Cobertura Minuto HM – [ESPECIAL] Paul McCartney em SP – 16/out/2024 (show 2/2) – Got Back Tour (2024) – Hot Sound – resenha

Pessoal – com o tempo cada vez mais curto para todos nós, e os dias aparentemente passando em questão de 4, não 24 horas, estou aqui mega atrasado em trazer esse já antecipado relato do Charles do Hot Sound, algo sempre muito especial quando se trata de Paul McCartney – é a nossa autoridade absoluta!

Aproveitem o relato sempre especial e tão detalhado que nos leva literalmente “para dentro” desse amigo que rapidamente pude rever ao final do show.

[ ] ‘ s,

Eduardo.

Por Charles de Freitas.

Os primeiros boatos sobre a volta de Paul McCartney ao Brasil em 2024 surgiram no começo de junho e, dessa vez, apesar do pouco tempo decorrido desde os shows do final de 2023, eu não estava descrente. Pelo contrário, fiquei preocupado e atento a uma iminente confirmação.

Conforme foram anunciados shows em países vizinhos, os boatos cresceram, no sentido de que seriam dois shows em São Paulo (em 15 e 16 de outubro) e um em Florianópolis (19 de outubro). Fui pensando também em outras possibilidades. Quem sabe Goiânia? Estaria Paul com saudade do Harold? Estaria Harold ainda vivo? Quem sabe Salvador? Eu encontraria meu amigo Renan por lá? Quem sabe Recife, onde eu e minha esposa vivemos o nosso primeiro pacote “Hot Sound”? Quem sabe…

Frequentemente olhava o calendário para ver em quais períodos Paul não estaria tocando nos países vizinhos, a fim de deduzir quando poderiam ser os shows no Brasil, e observava que os boatos faziam sentido, porque na agenda da turnê “Got Back” havia um intervalo considerável entre 11 e 23 de outubro.

Enfim, chegaram a postar na internet imagens de uma pré-venda que teria sido aberta somente para sócios da Sociedade Esportiva Palmeiras, em 17 de junho, e no dia 24 de junho eu recebi o e-mail confirmando os shows de 15 e 19 de outubro. Lá íamos nós de novo.

A pré-venda dos ingressos começou em 25 de junho e, pela primeira vez desde 2010, eu deixei passar, de propósito. Não queria ir a um primeiro show em São Paulo, porque achei que estaria muito lotado de gente no pacote “Hot Sound”, ainda que os fãs brasileiros estejam nitidamente mais pobres do que há cerca de dez anos. Eu preferi esperar os ingressos de 15 de outubro se esgotarem a fim de comprar ingressos para o show do dia 16, quando fosse marcado, porque acreditava que teria menos gente.

Os ingressos da pré-venda se esgotaram já no dia 25 e no dia 26 foi aberta a venda para o público em geral. Esperei todos os ingressos esgotarem, para que logo fosse anunciado o show que eu esperava, mas isso não aconteceu. Comecei a ficar com medo de não ter show em 16 de outubro e eu perder os ingressos para o dia 15.

O show de Florianópolis estava fora de cogitação. O estádio fica em um local que, para mim, ficaria difícil. São Paulo seria uma boa opção, pois teríamos hotel e shopping center perto do estádio, podendo fazer tudo a pé, como fizemos em Brasília em 2023.  

Continuei acompanhando, porém não surgia nenhuma novidade. Decidi esperar somente até 1.º de julho. 

Os dias passavam e nada. Segundo alguns sites da internet, o show de Florianópolis estava quase lotado já no dia 27; portanto, as vendas em São Paulo pareciam estar mais devagar.

Permaneci acompanhando, todos os dias.

Na manhã do dia 1.º eu cheguei a fazer a maior parte do processo de compra dos ingressos do pacote “Hot Sound” de 15 de outubro, gravando imagens da tela para fazer um arquivo retratando todo o processo de compra, como de costume. Fui até o momento de inserir os dados do cartão de crédito e parei. O curioso é que dessa vez até mesmo os ingressos VIP estavam sendo vendidos pela Eventim, que no ano de 2023 tinha vendido somente os ingressos comuns. O preço já não era mais em dólar estadounidense, e sim em real.

Depois de desistir do processo de aquisição, comecei a pensar em recomeçar e comprar os ingressos logo, porque se o show do dia 16 não se confirmasse e os ingressos para o “Hot Sound” do dia 15 se esgotassem, eu não iria me perdoar nunca, visto que já não tenho mais saúde para ficar em fila esperando os portões do estádio se abrirem e, para mim, ver show em cadeira/arquibancada não seria muito diferente do que assistir em DVD ou Blu-Ray…

Antes que eu me decidisse, recebi depois do horário de almoço, ainda no dia 1.º, um e-mail confirmando o show do dia 16 e informando que a pré-venda dos ingressos começava no dia 2. Entrei no site da Eventim e vi que os dois primeiros shows a serem anunciados já constavam como esgotados, com exceção dos pacotes “Hot Sound”. Até ali tudo estava dentro do que eu esperava.

Dia 2, às 9h30min, eu já estava a postos diante do computador. Primeiramente eu olhava o site de 5 em 5 minutos, depois de 2 em 2 minutos e depois de 1 em 1 minuto, com as pernas cada vez mais bambas, como de costume. Às 10h04min (pelo horário do meu computador) comecei o processo de compra, terminando às 10h19min.

Porém, logo eu vi que dessa vez não haveria ingresso físico (impresso). Seria necessário baixar o aplicativo da Eventim em um telefone celular, para acompanhar as instruções sobre o “Hot Sound”, e no dia do show acessar os ingressos pelo celular. Como não tenho smartphone (só um dumbphone), precisei correr para cadastrar o celular de minha esposa no site da Eventim… e mais tarde ainda pedimos ajuda da nossa filha mais velha para gravar a imagem do ingresso eletrônico, de modo que eu tivesse pelo menos isso como recordação. Nem colecionar ingresso hoje em dia está fácil…

Com ingressos comprados, hotel reservado, condução reservada com o Senhor Ramírez, da Ramírez Turismo e Entretenimento… agora só restava esperar!

No dia 1.º de outubro foi divulgado na internet um vídeo mostrando o Paul ensaiando a música “Now And Then”, na véspera, no Uruguai, onde seria realizado, naquele dia 1.º, o show de abertura da etapa 2024 da turnê “Got Back”. Depois disso, a ansiedade só cresceu.

Em 9 de outubro, aniversário do John, li no celular da minha esposa que a entrada para o “Hot Sound” seria no Portão C1, a partir das 12h30min. Comecei a dar uma olhada no que o Paul vinha cantando nas passagens de som e nos shows. Estava na hora de me preparar para a “festa”, como ele diz, pois os últimos dias que antecedem o show passam “rápido”.

A tradicional mensagem eletrônica com as instruções para o “Hot Sound” chegou somente em 12 de outubro, e foi enviada pela VIP Nation, como no ano anterior. Fui ver isso somente no dia 13, quando já estava me aprontando para viajar até São Paulo.

E assim fui eu, mais uma vez sem o preparo físico que foi habitual de 2010 a 2019 e com a saúde um tanto mais precária do que em 2023, pronto para o que desse e viesse.

Já em São Paulo, no dia 15 eu e minha esposa fizemos uma caminhada do hotel até o tal Portão C1 do Allianz Parque, onde seria a entrada do “Hot Sound”, para cronometrarmos o tempo. Saímos às 11h33min e passamos pela entrada do “Hot Sound” às 11h55min. Já havia um pessoal na sombra, na Praça Conde Francisco Matarazzo Júnior, do outro lado da Rua Padre Antônio Tomás, esperando ser chamado para entrar. Todavia, como já aconteceu outras vezes, não havia placa nenhuma indicando “Hot Sound”, somente “Camarote C1”. Certas coisas não mudam muito, né? 

Passamos reto e fomos almoçar no Shopping Bourbon. Depois, enquanto minha esposa voltou ao hotel para trabalhar remotamente, eu fui dar uma volta na cidade onde morei durante onze anos e meio e consegui realizar a façanha de me perder na própria faculdade onde estudei durante cinco daqueles anos. Até pareceu que eu mais matei aula do que assisti… talvez seja o peso da idade decrépita…

Voltei ao shopping por volta das 15h30min, me perguntando se a passagem de som já teria começado. A resposta foi positiva. Da Rua Padre Antônio Tomás já era possível ouvir a jam que tradicionalmente abre a passagem de som.

Apesar do sol lascado e das dores nos pés e canelas, resolvi ficar ali, em pé, curtindo. Sabia que precisava repousar, para estar descansado no dia seguinte, mas podendo ouvir o que eu estava ouvindo, nem morto sairia dali.

Depois vieram Matchbox, Coming Up, Drive My Car, Women And Wives (cadê a esposa dessa vez para darmos as mãos?…), Let ´Em In, Mrs. Vandebilt, Ram On, Midnight Special, Quennie Eye e Lady Madonna. Por volta das 16h20min a passagem de som acabou e eu fiquei me perguntando o que teria “restado” para o dia seguinte… 

Voltei logo para o hotel, pois já tinha abusado bastante e precisava estar descansado para a quarta-feira.

No dia 16 acordei às 8 horas, uma pilha de nervos, como de costume. Fiz todo o “preparo” do dia e às 11h15min eu e minha esposa saímos caminhando calmamente em direção ao estádio. Um relógio da Avenida Sumaré marcava a temperatura de 29ºC.

Passamos pela entrada do “Hot Sound” na Rua Padre Antônio Tomás às 11h33min e ainda não havia chegado ninguém. Porém, finalmente haviam colocado uma sinalização indicando “Acesso Hot Sound”…

Fomos rapidamente até o Shopping Bourbon e, quando voltamos, às 11h50min, já havia cinco pessoas em torno da entrada do “Hot Sound”, debaixo de sol. Ficar aguardando ali era a primeira – e talvez a pior – provação do dia. 

Eu já estava começando a cozinhar quando, ao meio dia, orientados por uma funcionária, a qual disse que iria nos buscar na hora da entrada, fomos para a sombra, na Praça Conde Francisco Matarazzo Júnior, do outro lado da rua, onde nos minutos seguintes se formou uma fila de onze pessoas.

Eram 12h32min quando o já conhecido Diego apareceu no portão do “Hot Sound”. A funcionária com quem havíamos conversado anteriormente não nos buscou, mas algumas pessoas já foram entrando, então atravessamos a rua e igualmente entramos.

No minuto seguinte encontramos o também já conhecido “Dom”, que nos esperava na entrada da garagem; ele conferiu nossos nomes e documentos e em seguida recebemos copos de água e caminhamos em frente.

Às 12h35min passamos pela revista das bolsas; ao contrário das vezes anteriores, tivemos que tirar as tampas das nossas garrafas de água mineral e jogar fora. Considerei essa medida porca e anti-higiênica, mas, claro, deve ter sido em nome da nossa “segurança”.

Logo em seguida fomos em frente e recebemos, em um balcão, a pulseira vermelha do “Hot Sound” e a credencial.

Às 12h38min passamos pela catraca, onde os QR codes dos nossos ingressos eletrônicos foram lidos a partir do celular da minha esposa, e recebemos a pulseira verde da Pista Premium, ficando em seguida em fila de espera.

Quatro minutos depois, quando todos os “Hot Sounders” já estavam ali reunidos, seguimos em frente para uma caminhada de exatos cinco minutos até um elevador, que nos levou para o pavimento no qual chegamos à recepção do “Hot Sound”, às 12h50min. Ali, logo na entrada do restaurante Braza, recebemos um pôster (das mãos de uma funcionária) e uma sacola (das mãos de outra funcionária) contendo um boné, um ímã de geladeira com imagem imitando um ingresso VIP, totalmente fictício (pois não se parece com o ingresso de nenhum dos shows em que fomos), e uma toalha de banho, sendo marcado um “x” nas nossas pulseiras vermelhas, para que nenhum “espertinho” tentasse ganhar mais brindes do que o devido. 

Procuramos um lugar para nos sentar e minha esposa guardou os brindes – notadamente o frágil pôster – na sacola que ela levou adrede para protegê-los, até porque sabíamos que o Eduardo iria ao show e, portanto, havia uma séria possibilidade de chuva torrencial e tudo ficar molhado e estragado. 

No restaurante havia acomodações de todo tipo e minha esposa escolheu um sofá bem fofo e espaçoso para ficarmos.

Como de costume, uma televisão exibia sucessivamente vídeos com imagens dos Beatles ou de Paul cantando diversas músicas, sem intervalos. Essas músicas eram Let It Be, Lady Madonna, Eight Days A Week, Hello Goodbye (sem vocal/parcial), Get Back, Coming Up, Come On To Me, Hello Goodbye (outra vez sem vocal/parcial), She Loves You, Band On The Run, Don’t Let Me Down, Eleanor Rigby, Live And Let Die, Dance Tonight, Hello Goodbye (dessa vez sem defeito), Blackbird, All My Loving, Fuh You e Hey Jude, recomeçando então tudo de novo com Let It Be. 

Às 13h03min os garçons passaram servindo a salada. Seis minutos depois serviram sopa de cebola, que eu não tomei, porque detesto cebola, embora isso me lembre o amigo “Cebola”… às 13h23min serviram pizza napolitana, o que já é mais a minha “praia” e está na minha dieta. Alguns pratos eu não experimentei, fosse por motivo de restrições alimentares, fosse para não comer “demais”.

O serviço do Braza foi excelente; sem dúvida, um dos melhores dos “Hot Sounds” de que participamos, talvez só ficando atrás de Belo Horizonte em 2013 e, quem sabe, Brasília em 2014. Comemos além do costume, tudo muito bom e gostoso (tirando o que o médico me proíbe…) e todos os garçons foram extremamente simpáticos e eficientes, por isso fizemos questão de elogiar.

Eram 13h40min quando “Dom” pegou um microfone e deu as tradicionais boas-vindas aos “Hot Sounders”, com as instruções de praxe; segundo ele, havia somente dezenove “Hot Sounders” naquela tarde.

Às 14h08min os garçons serviram brownie e salada de frutas como sobremesa, e assim encerramos nosso preparo alimentar para o show (eu, como sempre, procurando não comer além da conta e priorizando alimentos que para mim seriam os mais leves, afinal, sabia o que me esperava).

Ficamos então aguardando o chamado para descer até o “curralzinho” da passagem de som, aproveitando a espera para ir ao banheiro confortavelmente enquanto era possível, pois sabemos que depois de sair dali ficaria mais difícil… “Dom” sempre nos avisa para aproveitarmos o banheiro antes de descermos, mas sempre há alguns que erram seus cálculos…

Às 14h44min “Dom” veio avisar que desceríamos em dez minutos. Ele e sua nova companheira Michelle foram muito atenciosos conosco. Saímos do Braza nove minutos depois, ao som do videoclipe de Let It Be (que já era exibido pela terceira vez no restaurante Braza).

Descemos pelo elevador às 14h55min e ficamos em fila até as 15h em ponto, quando nos conduziram em uma caminhada de um minuto até o “curral” situado entre os setores “Pista” e “Pista Premium”, de onde assistiríamos à passagem de som. Nos posicionamos e em seguida chegaram vários estudantes de música, que nos fariam companhia.

O sistema de som tocava Hey Diddle quando chegamos. Em seguida, vieram Hanglide, I Love This House e Let ´Em In. Assim como em 2023, havia copos de água mineral à vontade para nós.

Às 15h23min Paul apareceu no palco, acenou rapidamente para nós, conversou com pessoas que estavam lá, abraçou várias delas, foi então até o microfone e disse para nós: “Alô, folks! Oi! Welcome to soundcheck!”. Em seguida, já sabendo o que esperávamos, falou: “you know what we’re gonna do…”. 

Paul estava vestindo um paletó azul “mediterrâneo”, com detalhes em azul “cobalto”, que tirou às 15h28min, antes de pegar a guitarra Les Paul colorida (“psicodélica”), exibindo uma camisa azul “caribe” toda cheia de detalhes e de manga comprida. Será que estava com frio? Rapaz…

Às 15h29min começou a Jam que, tradicionalmente, vem abrindo suas passagens de som. Sem mais delongas, às 15h38min veio Honey Don’t. Um bom momento para lembrar que Ringo não vem ao Brasil há praticamente dez anos

Em seguida, Paul pegou o baixo e às 15h44min mandou Fuh You – com direito a reprise do refrão no final.

A maior surpresa do dia veio às 15h46min: All My Loving. Depois desta pancada no coração, o pessoal começou a gritar “Paul! Paul!” e “Paul McCartney! Paul McCartney! Paul McCartney!”.

Paul então foi para o piano. Às 15h48min veio C Moon, após a qual ele nos agradeceu com um “thank you, Brazil”. 

Às 15h52min veio Let ‘Em In. Durante essa música, quando eu tirava algumas fotografias com minha câmera fotográfica, um segurança aparentemente “atilado”, que talvez nunca tenha visto uma máquina fotográfica na vida, veio me dizer que não era permitido filmar a passagem de som; enquanto isso, algumas pessoas visivelmente filmavam o espetáculo com seus celulares à vontade… paciência.

Após as declarações de amor da plateia, Paul respondeu com um “I love you, too”.

Ele pegou então o violão Martin, e às 15h58min veio San Francisco Bay Blues. Às 16h, foi a vez de Every Night, após a qual Paul agradeceu com um “thank you”. 

Algumas meninas começaram a puxar um corinho de “na! na! na! na! na! na! na! Hey Jude!”, talvez esperando que ele tocasse Hey Jude, mas… Paul logo pegou o uquelele às 16h03min e disse: “This is an ukulele… you know that…”. Obviamente, foi a hora de Ram On

Às 16h06min ele pegou o violão Epiphone e, já tocando os primeiros acordes de Midnight Special, foi explicando, em inglês, que a música é sobre um trem que passa ao lado de um presídio e a lenda dizia que se a luz do trem brilhasse sobre um presidiário, este seria libertado. 

Depois de Midnight Special, o pessoal disse “We love you, Paul!” em coro e ele respondeu dizendo “good dancing”, elogiando especialmente o pessoal que vinha dançando de forma animada durante a passagem de som.

Já na reta final, às 16h09min, Paul foi para o pianinho colorido (“psicodélico”) e veio Queenie Eye – em seguida, ele agradeceu em inglês e em japonês (“arigato”), mas logo depois observou: “No… that’s Japanese…”. Ou ele sentiu saudades do Japão ou percebeu que havia um japonês da gema entre nós. Ou tanto faz; dizem que “arigato” derivou de “obrigado” mesmo… o Paul pode nos agradecer em qualquer língua, porque entenderemos nosso “ichiban” em qualquer estação, digo, em qualquer língua.

Às 16h13min veio Lady Madonna e às 16h16min ele anunciou o final do nosso pequeno show: “OK, that’s all… so soundcheck is finished; did you get enough?”. Eu sinalizei que queria mais, porém o pessoal no “curralzinho” parecia estar meio perdido: alguns tentavam convencer todos a gritar “mais uma”, outros pareciam dispersos. Então Paul disse que esperava que tivéssemos gostado e se despediu dizendo: “See you tonight; have a good time”.

Desse modo, acabou a passagem de som e os gritos de “Lindo! Tesão! Bonito e Gostosão!” de algumas meninas acabaram ficando para o show, quando ele tirou o paletó. Tenho notado o pessoal mais “quieto” nas últimas passagens de som que presenciei. Talvez seja impressão minha, ou talvez seja devido ao número menor de fanáticos. 

Os estudantes saíram do “curralzinho” primeiro e às 16h26min corremos para a grade e chegamos vivos. Ficamos desta vez numa posição um pouco diferente: nos posicionamos para ver Paul tocar “Now And Then” bem de frente. Um jovem chamado Daniel se sentou ao meu lado, também com as costas na grade, e comentou que precisava ir ao banheiro. Eu disse para ele correr, e muito, porque logo abririam o portão da Pista Premium e não daria para garantir o espaço dele caso chegasse uma turba por cima de nós. Ele foi. 

Às 16h34min o pessoal da Pista Premium começou a chegar; Daniel voltou a tempo, felizmente, e ainda encontrou seu espaço ao nosso lado. A partir daí, somente nos restava esperar, como de costume, ocasionalmente bebendo água, tomando uma garrafinha de guaraná e comendo um pouco de Stiksy e Disqueti, torcendo para dessa vez o meu “São Pedro” ser mais forte que o do Eduardo (o qual dias antes ainda me trolava dizendo que eu ia tomar chuva). Durante nossa longa espera, houve muita oferta de copos de água mineral para nós.

Eram 19h22min quando o pessoal que estava em pé na nossa frente começou a vir em cima de nós; mesmo assim, nós nos levantamos somente às 19h25min. Como sempre, eu permaneci sentado o máximo que pude; esperava com isso ter poupado meus pés e pernas o quanto possível para o tempo em que ficaria em pé, evitando assim dores maiores. A partir dali fiquei em pé escorado na grade e três minutos depois de ter me levantado uma senhora que estava lá atrás, talvez com a neta, precisou de atendimento médico. Foi retirada por cima da grade, não muito longe de onde eu estava.

Às 19h32min, demonstrando que não haveria atraso, começou a apresentação do DJ, que contou com The Fool On The Hill, Don’t Let Me Down, Mother Nature’s Son, Venus And Mars, I’m Down, Rock And Roll Music, She Came In Through The Bathroom Window, Come Together, Why Don’t We Do It In The Road?, The Night Before, Help!, All You Need Is Love, Temporary Secretary, Paperback Writer, Day Tripper e Dizzy Miss Lizzy

A apresentação do DJ acabou às 20h22min e imediatamente começou a exibição do vídeo no telão, que principiou falando da Beatlemania e prosseguiu ao som de Early Days, Twist And Shout, I Wanna Be Your Man, Oh! Darling, Love Is Strange, Country Dreamer, B-Side To Seaside, Flaming Pie, Coming Up, Mrs. Vandebilt, A Day In The Life (nota final) e The End

A exibição do vídeo acabou às 20h33min, mas às 20h30min uma onda de histeria já tinha varrido o estádio, pois já era hora do show começar. 

Paul entrou no palco às 20h33min e a partir dali, como sempre, tudo passou num piscar de olhos. Às 21h21min, durante Maybe I’m Amazed, eu desabotoei a camisa, pois já estava suando bastante. Na hora de Now And Then, conforme esperado, caiu um cisco nos meus olhos (um único cisco nos dois olhos…); sem dúvida, foi mais uma experiência surreal ver Paul tocando e cantando com sua banda atual, na minha frente, o último sucesso dos Beatles, lançado no ano anterior.

Às 22h39min, encerrada a primeira parte do show, Paul e a banda saíram do palco. Voltaram para o “bis” às 22h41min, com Paul trazendo a bandeira do Brasil, “Wix” a do Reino Unido, Brian com a LGBTQIA+ e Abe, é claro, com uma taça de vinho.

Eram 23h06min quando Paul se despediu com o já tradicional “Até a próxima!”. Porém, dessa vez muito pouco da chuva de papel picado caiu sobre nós; a maior parte caiu entre a grade e o palco.

Assim como nos shows anteriores, muita gente continuou ali na grade ou perto dela. Aparentemente, esperavam uma volta de Paul ao palco, quem sabe dessa vez acompanhado por Ringo, Julian, Sean e Dhani, para anunciar o encerramento coletivo de suas carreiras… outros vieram lá de trás, para tirar selfies bem na frente do palco, de costas para a grade, e não saíam mais de perto de nós.

Isso dificultava bastante o esforço físico que eu e minha esposa fazíamos para tentar pegar até mesmo o papel picado que estava mais perto de nós, porque continuávamos apertados (prensados) ali, sendo que a maior parte do papel picado acumulado perto de nós era de cor azul, havendo poucos nas cores verde e amarelo e somente um branco (!).

Eis que, então, alguém cutucou meu ombro, por trás. Era o Eduardo, o ex-deus da chuva, em carne e osso (na verdade, mais carne do que osso em relação à última vez em que nos vimos…).

Conversamos rapidamente; não perdi a oportunidade de jogar na cara dele que “não choveu”, apesar dos gracejos que ele fez comigo nos nossos contatos antes do show, e então começamos a nos despedir, pois ele estava com outros amigos lá atrás. Infelizmente, esse momento histórico foi interrompido – ou abreviado – porque “funcionários” começaram a indelicadamente nos expulsar de onde estávamos, nos afastando dali (literalmente “nos tocando” dali) e colocando faixas de isolamento a fim de segregar as áreas das quais o público já tinha sido expulso.

Ainda que tivessem urgência para esvaziar o estádio, um mínimo de educação não faz mal a ninguém. Ou será que o problema era alguma coisa na minha aparência? 

É nessas horas que a gente só não solta uns bons palavrões ali porque está muito feliz de ter aguentado mais um show e por estar de muito bom humor, inclusive em razão do Eduardo ter se perdido de sua (quase) inseparável nuvem de chuva de estimação, mas aquilo foi a prova de que o Brasil é um eterno projeto fracassado de país, um estadinho policialesco (ou “a**hole country”, como diria um certo “estadista”) cheio de gente que adora babar ovo para a organização, a cultura e a educação do estrangeiro mas continua agindo feito bicho aqui dentro das nossas fronteiras.

Fomos então embora, catando mais papel picado pelo caminho, onde era possível encontrar; topamos rapidamente com o Eduardo de novo, e falamos brevemente com ele outra vez (pelo menos dessa vez deu tempo de nos despedirmos “formalmente”). Mais adiante, ainda reencontrei o Daniel, do qual também me despedi. “Até a próxima” para todos… menos para a nuvem de estimação…

Excepcionalmente, fomos comprar lembranças do show somente depois do espetáculo. Eram 23h22min quando finalizamos a compra num dos postos de venda e percebemos que a área onde estávamos também já havia sido isolada. Não ficamos lá para saber se quem ainda queria comprar alguma camiseta, revista da turnê, sacola ou outra coisa qualquer foi impedido de comprar ou não. Se houve esse impedimento, certamente foi pela “segurança” deles. “Numa democracia é assim”.

Caímos fora. Às 23h27min passamos pela catraca e saímos na Rua Padre Antônio Tomás pelo Portão C do estádio, em frente à Praça Conde Francisco Matarazzo Júnior. Após uma caminhada tranquila, chegamos ao hotel às 23h45min, arrumamos tudo para a viagem de retorno e fomos dormir por volta de uma e meia da madrugada. Às cinco e meia o Senhor Ramírez chegou para nos buscar. Mais uma missão cumprida e voltamos para casa prontos para a próxima.



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