Discografia Iron Maiden – Episódio 08: 1988 – Seventh Son Of A Seventh Son

Sete foram as Troopers envolvidas nesse post.

No capítulo anterior (que você poder ler aqui), vimos o Iron Maiden inovar seu som com uma pegada mais futurista, usando e abusando de sintetizadores de baixo e guitarra, em uma linha bem diferente das composições da “tríplice mão no peito”.

Em 1988, surge Seventh Son Of A Seventh Son, considerado o primeiro álbum conceitual da Donzela. Mesmo com a senóide em declive, aqui ainda estamos em uma fase muito rica da banda (que iria desandar consideravelmente após mudanças que se seguiriam nos próximos anos). O álbum que passaremos aqui é um divisor de águas para muitos fãs – uma daquelas “guerras saudáveis” que nunca vai terminar.

Muitos revistas especializadas elogiam Seventh Son até muito mais do que o necessário e Mick Wall destacou, com ênfase, na biografia oficial da banda, o álbum que passaremos como o melhor da Donzela. Já debatemos nesse blog quais os melhores álbuns do Iron Maiden e está registrado aos quatro ventos que, para mim, ele é o quarto da lista após a “Tríplice Mão-no-peito”. Portanto, desperdiçando apenas esse parágrafo com elogios (e fomentando a “guerra saudável” para os comentários”), vamos ao que interessa. Abriu sua Trooper?

Singles de Seventh Son Of A Seventh Son

Can I Play with Madness

O single foi lançado em 20 de Março de 1988, antes do lançamento do álbum, mostrando um Eddie todo arrebentado, com seu próprio braço furando sua cabeça – uma imagem que é um complemento ao título do single, que mesmo sendo uma pergunta, não leva o ponto de interrogação.

Derek tinha a proposta inicial de desenhar um Eddie parecido com o Deus romano Janus, que possuía mais de uma face dentro do mesmo corpo. Entretanto, estava tudo tão trabalhoso que Derek cortou o corpo e separou as cabeças. Deu no que deu e Steve aprovou. Eu, particularmente, não gosto das capas dos singles desse capítulo – ao menos para mim, não são Eddies marcantes.

O single contém três faixas:

  1. Can I Play with Madness: mesma faixa do álbum Seventh Son Of A Seventh Son.
  2. Black Bart Blues: não precisa ser gênio para perceber que essa música é meio que uma zueira e também uma homenagem ao Black Bart; basta ouvir os diálogos de Bruce com uma suposta fã, no início da canção. Bruce pergunta à fã se ela gostaria de uma cerveja e de conhecer o Black Bart, que é quando a música começa. Black Bart é o nome de uma armadura que a banda tinha no fundo do ônibus da turnê de 1983, onde a “farra” era feita com as garotas que eles conheciam (com Black Bart sendo a única testemunha do que acontecia por lá).
  3. Massacre: cover do Thin Lizzy, originalmente do álbum Johnny the Fox, de 1976. Essa canção retrata a guerra da Criméia, que também foi o tema principal de uma tal de The Trooper, de um tal Piece of Mind.
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O single e a localização do símbolo de Derek Riggs

Interessante que na primeira versão do single (só com as duas primeiras faixas), a foto da parte de trás do disco tinha um sexto integrante. A banda, que sempre aparecia sozinha, dessa vez estava com um estranho no ninho que quase ninguém sabe quem é. O nome dele é George Bodnar, amigo do fotógrafo Ross Halfin.

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Ross Halfin, em entrevista: I’d known George since 1976 when we both used to shoot photos for the NME, Melody Maker and Sounds. I named him “Crazy” George because he was so normal – he loved the name and would call me up and say ‘Hello, Crazy calling’. There is a photo of him as a crazy doctor on the Iron Maiden single Can I Play With Madness with the band in straight jackets. I thought it was a great idea, a bit silly now.

The Evil That Men Do

Lançado em 01 de Agosto de 1988, mostra um Eddie servindo como jaula para a alma do ser humano que assinou o contrato com o Diabo (cuja ilustração mais lembra o Snarf, dos Thundercats). Contém as seguintes faixas:

  1. The Evil That Men Do: mesma faixa do álbum Seventh Son Of A Seventh Son.
  2. Prowler ’88: regravação de Prowler, do primeiro álbum da Donzela, mas com a formação de 1988. Possui uma melhor qualidade de gravação, por razões óbvias. O que mais difere aqui da versão original é a voz de Bruce.
  3. Charlot The Harlot ’88: regravação de Charlot The Harlot, do primeiro álbum da Donzela, mas com a formação de 1988. Possui uma melhor qualidade de gravação, por razões óbvias. O que mais difere aqui da versão original é a voz de Bruce (repeti o texto de propósito).
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O single e a localização do símbolo de Derek Riggs

Os demais singles (The Clairvoyant e Infinite Dreams), serão apresentados mais abaixo, pois estão diretamente relacionados à turnê da banda nos conhecidos Monsters of Rock e Maiden England.

“Seventh Son of a Seventh Son” (1988)

Steve e sua turma resolveram fazer a produção do álbum em mais de um país, sendo que vocais e guitarras foram gravadas na Holanda e bateria e baixo nos Bahamas.

Coisas que ninguém presta atenção Ficha Técnica:

  • Produtor, engenheiro de som e mixagem: Martin Birch
  • Engenheiro de som auxiliar: Stephane Wissner e Bernd Maier
  • Masterização: George Marino
  • Capa: Derek Riggs
  • Gravado no estúdio Musicland Studio, na Alemanha
  • Masterizado no Sterling Sound, nos Estados Unidos
  • Fotos: Ross Halfin

Tracklist:

  1. Moonchild (Smith / Dickinson) – 5:40
  2. Infinite Dreams (Harris) – 6:09
  3. Can I Play With Madness (Smith / Dickinson / Harris) – 3:30
  4. The Evil That Men Do (Smith / Dickinson / Harris) – 4:33
  5. Seventh Son Of A Seventh Son (Harris) – 9:53
  6. The Prophecy (Murray / Harris) – 5:05
  7. The Clairvoyant (Harris) – 4:26
  8. Only The Good Die Young (Harris / Dickinson) – 4:42
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O lineup de Seventh Son Of A Seventh Son – esq. para dir.: Bruce Dickinson (vocais), Dave Murray (guitarras), Adrian Smith (guitarras), Nicko McBrain (bateria) e Steve Harris (baixo)

O álbum, lançado em 11 de Abril de 1988, é o sétimo álbum de estúdio da banda, o que dá um toque adicional ao número 7 presente no título. Para mim, é um álbum muito especial. Foi o primeiro que comprei deles. Esse álbum também fecha a fase áurea do Iron Maiden (o topo da senóide já havia passado, mas apesar do declínio, ainda estava em um patamar alto), que começou no The Number of the Beast; além de ser o último álbum com a formação mais clássica, que perdurava desde o Piece of Mind.

A evolução musical ao longo dos anos é muito marcante e não pode ser negada. Exemplificando, começou na atemporal To Tame a Land, no Piece of Mind. Prosseguiu com a história de Rime of the Ancient Mariner, no Powerslave, seguido de um experimentalismo progressivo em todo o Somewhere in Time. Agora, tanto harmonicamente quanto liricamente, Seventh Son Of A Seventh Son tem características únicas. Os sintetizadores ainda estão lá, mas dessa vez estão bem mais balanceados no decorrer das canções, sem o exagero do álbum anterior. Teclados foram adicionados de maneira muito mais significativa. E Bruce Dickinson participou de toda a composição, o que é muito valioso.

Steve Harris tinha lido o livro “Seventh Son” de Orson Scott Card. O título era legal para ser o sétimo álbum da banda e, após ligar para o vocalista, a ideia começou a tomar proporções maiores. Nasceria a história de um jovem que tinha a habilidade de prever o futuro, mas que mesmo assim, não conseguiria prever sua própria morte. Muita gente acha que o álbum conta a história do romance, mas não é verdade.

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Foi com esse romance que o sétimo disco da Donzela começou a tomar forma, mas o álbum não conta a história do livro

Com relação à capa, Derek Riggs a criou após as capas dos singles estarem prontas, “para manter a mesma atmosfera”. Logo, o Eddie sem um pedaço do corpo veio dessa “inspiração”. Do coração de Eddie, é possível ver um pequeno ser com cabeça, pés e mãozinhas, o que é uma simbologia ao título do álbum, onde Eddie seria o Sétimo Filho e, dele, nasceria seu sétimo filho.

Quando moleque, eu achava que os icebergs na parte de trás da ilustração fossem metáforas para os outros filhos de Eddie, até que se chegasse ao sétimo filho, no coração; mas isso é bobagem. As referências de outros Eddies vieram a pedido de Steve, que queria referências de outros álbuns da Donzela como parte de arte.

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A arte da capa de Seventh Son Of A Seventh Son

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A capa e a localização do símbolo de Derek Riggs

Faixa a faixa

Seventh Son Of A Seventh Son conta uma história que, para eu (tentar) contar direito, vou fazer uma separação de cada faixa, usando a estrutura: resumo + análise completa da faixa + explicação do símbolo que acompanha cada música no encarte e, por fim, outros complementos, se necessário.

Vamos do começo. O conceito de “sétimo filho do sétimo filho” é uma espécie de folclore, que tem atribuições diferentes dependendo do país (em locais na América Latina, por exemplo, os sétimos filhos de uma linhagem são sempre lobisomens). Portanto, na Inglaterra, país de origem da banda, o sétimo filho de um sétimo filho (ou a sétima filha de uma sétima filha – também se aplica para uma mulher) é uma pessoa que nasce com poderes paranormais e/ou ocultistas (no caso da história no álbum, a clarividência), que podem ser usados para o bem ou para o mal.

Para resumir em um parágrafo (e copiando um excerto que já escrevi mais acima): o disco narra a história de um jovem que tinha a habilidade de prever o futuro, mas que mesmo assim, não conseguiria prever sua própria morte. O lado A do disco (de Moonchild até The Evil That Men Do) contam fatos antes do nascimento da criança, enquanto que o lado B narra fatos após seu nascimento.

Detalhe: a história é introduzida e finalizada pelo mesmo verso, só que ao invés do Maiden criar uma faixa de alguns segundos, ele incorporou o verso nas canções de abertura e fechamento. Sendo assim, o poema abaixo deve ser separado do contexto das canções Moonchild e Only The Good Die Young:

Seven deadly sins / Seven ways to win
Seven holy paths to hell and your trip begins
Seven downward slopes / Seven bloodied hopes
Seven are you burning fires / Seven your desires

O que se segue vem dos meus estudos do álbum e das minhas interpretações. Fique à vontade para discordar de qualquer coisa nos comentários. Vá ouvindo o álbum e acompanhando as letras. Vai ajudar…

Moonchild

Nessa faixa, temos o sétimo filho dentro do útero da mãe. Com o próprio Diabo com voz ativa na letra, ele tenta convencer a mãe a matar seu filho. Entretanto, mesmo se isso vier a falhar e a criança nascer, ela será amaldiçoada.

Em Moonchild, Bruce Dickinson interpreta o Diabo (mencionado na letra como “The Bornless One”, “The Fallen Angel” e “Lucifer”). No primeiro parágrafo, temos a devida apresentação do chifrudinho, que pede para que a mãe mate seu filho (o sétimo da linhagem). No parágrafo seguinte, temos uma descrição mais abrangente do objetivo do Diabo contra os sétimos filhos dos sétimos filhos, onde ele anseia matar a todos (I count the heads of those unborn / The accursed ones I’ll find them all). Não fica claro se o Diabo vê os poderes paranormais dessas crianças com uma ameaça.

Nos dois últimos parágrafos, a criança é concebida e há a concretização de que ela nascerá amaldiçoada, pois Gabriel (o anjo que anunciou o nascimento de Jesus à Maria) estava dormindo, e os demais anjos não foram capazes de protegê-la.

Moonchild possui algumas referências retiradas de obras do ocultista Aleister Crowley (Bruce também usou muito de sua obra na composição de Revelations). É o caso de referências como Babalon, uma deusa que correlaciona Amor e Morte, mencionada na letra pelo termo “Babylon, the Scarlet whore”. E apesar de não haver uma oficialização pela banda, o título dessa faixa foi fortemente tirado de uma outra obra de Aleister Crowley, cujo título é “Moonchild”.

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The Scarlet whore e o livro Moonchild – referências diretas de Aleister Crowley no capítulo inicial de Seventh Son Of A Seventh Son

No encarte, ao final da letra, temos esse símbolo:

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Ele é o Ouroboros, a cobra que morde a própria cauda, muito usada quando queremos referenciar que um novo ciclo se inicia ou um velho ciclo é finalizado (de cabeça agora, lembrei do Angra com a mesma descrição em sua obra conceitual The Temple of Shadows – certeza que há outros álbuns por aí na mesma situação). Esse símbolo é usado para referenciar que o discurso do Diabo sempre ocorrerá – é algo cíclico, pois as gerações que se seguem sempre terão sétimos filhos de sétimos filhos. A partir de agora até o fim do álbum, o que ocorre é algo que tornar-se-á a repetir continuamente ao longo do tempo.

Para mim, Moonchild é de longe uma das melhores do álbum! Tem excelente energia de abertura e o tapping monstro do Dave Murray é um dos melhores que já ouvi!

Infinite Dreams

Nessa faixa temos a descrição do sofrimento que o pai do sétimo filho está passando devido seus pesadelos, angústias e questionamentos.

Apesar da letra não deixar claro que o personagem que narra Infinite Dreams é o pai do sétimo filho (e não a mãe, por exemplo), temos a resposta para isso na terceira faixa do álbum. A canção é basicamente dividida em duas etapas: primeiramente, temos a transcrição de todo o sofrimento que o personagem está tendo devido seus sonhos e, no segundo momento, temos um auto-questionamento do personagem com relação à sua existência nesse mundo. São esses pavores, inquietudes e questionamentos que fazem com que ele visite um oráculo, onde iniciaremos a terceira faixa.

No encarte, ao final da letra, temos esse símbolo:

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Ele é o Caduceu (ou Emblema de Hermes), composto de duas serpentes que se entrelaçam sobre um bastão. Esse símbolo representa a harmonia, o equilíbrio (as serpentes, que simbolizam forças da vida, se entrelaçam formando o símbolo do infinito). Curioso que o símbolo original tem as serpentes se encarando, uma de frente para a outra. E, apesar de aparentemente parecer um erro, minha interpretação é que isso foi proposital, pois o pai do sétimo filho está em conflito, atormentado pelos sonhos que vêm tendo (logo, o equilíbrio das forças de sua vida ainda não se concretizou – as cobras ainda não se encontraram).

Infinite Dreams é a primeira música do Maiden que tem doses cavalares de progressivo. Outras faixas de álbuns anteriores flertam sim com o estilo, mas os instrumentos nessa faixam deixam clara a torcida de nariz de alguns fãs na época de seu lançamento. Nariz, por sinal, que não é o meu, pois eu a adoro – a dobra de guitarras é genial e a música passa muito bem, em sua cadência rítmica, a sensação de um sonho, até chegar à realidade, onde o personagem lança o questionamento do porquê de nossa existência.

Can I Play With Madness

Nessa faixa, temos o pai do sétimo filho buscando respostas para seus pesadelos junto a um profeta.

Atormentado por todos os pontos descritos na letra de Infinite Dreams, o pai do sétimo filho clama por respostas. Achando que se encontra louco, busca ajuda em um velho profeta que tem poderes de ler o futuro em uma bola de cristal. A princípio, esse oráculo mente para o pai do sétimo filho, que após confrontado na segunda estrofe, acaba revelando a verdade: ele não poderá evitar a maldição das angustias de seus pesadelos; sua alma queimará no inferno e seu filho também nascerá amaldiçoado (ok, na letra só diz “your soul’s gonna burn in a lake of fire”, mas a interpretação da maldição é algo eminente, dado o decorrer da história).

No encarte, ao final da letra, temos esse símbolo:

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O símbolo é a Lua, no caso com uma carinha junto dela, que é uma simbologia antiga muito comum (a de astros como Sol e Lua serem desenhadas com caras em referência aos deuses que os representam). A palavra Lua tem origem do grego lunatik, que significa lunático. Sacou o enlace com o título da música?

Além de primeiro single do álbum, a canção também foi vídeo-clipe, onde podemos ver a última aparição oficial de Graham Chapman, que trabalhou no Monty Python e faleceu em Outubro de 1989:

Can I Play With Madness é de longe, para mim, a pior canção do álbum, com um clima muito alegre para a densidade que todas as outras faixas carregam, além de um refrão grudento e uma levada pop. Ela foi criada em cima de uma balada que Adrian Smith estava compondo, chamada On The Wings of Eagles, até chegar o Bruce e mudar algumas coisas, inclusive o título.

The Evil That Men Do

Nessa faixa, temos o final do lado A com um prólogo narrado por sujeito indeterminado para o nascimento do Sétimo Filho do Sétimo Filho, que é a primeira faixa do Lado B.

A canção não define claramente quem é o personagem que Bruce interpreta. Claramente não são os pais do sétimo filho ou outro personagem que até então tenha aparecido. Minha interpretação é que o personagem que narra as (belíssimas) letras dessa música é um homem, que já não está mais no plano terrestre, e foi o primeiro sétimo filho da linhagem dos seres humanos, onde a maldição se iniciou.

As letras narram um homem apaixonado por uma mulher, que acaba perdendo a virgindade e, durante tal ato, o ciclo dos sétimos filhos de sétimos filhos é iniciado (Circle of fire my baptism of joy at an end it seems / The seventh lamb slain, the book of life opens before me). Como a linha humana dos sétimos filhos iniciou e a reprodução humana é uma constante, o mal prevalecerá continuamente em nossa existência (the evil that men do lives on and on) através dessa maldição. A mulher que o personagem se envolve também não está no plano humano: ou ela está amaldiçoada por forças maiores ou qualquer outra coisa que remeta a isso.

Confesso que essa é a música mais complexa para se entender dentro da história e há uma interpretação muito aberta. Eu não vou colocar aqui todas as possibilidades que existem, pois elas perdem a lógica quando analisadas dentro do contexto da história.

No encarte, ao final da letra, temos esse símbolo:

the evil - o pelicano

Ele é o Pelicano, um símbolo que representa sacrifício. Na imagem, ele bica o próprio peito, jorrando sangue. Essa imagem é geralmente associada ao sacrifício de pais para com seus filhos, o que não tem sentido aqui. Na minha visão, o sacrifício vem do fato do narrador sofrer de amor e estar disposto a sangrar para poder, ao menos, ver sua amada novamente (I’d bleed for her, if I can only see her know), o que confronta diretamente com a imagem da ave.

Na versão ao vivo, Bruce Dickinson geralmente faz uma citação de William Shakespeare: “The evil that men do lives after them, the good is oft interred with their bones”. Essa é a frase oficial, só que muitas vezes Bruce inverte as sentenças de ordem, começando pela segunda parte. Muita gente acha que a canção é baseada na obra de Shakespeare, mas em minha opinião não é – ela é apenas usada de “gancho” para a introdução durante os shows, nada mais.

Só pegando um gancho, tem uma piadinha bem legal que diz: “Men do evil and Maiden do good! Maiden wins!”.

Seventh Son Of A Seventh Son

Nessa faixa, temos o nascimento do Sétimo Filho do Sétimo Filho.

Iniciando o Lado B, em uma canção densa, Seventh Son Of A Seventh Son descreve o nascimento do sétimo filho dentro das duas primeiras estrofes. Devido sua paranormalidade, as forças do Bem e do Mal observam e disputam quem pode tomar vantagem frente aos poderes do garoto: o poder de cura e o da clarividência (He has the power to heal / He has the gift from the second sight).

No encarte, ao final da letra, temos esse símbolo:

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Essa Estrela de Oito Pontas (que quando moleque eu achava que era algum tipo de molusco) é a representação do planeta Vênus, que é o primeiro objeto celeste a aparecer à noite e o último a ser visto ao nascer do dia. Ou seja, é o único objeto que, digamos, supervisiona o nascimento e a morte da noite e também do dia – uma metáfora de como as forças do Bem e do Mal estão vigiando o garoto constantemente.

The Prophecy

Nessa faixa, o sétimo filho do sétimo filho usa de sua clarividência para prever um desastre em uma vila, que acaba sucumbindo.

The Prophecy é narrada pelo sétimo filho do sétimo filho, com intercalações do Diabo durante o refrão. Com duas estrofes principais, na primeira ele tenta alertar o povo da vila de um perigo iminente, enquanto que na segunda estrofe, após a morte do povoado, o sétimo filho do sétimo filho é culpado, como se ele fosse responsável por uma maldição sobre a vila.

A canção é intercalada entre Bruce e uma voz alterada em estúdio (que eu não sei se é do próprio Bruce), representando a voz do demônio. Isso ocorre porque o sétimo filho do sétimo filho escolheu usar suas forças para o Bem ao invés do Mal, mas em nenhum momento o demônio desiste de persuadi-lo para que ele mude de lado. Inclusive, é como que ele soubesse que o sétimo filho do sétimo filho seria culpado pelo desastre mesmo tendo boa intenção de salvar as pessoas da vila (Lucifer smiles looks on and waits, da primeira estrofe, e Now Lucifer laughs hell awaits na segunda estrofe).

No encarte, ao final da letra, temos esse símbolo:

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Ele é o Disco Alado, símbolo egípcio que representa o olho que tudo vê. Minha interpretação desse símbolo faz referência com a vigilância constante e a persuasão do Diabo em torno do sétimo filho do sétimo filho. Apesar da letra não mencionar o desastre que ocorre na Vila, ela é incendiada. Isso é possível de ver em uma das imagens que acompanham o encarte (veja ao final do Faixa a Faixa).

The Clairvoyant

Nessa faixa, o sétimo filho do sétimo filho questiona a consequência da clarividência em sua própria vida.

A penúltima faixa também tem o sétimo filho do sétimo filho como personagem principal da canção. Agora com sua clarividência já madura, nosso personagem não consegue mais distinguir o que são realmente suas visões e questiona se está ficando louco (Is this a dream or is it now / Is this a vision or normality I see before my eyes).

As forças de clarividência vão aumentando com o decorrer do tempo e o sétimo filho do sétimo filho teme não poder mais controlá-las (I feel a strength an inner fire / But I’m scared I won’t be able to control it anymore), até que, na terceira estrofe, única cantada na terceira pessoa por um sujeito indeterminado, o sétimo filho do sétimo filho morre, sem que saibamos se ele se mata ou acaba falecendo por outro motivo (But for all his power couldn’t foresee his own demise).

Ao final da canção, ao cantar o último refrão, é adicionado à letra um “And reborn again”, o que nos atesta dois pontos: a primeira, uma afirmação para os questionamentos do pai do sétimo filho do sétimo filho, que ao final de Infinite Dreams anseia por poder viver novamente após sua morte, e a segunda, que é uma metáfora de que o ciclo do sétimo filho do sétimo filho voltará (o Ouroboros, que está ao final de Moonchild). A letra não deixa claro se nosso personagem deixou herdeiros, mas a linhagem de sétimos filhos de sétimos filhos não é algo exclusivo de uma única família, o que, portanto, não impede da maldição se iniciar novamente.

Importante mencionar que essa canção foi a primeira a ser escrita para o álbum, sendo que Steve teve forte influência da morte da médium inglesa Doris Stokes, que falecera em 1987, na criação da letra.

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Steve Harris, em entrevista: If she really was clairvoyant, if she was really able to see the future, wouldn’t she have been able to foresee her own death?

No encarte, ao final da letra, temos esse símbolo:

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O Cálice de Serpentes é um símbolo relacionado à uma história bíblica. São João, o Evangelista (aquele mesmo que escreveu o Apocalipse, que inspirou uma certa canção de um certo álbum) recebera uma vez um cálice de vinho envenenado. Antes de bebê-lo, entretanto, para não cair em qualquer armadilha, ele abençoou o copo. Nesse momento, o veneno saiu do vinho em forma de serpentes. Fazendo um comparativo com a canção, o sétimo filho do sétimo filho está sendo colocado em teste pelo seu poder de clarividência, onde ele deve ter fé e autocontrole para não deixar que o poder o envenene.

The Clairvoyant é outra marca registrada ao vivo, com o galope do baixo de Steve e as entradas de guitarra sendo muito conhecidas. Ainda sendo muito boa, essa música enjoa rápido.

Only The Good Die Young

Nessa faixa, com o sétimo filho do sétimo filho já morto, há uma reflexão sobre os fatos ocorridos na história, onde Bem e Mal batalharam mais uma vez e não houve verdadeiramente um vencedor.

Apesar do “Bem morrer jovem”, a letra claramente descreve que realmente não há vencedor na guerra entre Bem e Mal em mais um ciclo existente de sétimos filhos de sétimos filhos, onde nosso personagem principal, mesmo tentando ter controle sobre seus poderes, acabou sendo mais um peão controlado em um jogo de xadrez (Some innocent pawn in an end game one more stalemate).

Os versos, na minha visão, fazem mais sentido se você considerar que Bruce interpreta o sétimo filho do sétimo filho nos versos 1 e 3 e o Demônio no verso 2, sendo que o refrão não tem um sujeito próprio. No verso 3, inclusive, há uma grande crítica às crenças do ser humano (eu interpretei por muito tempo ser uma crítica contra o Cristianismo, mas se você analisar a fundo ela é mais voltada ao modo de pensar/agir do ser humano com relação a qualquer crença): mesmo o povo da vila sendo alertado do perigo que corriam, eles ignoraram o poder da clarividência, o poder que veio de um humano. Essa visão cega para Deuses que louvamos foi o pecado que levou os moradores à morte (Walking on water are miracles all you can trust / Measure your coffin does it measure up to your lust? / So I think I’ll leave you / With your bishops and your guilt / So until the next time / Have a good sin).

No encarte, ao final da letra, temos esse símbolo:

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Ele é o Símbolo Alquímico do Enxofre, mesmo aparecendo aqui com algumas firulas, como uma mão o segurando ou um foguinho sobre a seta de cima. Na alquimia, o enxofre é usado como símbolo de purificação pelo fogo (o que dá para interpretar algumas vezes como uma condenação da alma no inferno). Em resumo, a alma do sétimo filho do sétimo filho foi condenada: ele canta junto ao Diabo nos versos da canção, desleixando o mundo dos humanos pelos erros cometidos enquanto viveu na Terra e por demais fatos descritos em The Prophecy.

Ao final da canção, a cobra volta a morder a cauda (o símbolo de Moonchild), com os versos introdutórios do álbum sendo repetidos. O ciclo novamente será iniciado daqui a sete novas gerações. E mesmo com poderes ainda desconhecidos, o próximo sétimo filho da linhagem estará condenado, pois a raça humana não vai aprender com seus erros.

Ao final do encarte, temos uma imagem de Eddie escrevendo sobre um livro, que é uma sumarização de referências para todo o conteúdo das canções.

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Moonchild: estado fetal do sétimo filho dentro da bola de cristal / Infinite Dreams: única canção que até hoje não vejo a referência na imagem / Can I Play With Madness: a bola de cristal usada pelo profeta para ver o futuro / The Evil That Men Do: o livro que Eddie está escrevendo (The Book of Life) / Seventh Son Of A Seventh Son: é o próprio Eddie / The Prophecy: dentro da bola de cristal, temos o olho que tudo vê e a vila pegando fogo / The Clairvoyant: a Dona Morte atrás de Eddie / Only The Good Die Young: as velas de Anjo e Demônio sob a mesa / E ainda deu para colocar os 2 Minutos para a meia noite nas referências.

Ufa, acabamos! Um álbum de difícil interpretação, já que, mesmo seguindo uma ordem cronológica, as canções não possuem enlaces próprios entre si. E se por acaso você nunca ouviu Seventh Son Of A Seventh Son, nunca é tarde:

A turnê que se estendeu de Março até Dezembro de 1988 não teve como não mencionar o número sete, sendo batizada de Seventh Tour Of A Seventh Tour. Durante os shows, novos singles e um documentário foram lançados. Michael Kenney continuou a tocar teclado atrás dos palco.

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O palco da turnê Seventh Tour Of A Seventh Tour

Apesar de você encontrar muitas fotos da turnê pela Internet afora, deixo aqui abaixo a melhor de todas: no dia do aniversário do Nicko, algum cara da produção se fantasiou de Ursinho Nicholas (a pelúcia que Michael Henry McBrain tinha quando criança e que virou o apelido Nick) para homenagear o baterista.

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Monsters of Rock – Donington Park

Aconteceu em 20 de Agosto de 1988. O Monsters of Rock substituira o conhecido Reading Festival na Inglaterra. Foi nesse evento que o Maiden finalmente fechou um grande festival e onde dois jovens morreram pisoteados enquanto o Guns N’ Roses performava. Não vou chover no molhado: tudo o que você precisa saber está aqui.

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Cartaz da época, Harris mostrando o mesmo cartaz e uma brincadeira atual

Single The Clairvoyant

Foi lançado menos de um mês depois da apresentação do Monsters of Rock, em 7 de Novembro de 1988, contendo três faixas gravadas ao vivo naquele dia:

  1. The Clairvoyant
  2. The Prisoner
  3. Heaven Can Wait
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O single e a localização do símbolo de Derek Riggs

Só para constar, essa é a imagem mais próxima de Eddie do Deus Janus, com mais de um rosto dentro da mesma cabeça.

Maiden England

Lançado em 08 de Novembro de 1989, em VHS, possuía pouco mais de 90 minutos, com o show gravado em Birmingham, nos dias 27 e 28 de Novembro de 1988. Mais tarde, em 1994, foi lançado em CD/DVD com duas faixas a menos (Can I Play with Madness e Hallowed Be Thy Name – HERESIA!).

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Single Infinite Dreams

Outro single também só com músicas ao vivo do show em Birmingham, lançado em 6 de Novembro de 1989. Contém três faixas:

  1. Infinite Dreams
  2. Killers
  3. Still Life
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O single e a localização do símbolo de Derek Riggs

Apesar do single ao vivo do Monsters of Rock ter uma relevância muito maior para a história da banda, gosto mais desse single, pois é a primeira versão oficial de Killers com Bruce nos vocais e também a primeira aparição oficial de Still Life ao vivo.

Setlist tocado na Seventh Tour Of A Seventh Tour (*)

  1. Moonchild
  2. The Evil That Men Do
  3. The Prisoner
  4. Infinite Dreams
  5. The Trooper
  6. Can I Play With Madness
  7. Heaven Can Wait
  8. Wasted Years
  9. The Clairvoyant
  10. Seventh Son Of A Seventh Son
  11. The Number Of The Beast
  12. Hallowed Be Thy Name
  13. Iron Maiden
  14. Run To The Hills
  15. Running Free
  16. Sanctuary

(*) Algumas músicas eram trocadas em determinados shows (se você comparou com o VHS do Maiden England, viu que há alterações), mas o setlist acima era o cerne da turnê.

No próximo capítulo: tchau, Golden Years! Perderemos o brilho dos melhores anos da banda, veremos a dissolução da formação clássica com a saída de Adrian Smith (e a entrada de Janick Gears), além de debatermos sobre um dos álbuns mais sem sal da Donzela.

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Até mais! Beijo nas crianças!

Kelsei Biral

Revisou: Eduardo.



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14 respostas

  1. Como eu disse antes, este talvez pra mim seja o disco mais controverso, polêmico, confuso e exagerado do Iron Maiden. Controverso, confuso e polêmico pelo conceito no qual Steve Harris se baseou para compor o disco: a história maluca de uma criança que nasce com poderes sobrenaturais e que usa-os para o bem e ao mesmo tempo para o mal, passa por várias aventuras até que é enfrentada pelo diabo que se mostra vitorioso, no fim da história, onde o sétimo filho do sétimo filho (o protagonista) morre, é retratada nas letras do chefão, que contou com a ajuda de Bruce Dickinson e Adrian Smith em algumas delas. A história de Seventh Son of a Seventh Son é tão esquisita que eu costumo compara-la com a de The Lamb Lies Down on Broadway, disco clássico do Genesis lançado em 1974, ou seja, 14 anos antes dessa maluquice criada pelo patrão do Maiden.

    Somam-se a isso referências ao vocalista Paul Di’Anno na abertura “Moonchild” (música acelerada no estilo dos dois primeiros discos da banda) e ao finado baterista Clive Burr no encerramento “Only the Good Die Young” (lembrando que Clive Burr faleceu em 2013 por conta de uma esclerose múltipla, e em homenagem a ele o Maiden tocou essa música em seus concertos durante este ano. Portanto, “Only the Good Die Young” serve como uma grande homenagem a Clive Burr, pelo seu título).

    Agora os exageros do SSOASS estão a meu ver na parte musical. Apesar de conter canções famosas como “The Evil That Men Do”, “Can i Play With Madness” e “The Clairvoyant”, tenho meus motivos para criticar e não gostar do SSOASS mais neste aspecto: a influência progressiva da banda, mais exacerbada aqui do que em qualquer outro disco da Donzela (apesar de instrumentalmente, as guitarras e a cozinha de baixo e bateria continuarem impecáveis) e, principalmente, o uso de teclados e sintetizadores foi, ao contrário do disco anterior (Somewhere in Time, 1986), excessivo além da conta. Eu até compreendo essa inovação sonora do SiT, mas não acho que essa experimentação tenha dado certo neste disco de 1988 do Maiden…

    Enfim, espero não ter ferido os corações dos fãs do Maiden que gostam do SSOASS, disco do qual não consigo gostar tanto quanto dos anteriores do tipo Powerslave, The Number of the Beast e Piece of Mind. Fãs de Marília Mendonça mandam um abraço a todos do site…

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  2. Realmente aqui ainda tem um pedaço interessante da senóide, mas que vinha na descendente vinha. SSOSS é um album que logo de início imaginei no sentido da queda, mas ainda com bom nível, mas vem ganhando espaço no meu gosto cada vez mais. Realmente Can I Play é um saco, e a faixa titulo um pouco chata em certos trechos, mas o restante do album é bem legal e particularmente gosto muito da faixa de abertura. É claro que a trinca é a trinca, mas entre esse e o anterior o empate técnico cai bem.
    Novamente uma aula aqui e que trabalho de interpretação das canções, parabens ao sempre bem humorado Kellsei por mais um capitulo fabuloso.
    Daí para frente na discografia vem chumbo grosso e não sei se conseguirei defender mais alguma coisa.
    Bjs nas crianças…

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  3. Ufa, cheguei aqui, antes tarde do que nunca. E mais um capítulo fantástico, o que já é uma constante maravilhosa, diga-se de passagem. A parte lírica, com os simbolos de cada faixa e a história contada nos 8 capítulos são sempre um aprendizado, pois sempre me ative muito mais à parte instrumental. Então, Kelsei, anota mais uma pra conta aí… Seguem minhas impressões de um álbum que não é essa unanimidade toda:

    Bem , eu gosto do álbum, sem dúvida fica entre os imaculados da discografia da banda, que era imaculada até então , mas o considero um degrau abaixo dos outros seis lançados anteriormente. Além disso, discordo frontalmente de quem o considera melhor que o Somewhere in Time, que pra mim, de bola fora, somente Heaven Can Wait e a partir de seu refrão, pois seu início é ótimo. Aliás, não acho o Somewhere melhor, acho muito melhor. Vou seguir nas críticas primeiro, para depois trazer os merecidos elogios, afinal, deixemos claro, eu gosto bastante deste disco. Os pontos fracos são: O single e aquele vocal a capella do inicio, pra mim totalmente desnecessário. Can I play With Madness interrompe uma sequência de singles incontestáveis da banda. Depois do single, posso considerar The Prophecy uma música menos inspirada em sua parte cantada dentro do álbum, ainda que com um final bastante agradável, com violões, outros bons trechos instrumentais e a contribuição sempre bastante bonita de Murray no inicio.O que não me convence muito é o trecho cantado mesmo. E a faixa título poderia ter menos repetição do seu título no refrão. Ainda que seja de um instrumental espetacular, com um trecho de meio para o fim sensacional , o refrão poderia ter mais imaginação e aponta pro futuro, se é que vocês me entendem….

    Vamos aos prós que são muitos, aliás: Os demais singles, em especial The Evil That Men Do, mantém a qualidade dos anteriores. Músicas que podem ser usadas pra divulgar a banda, sem ter de vender a alma para o diabo comercialmente. Aqui a banda continua acertando. Os teclados ( e não as guitarras/baixos sintetizadores) estão em bom uso, embora eu prefira o uso dos strings do álbum anteriores. Aliás, não acho que há excesso em Somewhere in Time, ali tá tudo no ponto certo . A opção da banda por deixar as guitarras e baixo sintetizados de lado tem muita relação com o fato de eles não conseguirem levar a tecnologia para estrada sem se livrar dos cabos. E convenhamos, ter um sexto membro para tratar da empreitada ficou mais cômodo e deixou a banda à vontade para voar no palco. Ainda que eu não goste, faz sentido. Voltando ao Seventh Son, há mais desses teclados na faixa titulo, no meu entender de forma bem acertada, pra acentuar o tom progressivo da faixa do meio pra frente. A minha faixa favorita ( Only the Good Die Young) fecha o álbum, com aquele trecho incrível do baixo de Harris, ainda muito criativo em todo o trabalho, mas menos genial do que em Somewhere in Time, ou pra trás desse.. Dickinson conduz bem a história, canta de forma magistral, mas já muda um pouco o estilo vocal em alguns trechos pra menos agudos e mais drives, algo que percebi na época. Problema zero, diga-se de passagem, o homem continuava sobrando. As guitarras continuam em alto nível, e zerando a tendência de maior equilíbrio pelo crescente de Smith, enquanto Dave continuava incrível, mas sem evoluir. Nicko pra mim é mais burocrático neste, ligeira queda de criatividade. Pra citar outras faixas que me agradam demais, sobrou a dobradinha que abre o álbum, duas faixas do patamar da Golden Era do Maiden.

    O resultado final é muito bom e mantinha a banda no pilar intocável de melhor banda do planeta na época. É uma pena que os desgastes inevitáveis de convivência fariam que um de seus mais criativos membros fosse sair depois da turnê deste álbum. Essa história e o inevitável curvar da tal senóide fica pro próximo capítulo, o qual já espero desde já.

    O VHS da época é o fechar da dourada época da banda e o mais legal é que eles tiveram o cuidado de trazer músicas que não estavam no VHS do Live After Death como The Prisioner ou Still Life para complementar com as faixas mais novas. É ítem também obrigatório.

    Kelsei, um muito obrigado e um grande parabéns não só por este , mas pela incrível série que estamos acompanhando. O Minuto HM é agraciado por ter tanta qualidade nesta discografia.

    Alexandre.

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  4. Kelsei, mais um fantástico post!!!! Além do ótimo texto há também a “estratégia de lançamento”, que e’ numa manha de domingo, dia em que estamos mais tranquilos e podemos apreciar melhor o texto acompanhado da audição do referido disco e todos os seus detalhes. Uma agradável experiência que você nos proporciona.
    Quanto ao Seventh Son… concordo plenamente, também o considero o quarto melhor disco da banda, particularmente esse foi o ultimo disco do Maiden que adquiri em LP, hoje penso que foi um erro ter parado de comprar os velhos bonachões, mas era outra época, achávamos que o CD era muito melhor, etc, etc. Nesse ponto o Flavio e’ professor e felizmente continua sua empreitada com sua coleção de vinis.
    Assim como o Somehere in Time, acho que esse foi um disco que envelheceu bem. Musicas como: The Evil That Men Do e The Clairvoyant ganham uma força incrível ao vivo, já não da pra falar o mesmo de Can I Play With Madness, essa e’ difícil salvar.
    Ah, por falar em LIVE… lembrando que o Maiden England 88 foi relançado em versão dupla com uma nova capa, agora com 18 musicas.
    Também gostaria de destacar todos os detalhes e informações citados pelo Kelsei, a pesquisa sobre os símbolos e gravuras do disco, devem ter dado mesmo muito trabalho, mas e’ interessantíssimo!!!
    Me lembro de ter lido uma entrevista do Bruce, dizendo algo como: havia gostado muito do resultado de Seventh Son ate o dia em que ouviu no radio o Operation: Mindcrime do Queensryche. Segundo ele, esse sim era um disco verdadeiramente conceitual. Acho que desde o disco anterior o vocalista estava meio de “saco cheio” do Iron Maiden e precisava encontrar motivos para convencer a si mesmo que era hora de cair fora. Bom, mas esse e’ assunto para os próximos capitulo.
    Para terminar, gostaria de me desculpar pela longa demora em comentar por aqui, nada justifica esse meu lapso. E mais uma vez destacar o brilhante post do Kelsei, o cara certo no lugar certo!!!
    Um abraço… e que venha o próximo!

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  5. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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