Cobertura Minuto HM – Rolling Stones em SP (show 2) – parte 3: resenha

Antes de mais nada, uma reverência: vou falar dos Rolling Stones. E passando novamente pelo nosso país. A honra é enorme. Vamos blindar os clássicos!

Já tivemos duas partes pré-show por aqui (primeira e segunda), assim que a ideia por aqui é ir diretamente ao que interessa! Tour Book comprado (por caros R$ 50,00), estava tudo pronto.

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Titãs

Quem me conhece um pouco sabe que normalmente bandas nacionais não são meu negócio. Apoiar é uma coisa, gostar é outra. Há uma exceção aqui e ali, e os Titãs são justamente parte desta minha limitada abertura.

Trazendo um set verdadeiramente matador em termos de clássicos, com 5 faixas do Cabeça Dinossauro e 4 do Jesus não Tem Dentes no País dos Banguelas, os Titãs não tocaram, eles DESFILARAM para um público que os reverenciou por todo o tempo, acompanhados de um som perfeitamente ajustado e, como se deve ser sempre, ALTO.

A banda mostrou estar em dia em todos os aspectos, inclusive com suas ferrenhas – e inteligentes – críticas políticas. Acho que nem eles imaginavam o que estouraria poucos dias depois, coisa que estamos passando agora, menos de 1 mês depois do show. Mas musicalmente falando, estão todos muito bem após os longos e bastante representativos anos de estrada e de excelente representação no cenário nacional.

Destaques? Difícil, tudo foi legal. Posso dizer em um aspecto mais pessoal que Flores e Polícia, minhas prediletas, foram grandes momentos. Mas Sonífera Olha, Comida, Cabeça Dinossauro, Homem Primata (ahhh, o capitalismo selvagem…) e Bichos Escrotos foram mais que cantados por um Morumbi já praticamente lotado durante este show de abertura.

Para terminar, uma saudação e reverência dos Titãs a Raul Seixas com Aluga-se, outro momento mais que bem aceito pelo público. Olhando as bandas de abertura que Rio (Ultraje a Rigor) e Porto Alegre (Cachorro Grande e Doctor Pheabes) tiveram, creio que os paulistas foram os que se deram melhor – nada contra as outras bandas, mas creio que muitos concordarão.

Ótimo show.

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Rolling Stones

Os Stones atrasaram cerca de 10 minutos para subir ao palco. Como em todas as aberturas de shows hoje em dia, um verdadeiro mar de celulares e até mesmo tablets tomaram conta do “espaço aéreo” de nossas cabeças para registrar a banda. Até aí, nada de novidade. Mas é necessário registrar que o público de shows de porte não é normalmente o público acostumado com shows no, digamos, “dia-a-dia”. Foram 68.000 pessoas presentes em um praticamente lotado estádio (show ficou sold out rapidamente), ainda que a VIP não estivesse totalmente cheia – ou será que finalmente pensaram em área de circulação?

Soma-se a isso o fato de todos quererem “aparecer” de qualquer maneira com as tais fotos autorretrato (eu sei como é o nome criado em inglês, mas não o uso, obrigado). Isso irrita profundamente pois a pessoa perde a oportunidade de ver um dos melhores momentos, que é aquele “apagar das luzes” e o primeiro contato com os artistas. Veja bem, de maneira alguma sou contra ter registros do show, até porque mais abaixo teremos tais registros… mas o excesso é que incomoda, e isso se deu neste show. E além do normal, Luciana Gimenez cansou de passar na área VIP (que fica entre a pista VIP e a pista “normal”), o que gerou muita curiosidade especialmente dos menos acostumados com shows, inclusive para as tais fotos. Antes do show, não vejo problema, mas ela passando par lá e para cá durante o show (as vezes gritando para ser ouvida pela produção e staff) chegava a fazer pessoas “disputar” a atenção com o show, o que é, para dizer o mínimo, lamentável. Fotos dela e uma rápida aparição no final do vúdeo vídeo do Honky Tonk Women poderão ser vistos mais abaixo.

“Desabafo” feito, não há como não abrir um sorriso de orelha a orelha com a abertura de Jumpin’ Jack Flash (após um vídeo bem introdutório bem legal), talvez minha favorita dos Stones. Sonzeira, rock and roll purinho, maduro, colhido no pé. E aqui uma constatação imediata, já esperada, mas que deve ser registrada. São 2 shows: um do Mick Jagger. Outro dos outros e de todo o “resto”, inclusive de Keith Richards e dos outros membros da banda. Para mim, por mais piegas que soe, efetivamente fez uma “simpatia com/para o diabo”, porque não é possível… o cara continua a mil por hora, uma simpatia, e mais que isso, com uma voz em excelente estado. Não querendo comparar quem é melhor ou não, ou a dificuldade de se cantar entre cada música ou estilo, Mick é daqueles que entra no seleto ranking dos caras que souberam envelhecer e cantar bem ainda, como Glenn Hughes, Steven Tyler, Bruce Dickinson, Macca, apenas para citar alguns, mas não foge também muito disso. E como frontman, é daqueles que não possui substituto.

O palco, que faz parte de um item importante dentro do “outro show”, é radicalmente mais simples do que o Brasil já recebeu, especialmente o de 1995. O palco traz telões laterais e o central com altíssima resolução, creio que algo perto de 4K, se não for mesmo 4K, pois o nível de detalhes é impressionante. Aliás, toda a logística da banda, obviamente, é de um profissionalismo que justifica o tamanho dos Stones, pois estava tudo certo: som, luzes, imagens, tudo perfeitamente sincronizado e nada que pelo menos eu tenha notado de falha ou erro durante todo o show. As iluminação é impressionante, pois gera painéis e uma espécie de “moldura” pelo palco e passarelas laterais usadas por Jagger, transformando o palco em uma verdadeira “pintura”. O legal é ver ainda o palco ficando preto para Paint It Black e vermelho para Sympathy For The Devil, apenas para citar dois exemplos – ambos poderão ser conferidos em vídeos mais abaixo também.

E o tempo? Estava chovendo muitos nos dias que antecederam o show. Havia dúvidas sobre o tempo na noite do sábado. Antes do show, olhei para o céu e não havia como chover. Mas a cidade é São Paulo, é show de rock e dos Rolling Stones. Conclusão: São Pedro deu seu jeito de mandar uma água, ainda que rapidamente. Foi em torno da Honky Tonk Women também, um pouco antes, um pouco depois. Chegou a chover por uns 2 minutos até para muitos colocarem capa, mas logo a chuva virou garoa, que ficou mais alguns poucos minutos. Enfim, mais um registro.

Voltando ao show, a banda mais uma vez apostou em um set consagrado, recheado de clássicos. Não posso deixar de lamentar as ausências de 3 músicas que tenho muita predileção: Angie, Let’s Spend The Night Together e Ruby Tuesday. No caso das duas últimas, o pessoal que viu o show em Porto Alegre em 02/mar/2016 teve mais sorte. Entretanto, fica difícil reclamar do repertório, com 3 faixas do Let It Bleed, duas do Exile On Main St. e depois uma verdadeira coletânea de outras duas ou apenas uma música “medalhão” de cada álbum. O início do show é matador, com a sequência com It’s Only Rock ‘n’ Roll (But It Like It), Tumbling Dice, Out Of Control e All Down The Line…

Notei que a velocidade das músicas, entretanto, deu uma boa baixada em comparações com suas versões em estúdio ou ao vivo de anos atrás. Creio que é natural. Charlie Watts, quando veio à frente mais ao final do show, é daqueles que eu sonharia que fosse meu avô. Seria um orgulho danado, como sempre digo quando penso nele. Mas realmente a coisa está em um nível limite, não há como negar, ainda que ele conseguiu manter seu tradicional estilo por todo o show, mesmo com as músicas ganhando versões mais longas, o que acaba exigindo bastante do baterista – claro, não é nada robusto, técnico, mas a precisão é necessária e isso tem. E como é legal ver o estilo dele em tocar: ao tocar o famoso “Pop Rock”, Watts sempre levanta o braço direito sem tocar uma parte no contra-tempo, enquanto a baqueta esquerda vai para a caixa. É um estilo singular, uma marca registrada.

She’s A Rainbow venceu a votação da noite e foi bem legal. A sequência do show trouxe a clássica e mais que bem-vinda Wild Horses, depois Paint It Black, outra favorita minha (que cansei de tanto ouvir em um CD importado do Japão adquirido pelo meu pai, e que ainda o tenho e guardo com carinho) e Honky Tonky Women, que contou com as apresentações dos membros da banda (e haja gente – pleonasmo dizerem que todos de altíssimo nível). Alguns destes momentos, como comentei acima, ficam registrados nos vídeos abaixo, com direito a chuva e Mick Jagger a pouquíssimos metros, no mini-palco no meio da pista VIP:

As duas próximas – Slipping Away e Before They Make Me Run – são boas músicas, mas que me desculpem aqui os fãs mais fervorosos: eu gosto de Keith Richards – se ele não é a “alma” dos Stones, é o “corpo”, sei lá… é fundamental… é um ser híbrido uma figura marcante, uma lenda, extremamente carismático, simpático, icônico… mas até aí, nada disso o qualifica para cantar. Eu entendo o descanso merecido de Mick, mas é osso duro ouvir Keith cantando. Novamente, peço desculpas pela opinião mais direta e forte, que entendo ser bastante controversa entre os fãs. Aproveitando, vamos falar de Ron Wood, o “caçula” com 68 anos: Ron será papai (!) de gêmeos (!!) e está em ótima forma tanto física quanto musical. E um detalhe: usando um Apple Watch. Ou seja, um cara up-to-date :-).

Midnight Rambler e Miss You são boas “surpresas”, especialmente a primeira. E a partir delas, os Stones fazem um verdadeiro desfile de hits absolutos da banda e do rock, com Gimme Shelter, Start Me Up (outra favorita) e a emblemática Sympathy For The Devil em versão esticada, trazendo talvez o auge do show, com toda a performance teatral de Mick Jagger:

A divertida e cantante Brown Sugar fecha o show para dar a deixa para um retorno rápido para um BIS espetacular, com You Can’t Always Get What You Want (mais uma favorita), contando com um coral lindo de jovens da USP. Aqui a banda praticamente inteira é colocada à prova. Outro grande momento.

O fim é talvez o mais óbvio que se pode ter na história da música, com (I Can’t Get No) Satisfaction, em outra versão estendida. Uma rápida amizade com um “camarada” que havia bebido todas e que segurava os copos comemorativos do show. Ao final, peço um copo e gentilmente o recebo, hehehe.

A banda se despede do público em um show marcante, e que talvez marque o último da história da banda na cidade. É torcer que não!

Long Live aos Stones!

Galeria de Fotos com show, Luciana Gimenez, Tour Book e o copo da noite:

The Rolling Stones Setlist Estádio do Morumbi, São Paulo, Brazil 2016, América Latina Olé

Infelizmente, mais um registro deve ser feito por aqui: a saída do show. Talvez uma das piores que eu já tenha passado na vida. O Morumbi é um estádio totalmente obsoleto em todos os sentidos, especialmente acessos. A saída, mesmo após certa espera, foi vergonhosa. Não havia qualquer circulação. Estavam todos sufocados.

Muitos furtos aconteceram (carteiras e celulares, especialmente). Ninguém andava para qualquer lugar. Foi uma vergonha sem tamanho, algo revoltante, totalmente inaceitável. Shows no Morumbi são, hoje em dia, um verdadeiro sacrifício e estas saídas acabam estragando um pouco os momentos de felicidade que acontecem do lado de dentro. Isso sem contar a dificuldade e a roubalheira de taxistas e transportes clandestinos que são para lá de conhecidos por todos, mas a polícia, claro, nada faz. Um lixo que só se vê neste país, diga-se de passagem. Não é um luxo apenas de São Paulo – são raros os lugares onde minimamente um serviço aceitável seja conferido. E as empresas continuam reinando livres e soltas. É uma pena.

[ ] ‘ s,

Eduardo.



Categorias:Artistas, Cada show é um show..., Covers / Tributos, Curiosidades, Músicas, Resenhas, Rolling Stones, Setlists

7 respostas

  1. Grande review do show, presidente. Bastante completo e fica difícil, pra mim, acrescentar alguma coisa.
    Posso destacar que no show em Porto Alegre a música escolhida pelo público foi “Let’s Spend The Night Together” que mostra uma escolha bem mias “medalhão” que She’s a Rainbow. Ruby Tuesday no lugar de All Down The Line, considero ser um ganho apesar de que a música tocada em SP ser bem interessante também.
    Concordo com tua observação quanto a divisão Mick Jagger x Todos os outros. A energia do Jagger é impressionante. Em Porto Alegre a chuva foi de volume variável, porém incessante e Mick Jagger deve ter passado mais de 80% do show debaixo de chuva. Já os outros (especialmente os “móveis” Ron Wood e Keith Richards, primordialmente, preferiram o conforto da cobertura do palco.
    Foi curioso ver a equipe da banda tentando secar o quilométrico palco exposto as intempéries a cada “estiada” da chuva, com rodos, para, 5 minutos depois recomeçar a chuva, implacável. Mick Jaggfer, como já disse, não deixou de percorrer, pra lá e pra cá, todo palco, mas senti que ele correu menos, ficava mais caminhando. Talvez com receio de algum tombo.
    Um grande show. Histórico pra Porto Alegre.

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    • Xará, aqui também só me resta agradecer pelas palavras. E legal ver você, fã declarado da banda, também concordar sobre o lance dos 2 shows – Jagger e o “resto”. Obrigado também pelos comentários da passagem da banda pelo sul do país – e quem diria, com mais chuva do que em SP, “a terra da garoa”.

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  2. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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