Cobertura Minuto HM – Sonata Arctica – 19/maio/2017 – São Paulo – resenha

No dia 19 de maio de 2017, os finlandeses do Sonata Arctica desembarcaram em São Paulo, penúltima cidade brasileira da extensa turnê feita por dez cidades tupiniquins, para apresentar seu show do mais recente álbum, o mediano The Ninth Hour, nono álbum de estúdio da banda, que apresenta conceitos relacionados aos questionamentos entre a salvação da natureza ou o seu extermínio pela raça humana (biblicamente, a Nona Hora é o momento que a raça humana se arrependerá pelos seus erros e se sacrificará em prol dos demais – como à Natureza).

O show foi no Aquarius Bar, que eu já tinha ouvido falar (porque na última turnê da banda, o show fora no mesmo local, só que eu não pude comparecer), mas não tinha a mínima ideia de como chegar. Localizado no Bairro de Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, eu nunca tinha ido à região.

Eu moro na Zona Oeste da Capital, em Perdizes. Para quem não é daqui, vou explicar de maneira muito básica: imagina uma linha reta; eu moro em uma ponta e o show era na outra. Só que essa linha tende ao infinito… na teoria era simples: metrô + táxi. Bora lá!

A ida ao Aquarius Bar

Que bom que tinha parado de chover, mas a noite era (muito) fria! Saindo de casa 20:15, cheguei ao local 21:40. Parece simples, só que quando eu desci na última estação do metrô – Corinthians-Itaquera – e entrei no táxi, o GPS da taxista (era uma mulher, e bem jovem por sinal) mostrou a rua que o Aquarius Bar fica localizado, mas com a numeração trocada (e nós só fomos descobrir isso no final da corrida). Tipo assim, o bar fica no começo da rua, no número 40, mas o GPS mandou a gente nessa mesma rua, só que no número 1500. Conclusão: o caminho para chegar ao local passou por uma comunidade, de tamanho um tanto quanto significativo, sem luz nas vias, em estrada de cascalho. Sim, eu senti medo! A taxista também!

Ganhei até um desconto na corrida devido à confusão do GPS (porque é isso que lunáticos contemporâneos fazem: culpamos tecnologia), porque quando chegamos ao Aquarius Bar, era só ter virado uma rua antes da avenida principal que estávamos outrora. A faixada do local lembra o finado Blackmore Rock Bar, da região de Moema, em São Paulo: uma parede que não diz nada, sem letreiro nenhum e uma porta dessas de mercadinho, que fica aberta demarcando a entrada.

Antes de entrarmos, compartilho aqui a parte boa da corrida. A taxista colocou o USB dela no rádio, e a primeira música que tocou se chamava Behold, de uma banda que por mais vezes que eu tenha pedido para ela repetir, eu não consegui compreender; mas anotei que eles eram da Austrália. Compartilho aqui com vocês a música que ouvi e que achei boa, de harmonia muito bonita, logo depois descobrindo que é gospel (o que não tem nada de errado nisso), do grupo Hillsong.

A casa + Show de Abertura  Fix Over

Um mini-recinto a céu aberto: sessão de mesas de sinuca, lanchonete, bar e palco. Esse é o Aquarius Bar. O espaço é muito grande. Tinha mais gente lá do que caberia em uma casa fechada onde geralmente bandas da Europa vem em turnê, como o Carioca Clube. O ponto mais negativo era o banheiro, que não tinha sequer uma toalhinha de papel e nem sabonete. Já em relação o palco montado, era bem amplo e as caixas de som estavam excelentes. Os canhões de luzes, por sua vez, eram tão fortes que impossibilitava ficar de frente para o palco; ou você ficava de um dos lados ou ficava com a visão ofuscada constantemente.

O Aquarius Bar  Mini-recinto a céu aberto. Região do palco é coberta.

Perto do caixa montaram uma lojinha de CDs, com alguns preços acessíveis (fazia tempo que não via CDs por R$ 25,00), uma segunda tenda com produtos oficiais do Sonata (inclusive com Meet’n’Greet depois do show, ao preço de R$ 150,00 com “direito” a uma camiseta) e uma terceira tenda da banda de abertura, onde eu, defensor eterno das bandas brasileiras de metal, comprei o EP.

Quando cheguei, às 21:40, a banda Fix Over já estava no palco e o som era bem alto e limpo. Tocaram composições próprias (daquilo que eu vi) e provaram ser músicos competentes. O som do trio (baixo + guitarra + bateria) não tem nada de melódico, comparado à linha utilizada pelo Sonata Arctica. O vocalista cantou muito bem e o guitarrista provou ser bem versátil no instrumento. O batera bem que podia ter usado uma camiseta sem ser cavada né! Tocaram até 22:00, quando as cortinas de fecharam e o palco começou a ser preparado para a atração principal.

A Fix Over ao vivo e o Single Desire, que comprei por R$ 15,00. No EP, o trio é formado por Kevin Tricanico (baixo), Wesley Joanes (guitarra) e Fox Mars (bateria) – no show, o baterista era outro do relacionado no EP

Fiz um vídeo da última música tocada por eles, Stop This Evil:

A atração principal – Sonata Arctica

Às 22:30 as cortinas se abrem, apresentando a batera de Tommy, os teclados de Henrik e o pano de fundo da turnê The Ninth Hour. Poucos minutos depois, inicia-se o início instrumental de We Are What We Are (aquele famoso sample). Durante sua execução vemos Tommy Portimo (bateria) adentrar seu kit, cumprimentar a galera e, instantes depois, vem uma voz: Are you ready to rock with Sonata Arctica? É a deixa para Pasi Kauppinen (baixo), Henrik Klingenberg (teclados), Elias Viljanen (guitarra) e Tony Kakko (vocal) adentrarem ao palco, iniciando Closer to an Animal, melhor faixa do novo álbum, na minha opinião. Dessa vez eu fiz vídeo:

Na sequência, encabeçaram The Wolves Die Young e In Black and White, primeiras faixas dos álbuns Pariah’s Child e Unia, respectivamente. Apesar de serem músicas da “nova fórmula” que o Sonata resolveu aplicar no meio da carreira, são músicas que funcionam bem ao vivo (e que também tem vídeo!). Na quarta posição, vindo da velha guarda, a baladinha Tallulah, fez até uma fã perto de mim derramar lágrimas de emoção (menos, vai!).

Os backing vocals da banda sempre são muito fracos, não só nessa apresentação. Não me lembro, de todas as vezes que os vi, de existir backing vocal significativo – o volume é baixo e a habilidade de canto de Henrik e Elias é bem simples. Voltando ao novo álbum, a boa Fairytale foi seguida pela sensacional Misplaced e pelo clássico já obrigatório nas turnês, Fullmoon, sempre cantada em plenos pulmões pelo público brasileiro (dessa vez os músicos até deram uma cortada no som no momento do Run Away, Run Away, Run Away do refrão, e confesso que ficou bem legal só a galera cantando intermediando com a canção).

Na sequência, a enfadonha Among the Shooting Stars aparece. Tanta música melhor do novo álbum para por… enfim, nesse momento ocorreu algo tenebroso! Eu percebi que meu espaço de armazenamento no celular tinha acabado! O video de Misplaced que fiz tinha só 1 minuto. #infarto! E lá vai eu fuçar no que dava para apagar, enquanto aquela baladinha contemporânea era executada, que quando é finalizada a banda se despede do palco e um novo sample é executado, seguido da introdução (também sampleada) de Gravenimage. Era sinal que algo do álbum Winterheart’s Guild seria executado. E a faixa escolhida foi Abandoned, Please, Brainwashed, Exploited. Aí sim fomos surpreendidos! Sensacional! Até tentei fazer um vídeo, mas o espaço não deu, então ema ema…

Duas músicas do novo álbum seguiram: We Are What We Are e Life. Tanta música mais legal do álbum para por… Rise a Night caberia nesse momento tranquilamente. A movimentação de Elias e Pasi é constante – muitas vezes eles trocaram de lugar. O baixista inclusive, me surpreendeu. Eu tinha visto ele pela primeira (e única) vez na turnê de 15 anos da banda e, como era a primeira turnê dele naquela época, ele parecia um robô todo duro no palco (tocou tudo certo, mas mal se mexia). Deu pra ver que o cara se ambientou: bangueou, pulou, fez pose e tudo mais – depois do Tony foi de longe a melhor presença de palco.

Aquela paradinha básica que toda banda faz acontece nesse momento (Tony Kakko trocaria de camiseta pela terceira vez) e o encore volta com The Power of One (outra vez, fomos surpreendidos positivamente), seguida por I Have a Right (pior música do setlist, totalmente desnecessária e uma das piores coisas que o Sonata fez e que ainda insiste em tentar dizimar) e Don’t Say a Word, excelente faixa já também obrigatória nos encerramentos da banda.

No final, a brincadeira com Vodka, que a banda sempre faz e é sempre bem legal. Dessa vez, Tony explicou o porquê de Vodka: It is easy to remember, easy to say and easy to drink – in that order! A plateia foi dividida em três e o famoso “quem canta mais alto” foi executado. No final, quase peguei a baqueta; caiu na minha frente aquele pedaço de madeira, mas eu jurava que não ia vir na minha direção porque ela foi jogada perto da grade (só que repicou no pessoal e foi pra trás) … e eu olhando para o teto enquanto o cara do meu lado pegava…

Foto Abertura

A apresentação do Sonata teve a mesma produção de sempre – os mesmos acertos e os mesmo erros. As surpresas ficaram no setlist, totalmente calcado na “nova fase” da banda – grandes clássicos dos primeiros álbuns Ecliptica e Silence foram descartados – apenas 3 músicas dessa fase (sendo que Tallulah é baladinha). Eu ainda torço para que o velho Sonata apareça em alguma faixa de um futuro álbum.

A banda prometeu voltar ao Brasil. No caso de São Paulo, espero eu que em um local mais acessível…

Sonata Arctica Setlist Aquarius Rock Bar, São Paulo, Brazil 2017, The Ninth Hour World Tour

Kelsei Biral



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5 respostas

  1. Adorei a resenha cheia de detalhes e ameeeei os vídeos!! ❤ Grata por trazer de volta um pouquinho daquela noite incrível!!! ❤

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  2. Bem, o meu comentário é que isso aqui é um ” café da manhã, almoço e janta ” , ou seja, ” pensão completa”… Desde os primeiros detalhes do percurso, com a inusitada citação ao que era ouvido no veículo a caminho do show, os vídeos , fotos, set-list, tudo muito bom….
    Um especial parágrafo faz-se necessário para um necessário elogio à questão que envolve sua decisão em dar ” aquela força” para as bandas nacionais. Excelente a iniciativa!!
    Ouvi a faixa the wolves die young, me impressionou a categoria do guitarristas, um solo insano que me chamou a atenção. Ouvi a faixa titulo do novo disco, novamente me impressionei com a habilidade dos guitarristas. Mas o som em si não é pra ouvir em poucos segundos, pelo menos pra mim, que não me motivo com o estilo mais recheado de teclados.
    Kelsei, como autor, acho que você veio pra ficar e além da excelente discografia do Maiden se saiu excepcionalmente bem na resenha do show também.

    Parabéns.

    Alexandre

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  3. Kelsei
    Muito bom você ter trazido aqui essa resenha
    Esse post
    Não imaginava

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  4. Excelente resenha, Kelsei. Espero venham outras mais. parabéns pelo texto, detalhes, vídeos, etc

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