Cobertura Minuto HM – Ian Anderson em São Paulo – 10/out/2017 – resenha

Cobertura MinutoHM – Ian Anderson em São Paulo – 10/Out/2017

Terça-feira, 10 de Outubro: dia de jogo da Seleção Brasileira no Allianz Parque, em São Paulo. Enquanto mais de 40 mil pessoas assistiam à Titebilidade da nossa amarelinha, essa pessoa que aqui vos escreve estava no Shopping Bourbon, ao lado do estádio, mais precisamente no assento P-24 (ui) do Teatro Bradesco, para assistir Ian Anderson – a voz, a flauta e a alma do Jethro Tull – em uma turnê dedicada a um “o melhor de” deste grupo de rock inglês seiscentista.

Com todo o fuzuê causado pelo jogo de futebol, atravessar alguns quarteirões andando foram mais cansativos do que o usual. Cheguei ao teatro 10 minutos antes do horário marcado para o início da apresentação. Às 21:00 horas em ponto, um aviso que o espetáculo estava começando ecoa pela acústica do local e as luzes se apagam. Muitos assentos ainda estavam vazios, mas a pontualidade britânica sempre fala mais alto.

Ou não! Cerca de dez segundos depois, as luzes voltaram a acender e nada do show começar. Como em um número de mágica, no entanto, a galera que estava do lado de fora do teatro correu para suas cadeiras e em incríveis minutos, todos os assentos estavam com suas posições ocupadas. Às 09:05 o espetáculo começava…

Pano de Fundo

O “pano de fundo” (era eletrônico) que preenchia o palco antes da apresentação

Em meio a um show de luzes, os músicos que hoje formam o que se chama de “a nova formação do Jethro Tull” adentram ao palco: do lado direito aparecem o guitarrista Florian Opahle e o baterista Scott Hammond, sendo acompanhados pouco tempo depois, do lado esquerdo, pelo pianista John O’Hara e o baixista David Goodier. Ian Anderson aparece ao centro, com sua característica pose de flautista, com a perna direita cruzada no ar à frente do corpo. É o início de Living in the Past, emendada com Nothing is Easy, dois grandes clássicos da banda de 1969.

Teatro é outra pegada! Qualquer lugar tem uma boa visão do palco, a acústica é detalhadamente calculada e o show de luzes é excepcional. Sem contar o telão, que foi um diferencial em cada uma das músicas tocadas, às vezes com o video-clipe da canção correndo no fundo, às vezes com uma produção de imagens relacionadas à música em execução e, para dois casos mais peculiares, o telão foi palco para outros músicos, com áudio gravado, contracenarem e participarem da música. Foi o caso da cantora e violinista Unnur Birna, em Heavy Horses:

E para introduzir a quarta faixa, deixo aqui um parecer do próprio Ian Anderson: “No início da década de 70 aconteceu uma coisa muito ruim na Inglaterra: a arrogância das bandas britânicas criou um negócio chamado Prog Rock! Urghuuuu!!! Yes! Emerson, Lake & Palmer! Genesis! Foi uma catástrofe! Sabe o que eu fiz? Me juntei a eles e fui me divertir um pouco…”. E assim tivemos Thick as a Brick, seguida de Banker Bets, Banker Wins, do álbum Thick as Brick 2. Eu vou deixa o vídeo da primeira canção aqui, mas já peço desculpas por ter “comido” o final da canção (pouco antes do término a banda deu uma encerrada falsa com as luzes do palco se fechando e o meu dedo foi certeiro para encerrar a gravação):

O show foi seguindo a mesma linha até o término da Parte 1. Ian Anderson dividiu o set em duas etapas, não por questões de idade, mas para dar a oportunidade ao público para tomar uma cerveja e se dirigir a lojinha do hall do teatro “para comprar uma camiseta e presentear um amigo”. Da parte 1, fiz também o video de Too Old to Rock’n’Roll, Too Young to Die:

Após um intervalo de quinze minutos, o time do Jethro Tull volta ao palco para a segunda série de hits. Deixo aqui um destaque muito especial ao baterista Scott Hammond que tocou horrores. Não conheço nada que o cara tenha feito, mas digo que ele não é do mundo do rock’n’roll, mas do Jazz: técnica impressionante e precisão cirúrgica. Tive a sorte de filmar Dharma for one, de 1968, uma música “muito usada pelos bateristas para bater em seus instrumentos”, como introduziu o Sr. Anderson, e na minha opinião uma das músicas tocadas com a melhor vibe possível nesse show:

Pouco depois de Dharma for one, houve também um solo de guitarra bem legal, mas o que mais me chamou a atenção foi um cidadão na plateia que pirou com o solo. O teatro inteiro sentado e o cara com as mãos na cabeça, se levantando aos poucos da cadeira. Quando chegou um tapping, o cara já estava de pé aplaudindo – ficou uns dois minutos aplaudindo, até o solo terminar. Ganhou até um joinha do guitarrista após o solo…

O final da parte 2 ficou a cargo de Aqualung, que também teve participação do cantor Ryan O’Donnell no telão. Eu particularmente não gostei do uso de recurso gravado para tocar junto dos músicos (tanto em Aqualung quanto em Heavy Horses). Na hora que eu vi isso, me lembrei dos shows do Kamelot, onde a banda contrata uma cantora nem que seja para entrar por segundos no palco e fazer uma participação. Tem a sincronização da banda com o áudio e a imagem, mas mesmo assim não foi algo que eu gostei… Alguém ai vai no Dio?

E como cartada final, tivemos Locomotive Breath, outro grande clássico do álbum Aqualung:

Antes da famosa saudação final de encerramento do espetáculo, o telão foi mais uma vez usado, dessa vez para introduzir os membros da banda e também o pessoal que trabalha na mesa de som e por trás do palco. Foi a primeira vez que vi isso e achei sensacional: reconhecimento para uma equipe que tem que manjar tanto de música como os próprios músicos, mas que nunca é diretamente aplaudida. Vejam ai:

A apresentação de Ian Anderson, que é comum aqui pelas terras tupiniquins, foi bem melhor do que eu esperava – não só em termos de som, mas também como produção. Ele acabou fazendo alguns covers de música clássica e música antiga inglesa que eu substituiria por outras boas canções do Jethro Tull, mas nada também que chegasse a incomodar. Ian continua com um grande senso de humor e um equilíbrio invejoso enquanto toca sua flauta apoiado só no pé esquerdo. Dizem que vem um álbum de inéditas por ai … vida longa ao Jethro Tull!

Setlist (extraído de http://www.setlist.fm)

Ian Anderson Setlist Teatro Bradesco, São Paulo, Brazil 2017, Jethro Tull by Ian Anderson

Imagem para o post

Beijo nas crianças!

Kelsei



Categorias:Cada show é um show..., Curiosidades, Jethro Tull, Resenhas, Setlists

2 respostas

  1. Esse blog aqui é do cacet*
    Gente que conhece de Jethro Tull e Frank Zappa vou te falar uma coisa pra vc…….
    Muito bom
    Ainda lendo

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  2. Cara, deu para me sentir no show. Os videos estão legais, fotos ótimas, em especial a que fecha o post. Me chama a atenção inicialmente a certa dificuldade que Ian mostra em cantar músicas como Thick as a Brick. É uma pena, mas ao ouvir Too Old to Rock and Roll, Too Young To Die ( uma das minhas poucas favoritas da banda), percebe-se que a voz realmente está no ” bagaço” . Muitas das vezes ele praticamente fala as letras, muita dificuldade para cantar. A parte final,mais acelerada, ficou muito aquém. O instrumental está muito bom, inclusive na outra marca registrada da banda, a flauta de Anderson. A versão de Dharma for One se destaca não só pela destreza do baterista, mas também por todo desempenho da banda.
    Aqualung é muito mais cantada no telão do que propriamente por Ian, também não me agrada esse desempenho que vem de dentro de uma imagem.
    Mas no final o que vale é a diversão, e pelo jeito isso teve e de sobra, Kelsei.
    Sempre é bom conferir os monstros sagrados que sedimentaram o rock nas décadas passadas.
    E a menção nominal aos que fazem aquilo tudo acontecer no telão eu nunca tinha visto antes, merece um parabéns o Jethro pela ideia.
    Eu, particularmente , daqui só posso torcer para que a voz de Ian estivesse em um momento mais delicado, mas parece que é uma questão de idade, como de vários outros que hoje sofrem com o passar dos anos.
    Parabéns pelo texto, muito leve, divertido e completo!
    Que essas resenhas suas sejam cada vez mais constantes por aqui

    Alexandre

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