Cobertura Minuto HM – trazendo minhas impressões sobre o Rock in Rio 40 anos – 15/set/2024 – resenha

Sim, eu não ia, mas acabei indo…. Acho que um dia, e este está cada vez mais próximo, eu vou deixar de ir ao Rock in Rio. Desde 1991 que eu compareço sem falta nenhuma das vezes desde então,já que infelizmente a primeira e histórica edição de 1985 eu assisti grudado na tela de casa, mas ainda era muito moleque, embora com 16 anos e não consegui negociar de ver ao vivo com uma mãe pra lá de zelosa, assim fica a memória televisiva e o carinho por ter alguém que muito se preocupava comigo.

E de 2011 pra cá, as edições estão vindo em caráter periódico, e desde então ainda não deixei de ir a nenhum. A edição de 2024, assim como a de 2022, não tinha mais da minha parte a motivação das outras. Minha esposa insistiu nas duas vezes, e desta vez voltou a ir comigo. O bom também foi ter encontrado o Marcus batera, que eu fiquei sabendo na semana do show que viria. Só isso já valeu e com sobras em ter ido ao festival

Mas vamos lá, falar de um festival que de rock cada vez tem menos. O dia escolhido, é claro, foi o único que ainda trazia o tal do rock and roll. Metal “colhido do pé”, convenhamos, no mainstream não teve. Não dá pra considerar as atrações principais como clássicas do gênero. Ainda assim, o line-up trouxe bons representantes de algumas das vertentes mais pesadas.  Classic Rock, AOR, Hard Rock, Gothic Rock, Alternative Rock, Metalcore, por aí segue, tinha disso tudo um pouco.

Mas vou começar pelo começo, que foi chegar no festival. Bem, pra quem quer pagar módicos Rs160,00 ir do ônibus exclusivo foi novamente uma boa opção. É desnecessário reforçar que é um preço além do razoável e que nem sempre o ônibus é realmente a tal “primeira classe”, como é conhecido. São ônibus com razoável conservação e raramente se encontram com uma limpeza de primeira classe. Nesta edição de 2024, valeu à pena pois eu fui em um domingo que é normalmente o dia menos prejudicado pelo trânsito. Então, do trânsito não dá para considerar o dia 15.09.24 como o que aconteceu no geral no Rock in Rio de 2024. No meu caso, foram duas viagens (ida e volta) bem rápidas. Além disso, a organização teve o bom senso de entregar na entrada pulseiras para serem lidas no acesso da volta, evitando que houvesse problemas em acessar o QR code, por exemplo, em celulares prestes a perder a carga ou mesmo já descarregados. Aqui vai um parabéns para quem pensou nisso.

Antes dos shows, já que chegamos bem cedo, acompanhei a patroa numa tour pelo Rock In Rio todo, para pegar brindes, avaliar os preços dos produtos como camisas e demais atrações que não as musicais. Os preços em geral estão caros como sempre, aliás a comida e bebida também. Quem optou por se antecipar via aplicativo na compra de comida ou bebida deve ter se arrependido, pois não teve lá muita vantagem nas filas. Esse ponto precisa melhorar. Os banheiros estavam funcionando bem na chegada, mas não resistiram ao uso durante a noite e no final estavam mais críticos.

Vamos ao que vi dos shows. O primeiro show que eu “não vi” foi o Barão Vermelho, pois cheguei na última música. Então não dá para avaliar qualquer coisa, mas o som estava bom, pelo menos ali no encore. Traçar qualquer linha adicional seria querer adivinhar o que aconteceu. Os Paralamas entraram na sequência no Palco Mundo, mas eu ainda estava distante e acabamos optando por não acompanhar. É outro que eu vou ficar devendo. Os palcos secundários traziam bandas nacionais em sua grande maioria e aqui surge o primeiro desapontamento, pois eu tinha curiosidade para ver como se portava ao vivo a banda Crypta, embora não goste do estilo gutural que é a escolha do vocal das meninas. O problema é que o Journey entraria 30 minutos depois do ínicio do show da Crypta, assim eu só conseguir ver 10 minutos da banda brasileira. Os dez minutos comprovaram que já se trata de uma banda com cacife pra dominar a cena do Death Metal, em especial pelas ótimas guitarristas Jessica e Tainá.

Partindo para os palcos principais, assisti os três últimos shows do Palco Mundo e o Deep Purple, no Palco Sunset. Uma grande melhoria foi o novo local onde fica o Sunset, muito mais próximo do Mundo e o revezamento dos shows entre os dois palcos foi feito de forma a quem quisesse assistir todos os shows dos dois palcos conseguisse sem muita dificuldade. Aliás, o Palco Sunset também está maior e com maior estrutura de telões. Falando em telões, o Palco Mundo também trouxe mais 2 telões grandes, facilitando bem assistir aos shows.

Vem o Journey e junto vem um problema que eu presencio em todas as edições no Palco Mundo. O som estava ruim à beça no início, e, mesmo indo acertando, não ficou bom em momento nenhum. O Palco Mundo já tem, pra quem não está no “guargarejo”, uma tendência a ter muito agudo e quase nenhum grave na equalização. O Journey foi a vítima de 2024. Era aquele som de “radinho de pilha”, pelo menos onde eu estava. Além disso, a guitarra do Neal Schon era pouco ouvida nas bases, só melhorava nos solos. Outro fato perceptível foi o desconforto de Arnel Piñeda com o seu retorno. Por vezes ele até perguntou à plateia se estavam ouvindo não só o vocal, mas também guitarras ou bateria. Assim, apesar do show curto trazer todos os clássicos da banda, o Journey só levantou mesmo o público no final, com Don’t Stop Believing e Separate Ways. Arnel estava com muita dificuldade de cantar, desafinou boa parte do tempo e várias vezes não atingiu as notas mais altas. Pelo menos, convenhamos, ele tentou cantar de verdade e não se escorou em playbacks. A performance, no entanto, foi sofrível.  O resto da banda foi muito bem, os solos de Neal são incríveis, mas pra mim o grande destaque foi o Deen Castronovo, que arregaçou na bateria. Além disso, cantou Lights bem melhor do que Arnel faria naquela noite. O Journey, infelizmente, acabou devendo um pouco, também por causa dos problemas técnicos.

Pausa para um lanche, enquanto o Incubus tocava no palco Sunset. Voltamos para o Palco Mundo, vem o Evanescence.  Eu não sou um fã da banda, conheço as canções mais conhecidas apenas. A banda entregou, na minha opinião, um show muito bom, com um som bem melhor equalizado que o Journey. Houve apenas um pequeno contratempo no início do show, que motivou um atraso de cerca de 10 a 15 minutos, contornado assim que a banda entrou no palco. Amy Lee cantou muito bem, poucas oscilações em um vocal que já é normalmente desafiador. A banda que a acompanha também se esteve muito competente, e novamente vou destacar o excelente baterista Will Hunt, outro que destruiu na sua atuação. Há pouco espaço para solos, mas foram bons aqueles apresentados. Amy também dominou muito bem no piano, assim entendo que o Evanescence manteve o público aceso em boa parte do tempo, em especial no fim, com My Immortal e Bring me to Life, e antes em Going Under e Call me Call Me When You’re Sober.  

Dali foi migrar para o Palco Sunset, e esperar poucos minutos para ver o Deep Purple em ação. Apesar do problema do microfone de Gillan em Highway Star, pra mim a banda britância trouxe o melhor show, com facilidade, e também teve o melhor som entre os que acompanhei. É admirável presenciar um Ian Paice se aventurando no pedal de bumbo duplo, algo completamente fora de sua característica, aos 76 anos, na nova faixa A Bit on The Side. Don Airey está muito à vontade no seu papel na banda, já está lá há mais de 20 anos e sabe muito bem qual sonoridade precisar atacar. Assim, usou e abusou do Hammond, que é a marca do grupo, com incrível maestria. Roger Glover teve o melhor som de baixo que ouvi no festival e, apesar de mais contido, mostrou a categoria habitual quando precisou. Gillan está beirando os 80 anos, percebe-se que tem dificuldade em segurar o microfone sem tremer as mãos, mas pra mim entregou um vocal além do que esperava. É lógico que aos 80 anos não há mais como exigir que ele traga os agudos da fase clássica, mas, deixando isso de lado, o veterano mostrou uma afinação que quase ninguém na idade dele deve conseguir. E o destaque pra mim vai para o novo membro da banda, Simon McBride. O músico trouxe uma veia mais parruda para a banda, indiscutivelmente é o guitarrista mais pesado que a banda teve. Além disso, não teve qualquer dificuldade em mesclar os solos icônicos de Blackmore e trazer seu toque pessoal e classudo quando o momento permitia. A banda acertou em cheio na escolha de Simon. Foi, fácil o melhor show da noite, trazendo 5 das 8 músicas do álbum Machine Head, entre outras antigas como Into The Fire ou mesmo Anya, da fase anos 90 da banda, antes da entrada de Steve Morse. Infelizmente o show foi curto e a banda optou por deixar um dos seus maiores clássicos, Perfect Strangers, de fora. Além disso, nenhuma canção da fase Morse foi tocada. No meio de tanto clássico, como Lazy, Smoke on The Water ou Space Truckin’, são detalhes que não comprometeram a verdadeira “aula” que os velhinhos deixaram.

O Avenged Sevenfold fechou a noite no palco principal, mesclando faixas do último álbum com algumas das músicas mais conhecidas. Eu acabei não ficando até o fim, a velhice está chegando e com sucesso evitei o perrengue de uma fila maior na volta pra casa. Assim, vi cerca de metade do show, que me pareceu bastante correto, embora também eu não seja um acompanhador da carreira da banda. O destaque pra mim é o espetacular guitarrista Synister Gates. O som estava bem equalizado e deu tempo para ouvir uma das músicas daquele que considero um grande álbum da banda, justamente a faixa-título Hail to The King. O ponto negativo é que M. Shadows está com bastante dificuldade nos tons mais altos. A banda notoriamente era que mais tinha público na noite, a julgar pela quantidade de camisas presentes na plateia. Ainda assim, acho que dividiu um pouco a atenção com os fãs das outras bandas, em especial o Deep Purple e o Evanescence.Ficou muito óbvio, nesta edição de 2024, que Medina e companhia não conseguiram trazer um headliner de unanimidade para a noite do rock mais pesado, ainda que o Avenged Sevenfold tenha feito seu papel, entregando boa performance.

Não dá pra não considerar, a despeito das boas apresentações na noite, que a edição de 2024 foi a que mais ficou devendo para o nosso segmento de predileção. Pode ser um reflexo dos tempos atuais, mas fica aqui uma torcida para que melhores edições venham a acontecer no futuro. Eu indo ou não….

Saudações

Alexandre B-side



Categorias:Artistas, Avenged Sevenfold, Cada show é um show..., Curiosidades, Deep Purple, Journey, Músicas, Resenhas, Setlists

3 respostas

  1. Obrigado Rolf. Infelizmente o rock in rio está cada vez mais perdendo o sincronismo comigo, talvez conosco e com alguns de nós definitivamente já perdeu.

    Acho pouco provável que isso vá nos motivar pra frente, mas aí é esperar. Esse ano valeu muito pelas companhias, principalmente.

    Um abraço, brother

    Alexandre

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  2. Pineda se dispõe a sair do Journey após show no Rock in Rio: ‘Devastado’…

    https://www.uol.com.br/toca/noticias/2024/09/22/pineda-sair-journey-rock-in-rio.htm

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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