
DEBUTAMOS! Resenhamos 15 anos! Começamos lá em 2000 e mais de oitenta álbuns depois, mais de vinte países diferentes envolvidos, com grandes descobertas (e também engolindo muitos, mas muitos sapos), chegamos em 2015!
Lembre-se de acessar nosso guia de sobrevivência, que a cada post aumenta e te dá um bom panorama pelas bandas e países que passamos. As resenhas abaixo, como sempre, estão seguindo a ordem alfabética por banda.
Chaos Divine – Colliding Skies

Sugestão de: Kelsei
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Alexandre: Banda da Austrália, eu confesso que não me lembro de ouvir algo de lá com veia progressiva. Então, para mim, a grande novidade é de onde este Chaos Divine vem. O som, bem, é um new progressive metal, com menos “debulhação” técnica e uso moderado da troca de compassos. Não se espere algo na linha mais virtuosa, ainda que nada aqui seja básico ou fácil de execução. Dentro desta linha, onde a proposta progressiva busca as melodias para traçar sua fundação sonora, acredito até que a banda vai bem. Há solos bem encaixados, não necessariamente calcados em exagero de tempo ou de rapidez e momentos onde a bateria tem mais espaço para trabalhar, por exemplo na faixa “Painted in Grey”. Em uma questão eminentemente pessoal, eu não gosto dos extremos onde a voz se situa. Em geral, é um timbre bem suave e um pouco enjoativo, voltado ao pop. Em alguns poucos momentos há um vocal gutural. Não há um meio termo, então ou é algo que me desagrada (o gutural) ou algo que traz pouca expressividade pela suavidade bastante atmosférica que ouvimos praticamente durante todo o trabalho. Esse é o meu maior entrave pra querer conhecer mais da banda, entrave este reforçado por uma mixagem que bota lá na frente uma espessa cama de teclados cheia de reverb, predominando em vários momentos em relação aos riffs de guitarra. Faltou também um pouco de grave na timbragem, mesmo com as guitarras em afinação baixa. Ainda assim, faixas como “Soldiers” e “Symbiotic” me agradaram. Ainda mais que estas, para mim o grande destaque é “With Nothing We Depart”, que traz um inesperado, mas muito bem-vindo, solo de saxofone, caindo como uma luva para finalizar o álbum. Eles deveriam apostar mais em nuances como esta. Bem, esse Chaos Divine não é para mim, mas eu definitivamente aprovo o som dos australianos. Boa indicação.
José Paulo: O Kelsei mais uma vez nos apresenta um grupo de Prog Metal vindo da Austrália. Aproveitando a ocasião, não tenho dúvidas de que ele é o maior especialista no estilo entre todos aqui, sempre indicando grupos pouco conhecidos. Colliding Skies, se contarmos o EP de estreia, é o quarto lançamento da banda e segue na mesma linha dos discos do estilo de outros anos que foram resenhados por aqui. Músicos competentíssimos, canções bem trabalhadas, uma produção/gravação muito acima da média e bons arranjos e melodias. Talvez a maior diferença das outras bandas que seguem essa tendência é o vocalista, afinal Dave Anderton tem uma forma bem mais agressiva de cantar em grande parte do trabalho, alternando partes mais melódicas e limpas, o que deixou o som até mais interessante e um exemplo clássico disso é “Painted with Grey”, que foi uma das minhas preferidas. A faixa de abertura “Landmines” tem uma guitarra bem pesada e algumas melodias e arranjos que me lembraram um pouco de Fates Warning. Outra que gostei bastante foi “Tides”, bem melódica e com variações de andamentos – é aquela típica música que a melodia vocal fica gravada na nossa mente. Na parte negativa, é inevitável dizer que no final o álbum cansa um pouco, o que de certa forma soa natural ao estilo. Outro destaque positivo fica para a capa; muito, mas muito bonita mesmo. Collinding Skyes é um bom disco e merece ser ouvido com bastante atenção. Uma ótima recomendação para quem aprecia o estilo!!!
Kelsei: Muitas indicações, com absoluta certeza, passam pelo gosto musical de quem indica. É uma maneira de fazer com que coisas que a gente ache legal caia nos ouvidos dos leitores e amigos daqui. Só que minha intenção com essa indicação foi (tentar) mostrar uma banda que em pleno 2015 não estava calcada na mistura de sons pesados com eletrônicos, fato que era ênfase na década de 2010-2019 com o predominante gênero Djent na Europa (e olha que ele nem é um gênero musical – talvez um dia eu faça um post sobre isso) e com o Metalcore nos Estados Unidos. O Chaos Divine é da Austrália (país também da espetacular Caligula’s Horse, mas que para comparações sonoras não há muita relevância aqui) e, talvez por estar separado por mais um oceano do restante do mundo, o progressivo dessa turma não tenha sido influenciado pelo controle de ritmo Europeu e da gritaria Americana. Aqui no álbum até tem um pouco de gritaria, porque a banda nasceu com uma proposta mais pesada e foi se tornando limpa (os vocais no primeiro álbum da banda eram 100% guturais, então imagine o fã raiz ao se deparar com a faixa inicial, “Landmines”, uma das minhas preferidas, que tem uma timbragem mais clean e “popular”, dentro do estilo). O peso também é encontrado nas bases – progressivo moderninho que eu torço o nariz às vezes – muitas vezes com pouca alternância entre as faixas, o que dá a impressão de que todas elas são iguais, pois a guitarra é afinada abaixo do tom e o ritmo é aquela coisa bem mais moderna, onde o riff é deixado de lado pelo controle rítmico (opa, droga! Olha a influência do Djent aqui – é, realmente ninguém conseguiu escapar dessa coisa sonora durante essa década). No encerramento, em “With Nothing We Depart” cai do teto um saxofonista, o que mostra que a banda pode sim sair do quadrado que o álbum todo propõe. No final, é mais um álbum de progressivo dentre os muitos que trouxe nessa série e que eu espere que aumente ainda mais o seu vocabulário.
Danko Jones – Fire Music

Sugestão de: Eduardo Schmitt
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Alexandre: Já havia falar bem razoavelmente neste Danko Jones, que, se não me engano, é bem citado desde os meus tempos do That Metal Show, por Eddie Trunk e companhia. No entanto, eu nunca tive curiosidade de ouvir, nem saber mais do seu estilo. Esta é uma das grandes vantagens desta série: acabar nos colocando de frente a alguns artistas que a nossa preguiça nos impediu de conhecer antes. Isto posto, eu gostei do vocal de Danko, me lembra bastante os timbres mais leves de James Hetfield. O som, no entanto, nunca me atingiu, nem quando eu tinha idade para isso (há cerca de uns 40 anos atrás). É um rock bastante influenciado pelo punk. Eu nunca gostei de punk. Então, tentando ser o mais isento que consigo, este sétimo álbum do vocalista/guitarrista é bem gravado, tudo no seu lugar, para o estilo. Tem 36 minutos, o que é uma dádiva. Não há nada desafinado, mal gravado, mal timbrado. O single “Do You Wanna Rock” até tem algumas elogiáveis nuances do arranjo que saem do super básico pelo qual o estilo é reconhecido. E “Gonna Be A Fight Tonight” passou até bem para um ranzinza pelo estilo como eu. E o que mais me incomodou, não foi nem o som, foi a apologia a drogas em “Getting Into Drugs”, o que corrobora para o fato de eu me certificar que hoje sou um velho. E é certo que de forma espontânea eu nunca mais vou ouvir Danko na vida, mas indico fortemente para quem gosta da primeira geração (Ramones, Sex Pistols, etc), do apelo pop da segunda geração (Green Day, The Offspring, etc) e por aí vai. Quem principalmente curte o punk sem se importar com a vertente comercial por onde o estilo pode transitar, precisa conhecer. Uma ótima indicação, sem sombra de dúvidas.
José Paulo: Nossa, o que é isso!?!? Mais uma banda de rock alternativo/indie rock/punk… bom, acho que deve ser isso. Fiquei pensando sobre o que falar deste Fire Music, confesso que foi bem difícil, mas para não deixar a resenha em branco, posso dizer que para o meu gosto a experiencia de ouvi-lo não foi nada boa e a faixa que abre o disco, “Wild Woman”, é ruim com força (e põe força nisso). “Gonna Be a Fight Tonight” e “Body Bags” soaram mais punk, enquanto “Live Forever” me pareceu mais pop, mas também quase tão ruins quanto a primeira, aí quando não parecia que poderia piorar mais, vem uma tal de “Do You Wanna Rock”, essa foi uma sessão de tortura. Um chute no saco seria menos dolorido. Será que tem alguma coisa que me agradou nesse Fire Music? Depois de ouvir todas as onze faixas, posso até dizer que tem uma coisa boa sim: o disco é curto! Foram só 36 minutos de sofrimento.
Kelsei: Pensei ser um álbum puramente de punk rock pelas primeiras faixas do álbum. Lá pela sexta faixa, “Do You Wanna Rock”, eu mudei a minha opinião, porque tinham alguns elementos que nada encaixavam no estilo e que prosseguiram nas demais faixas (e que bom que a sonoridade mudou, porque o estilo “um, dois, três, quatro” já estava me dando arrepio na nuca de nervoso!). Então podemos separar Fire Music entre AS / DS – Antes da Sexta, Depois da Sexta. Mesmo assim, a banda entrega um rock básico que é o que dá para fazer com bateria + baixo + guitarra. Para não ficar tão igual às inúmeras bandas que fazem a mesma coisa, o Danko Jones usa de alguns elementos para enfeitar as canções, assim ele fica igual só como algumas centenas. Alguns pontos que deixo explícito aqui. 1) As letras têm temas variados e sem temática adolescente. Isso é bom, principalmente para um marmanjo de quarenta anos como eu. 2) O guitarrista encaixa alguns fraseados de guitarra que, para dar aquela força, vou chamar de solo (há pequenos solos em algumas faixas, como na muito boa “Getting Into Drugs” – nada de drogas, ok pessoal?! Fiquem só na música! – e na melhor faixa do álbum, “She Ain’t Coming Home”, mas são poucas ocasiões). Agora, eles são um trio, então não daria para reproduzir isso ao vivo a não ser que eles usem músicos contratados. 3) Em várias faixas tem um corinho de vozes no final das canções que realmente não me agradou – isso vale principalmente nas faixas iniciais. 4) Passe longe de “There’s Gonna Be A Fight Tonight” – o início conseguiu lembrar “Veraneio Vascaína” do Capital Inicial. Ah, e dê uma força para o vocalista quando ele tenta, sem sucesso, falar a palavra “Piranha” uma vinte vezes, na faixa homônima. Conclusão: o álbum, como um todo, é bem feito, mas não é para mim. É um som honesto, curto e direto. Pegou a minha atenção algumas vezes, mas esse estilo direto é difícil de me fazer focar. Com 15 anos talvez eu tivesse outra opinião. Se você curte o estilo punk, é uma boa pedida.
Masters of Disguise – The Savage and the Grace

Sugestão de: José Paulo, o JP – “A” Enciclopédia
Ouça você também:
Alexandre: Vamos de power metal germânico e, pelo que pesquisei, a banda presta uma homenagem a uma banda de proto power dos anos 80 chamada Savage Grace. O nome da banda é o nome do primeiro álbum do Savage Grace, para começar a entender a proposta. Tinha tudo para dar errado, já que de metal espadinha a minha cota já esgotou há algum tempo. Mas, olhe lá, por incrível que pareça, a proposta da banda não é atualizar o power metal, mas sim buscar no máximo que puder a sonoridade embrionária, lá dos anos 80. Bem, esta é a minha interpretação deste álbum. Então, há neste The Savage and The Grace muito mais um tempero de primeiros álbuns do Saxon e Riot do que algo que remeta ao Stratovarius ou ao Rhapsody of Fire, o que, para mim, é um alívio. Para começar, não há as orquestrações florestais, copiando a definição que o meu irmão Flávio faz dos teclados que emulam os arranjos clássicos por detrás do estilo. E ainda que a bateria use o double bass drums em vários momentos, eu não senti tonteira ou vontade de vomitar. Mais do que isso, a abertura com a instrumental “Judgment Day”, que seria uma nova “The Ides of March” (Iron Maiden), guardadas todas as devidas proporções, tornou-se um destaque instantâneo no trabalho. A banda acertou em cheio ao abrir o álbum com essa ideia. “New Horizons” tem uma linha vocal que lembra as estrofes de “We Rock”, do Dio – outra boa faixa, aliás, com bons solos de guitarra em fade no fim da canção. A balada “The Scavenger’s Daughter” não é uma obra prima, mas cumpre o papel de variar a sonoridade dentro do disco de forma competente. O que faltou? Faltou enxugar o álbum em uns 15 minutos de aceleração. Por mais que eu perceba bastante espontaneidade e verdade na banda, 53 minutos é demais. O disco tem três covers, duas do homenageado Savage Grace. Aqui dava para enxugar, que tal escolher apenas uma? Outro ponto que me incomoda um pouco é que a banda não se desprende da ideia de ser uma continuação da banda que os influenciou, o Savage Grace. A capa, que já na década de 80 causaria alguma controvérsia, não tem mais espaço em 2015. Fora isso, e para a minha incredulidade, eu gostei da indicação. Vai entender….
José Paulo: Essa é a verdadeira reencarnação do Savage Grace, grupo formado nos Estados Unidos em 1981 e que teve em sua formação original o vocalista Kelle Rhoads, irmão do guitarrista que ficou famoso gravando com Ozzy Osbourne. Em The Savage and the Grace está tudo presente, desde o nome da banda, o título do álbum, a inspiração da capa, as músicas, os refrãos e letras, tudo um verdadeiro culto ao Savage Grace. O quarteto alemão é formado por músicos bem experientes, inclusive alguns deles chegando a tocar brevemente com o verdadeiro Savage Grace. O vocalista Alexx Stahl integrou e gravou com o Bonfire em cinco discos e também chegou a ser efetivado no grupo inglês, White Spirit – realmente é um ótimo cantor, porém se formos comparar com Mike Smith, ele perde feio, como no cover de “Sins of the Damned” do primeiro álbum do Savage Grace (é prova absoluta). Por falar em cover, eles também gravaram “Hammerhead” que foi a faixa de abertura do primeiro disco do Flotsam & Jetsam de 1986 e ficou bem legal. Já as faixas autorais, posso destacar as rápidas “The Enforcer e Heavens Fall” que poderiam facilmente estar nos primeiros discos do Savage Grace, a mais cadenciada “Conquering the World”, mais puxada para o Heavy Metal tradicional. Como ponto negativo, a “The Scavenger’s Daughter”, uma tentativa de fazer uma balada, acaba ficando bem chatinha. Outra que me incomodou foi “War of the Gods (Part I)”, não que seja uma faixa ruim, mas me lembrou demais os alemães do Blind Guardian e isso não se encaixa na proposta da banda. The Savage and the Grace é o disco certo pra todos aqueles que ficaram órfãos da banda americana e apreciadores do velho U.S. Metal oitentista. Se esse é o seu caso escute sem receio, caso contrário acho que seria um bom conselho passar longe.
Kelsei: Para 2015, achei a capa muito forte. Foram ousados, mas o meu pré-julgamento na escolha da capa fez meu nariz torcer para o som que eu imaginei que viria. Fui muito surpreendido quando as faixas apresentaram um Heavy Power com influências de Thrash. A mistura dá certo. Você começa ouvindo riffs com palhetadas violentas ao melhor estilo do antigo MetallicA e de repente o ritmo muda e dá entrada em bumbo duplo com um vocalista que lembra a timbragem do Hans Kursch, do Blind Guardian, em certas partes graves. Musicalmente o que mais me chamou a atenção é que o som é muito datado. As faixas iam passando, eu gostava do que ouvia e, assim que começava a próxima faixa, eu tinha esquecido o que ouvi. Não há nada marcante e tudo soa como algo que você já ouviu antes, só que sempre de uma forma muita mecânica e nada criativa. Depois que eu fui ler e vi que a banda é como um tributo que homenageia uma outra banda oitentista, chamada Savage Grace. Tudo dela está aqui: o nome da banda no título do álbum, covers do próprio homenageado, ex-integrantes e até o mesmo policial putão (e a banda original tem capaz até bem mais fortes que essa aqui). Aí o som datado que eu identifiquei fez ainda mais sentido. Mesmo com tudo isso, a audição não incomoda nenhum pouco e vai fácil. Se eu fosse você, tentaria a sorte.
Night – Soldiers of Time

Sugestão de: Alexandre B-Side
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Alexandre: Outra proposta retrô, ou seja, nesta lista de Novidades em 2015 o desafio é achar alguma novidade. Os suecos do Night apontam para o heavy metal do fim dos anos 70, inicio dos anos 80. A sonoridade é completamente desprovida da robustez das produções mais atuais. É um som que traz todas as nuances de álbuns lançados na época que a banda quer emular. Hoje nem uma demo teria uma sonoridade tão rudimentar. Entendo, no entanto, que o propósito é esse mesmo, uma busca intencional. Um ponto positivo é que o álbum cresce do meio para o seu final, e assim, não cansa. Eu gostei das composições e principalmente das guitarras. “Secret War”, a sexta faixa, teria potencial para ser um bom single. “Power”, a nona, também teria este potencial, bem aberta pela acústica “Wanderlust”. Os sons de violões, aliás, são todos bem vindos. Eles estão também nas faixas Stars in the Sky, uma bela balada que fecha o álbum. Em “Towards the Sky, eles nos remetem ao tempo de “Have You Ever Seen the Rain” (Credence Clearwater Revival) ou “Hard Luck Woman” (KISS). O som da bateria é mais básico, o baixo faz um papel complementar em quase todo o álbum. O problema maior aqui é o vocal, frágil e beirando a desafinação, em especial quando há dobra de linhas, basta ouvir o refrão de “Ride On” ou mesmo as linhas altas de “Kings and Queens”. E essa questão entrega um certo amadorismo que transcende à proposta retrô. Ainda assim, não é algo desprezível ou desagradável. E vai encontrar ressonância que não se incomoda tanto assim com os detalhes que trago acerca da parte vocal. Dentro de uma lista bem interessante, considero este Soldiers of Time ainda algo que valeu a audição.
José Paulo: Conheci essa banda sueca justamente pelo lançamento mais recente, High Tides – Distant Skies, de 2020, e a primeira coisa que me chamou a atenção foi que a faixa de abertura “Shadow Gold” me lembrava muito, até demais, “The Holy War”, que estava no derradeiro disco de estúdio do Thin Lizzy. E durante o restante do referido álbum do Night, mesmo não sendo um trabalho ruim, a audição era um exercício para memória: essa música parece tal banda… essa outra me lembra aquela… e foi assim até o final. Fazendo uma comparação entre os dois álbuns, o Soldiers of Time segue uma linha bem mais Hard/Heavy com fortes influências dos anos 80, em alguns momentos até flertando com o metal melódico, também com muito menos variações entre as músicas do que o disco de 2020. Musicalmente, o segundo disco do Night altera bons momentos e outros nem tanto e o ponto mais fraco, na minha opinião, são os vocais de Oskar “Burning Fire” Andersson que me incomodaram um pouco, principalmente na faixa de abertura, “Waiting for the Time”, que é justamente a faixa que menos gostei. “Towards the Sky” foi outra que achei bem ruim, assim como “Stars in the Sky” que encerra o disco: uma balada que tenta soar emotiva, mas que acaba sendo chata. No lado bom do disco não posso deixar de destacar as guitarras, que soam totalmente anos 80, inclusive nas timbragens. De todas as onze faixas que compõem o álbum, as que mais gostei foram “Across the Ocean” (onde a voz de Oskar Andersson tem uma certa semelhança com a do Kai Hansen da época do Walls of Jericho e nas guitarras uma boa influência de Thin Lizzy). “We’re Not Born to Walk Away” e “Power” também são outras excelentes músicas, porém “Kings & Queens” foi a minha preferida, com uma boa dose de Heavy Metal europeu oitentista, com certeza o ponto mais alto. A conclusão é que Soldiers of Time me pareceu um disco OK: nenhum clássico do estilo, mas uma boa audição.
Kelsei: New Wave of British Heavy Metal! Mas essa banda é da Suécia, então é New Wave of Sweden Heavy Metal! Mas esse tipo de som foi originado no final dos anos 70, então não é tão novidade assim. Ficamos com Old Wave of Sweden Heavy Metal. Mas a banda é realmente nova – surgiram em 2012 e esse Soldiers of Time é o segundo trabalho dos caras. Agora vai: Old Wave of New Sweden Heavy Metal! Enfim, rótulos a parte, esse álbum é bom! É um resgate ao final dos anos 70 / início dos anos 80 com algo que eu sentia muita falta de ouvir: guitarras dobradas. Em todas as faixas há as famosas dobras em terça, que o Judas Priest e o Iron Maiden usaram (e usam) até não ter mais espaço. O debut do Iron Maiden foi usado e reusado como referência. Faixas como “Waiting for the Time” (mesmo com início meio Queen) e “We’re Not Born to Walk Away” tem elementos extraídos claramente de “Phantom of the Opera”. É delicioso de ouvir! As guitarras são, sem sombra de dúvida, o ponto alto aqui. Agora, a cozinha deixa a desejar – o baixo não tem presença e a bateria é muito simples (falta uma virada aqui outra ali). O vocalista também não tem potência. Eu sinto o cara fazendo um esforço tremendo para cantar o que ele propõe, muitas vezes tentando emular a timbragem do Halford. Sobraram então as guitarras! Um produtor melhor teria dado um tapa mais legal nesse álbum e não deixaria a banda encerrar a primeira faixa com fade-out e o álbum com “Stars in the Sky”. Não que ela seja ruim, mas não é algo para encerrar o álbum; deu uma perdida na essência do som da banda, que é mais puxado para o NWOBHM (ou melhor, OWONSHM). Há também a presença de belas linhas de violão. “Wanderlust” deveria ter o triplo do tempo que tem. Vou ouvir álbuns mais novos para ver se a produção melhorou, porque, se tiver melhorado, existe a promessa de serem grandes álbuns.
Skepticism – Ordeal

Sugestão de: Flávio Remote
Ouça você também:
Alexandre: Eu não sei em que ordem o Kelsei está colocando estes álbuns, apenas cito que este estava, no documento original que recebemos, em último. Depois de 4 álbuns bem razoáveis, confesso, estava com medo, visto o histórico dos anos anteriores sempre trazer uma bomba daquelas. Este era também o maior álbum de todos, quase 80 minutos. Tive a má ideia de ler algo da banda antes de começar a ouvir. “Banda finlandesa de doom metal do tipo funeral”, assim diz no Wikipedia. O medo aumentou em proporções estratosféricas, mas resolvi firmemente me despir de todo o preconceito e dar a oportunidade igual para todos. E para que? Para nada, infelizmente. Bastaram uns 2 ou 3 minutos e lá vem alguém vomitando nos meus ouvidos. Aos 5 minutos da faixa(?) inicial, o pseudo-vocalista calou-se. O alívio que surgiu, ainda que por poucos instantes, foi a melhor coisa que experimentei nesta tortura sonora. O primeiro solo (e único) de guitarra surgiu aos 33 minutos, e não significou absolutamente nada, a não ser que o guitarrista esqueceu a distorção ligada no fim e surgiu uma microfonia que, sabe-se lá, era ou não bem vinda pela banda. Por mim, no meio de tanta porcaria, é apenas mais uma. Eu desconfio que ele deve ter dormido e esqueceu o potenciômetro aberto. E por falar em não significar nada, ao que parece as últimas duas músicas são ao vivo. Nada significou, nada melhorou, mas também não piorou. Aliás, a banda não tem baixista, para “melhorar”. Não se sabe se há baixo no álbum, eu não consegui identificar também. Aposto, baseado em um histórico desta série, que um baixista, (aliás um que é muito bom), foi o responsável pela indicação. Dizer que há uma certa incoerência é ser o mais econômico possível nesta insanidade de indicação. Falta escrever alguma coisa aqui???? Falta: fujam disto, correndo!
José Paulo: Ainda não conhecia esta banda finlandesa de Funeral Doom Metal. Inclusive nem conhecia o tal termo, mas não é que até que foi uma experiência interessante e, por que não, de autoconhecimento?! Penso que podemos resumir toda a carga depressiva, melancólica e carregada que “escorre” de todas as músicas, da aparente e real monotonia que é “apreciar” esse disco em uma definição: são sete faixas que, somadas, duram incríveis 77 minutos e 38 segundos que parecem uma música só. Parece brincadeira, mas não é. De verdade, temos sempre a impressão de estarmos ouvindo a mesma canção ou uma ladainha interminável e foi justamente no dicionário que consegui encontrar uma palavra para definir exatamente do que é esse disco – Ladainha: ‘substantivo feminino’; falação fastidiosa que está sempre repisando as mesmas ideias; enumeração longa e cansativa; repetição monótona e tediosa de queixas e recriminações; lenga-lenga. Pensando bem agora, após ouvir seguidamente Ordeal, descobri que não tenho nenhuma mínima tendência suicida, mas que preciso de uma cerveja urgentemente para superar essa experiência… ah preciso!
Kelsei: O Remote será apedrejado aqui. Eu duvido (realmente duvido) que alguém aqui vai falar bem dessa banda. Mas ainda bem que o Remote tem a mim: o cara com nome estranho, fã da Terra Média e que vai fazer uma análise menos apedrejativa, já que sou o que mais flerta com vocais guturais aqui no blog. E olha, bota gutural nisso. Acho que foi a primeira banda de Doom Metal que apareceu aqui no Novidades HM. Para começar, o Skepticism não é uma banda nova – é velha de marré marré. Lá do início da década de 90. Com certeza o Remote fez aquela pesquisa sem se atentar a isso, mesmo com o estilo randômico que ele usou para trazer suas indicações à série. São finlandeses e fazem um Doom Metal muito denso, muito pesado, abusando de um som arrastado – daí até ganharam um rótulo de “Funeral Doom Metal” porque fazem música para funeral: triste, densa, crua e pesada. São pioneiros no estilo. O instrumental não digere. Pelo contrário, ele te coloca dentro do processo digestivo. Você é mastigado, torturado, triturado pela monotonia instrumental. De todos os músicos. Em todas as faixas. Sem exceção. É tudo igual, tudo monótono, tudo pesado e arrastado. E o vocal é muito doom. É o satanás com gastroenterite aguda segurando a evacuação porque está com hemorroida. E apesar do som não ser nada daquilo que ouvimos aqui no blog, esse álbum tem uma coisa interessante: ele é considerado de estúdio, mas é gravado ao vivo! As músicas foram tocadas todas em caráter inédito durante a gravação para uma plateia pequena. Eu gostaria de participar de uma sessão assim com alguma banda. Mas não de doom metal, por favor. Se você acha que isso aqui é indigesto, agradeça que não foi uma banda de Doom Metal Extremo – o vocal seria muito pior do que o que ouvimos aqui. Mas para mim, o que não dá mesmo é o instrumental – a falta de melodia e ritmos é o que realmente me afasta. Eu recomendo você ouvir esse álbum para parar de chamar bandas como o Sepultura de “som pesado”. Pelo menos você vai “atravessar a fronteira” (como colocaria o Rolf) e aprender que tudo pode ir muito além do que você imagina. Tamo junto Remote!
Para o ano de 2016 temos um boato forte que o Rolf vai resenhar! Até lançamos a aposta de quem virá primeiro: um novo capítulo da discografia do MetallicA ou uma resenha do Rolf no Novidades HM? Lembrando que se você quiser resenhar próximos anos com a gente, deixe seu contato aqui nos comentários. Agora, se você quiser criar uma rifa para ver quem vem primeiro da aposta acima, eu te adianto que eu é que não vou colocar meu dinheiro nesse aposta!
Beijo nas crianças!
Kelsei
Categorias:Curiosidades, Discografias, Resenhas
Discografia Rush – parte 15 – Power Windows – 1985
Discografia Rush – Parte 14 – álbum: Grace Under Pressure Tour – 1984 – (Rush Replay x3 -2006)
Discografia Rush – Parte 13 – álbum: Grace Under Pressure – 1984
Discografia Rush – Parte 11 – álbum: Exit… Stage Left – 1981 – (Rush Replay x3 – 2006)
Mais uma vez, é uma oportunidade ímpar de conhecer bandas mais novas, mas ao mesmo tempo um desafio quando a coisa desanda, e sempre tem uma ou outra banda pra desandar a maionese.
Vamos para 2016, com essa promessa do Rolf aparecer ….
Será ????
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