Cobertura Minuto HM – Manowar em SP – Crushing the Enemies of Metal Anniversary Tour – 23/set/2023 – resenha

Para o incauto leitor que agora passa as vistas nessas parcas linhas desse que vos escreve, saiba que o Minuto HM esteve ontem, dia 23/09/2023, sábado, no show da banda americana Manowar no Espaço Unimed em São Paulo (a nossa “Detroit Rock City”. A banda estava pisando em solo tupiniquim pela quinta vez (não muitas vezes comparada com diversas outras bandas, né?). Eu já estive em dois outros shows do Manowar. Em 1998 no Imperator no RJ e em 2015 no Monsters of Rock aonde a banda entregou excelentes shows suportando a sua mesma temática por 40 anos. A propósito, essa turnê chamada de “Crushing the Enemies of Metal Anniversary Tour” é uma comemoração datada da trajetória de banda e não faltaram os clássicos como Manowar (que por sinal abriu o show…1982) e do mesmo disco, a mais conhecida, Battle Hymns. O Manowar entregou um show com som alto, claro e bem equalizado mostrando a qualidade do Espaço Unimed e com direito de forma parcial as tradicionais “ações” que a banda promove em suas apresentações. Falamos mais à frente.

O show previsto para as 21:30 começou as 21:37 com um palco com a sua temática mitológica que eu chamo de “Cimeriana”, afinal, Conan era um Cimério da Era Hiboriana e a presença de um guerreiro totalmente similar ao Conan e de figuras femininas e figuras demoníacas mitológicas no palco trazem uma materialidade visual para essa temática resiliente da banda. Como conheci Conan, O Bárbaro na mesma época em que conheci o primeiro álbum da banda, isso fortaleceu muito meus laços com o Manowar. Ouvir Manowar é sempre voltar ao passado de gratidão com os meus irmão Flávio Remote e Alexandre B-Side que foram, são e serão aos meus mestres que, numa longínqua 1983 ou 1984 me emprestaram o Battle Hymns. Por** que sonzeira!!!! A banda está com seus dois membros originais Joey De Maio (baixo), Eric Adams (vocal), Dave Chedrick (bateria) e Michael Batio (guitarra).

Antes do show começar é preciso dizer que o acesso a casa estava bem policiado, organizado e bem sinalizado. Muitos ambulantes no entorno como de costume, mas, sem dúvida, trata-se de talvez um dos melhores lugares pra show em São Paulo, salvo os preços cobrados pelos produtos de consumo lá dentro – R$ 16,00 numa Spaten é de entrar água na buzina.

Encontrei com dois amigos do metal no show: Zé “Running Wild” sem a camisa do Running Wild aqui do Minuto HM e o Cláudio “Savatage” das épocas do Rio de Janeiro e de muitos outros shows. Muito legal trombar com ambos. Falei bastante com o Cláudio sobre as suas experiências nos cruzeiros do metal e sobre os shows do Ghost e do LS, ah, e claro, as figurinhas carimbadas de sempre nos shows aqui em São Paulo: Nando Fernandes (Sinistra… que tirou onda cantando no show do LS…), Carlos da Animal Records e o Benja, comentarista esportivo. Figurinhas carimbadas em todos os shows que vou. Só faltou o Ricardo Batalha que eu sempre vejo mas que dessa vez não o vi por lá.

O stand de merchandise apresentava um excelente movimento. Muita gente se apinhando para comprar pouquíssimas opções de camisas.

As tais “ações” que eu comento acima, neste show de ontem, foram, basicamente, ouvir o tradicional discurso de Joe DeMaio falando em português excelente com o público na volta do Bis. Ele falou por aproximadamente uns 5 a 7 minutos em português fluente e depois se comunicou em inglês. O tempo do discurso no show de ontem foi menor que no show do Monsters aonde ele estava mais fluente e com mais vontade de se comunicar em português. Eu acho isso sensacional, numa boa. Nunca vi nada igual com artistas de qualquer gênero. Nem o Nuno Bittencourt quando veio no Hollywood Rock, e, o que o Kelsei sempre cita, como o Bruce Springsteen, fazem igual ao Joey DeMaio. Essa dedicação com o público brasileiro é sensacional. Vamos combinar que aprender português não tem absolutamente serventia nenhuma fora do Brasil e Portugal. Zero. Joey fez uma “chamada” pelos fãs por região do Brasil. Perguntou quem era do nordeste, quem era do sul do país, quem era de São Paulo e sudeste e isso foi fantástico. Muito bom ele se comunicar com os fãs dessa forma.

A outra grande ação do Manowar foi convidar o que eu acredito ser – obviamente – uma banda cover para tocarem Warriors of The World. Muito legal! A produção cuidadosamente colocou uma bateria adicional no palco e a banda se saiu muito bem. Primeiro começaram com o Joe no baixo e os demais integrantes, depois, os demais integrante se juntaram a banda. Um sonho realizado. Das tais “ações”, comparando com show da década de 1990 pra cá, não houve o convite de mulheres ao palco e somente no final houve o evento de arrebentar as cordas do baixo. A banda foi mais contida na comunicação com o público nesse show. Esse show de ontem foi mais “burocrático”, ou seja, a banda entrou, tocou muito, fez seus clichês e partiu. Foi um ótimo show. A banda entregou tudo e é apenas uma comparação com outros shows.

Curiosidades a parte, em todos os três shows em que eu estive em todos eles, o Manowar enfrentou problemas técnicos e Eric Adams com seu carisma vai lá super de boa falar “são performances ao vivo e isso faz parte!” ontem o som do baixo de Joey apresentou um problema que só ele percebeu, abandonando o palco e deixando Chedrick e Batio tocando uma parte de solo dueto sozinhos. Ambos meio que mostraram um entrosamento pra situação – meio que esperada – pararam de tocar e saíram do palco por pouco tempo. Os 3 retornaram e começaram “da capo” o dueto e o show prosseguiu. Outro ponto que eu não diria quer foi uma “falha técnica” mas me pareceu estranho, foi a música de abertura Manowar começar, ou seja, o show começou, e, Eric Adams já cantando, entrou no palco para o público com pelo menos 1 minuto que os outros integrantes já estavam no palco executando a canção de abertura do show. “Vocês são estranhos!!!!” – por sinal, Adams elogiou a cidade.

Agora, é preciso pontuar que houve um momento bizarro no show como eu nunca vi em nenhum show de metal nos meus 30 anos de show. Vou comentar do pouco que eu sei ou do pouco que eu entendi. Não pesquisei nem nada por que simplesmente não me interessei pelo ocorrido: aparentemente, alguém que trabalha com o Manowar, um brasileiro chamado Manuel, estava aniversariando no dia. Até aí tudo bem, chamaram o cara no palco no meio do show, falaram do respeito a ele e tal e… até aí tudo bem… bom, daí anunciaram uma espécie de “curta”. Seria um “filme” que o cara fez. O nome do filme era “XI Mandamento”. O tal “filme” que deve ter durado uns 8 a 10 min mostrou a vida do tal do Manuel. No início começou falando dos pais do tal do Manuel, da vida religiosa e em família do cara. Acho que todos esperavam alguma ironia do filme mas não, o filme mostra um aspecto religioso do cara e narra uma trajetória de vida do tal Manoel. Bizarro. Difícil mesmo de entender e mais difícil ainda tenta explicar o que foi aquilo. O público a minha volta começou uma vaia sonora que por pouco não aumentou na casa. Foi bizarro mesmo.

Enfim, bizarrices à parte, o show foi muito bom. A bandas usa muito playback de apoio com som de cordas e corais utilizados em seus registros de estúdio. Tem muito efeito de som com acentuações de bateria – exemplo – e isso eu vejo com muito bons olhos pois traz uma qualidade a produção do som. O Manowar não precisa provar nada a ninguém e fez um show digno, comprometido totalmente com a sua temática mitológica “Cimeriana” que preenche desde a cenografia do palco até o figurino dos integrantes da banda. Eu senti falta de um telão que sempre traz um apelo visual maior. Mesmo bandas de mesma envergadura como Megadeth trazem telões e foi a única coisa que faltou. Não que eu precisasse disso pra ver o show. A casa é muito boa e deu pra ver muito bem o show da pista premium tudo que a banda entregou, mas, se tivesse que comentar algo sobre “faltar”, faltou isso.

Senti falta dos meus companheiros de Minuto HM, mas foi mais uma noite de pura diversão com o melhor metal anos 1980 em alto e bom som!

For Those About to Rock… I salute you!

Rolf “Dio” Henrique



Categorias:Cada show é um show..., Curiosidades, Manowar, Músicas, Resenhas, Setlists

4 respostas

  1. Rolf, quisera seu talento com um editor de textos fosse metade da qualidade da resenha aqui, hahaha… fiz o que pude :-).

    Excelente resumo de uma noite que pareceu ser mais uma excelente para ficar guardada nas memórias mais metálicas do seu querido ninho de curió! Obrigado por ter trazido a cobertura para cá, ficou excelente. Nada como alguém que manja mesmo como você e ainda temos o privilégio de ver suas analogias fantásticas, contextos como do filme, e esse da “água na buzina” já adotei para mim também…

    Que venham mais coberturas!

    Agora vou ligar para o Manoel…

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  2. Hahahahah ligar pro Manoel foi sensacional.

    Curtido por 1 pessoa

  3. Excelente resenha Rolf!
    Deve ter sido um show muito bom mesmo!
    E partilho contigo a influência do Alexandre e principalmente do Flávio. Na época eu havia feito uma gravação em fita cassete de um programa da Fluminense FM e uma das músicas era Battle Hymns. Só que eu não consegui anotar o nome da música e nem a banda. Então levei a fita para um consultoria. O Flávio então imediatamente identificou a música, banda, ficha técnica, etc o que me fez virar fã. 
    Valeu!!!

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  4. Eu vi o trecho do vídeo de Batlle Hyms ( a música acima citada pelo Cláudio) e me impressiona conseguir atingir um nível bastante satisfatório de vocal depois de 40 anos. É realmente incrível, ( se não tiver algum playback…..) como Eric está.
    O fato da banda desligar os telões me faz desconfiar um pouco disto. Independente disso, a banda vem mantendo seus fãs e traz um metal diretamente calcado nas suas origens, que é o que o fã quer.
    O texto desta resenha é um capítulo à parte, só o Rolf pra trazer expressões como a tal ” água na buzina”.
    E as bizarrices, o que seria de um show do Manowar sem elas?
    Excelente resenha, e obrigado por a citação de suas lembranças, algo que também carrego com muito carinho.

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