Discografia Iron Maiden – Episódio 02: 1980 – do Metal for Muthas ao primeiro álbum homônimo

Iron Maiden – Discografia Comentada

Episódio II: 1980 – Do Metal for Muthas ao primeiro álbum homônimo

“O Iron Maiden vai te pegar … não importa onde você estiver”

No capítulo anterior (que você poder ler aqui), acompanhamos a consolidação da primeira formação do Iron Maiden que iniciaria a jornada para a gravação de seu primeiro álbum de estúdio, após a assinatura de um contrato com a EMI em dezembro de 1979.

O ano de 1980 aguardava bons acontecimentos para a banda, que iniciaria a oficializar seu som dentro do cenário britânico, acompanhado da solidificação do novo conceito abordado pela mídia à época: a nova onda do Heavy Metal britânico (The New Wave of British Heavy Metal – também referenciada pela sigla: N.W.O.B.H.M. ou NWOBHM).

A consolidação da Nova Onda

Vimos que o termo surgiu da revista Sounds, durante uma resenha de um show datado de 08 de maio de 1979, com as bandas Iron Maiden, Angel Witch e Samson. Foi a mídia que acabou alavancando o surgimento do termo. Entretanto, as influências da NWOBHM não vieram de um label, mas de uma evolução da cena musical londrina do meio para o fim da década de 1970 e início da década de 1980, que começou a ocultar o brilho que o Punk Rock tinha destacado nas mídias da época.

Vamos do início. Desde 1968, a Inglaterra estava com seus gigantes Led Zeppelin e Black Sabbath dominando a cena musical. Durante os dez anos que se seguiriam, o rock metálico era tocado em todos os cantos, atraindo multidões. Foi lá por 1977 que esse mesmo rock começou a perder espaço para uma nova ótica musical que vinha ganhando força: o punk rock – estilo que foi extremamente consumido por um proletáriado inglês de baixa renda e que clamava por mudanças políticas e sociais.

O Punk possuía alguns pilares:

  1. As letras cheias de ideais político-anarquistas e revolucionários;
  2. O visual agressivo e anti-social (as apresentações musicais não tinham espaço para pirotecnia, encenações e fantasias);
  3. A imagem do anti-ídolo (aquele cara que nem precisava saber tocar seu instrumento direito, desde que fosse um rebelde, com cabelo despenteado e cara de mal).

Durante a segunda metade da década de 1970, surgiram bandas que não se adaptariam aos conceitos desse movimento, indo justamente ao contrário do que era proposto:

  1. Letras sem qualquer cunho político-social;
  2. O visual preto-padrão, com apresentações que entretessem o público, quando conveniente;
  3. Os músicos precisavam tocar seus instrumentos com técnica, velocidade e precisão.

A única filosofia que a NWOBHM tomou do punk-rock foi o “faça você mesmo”. No seguinte sentido: se sua banda queria lançar um álbum, não deveria ficar sentada no sofá esperando uma gravadora bater à sua porta. Seus integrantes deveriam juntar o pouco dinheiro (de seus trabalhos paralelo à banda) e lançar um álbum de forma independente. E depois disso, eles mesmos deveriam divulgar o próprio material e angariar seus próprios shows (como exemplo, deixo o próprio Iron Maiden com a história de seu The Soundhouse Tapes).

Essa era a primeira diferença dessa geração de bandas quando comparados ao Led Zeppelin e o Black Sabbath. Enquanto esses últimos eram visto como deuses intocáveis, as bandas da NWOBHM tinham contato direto com sua parcela de fãs.

Das bandas dessa época, não podemos deixar de citar: Iron Maiden, Def Leppard, Venom, Saxon, Motörhead, Tank, Diamond Head, Samson, Raven e Tigers of Pan Tang.

NWOBHM

NWOBHM: uma infinidade de bandas caberia aqui, mas vamos nos conter.

A demanda de bandas locais era tanta que, para efeito de promoção, a EMI resolver criar uma coletânea com tais materiais locais. Em 15 de fevereiro de 1980, foi lançada a Metal for Muthas, que continha duas músicas da Donzela de Ferro, Sanctuary e Wrathchild (gravadas em outubro de 1979, quando o segundo guitarrista da banda era o Tony Parsons).

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A capa e contra-capa da coletânea Metal for Muthas

“Muthas” é uma expressão, digamos, carinhosa para “motherfu***”. Ou seja, o álbum possuía metal para aqueles que eram leais ao estilo: fãs que por tanto tempo vinham acompanhando suas bandas, mesmo nos momentos mais difíceis. Era uma espécie de homenagem, que acabou promovendo muito o trabalho do Iron Maiden e que acelerou o processo de gravação de seu primeiro álbum. Diversas bandas conhecidas como Def Leppard e Saxon não puderam adentrá-la, por estarem em processo de assinatura com outros selos (o que aumentou ainda mais os rumores de que a EMI tinha feito o álbum propositalmente para  a promoção da Donzela).

No ano 2000, Metal for Muthas foi remasterizado e disponibilizado pela primeira vez em CD, suportado pelo selo da Sanctuary Records (o fato de Rod Smallwood ser o dono do selo NÃO é mera coincidência). Você pode ouvir nos links abaixo o áudio das duas faixas da Donzela dessa coletânea (e, mesmo sendo versões diferentes das mais conhecidas – não deixe de banguear e perceber o quão potente já era o som do Iron Maiden mesmo sem um único álbum próprio à época):

A “nova onda” do Heavy Metal Britânico teve sua criação e ápice entre 1979 e 1981, sendo que depois caiu no mainstream e o título em si perdeu força (e se depois do seu “declínio”, ele voltou e as bandas foram reformuladas e blá blá blá, isso não é intenção desse post).

A criação artística de Eddie, The Head

Até o momento antes do contrato com EMI, Eddie, The Head, era um acessório usado nos palcos da Donzela de Ferro: uma máscara (que inicialmente era usada pelo vocalista Dennis Wilcock em suas performances teatrais) que fora aprimorada ao longo dos shows da banda na década de 1970. Para dar um “quê” a mais nos efeitos de luz do palco, o iluminador e assistente de palco, Dave Beasley, auxiliava nos holofotes vestindo uma máscara de Eddie.

A ideia veio de Rod Smallwood. Já que aquele “ser” era tão presente nos shows da Donzela, não havia um porquê para que ele não estampasse a capa de um álbum da banda. Rod começou a pesquisar por profissionais que pudessem contribuir para a realização daquela ideia.

E, de acessório, foi transformado em ilustração…

Eddie, The Head, é obra criada e assinada pelo desenhista inglês Derek Riggs (aquele mesmo do primeiro post da história deste blog) – que trabalhou durante muito tempo para a Donzela (e que também produziu capas para outras bandas, como Dream Theater, Stratovarius, Gamma Ray, para a carreira solo de Bruce Dickinson e por aí vai).

A primeira concepção de Eddie veio na capa do primeiro single, Sanctuary, que trazia uma figura ainda desconhecida ao lado esquerdo da arte: um Eddie com rosto desconhecido, sendo que apenas seus olhos e silhueta eram apresentados ao público. Os traços do rosto, entretanto, seriam criados para o primeiro álbum. O mais interessante é que a tal ilustração já existia antes do Maiden.

Rod Smallwood gostou de uma capa de jazz que estava nos corredores da EMI, que havia sido confeccionada por Derek. Após marcar uma entrevista para conhecê-lo, Rod se deparou com várias artes no estúdio do desenhista e, no meio das imagens, ele viu aquela criatura cadavérica. Uma figura inspirada claramente pela juventude do movimento punk rock inglês do final dos anos 1970. Os traços cadavéricos vieram de referência de uma foto da batalha de Guadalcanal, tirada durante a Segunda Grande Guerra: a cabeça de um soldado japonês de “enfeite” em um tanque de guerra (o próprio Derek já deu entrevistas dizendo ser contra a palavra “inspiração” nesse caso).

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Derek Riggs e a foto usada como referência para a o que veio a ser a primeira ilustração de Eddie

Após mostrar a ilustração para os membros da banda, Rod pediu algumas alterações, como a camiseta rasgada e um cabelo maior, mais próximos às características de um fã de punk rock. Nascia ali a ilustração da capa do primeiro álbum do Maiden.

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A capa original de Iron Maiden

Derek assinava seus desenhos com um símbolo que logo se tornou o “Onde está o Wally” da Donzela. Todos as capas criadas por ele o contém.

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A assinatura de Derek Riggs (esquerda) e a localização do símbolo na primeira capa

Singles de Iron Maiden

Running Free

Lançado em 08 de fevereiro de 1980, antes do primeiro álbum, o single revelava o primeiro desenho de Eddie (à esquerda da ilustração), mas sem mostrar seu rosto. Possui duas faixas:

  1. Running Free: mesma versão que foi incorporada no álbum homônimo;
  2. Burning Ambition: primeira música composta completamente por Steve Harris, ainda na época do Gypsy’s Kiss. Também me pergunto porque Steve nunca incorporou essa música em qualquer um dos álbuns da Donzela.

 Sanctuary

Lançado em 23 de maio de 1980, a capa mostra Eddie assassinando Margaret Thatcher, que também tinha o apelido de Iron Maiden pela imprensa inglesa (a tradução seria, nesse caso, Dama de Ferro), devido à forma rígida com que mandava no Parlamento. Steve pediu à Derek que desenhasse propositalmente Thatcher para fazer uma brincadeira com o nome da banda. O single teve censura no Reino Unido e apresenta uma capa “alternativa”, com uma faixa no rosto da falecida (existe uma versão da história que diz que a faixa negra de censura veio do próprio Rod Smallwood, como jogada de marketing). O single possui três faixas:

  1. Sanctuary: a única música composta em 1980 por três dos membros do Maiden (Harris, Di’Anno e Murray). Essa faixa foi regravada com relação à versão apresentada na coletânea Metal for Muthas.
  2. Drifter (ao vivo): versão gravada no Marquee, em Londres, em 03 de abril de 1980. Se você já ouviu essa versão, onde o grupo pára no final da música para que Paul Di’Anno anime a plateia com repetições infinitas de um “iow iow iow”, e não passou raiva, você tem uma excelente resistência mental.
  3. I’ve Got The Fire (ao vivo): versão gravada no Marquee, em Londres, em 03 de abril de 1980 (sim, o mesmo show da faixa anterior). Essa música é um cover da banda Montrose, a qual Steve Harris sempre foi fã. Se você tem curiosidade em ouvir a versão original, procure pelo álbum Paper Money, de 1974.

Women in Uniform

Lançado em 27 de outubro de 1980, esse é o único EP single da banda cujo título é de uma música cover. Na capa, temos novamente Margaret Thatcher (dessa vez, viva), escondida para emboscar Eddie, que está bem acompanhado. Vamos às faixas:

  1. Women in Uniform: música cover da banda Skyhooks, que você pode encontrar no álbum Guilty Until Proven Insane, de 1978. O single teve videoclipe (o primeiro do Maiden!), que você pode conferir abaixo:
  1. Invasion: essa música também está entre as primeiras composições de Steve Harris e é uma regravação da versão originalmente colocada no EP The Soundhouse Tapes. Fala sobre uma invasão viking (anos mais tarde, uma música com tema e nome bem semelhante abre um tal de The Number of the Beast – chegaremos nele);
  2. Phantom of the Opera (ao vivo): versão gravada no Marquee, em Londres, em 04 de julho de 1980.

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Capas dos singles (esq. para dir.): Running Free, Sanctuary (as duas versões) e Women in Uniform

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“Onde está o Wally”: a localização do símbolo de Derek Riggs nas capas dos singles

“Iron Maiden” (1980)

Coisas que ninguém presta atenção Ficha Técnica:

  • Produtor: Will Malone
  • Engenheiro de som: Martin Levan
  • Remasterização: Simon Hayworth
  • Capa: Derek Riggs
  • Gravado nos estúdios Kingsway (Londres)
  • Mixado nos estúdios Morgan (Londres)
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O lineup de Iron Maiden – Esq. para dir.: Steve Harris (baixo), Dave Murray (guitarra), Paul Di’Anno (vocal), Clive Burr (bateria) e Dennis Stratton (guitarra)

Iron Maiden foi lançado na Inglaterra em 14 de abril de 1980, contendo oito faixas. Todas as análises aqui feitas seguirão a versão original do álbum. Isso porque, alguns meses depois, o álbum foi lançado nos Estados Unidos, com o tracklist contendo nove faixas (o single Sanctuary – só lançado na Inglaterra – foi incorporado à versão americana).

A grande maioria das composições foram criadas ao longo dos primeiros anos da banda, sempre com Steve à frente da maioria das letras. A sonoridade de Iron Maiden é crua e direta. O trabalho de mesa não é lá o forte do álbum. O produtor Will Malone foi duramente criticado por não estar com nenhuma vontade de produzi-lo. O engenheiro de som, Martin Levan, trabalhou diretamente com os membros do Maiden nos trabalhos de mesa.

Tracklist

  1. Prowler (Harris) – 3:55
  2. Remember Tomorrow (Harris, Di’Anno) – 5:27
  3. Running Free (Harris, Di’Anno) – 3:16
  4. Phantom of the Opera (Harris) – 7:20
  5. Transylvania (Harris) – 4:05
  6. Strange World (Harris) – 5:45
  7. Charlotte the Harlot (Murray) – 4:12
  8. Iron Maiden (Harris) – 3:35

Faixa a faixa

Iron Maiden abre com “Prowler”, com um poderoso riff e cuja letra provavelmente fala sobre um lunático que penumbra pelas ruas atrás de mulheres. Fato curioso é que ela foi gravada três vezes pela banda: no The Soundhouse Tapes, em Iron Maiden e para o single de The Evil That Men Do, que acabou sendo intitulada de Prowler-88, referência ao ano de regravação.

Na segunda faixa, temos Remember Tomorrow, uma das músicas mais calmas do disco, tendo suas melodias compostas por Steve Harris e a letra por Paul Di’Anno; que, inclusive, coloca que a letra diz respeito ao seu avô. Algumas fontes citam que ele era um piloto de avião que participou da Segunda Grande Guerra, mas essa história nunca foi realmente confirmada (lendo a letra é possível achar certa correlação dessa hipótese, mas mesmo assim não há tais fatos comprovados).

O primeiro single do Iron Maiden, Running Free, entra como a terceira faixa do álbum; um tremendo clássico, extremamente simples e direto, com uma bela pegada e uma das músicas que mais faz a espinha de qualquer fã arrepiar ao cantar o encore ao vivo (e se você esteve em um show do Maiden com ela, sabe do que estou falando). A faixa fala sobre um típico adolescente americano que começa a pedir carona pelo país afora, em busca de diversão (e que acaba até pegando uma garota no bar The Bootle Top). Paul Di’Anno, que também participa da composição da faixa, já mencionou em entrevistas que essa música é sobre sua adolescência (porém, tirando suas citações, não temos fontes oficiais sobre essa informação).

Inspirada no romance Le Fantôme de l’Opéra de 1910, escrito pelo francês Gaston Leroux (traduzido para o inglês em 1911), Phantom of the Opera é a quarta e mais longa faixa do álbum. O personagem principal é uma figura que habita nas profundezas do The Paris Opera House na forma de um fantasma (na verdade, um homem cuja feiura era tanta que o forçava a viver recluso) e é apaixonado por uma cantora de ópera, Christine Daaé. A letra da música é uma referência aos pensamentos e comportamentos do fantasma e a música em si é rápida e intensa, com pequenos flertes com passagens mais suaves.

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Capas das edições francesa e inglesa do livro “O Fantasma da Ópera”

Em 1983, Steve Harris deu uma entrevista onde comentou (tradução adaptada do excerto original em inglês por esse mortal que vos escreve): “A ideia inicial era ter uma letra. Até existe uma linha melódica para o vocal, mas quando a gente tocou, ficou um instrumental tão bom que a gente não se importou mais em criar uma letra”. E foi assim que surgiu uma das quatro (pelo menos até a publicação deste post) músicas instrumentais do Iron Maiden, a única presente nesse álbum: Transylvania.

Como só temos um título, não sabemos as inspirações que se passaram por Harris ao escrever a música. Transylvania realmente existe. Localizada na Romênia, é famosa por inspirar o romance Drácula, escrito por Bram Stroker, publicado em 1897, que deu origem a inúmeros filmes e peças.

Seguindo a linha calma de Remember Tomorrow, a sexta faixa, Strange Word, é uma música com uma atmosfera viajante. A letra pode levar a várias interpretações, a mais provável convidando o ouvinte (“…Don’t you hear me call?”) para viver em um mundo paralelo à realidade, um “mundo estranho” onde o tempo pode parar (“… living here you’ll never grow old”) e não há preocupações. Algumas fontes relacionam a música com drogas, mas o Steve é tão caxias quanto meu avô; então eu, pelo menos, desconsidero essa versão.

Dave Murray assina a penúltima faixa do álbum com Charlotte the Harlot, a famosa prostituta que é, digamos, homenageada em quatro faixas ao longo da carreira da banda (até o momento da publicação deste post, também). Em mais uma das declarações de Paul Di’Anno, temos a informação que ela não é, realmente, uma profissional da área (tradução adaptada novamente feita pelo mortal que aqui vos escreve): “Seu nome é ‘High Hill Lil’e e na verdade ela estava mais para uma vagabunda. Se você aparecesse na casa dela com bebida e droga, o sexo era quase garantido…a música diz que ela morava na Acacia Avenue, mas na verdade era na Markhouse Road, logo antes da entrada de Leyton.

Nota: no final do trecho acima transcrito, o termo “música” faz referência à 22 Acacia Avenue, faixa do álbum The Number of the Beast – como dito, chegaremos nele.

O fechamento do álbum fica por conta da música homônima, Iron Maiden, o maior clássico da banda, executado religiosamente em todos os shows enquanto um Eddie gigante é apresentado a milhares de fãs em êxtase (produção que iniciou depois que o cachê começou a ficar maior). A letra fala, basicamente, do quão enérgica é uma performance da banda ao vivo e que não há como fugir do som que eles tocam: você será pego onde quer que você esteja. O excerto “… I just want to see your blood, I just want to stand and stare. See the blood begin to flow, as it falls upon the floor …” é uma referência explícita à performance teatral do vocalista Dennis Wilcock, que você já leu no primeiro capítulo.

Para ter acesso a outros detalhes e curiosidades do álbum, você pode clicar aqui, em mais um post Minuto HM.

Em 1998, Iron Maiden foi remasterizado e lançado com a faixa “Sanctuary” em todos os países. Algumas versões da edição remasterizada vieram com um pequeno problema, que você pode ler aqui, novamente no Minuto HM.

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A capa da edição remasterizada em 1998, que continha o single Sanctuary no tracklist

E se por acaso você nuuunca tenha ouvido Iron Maiden, nunca é tarde:

Durante o segundo semestre de 1980, o Iron Maiden saiu em sua primeira turnê européia, ao lado do Kiss. Vários foram os episódios onde Dennis Stratton evitaria viajar no ônibus com os membros da banda, preferindo viajar com a equipe de produção e até mesmo com os próprios membros do Kiss. Mesmo alegando (até hoje, inclusive) que isso não tinha nada a ver com algum tipo de afastamento (Dennis sempre alegou que, por ser mais velho, não conseguia ficar sempre com o restante do grupo ouvindo sempre as mesmas músicas de heavy metal), Rod Smallwood e Steve Harris já haviam uma opinião formada sobre essa não ser a atitude correta para um membro da banda.

No final de outubro de 1980, Dennis participou da gravação do primeiro videoclipe da banda – o single Woman in Uniform – já estando nos planos de demissão da Rod e Steve. No início de novembro de 1980, ele foi oficialmente desligado. Em seu lugar foi (re)convidado o amigo de Dave Murray – Adrian Frederik Smith – que dessa vez aceita o convite, já que sua banda, o Urchin, havia terminado três meses atrás. A nova formação iniciaria em 1981 os trabalhos de gravação do segundo álbum de estúdio, Killers – alvo do nosso próximo post.

lineup1981

Out/80 a Set/81 – Esq. para dir.: Dave Murray, Paul Di’Anno, Adrian Smith, Clive Burr e Steve Harris

 

1980

De 1980 a 1981: visualizando a espinha dorsal do Iron Maiden e suas ramificações

No final de 1980, já com Adrian na formação, o Iron Maiden lança seu primeiro EP de músicas ao vivo, entitulado “Live!! + one”, que continha faixas gravadas no Marquee Club em 04 de julho daquele ano.

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Live!!+one: o EP teve duas versões – a principal, para o Japão, e uma tiragem exclusive, para a Grécia.

Setlist tocado na turnê Iron Maiden

  1. The Ides of March
  2. Sanctuary
  3. Prowler
  4. Wrathchild
  5. Remember Tomorrow
  6. Charlotte the Harlot
  7. Killers
  8. Another Life
  9. Transylvania
  10. Strange World
  11. Innocent Exile
  12. Phantom of the Opera
  13. Iron Maiden
  14. Running Free
  15. Drifter
  16. I’ve Got the Fire (cover do Montrose)

Kelsei.

Revisou e contribuiu: Eduardo [dutecnic].



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30 respostas

  1. Começando a ler aqui
    Muita coisa
    Muitos excelentes pontos
    Preciso parar e ler
    Kelsei excelente

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  2. Muito legal Kelsei !!! Texto com informações interessantíssimas e além de tudo gostoso de ler, ate deu vontade de ouvir o disco de estreia do Iron Maiden. Uma bela viagem aos primórdios da donzela.
    Por falar em donzela, lembro-me de ter lido há muito, muito tempo atrás não sei onde… que uma vez Di’Anno foi questionado em uma entrevista se o nome Iron maiden era uma alusão a Margaret Thatcher ou a maquina de tortura medieval, então ele respondeu a pergunta: “há diferença entre as duas coisas?”. Não sei se realmente e’ verdade, mas não deixa de ser espirituoso.
    Sobre o Metal for Muthas, nunca tinha pensado que poderia ser uma coletânea para promover o Maiden, o que realmente deve ter sido uma estratégia da EMI, já que a banda e’ a única com duas musicas. Porem quanto ao Def Leppard, o grupo já tinha assinado e lançado dois singles com a Vertigo e o Saxon já estava firme com a Carrere gravando seu segundo LP pelo selo. Mas voltando ao Metal for Muthas, além do Maiden, o disco contou com nomes de peso da N.W.O.B.H.M.: o Angel Witch, o Samson e o Praying Mantis que coincidentemente gravou o The soundhouse tapes 2 e com toda a certeza foi a banda que mais abrigou ex-musicos do Maiden: Paul Di’Anno, Clive Burr, Dennis Stratton, Bobby Sawyer, inclusive em alguns momentos com dois ao mesmo tempo.
    Falando em Dennis Stratton, ele entrou no Maiden após a desilusão com sua primeira banda, o Remus Down Boulevard, que acabou não vingando. Ele viu um anuncio de uma banda novata que estava precisando de um guitarrista. Para se inscrever ao posto o interessado deveria enviar uma foto. Por sorte dele, na fotografia Dennis estava com um cachecol do West Ham no pescoço, time de coração Do S. Harris, isso fez com que Stratton fosse selecionado para um teste, mesmo contra a vontade de Smallwood.
    Outra parte bem bacana e’ justamente quando o Kelsei cita a N.W.O.B.H.M., inclusive com o seu conhecimento sobre o assunto, ele bem que poderia fazer um post exclusivamente sobre esse movimento britânico!!!
    Um excelente trabalho Kelsei, o Minuto HM tem esse diferencial. Estamos todos ansiosos pela próxima parte.

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    • J.P., isso não é um comentário, é um apêndice! Precisa ser editado e colocado oficialmente! 🙂

      O Metal for Muthas realmente teve esses nomes mais voltados pro cenário britânico, mas até hoje a imprensa especializada coloca o álbum como chacota. Teve muita promoção também daquele DJ, o Neal Kay, que ficou famoso porque foi com ele que Prowler começou a ter destaque pela primeira vez na história da banda. Eternamente vão negar, mas eu acho que a EMI estava tentando mesmo promover o Maiden, porque era um “investimento” de alto risco para aquela época e para um cenário musical que não era das paradas principais.

      E quanto à contratação do Dennis Stratton, precisamos achar essa foto em algum lugar!

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  3. Muito interessante Kelsei!!! Uma compilação tão rica da história de uma banda não se vê facil por aí e os livros nem sempre são tão interessantes quanto um texto escrito por um fã. Como o J.P. comentou, dá até vontade de pegar o album novamente para curtir. Informações sobre a composição de uma musica é uma das coisas mais interessantes de se saber. Que mensagem realmente o musico esta querendo passar nem sempre se consegue interpretar apenas ouvindo a musica. Então, pesquisar essas informações e garimpar o que realmente importa é louvável. Parabéns!
    Valeu!!

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  4. Mais um capítulo majestoso, imagino que a série vai ser toda uma beleza de ler, reler, acompanhar junto do álbum, ouvir o singles, os detalhes , que maravilha!!!
    Antes de tudo, Kelsei, neste capítulo já enxerguei a marca Kelsei de escrita , e aqui vai mais um elogio: o conteúdo está em um excelente tom, não é cansativo e traz muitos detalhes que até nós, ” véios de guerra” no conhecimento da banda, ou não os conheciam ou já tinham esquecido ( até provável……)
    Eu não me lembrava desta foto que deu origem ao Eddie, e já tinha esquecido do simbolo que acompanha suas capas. Não me lembro de ter ouvido essas versões embrionárias de Wratchild e Sanctuary, muito legal ter todo esse material compilado num post só para nossa apreciação.
    E além de Burning Ambition, também Invasion acabou ficando de fora de um álbum oficial do Iron Maiden. Na minha opinião, ambas não são no mesmo quilate das demais que entraram no álbum, mas são boas músicas. Sanctuary, ao contrário, deveria ter estado no álbum original desde o seu início,uma pena.
    O post está inteiro um espetáculo, mas destaco a parte inicial, com o surgimento da NWOBHM e também os comentários acerca de cada faixa, ideal para se colocar o álbum pra tocar e ir acompanhando os detalhes.
    Até o KIllers!!!!!

    Alexandre

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  5. Como eu disse anteriormente, o Iron Maiden sem o Bruce Dickinson não existe pra mim.
    Fico no aguardo do post de The Number of the Beast (1982).

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  6. Olha, que trabalho sensacional do Kelsei. Parabéns para ele, assim como para o JP, nossa enciclopédia, que adicionou informações relevantes.
    Coloco aqui, um link que achei para o “Live!!+One”:

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  7. Sensacional o post. (Finalmente consegui ler…). Não há muito o que adicionar. Ficarei só nos elogios e no testemunho de ter dado uma boa ‘viajada no tempo’ enquanto lia. Parabéns!
    (Acabo de notar que estou um post atrasado já… aiaiai).

    Só uma coisa: estou MUITO curioso a respeito do “Iron Maiden que não começa com Prowler”. O vídeo do outro post está fora do ar. Não entendi, é o “Number” gravado na íntegra mas com a arte de capa e disco do primeiro álbum? Ou é só a primeira música que muda? Aconteceu só na versão nacional dos CDs ‘enhanced’ remasterizados? Alguém me explique, por favor! 🙂

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    • Fala, Caio. Sobre o ultimo assunto, na verdade era o álbum “Iron Maiden” que não começava com “Prowler” e sim com “Invaders”. O que foi isso? Uma rara prensagem errada do “Number” com toda a parte visual do “Iron Maiden”. Eram as musicas do Number, todas, gravadas em um CD do primeiro álbum da banda.

      Infelizmente, o vídeo foi removido do YouTube (não estava em nosso canal), assim como acontece no YouTube com outros casos…

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      Eduardo.

      Curtido por 1 pessoa

  8. Bom aqui é chover no molhado, e como demorei demais para ler essa catarse. Kelsei, super parabens pelo texto delicioso, e com destaques certeiros, como os comentários sobre cada das canções e muito humor na seção Coisas que ninguém presta atenção: Ficha Técnica. Eu e Ale sempre fomos muito idiotas e prestávamos atenção à Ficha Técnica tb – até hoje não sei para que.
    O que posso acrescentar é apenas de cunho pessoal, eu gosto bem do disco, e apesar do erro da produção, sempre comentado pelo Harris, entendo que é um passo à frente na cena NWOBHM, mostrando que a banda sempre esteve na ponta pelo menos nesses primeiros anos.
    Bom daqui já vou direto para o Killers, já com o tal produtor dos sonhos da banda
    Vamos ver no que dá.
    Abraços
    Remote

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  9. Willcock tentando conseguir um dinheirinho (aposentadoria extra?) tantos e tantos anos depois – IRON MAIDEN Responds To Lawsuit Filed By Former Singer DENNIS WILLCOCK: http://www.blabbermouth.net/news/iron-maiden-responds-to-lawsuit-filed-by-former-singer-dennis-willcock/

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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    Eduardo.

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  11. Strange World – Paul Day querendo “morder” uma grana da banda… os anos se passam e certas coisas aparecem…

    http://www.blabbermouth.net/news/original-iron-maiden-singer-paul-mario-day-says-dispute-over-strange-world-song-is-finished-with/

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  12. 14 de abril de 1980. O que aconteceu há 40 anos?

    Não só esse álbum fundamental foi lançado… incrivelmente, o Judas também lançou o clássico e igualmente fundamental British Steel!

    Parabéns aos “quarentões e gêmeos dizigóticos”:

    E além de tudo isso, ainda é aniversário do Blackmore… que dia, hein?

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  13. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  14. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  15. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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Trackbacks

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