Cobertura Minuto HM – Korn em São Paulo – 19/abr/2017 – resenha

Acredito que essa é a primeira cobertura Minuto HM de um show de “nu metal”. Confesso que odeio rótulos, assim como confesso que não sou um fã doente de Korn. Mas minha mulher gosta muito e, desde a última passagem do Skipknot no Brasil, a qual não pudemos comparecer, estava na hora de compensar o erro do maridão aqui.

Faltando vinte minutos para o início do show, marcado para às 21h30, adentrávamos ao Espaço das Américas, na Zona Oeste de São Paulo, onde ouvíamos, ainda do lado de fora, a passagem final dos instrumentos. Foi o tempo de tomar uma cervejinha (ao humilde custo de R$ 12,00 CADA LATA) e escolher um bom local na pista.

Ao contrário da Pista Premium (que estava bem cheia), a Pista “Normal”, onde estávamos, do meio pra trás, estava com espaço de sobra para escolher um bom lugar sem ter que ficar espremido. Enquanto aguardávamos o início, a música de fundo do local era um excelente metal bate-cabeça soul music bem característico da década de 1970. Não estou brincando! Dava até para estalar os dedos acompanhando o som de um saxofone.

Dentro do horário planejado, o Korn dava início ao show da turnê de seu mais novo – e muito bom – álbum The Serenity of Suffering. Com o desfalque já conhecido do baixista Reginald “Fieldy” Arvizu, que não pôde comparecer em todos os shows da América Latina por problemas pessoais, a apresentação deu início com foco no tecladista Davey Oberlin (músico contratado para a turnê), produzindo um som bem sombrio que introduziria à banda ao palco.

Na sequência da apresentação, aparece o baterista Ray Luzier, que realiza batidas bem pesadas para alimentar o som introdutório e levantar a galera. Em seguida, James “Munky” Shaffer, o guitarrista base, também aparece. E com as três batidas características no chimbau, dá-se início a Right Now, trazendo consigo Jonathan Davis (vocal), Brian “Head” Welch (guitarra) e um garotinho no baixo, Tye Trujillo (filho de Roberto Trujillo, baixista do Metallica).

Fiquei muito curioso para saber como um garoto de 12 anos de idade iria se portar junto de quatro caras bem rodados. A contar pelo fato da plateia brasileira, tudo é motivo de festa, o que poderia diminuir a pressão. E convenhamos que não é todo show do Korn que volta e outra você ouve alguém comentar “ahh…que gracinha” cada vez que o garoto aparecia no telão.

Na sequência, o grupo emendou dois clássicos, Here to Stay e Somebody Someone, intermediadas por Rotting in Vain, faixa do novo álbum. A plateia até o momento eufórica dá uma caída com Word Up, cover de Cameo, um grupo de funk americano popular na década de 80, e Coming Undone (essa última apesar de uma faixa bem conhecida, é meio “parada” para o estilo mais pesado do Korn – e também não é uma de minhas músicas preferidas). No meio de Coming Undone a banda emenda um pedaço de We Will Rock You, do Queen. E foi também entre uma dessas músicas que Jonathan parou para dar uma comida de rabo em algum fã por estar fazendo alguma besteira, mas confesso que não era possível ver o que esse cara fez da onde eu estava e nem pelas palavras do vocalista, pois foi um “fumo genérico”.

Tye Trujillo se movimenta bem mais que os dois guitarristas, sempre alternando entre o palco e o segundo nível, criado para destacar a bateria. E não é por menos. Ray Luzier rouba a cena de todas as músicas, com uma bela imposição, mesmo atrás de seu kit de bateria. Muitas vezes a energia que ele coloca passa do ponto e ele arrebenta uma baqueta. Eu parei de contar na quarta baqueta quebrada…

O meio do show é o ponto mais alto da apresentação: Insane (excelente música do novo álbum), Y’All Want a Single (que funcionou muito bem ao vivo – não botava fé nela), Make me Bad (clássicasso que teve o final alterado da versão original) e Shoots and Ladders (com direito a Jonathan Davis tocando gaita de fole e a banda finalizando com uma pequena participação de One, do Metallica) botaram o Espaço das Américas abaixo.

Em seguida, Tye Trujillo fez um pequeno solo em um baixo de 3 cordas, abrindo mais um daqueles solos de bateria que a grande maioria das bandas faz no meio dos shows. Entretanto, Luzier comprovou que tem uma técnica muito superior ao que a musicalidade do Korn exige. O final do solo dá introdução à Blind, que também ficou muito melhor ao vivo. Twist e Good God fecharam o apresentação para aquela famosa padarinha antes do encore.

Após poucos minutos com as luzes apagadas, a dobradinha praticamente que obrigatória de Falling Away from Me e Freak on a Leash fecham o espetáculo. Quem ficou na pista premium teve uma boa chance de conseguir uma palheta ou uma baqueta, pois os músicos jogaram praticamente todo o estoque que tinham. Jonathan Davis saiu rapidamente após o fim do espetáculo – como frontman da banda, eu achei que ele deveria ter ficado ali junto com os demais membros do grupo.

A produção do show foi bem simples, com dois panos de fundo atrás do palco (um escrito “Korn” e outro com a capa do novo álbum) e jogos de luzes. Por se tratar da turnê do álbum Serenity of Suffering, duas músicas só foi pouco – o novo material deveria ter mais destaque. Não que alguma música deveria ter sido cortada, pois o Korn fez um bom equilíbrio com faixas de todos os seus álbuns; mas o setlist poderia ter duas ou três músicas adicionais com material novo.

A presença de Tye Trujillo foi dada como destaque por muitos canais de comunicação, mas eu achei que a banda perdeu em presença de palco. O garoto tocou bem, entrou focado e estudado, se movimentou, bangueou e até trouxe uma curiosidade ao espetáculo. Mas faltou um dos fundadores da banda lá no palco, com aquele slap característico e o braço do baixo perto do rosto que o Fieldy sempre faz. Não sei dizer se muitos dos efeitos que ouvi eram para garantir que o moleque não errasse ou se eles seriam todos mantidos com a formação original (já tinha visto o Korn no Paletra Itália, quando abriram para o Ozzy Osbourne em 2008, mas o som e o local não permitem uma comparação).

Deixamos o Espaço das Américas cerca de 1 hora e 20 minutos após chegarmos. A música de encerramento foi uma versão jazz de Freak on Leash – fiz uma breve pesquisa quando cheguei em casa, mas não achei a versão que foi tocada. Eu cheguei a tirar algumas fotos do show, mas ficaram “excepcionais”. Deixo aqui um registro de Tye Trujillo tocando em Good God, com uma filmagem bem mais profissional, retirada do YouTube:

Korn Setlist Espaço das Américas, São Paulo, Brazil 2017, The Serenity of Suffering

Kelsei.

Revisou / editou: Eduardo.



Categorias:Cada show é um show..., Covers / Tributos, Curiosidades, Korn, Músicas, MetallicA, Queen, Resenhas, Setlists

7 respostas

  1. Kelsei, primeiramente agradeço pela resenha no blog, falando especificamente de um show assim, realmente não me recordo de outra resenha do estilo em questão, apenas comentários mais pontuais já que o Korn já foi banda de abertura (hoje ainda pode falar assim ou tem que falar “special guest” – tudo é muito politicamente correto, sabe como é…) de outros grandes shows assistidos, inclusive deste citado do Ozzy há 9 anos atrás (já passou tudo isso?).

    Não é, definitivamente, uma banda ou estilo que me motivaria a assistir um show específico, entretanto, os respeito e eles têm sim atributos de sobra para terem um bom show àqueles que curtem. Me parece ter sido uma noite histórica inclusive, pois não é nada trivial botar uma criança no palco – aliás, que iniciativa legal da banda.

    Há claro de se ponderar tudo a partir daí, e isso obviamente divide opiniões: se por uma lado é uma iniciativa bonita, por outro os fãs querem ver a banda “completa”, e logicamente o som que pode ficar comprometido também afeta o desempenho geral da banda. Mas, de novo, a linha entre “cobrança” e “admiração” pela iniciativa é tênue. Há a questão de um baixo de 3 cordas apenas, dá um tom até infantil para a coisa toda… até porque, em uma rápida pesquisa, vemos o baixista original usando 5 cordas, não é mesmo? Mas aqui deixo para os fãs e/ou Remote tecer comentários mais assertivos…

    Não sei se já viu, mas em Lima, Trujillo (o pai) deu uma canja com o filho no palco do Korn… aqui tem isso: http://www.blabbermouth.net/news/metallica-bassist-joins-12-year-old-son-korn-on-stage-in-lima-video/

    Fotos “extraordinárias” me fez rir aqui uns 2 minutos… aqui, abaixo, deixo algumas da mídia ” especializada” para conferência.

    http://g1.globo.com/sao-paulo/musica/noticia/show-do-korn-em-sao-paulo-fotos.ghtml

    https://musica.uol.com.br/album/2017/04/19/korn-sao-paulo—abril2017.htm?foto=1

    Valeu de novo pelo post!

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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    • O Tye também usou baixo de 4 cordas no show (se não me engano, tinha um com 5 também), mas o solo especificamente foi com o três cordas, que é o da foto com o Jonathan Davis (foto inclusive que foi do show da Colômbia – aqui em São Paulo não achei um take legal com o Tye e alguém da banda).

      A família do Tye também estava ao lado do palco, mas o Trujillo só estava não veio ao Brasil, até onde sei. Não sabia da canja do pai, vou ver!

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  2. Kelsei obrigado pelo post.
    Você conhece da banda e ler uma resenha quando se conhece do assunto sempre faz toda diferença. É como sempre digo: estou sempre aprendendo!

    Também assisti ao show do Korn na abertura do Ozzy e na medida do possível eu gostei do show. Gosto da mistura do funkeado com qualquer estilo e nessa passagem, uma coisa me deixou curioso: o Korn deixou muito claro uma forte desavença com o Limp Bizkit. Me parece que foi o Korn que revelou o LB e eles se ocuparam nessa entrevista de pedir desculpas por isso. Fizeram críticas pesadas Não entendi bem esse lance. Será que você conseguiria me explicar essa treta? Ouvi bastante coisa dos 03 primeiros discos do LB e por isso a minha curiosidade

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    • O Jonathan Davis, vocalista do Korn, estava meio que “brigado” com o Fred Durst, mas era rolo pessoal – nada entre as bandas em si.

      Tem como me passar essa matéria? Estranho ter crítica pesada se, inclusive, o Korn e o Limp Bizkit sairam juntos justamente nessa turnê na Inglaterra, no final de 2016.

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  3. Kelsei, faça mais coberturas como essa! Ótimo o desenrolar do conteúdo do post, trazendo os detalhes sem ser algo chato, exagerado.
    Bem eu não curto Korn, respeito o conjunto em especial pelo pioneirismo no gênero e concordo que o batera se sobressai no meio daquela monocordia que pra mim significa o conjunto baixo e guitarras desse estilo. Mas se destaca por toca para diabos o cara!!!!
    Não sabia da história envolvendo o filho do Trujillo, obviamente, mas pelo que percebi pelo menos para o fã menos assíduo o assunto deu o que comentar e pode ter, eventualmente, encoberto o que seria o principal, o show, as músicas , o espetáculo em si. Não sei se é o caso, mas fica para reflexão. O garoto, pelo exemplo do youtube, não deixou a peteca cair e parece um caso que a genética explica bem.

    Excelente a matéria, eu daqui já fico esperando a próxima cobertura, será o Sonata Arctica ?

    Alexandre

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