Cobertura MH – Blackoustic em SP – resenha

Entregando o ingresso na catraca para o tiozinho da Tickets Brazil, a noite seria divertida:

– Ke….Ke….

– Kelsei!

– Foi o que eu disse…

Seis anos. Seis longos anos que eu não pisava dentro da melhor casa de metal de São Paulo, o Manifesto Bar. A vida paterna me distanciou de uma maneira que foi um choque quando entrei no local – decoração reformulada, muitas guitarras autografadas emoduradas pelas paredes, telão novo, novas áreas de acesso … ah que saudade de morar perto do Manifesto de novo.

Manifesto

A noite de 19 de Abril receberia uma atração não tão convencional. Não haveria bumbo duplo, não teríamos guitarras no talo. No palco tínhamos dois banquinhos e dois microfones, que receberiam o projeto Blackoustic, formado por Timmo Kotipelto e Jani Liimatainen, respectivamente, o vocalista do Stratovarius e o ex-guitarrista do Sonata Arctica, amigos finlandeses de longa data (Kotipelto já havia dado uma palhinha em False News Travel Fast, do Sonata, e os dois já fizeram um projeto solo conhecido como Cain’s Offering, que anda na mesma linha do Power Metal finlandês das duas bandas mencionadas).

Minha motivação era ver Jani tocar, pois nunca tive a oportunidade de ver o Sonata Arctica com seu guitarrista mais veloz. Com relação ao Kotipelto, eu estava com o pé atrás, pois a última vez que vi o Stratovarius, seu vocalista se mostrou com uma voz bem debilitada e sem aguentar os costumeiros berros oitavados que costumara dar em apresentações de outrora.

Britanicamnete às 21:00 o show começou. Jani se encontra de barba e bigode, diferente de todas as fotos promocionais que eu já vi dele. Kotipelto emenda a primeira de muitas piadas da noite: “essa primeira música foi escrita inteiramentr por mim, o que significa que é um lixo. Vamos tocar ela primeiro para o pior passar logo”. E assim, Sleep Well abriu a serie de canções acústicas que viriam noite adentro.

Era de se esperar que as composições girassem em torno das bandas que os dois já integraram e não foi surpresa quando Black Diamond iniciou:

Dois pontos foram surpresa para mim, no entanto: o modo como as canções foram executadas no violão (sem firulas, sem solos) e os (muitos) covers que foram tocados (por “cover”, aqui, menciono músicas de outros artistas que não os dois finlandeses). O primeiro cover da noite foi de Gary Moore (Out in the Fields), tão logo seguido de I Don’t Beleive in Love, do Queensryche (“uma das maiores bandas de todos os tempos segundo” Kotipelto). Entre os dois covers, tivemos Shine in the Dark, do Stratovarius.

Season of change teve um arranjo bem diferente da canção original e I Will Build You a Rome, do Cain’s Offering, ficou muito legal e cantado a plenos pulmões pelo pessoal – o legal do Manifesto é que, apesar de caber pouca gente, quem vai são realmente fãs de carteirinha (e sim, por se tratar de vídeos de canções acústicas, você vai ouvir muita gente desafinada que cantou junto – inclusive eu!).

Na sequência, emendaram Perfect Strangers, que ficou muito, mas muito legal. Eu não fiz video do cover do Purple porque torci o nariz quando anunciaram ela (não pensei que pudessem ficar tão legal). O próximo cover eu fiz video – não tinha como não gravar uma homenagem feita à minha banda preferida:

E enfim, tocaram Sonata Arctica. E só assim para conseguir ouvir My Selene, uma das mais belas letras criadas no universo do Power Metal (e por ser composição do Jani, a banda atual jamais irá tocá-la). Valeu minha noite!

A bela Forever (Stratovarius), Holy Diver (Deus) e The Trooper (Iron Maiden) foram as próximas músicas. Eu filmei todas e deixo aqui o clássico de Dio. Vale aqui mencionar que achei The Trooper muito mal trabalhada – apesar da boa levada, ficou muito acelerada, o tempo ficou estranho, achei mal cantada…pior execução do set!

E ai veio a “surpresa da noite” anunciada por Kotipelto: Matias Kupiainen, guitarrista do Stratovarius, estava no Manifesto e desceu para tocar 3 canções com a dupla. E aqui vai o meu segundo “momento revolta” da noite (o primeiro foi a execução de The Trooper, cujo video não será compartilhado, assim só eu passo raiva): por que não descestes antes, criatura!!! Não que Matias seja excepcional nas seis cordas, mas canções acústicas com dois violões ficam muito mais legais! Teve solo, teve melodia, teve volume de som… é outa pegada! A Million Light Years Away, Unbreakable e Paradise foram um show a parte. Confere o clássico do Stratovarius aí:

Uma pequena parada de alguns minutos e a dupla volta ao palco para uma canção finlandesa que vai além dos meus conhecimentos, o clássico obrigatório Hunting High and Low e um cover do Europe – The Final Countdown – que eu, particularmente, odeio (deve ser birra daquela frase dos teclados, que foi solvejada por Kotipelto).

Foi óbvio: era show para o fã mais raiz! Um show acústico, de quinta-feira à noite, não iria ser deglutido pela maioria. Eu gostei muito, mas achei que teve muito cover fora da história dos finlandeses. Se Jani não contribuira muito em composições do Sonata, podia ter rolado mais Stratovarius.

Kotipelto também não tem a mesma voz de 15 anos atrás (ok, a idade chega para todos, mas tem muito cara mais velho que ele cantando bem). O finlandês não aguenta mais as oitavas – a voz dele some claramente (como notei em shows do Stratovarius que ele meteu uns falsetes).

Podiam também ter trabalhado melhor as composições acústicas, porque elas acabaram não mostrando a velocidade do Jani (qualquer bom músico no violão teria feito o mesmo). Talvez essa realmente não fosse uma das intenções do projeto e eu tenha colocado isso como uma das minhas expectativas.

Apesar dessas minhas críticas no final do texto, gostei muito do que vi. Ao final do show, teve Meet & Greet, que era mais caro que o ingresso, então foi melhor mesmo voltar para a casa.

Kotipelto & Liimatainen Setlist Manifesto Bar, São Paulo, Brazil 2018

Até mais! Beijo nas crianças!



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5 respostas

  1. Excelente
    Além da resenha, so risada

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  2. Ke….Ke…. KELSEI! Beleza?

    Hahahaha… seus posts, como disse o Rolf, são excelentes. É o meu tipo de humor… muito bom.

    Realmente, e nem sou o melhor para falar isso por aqui, mas show acústico com apenas um cara ao violão deixa a música meio manca… parece que estamos ouvindo a música com um dos 2 fones de ouvido, sabe?

    Um belo setlist, misturando clássicos absolutos do metal com músicas que os fãs das bandas se propuseram a ir conferir. No fim, entendo que o saldo foi positivo, ainda que pudesse ter sido um pouco melhor, especialmente tendo + 6 cordas no palco.

    Valeu, Ke… Ker… Kel… que? Kelsei!

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  3. Gostei de Holy Diver (Deus), ficou legal desplugada , algo até inesperado. Outras certamente ficaram boas, imagino que algumas nem tanto , mas não há dúvidas que apenas um violão limita muito as coisas.
    O post está com um texto leve, bem humorado, muito bom de ler.
    Assim,vou concordar com o comentário do Eduardo em gênero , numero e grau.

    Alexandre

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  4. Melhor resenha! 😍 Adorei o texto e confirmar que, pelo jeito, foi uma noite de muitos “filhos pródigos” estarem retornando ao Manifesto depois de uma temporada longe…#tmj hehehe.
    Assino totalmente embaixo, desde o visual do Jani – que não tinha nadaaaa a veeeeer com as fotos promocionais – até aquela “lambança” feita com “The Trooper”, mas quer saber?😋 Foi divertidíssimo, e acho que o propósito do show é bem esse mesmo: se divertir, seja no palco ou na platéia. Uma pena que quem não entende inglês acabe perdendo as piadas, já que a comédia deles é muito “parte do show”. Uma delícia!
    Obrigada por compartilhar, e vamos torcer pra rolar mesmo essa volta em 2019!😉

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    • Foi realmente muito legal – não tem como um show acústico não ter aquela proximidade maior com a plateia, ainda mais no Manifesto. Queria ter entendido as piadas feitas em finlandês, mas não será nessa vida …

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