais de 80 velinhas de vida (e que apague ainda muitas mais). Julie Elizabeth Wells, a Julie Andrews, não apenas tem uma voz única e inigualável, como tem uma carreira de atriz e dançarina que dispensa apresentações… além disso, também virou diretora de teatro. Essa sim é um exemplo / sinônimo de postura, educação e imagem britânica.

Julie AndrewsComeçou sua carreira cedo, com apenas 13 anos de idade, passando a ter mais visibilidade quando se mudou para os Estados Unidos e debutou na Broadway logo quando completava 19 anos de idade. Em termos de curriculum, fazendo uma analogia, é praticamente uma coletânea definitiva de hits absolutos, deixando-a em uma posição bastante confortável como um dos maiores seres humanos da história em termos de arte e música. Meus prediletos vem dos anos 1960, com Mary Poppins (1964) e The Sound Of Music (1965), ainda que ela mereça muitas outras citações, já que a lista é de impressionar a qualquer um. Isso sem contar os musicais, livros

E, como muitos grandes artistas, ela saiu de uma família humilde, realmente pobre, rumo a ser marcada como uma das vozes mais puras, de alcance surreal, de tom único.

Fica muito difícil trazer músicas sem ter a sensação de economia total de exemplos, já que tenho muita segurança em afirmar que tudo que ela canta pode figurar em uma lista. Dito isso, trarei apenas dois marcantes clássicos:

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Agora queria as contribuições de vocês. Eu poderia citar Annie Haslam, por exemplo, do Reinassance, que aprendi a gostar por (mais um) incentivo sempre espetacular vindo dos gêmeos. Mas eu tenho certeza que eles trarão de forma muito competente mais sobre ela – e é justo, merecido.

Há outros grandes nomes do rock e do metal, mas deixarei com vocês também… sei que aparecerão grandes nomes de ruivas, morenas, loiras… que venham mais exemplos!

[ ] ‘ s,

Eduardo.



Categorias:Artistas, Curiosidades, Entrevistas, Músicas

30 respostas

  1. Atualmente tenho transitado entre Cosmos de Carl Sagan de um lado e filmes como Lucy e A Viagem (Cloud Atlas) de outro, com músicas de Vangelis e Jean Michel Jarre no meio.
    Mas sempre haverá espaço para Julie Andrews: “uma lembrança”, como diria Lucy.

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  2. Bom Eduardo, é impressionante e novamente vejo que mesmo sendo de gerações teoricamente “diferentes”, nossos gostos e “descobertas” musicais se alinham. Não é nada incomum você trazer indicações que vão “bater” com as minhas predileções e também já presenciei o inverso (eu indicando para você gostar).
    Karen Carpenter e Julie Andrews são impecáveis e “IMEXÍVEIS” numa lista minha de 10 mais, que eu nunca fiz….
    Mas peraí, tendo ou não que escolher a predileta, já que vc não mencionou claramente vou ficar na minha então e vou indicar rapidamente outra que você já bem sabe e vem aprendendo recentemente a gostar:
    Annie Haslam (Renaissance e demais)
    Um clássico no Brasil:

    P&B – outro clássico e haja agudo…

    Carpet of the Sun já na carreira solo

    E também numa festinha no RJ…,,,

    Um show completo num programa

    Tenho outra para apontar, mas vou deixar os comentários rolarem…
    Flavio Remote

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    • Remote, este blog é um grande encontro de situações como estas que você comenta, e é exatamente por isso que ele existe e é único. E como você bem disse, é uma prova também que gerações mudam, mas isso não necessariamente significa que o que é bom deixa de ser bom, ou especialmente aos mais novos, que normalmente tendem a negar o “velho”, que não podem curtir o passado como ele deve ser curtido.

      Aqui era até uma questão de respeito aos mestres deixar você, ou seu irmão, trazer tal exemplo, e os vídeos acima voltam a afirmar (já que não é novidade vocês falando dela) a qualidade exuberante, um alcance vocal impressionante e agudos que raramente são vistos por aí.

      Há outros exemplos e vamos deixando a galera se manifestar, então.

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  3. Karen Carpenter é uma cantora sensacional! Por influência do meu pai, a escutei muito! Para mim, a referência de música da dupla é essa:

    Só vale música em inglês? Para mim, ninguém melhor que Elis Regina:

    Abraços!

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  4. Deixo dois nomes aqui:

    1- Ella Fitzgerald – Nunca ouvi alguém com tanto domínio vocal quanto ela.
    2- Joni Mitchell – Discografia obrigatória para quem gosta de música!

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  5. Como diria o Rolf, excelente pauta!!!

    Primeiro, vou prestar uma reverência aos nomes já citados .
    Alguns , em particular, vou também endossar a reverência em formato de indicação via youtube.
    Assim, lá vai ;

    A minha cantora preferida de todos os tempos é a Karen Carpenter . Vocês já citaram música aí acima que são de chorar , inclusive a This Masquerade, que sempre comparei a versão do duo com a do George Benson, uma maravilha também. Mas como o assunto aí que voltado para as cantoras, deixemos o ícone americano de lado, quem sabe em uma outra oportunidade. Voltando a Karen, que tal Rainy Days and Mondays ? Ou Superstar ?

    Como o Flávio já deu um show de Annie Haslam, trago apenas um novo exemplo, via youtube: Ocean Gypsy. Dentro de seu estilo, e talvez no rock em geral, eu não encontro exemplos de voz em seu estado mais puro:

    Vejam, eu acho a Julie Andrews sensacional, mas acredito que os melhores exemplos já estão no post. Assim, me junto à vocês na reverência por sua voz majestosa.

    O Glaysson citou a Elis, que no Brasil, dificilmente encontra rivais, aliás no mundo também…

    Vou aproveitar e trazer outros dois exemplos fantásticos da saudosa cantora :

    Como nossos pais, clássico…..

    E atrás da porta, interpretação emocionante…

    Agora, trazendo nomes ainda não citados, vou começar por uma que talvez nem fosse lembrada por aqui, mas que tem uma voz suave e afinação poucas vezes ouvida. E além disso, faz duetos com gente como Marvin Gaye e Lionel Richie :

    Menos conhecida ainda, pouco citada, e uma das minhas preferidas da década de 70, Gladys Knight ( a “dancinha ” do backing vocals é de doer):

    Trazendo pro ” drive”, eu citaria uma das preferidas da minha esposa, Bonnie Tyler :

    Agora, falando em drive, e puxando um pouco mais para o estilo de nossa predileção, ninguém começou essa história em se tratando de vocal feminino do que uma tal de Janis :

    E no metal, os exemplos mais conhecidos hoje apontam para o lado erudito, com Tarja Turunem talvez sendo a maior expoente :

    Eu particularmente gosto bastante da Cristina Scabbia, do Lacuna Coil :

    Por fim, segue um exemplo já não tão novo, mas fazendo bonito em um tributo a Aretha Franklin :

    Joss Stone:

    Eu poderia citar muitas outras, mas vamos deixar o restante da galera se pronunciar…

    Alexandre

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  6. As vozes que me tocam mais são aquelas que combinam um excelente técnica, com uma emoção passada em cada nota.
    Pra mim, não se pode falar em vozes femininas sem mencionar Billie Holiday. Sensacional.

    Strange fruit: não tem uma única vez que eu não me arrepie qaundo escuto esta música. Comparar os corpos de negros estrangulados em uma árvore com “estranhas frutas” bah!

    Outro exemplo:

    Eu já iria citar, enquanto lia o post e seus comentários, a Joss Stone. O Alexandre me ganhou, mas ainda dá pra inserir alguns outros exemplos de sua grande voz:

    e aqui, com o brinde da guitarra elegante de Jeff Beck:

    Por fim, a maior diva da Soul Music: Aretha Franklin:

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  7. Bom, falaram da Janis Joplin e esqueceram da Grace Slick.

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  8. Jinx Dawson: pouco falada, talvez porque no meio de tantas letras românticas, ela preferiu falar sobre ocultismo e satanismo, utilizando o símbolo do “devil horns” nos discos e aparecendo pelada na mesa de um ritual.

    Aqui uma performance rara de 1969, ao vivo.

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  9. Minnie Riperton da linha do soul e R&B, foi back vocals de Muddy Waters e Chuck Berry. Teve uma carreira curta, morrendo de câncer de mama aos 32 anos, mesma idade de Karen Carpenters.

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  10. Kate Bush: Voz aguda, coreografia própria e elementos de teatralidade na interpretação de suas músicas numa combinação perfeita com os instrumentais.

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  11. Eunice Kathleen Waymon mais conhecida pelo nome artístico, Nina Simone: Voz forte e de personalidade forte não gostava muito de assédio e dizem que tratava mal os fãs. Contestadora e defensora dos direitos dos negros na década de 60.
    Foi inspiração para o pessoal do rock, que chegou a fazer cover de suas músicas. The Animals e Pentagram tocam a música deste vídeo abaixo.

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  12. Estou só vendo o Julio Cesar dar uma verdadeira aula por aqui com mais e mais excelentes nomes… muito obrigado por todas estas contribuições, Julio!

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  13. Sim, todas sensacionais ! Incrível os agudos da Minnie Riperton e da Kate Bush, ambas circundaram meu ambiente musical durante a década de 70. Eu já tive um disco coletânea de maiores sucessos com essa Loving You e Wuthering Heights de tão boa foi até regravada pelo Angra em seu álbum de estréia.

    Não conhecia essa parceria inusitada da Sarah VAughan com o SImonal, obrigado pela aula.
    Esse blog só tem phd em conhecimento musical, impressionante!

    Alexandre

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  14. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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