Discografia Rush – Parte 5 – álbum: All The World’s A Stage – 1976

“O mundo inteiro é um palco,
E todos os homens e mulheres são meros atores:
Eles têm suas saídas e suas entradas,
E um homem cumpre em seu tempo muitos papéis.”

[“As you like it” – título em português: “Como gostais ou como lhe aprouver”, Ato II, Cena VII, em “A obra completa de William Shakespeare” escrita entre 1599 – 1606]

Uma montanha-russa emocional. Nenhuma expressão pode melhor descrever os acontecimentos ocorridos em menos de dois anos na vida de Neil Peart, Alex Lifeson e Geddy Lee. De 1974 a 1976, a banda gravou seu primeiro (e ingênuo) LP, trocou de baterista adquirindo neste pacote um excelente letrista, e foi do céu ao inferno com o imediato sucesso de “Fly by Night” seguido pelo completo fracasso de “Caress of Steel”.

Porém, como já vimos no 4º post desta série, a banda deu a volta por cima e como num salto de olhos vendados num abismo arriscou tudo no lançamento de “2112”, o qual, contrário a todas as expectativas da gravadora, fez sucesso imediato e levou a banda à sua eterna independência criativa.

Na turnê de divulgação do excelente álbum nos Estados Unidos, iniciada em 02 de Março de 1976, a banda foi muito bem recepcionada pelo público e pela mídia. A energia do trio no palco contagiava as plateias norte-americanas de forma contundente, e a visível evolução individual e coletiva do grupo trazia um algo a mais em comparação às gravações de estúdio, nada deixando a desejar em suas performances ao vivo, levando-se em consideração a complexidade técnica da execução de seu material no palco. E, ainda que de forma tímida, o Rush conseguia cada vez mais espaço nas rádios das cidades por onde passava, deixando para trás uma legião de novos fãs que requisitavam a presença da banda no ar.

Adquirindo na época um novo status, ao fazer shows como banda principal em arenas com capacidade para 5.000 pessoas. E quando abriam shows para bandas maiores, já eram apresentados como “convidados especiais”. A banda estava fazendo uma média de 300 shows por ano, sendo que só em St. Louis, tocaram 4 datas num período de apenas 18 meses.

Para os integrantes do Rush, o 4º trabalho representava o fechamento do ciclo iniciado com a entrada de Peart e o lançamento de “Fly by Night”. Com o extenso material já produzido em estúdio nos 4 álbuns, a banda entendeu ser o momento perfeito de lançar um registro ao vivo, o que foi bem recebido pela gravadora, já que 1976 foi marcado como um dos anos em que mais se vendeu álbuns ao vivo. Podemos citar como exemplos o “Alive” do Kiss de Setembro de 1975, “The Song Remains the Same” do Led Zeppelin e o “Made in Europe” do Deep Purple, ambos de Outubro de1976 e o “Frampton Comes Alive” de Janeiro de 1976, que foi eleito álbum do ano, sendo um dos discos ao vivo mais vendidos de todos os tempos.

Além do mais, a banda precisava de uma pausa do exaustivo processo criativo de “2112”. Dessa forma, haveria mais tempo para decidir quais seriam os próximos passos a serem tomados em suas futuras composições, e, em tese, a produção de um LP ao vivo seria menos complicada do que uma nova gravação em estúdio.

Nas palavras de Neil Peart na Circus Magazine de 25 de Novembro de 1976: “Com 2112, sentimos que havíamos chegado num primeiro platô. Tínhamos alcançado as metas que projetamos para nós antes do segundo álbum. Musicalmente, parecia um lugar lógico para fazermos um disco ao vivo. Tínhamos 4 álbuns de material condensados em um show. E a gravadora estava “quente” para um disco ao vivo.”

Peart inicialmente considerava o lançamento de um álbum simples, porém foi convencido de o formato de duplo ao vivo, como os demais álbuns da época, era pertinente em função do tamanho dos shows, segundo o que atestou em entrevista para a Sounds em 16 de julho de 1977. O baterista cita também que acabou por fim feliz com a escolha.

Assim, após três meses do lançamento da turnê de promoção do “2112”, a banda inicia sua turnê canadense com duas datas consecutivas no Massey Hall, em Toronto, Canadá, as quais foram esgotadas rapidamente, fazendo com que a banda marcasse uma terceira data, para a qual também vendeu todos os ingressos em um curto espaço de tempo. Estes shows “em casa” seriam perfeitos para a gravação, e as noites de 11, 12 e 13 de Junho de 1976 restariam suficientes para se obter o material necessário para o primeiro disco ao vivo da carreira da banda.

Ficha técnica do LP:

Neil Peart – percussão
Alex Lifeson – guitarras
Geddy Lee – baixo e vocais

Gravação
Gravado no Massey Hall, Toronto
11, 12 e 13 de Junho de 1976

Produzido por Rush e Terry Brown
Engenheiro de som: Terry Brown
Gravado no Fedco Mobile Unit
Mixado no Toronto Sound Studios, Toronto, Canadá
Operador de fita: Ken Morris

O Show
Gerente da turnê e diretor da iluminação do palco: Howard (Herns) Ungerleider
Engenheiro de som do concerto e técnico do centro do palco: Major Ian Grandy
Técnico da direita do palco: Liam (Leebee) Birt
Técnico da esquerda do palco: Skip (Slider) Gildersleeve
Som do concerto por National Sound Inc: Tom (Joe) Linthicum, Julian (Julio) Wilkes, Jim (Bozo) Swartz, Mike (Lurch) Hirsch.

Iluminação do concerto por Atlantis Systems: Tim Pace, Tom (Domenic) D’Ambrosia, Mark (Angelo) Cherry.
Apresentação do concerto por CHUM FM e Martin Onrot
Agenciamento de datas: ICM (International Creative Management)
Agente responsável: Greg McCutcheon
No Canadá: Music Shoppe International
Agente responsável: Doug Brown
Gerenciamento do pessoal: Ray Danniels e Vic Wilson
Produção executiva: Moon Records

Capa: Hugh Syme
Fotografia: David Street

Um agradecimento pessoal pelos ótimos momentos na estrada, para as cidades e pessoas de Seattle, Portland, San Antonio, Cleveland, Detroit, e (é claro) Toronto. Também para Larry Bailey, Rick Ringer, Shelley Grafman, Steve Sybesma e Sunshine, Windy City, Joe Anthony, Lou Roney, Mel Sharp, Charlie Applegate, Roger e Ginny Sayles, Jim e Julie Stritmatter, Tio Cliff Burnstein, Mike Bone, Jim Taylor, Peter Talbot e os Vashon Islanders, Steve Shutt, Rod Serling, Rhonda Ross, The Sunset Marquis, June e Ward Cleaver, The Sleeping Broon, Miss Anne, The Bag, The Lizzies, Chivas Regal, Tennis, Dead Fly Cookies, e Becker’s Chocolate Milk.

Também agradecemos para Walt Johnston e Gibson Guitars pelas contribuições em instrumentos musicais.

Este álbum consiste no show que levamos a vocês durante nossas turnês Norte-Americanas de 1976. É uma antologia do que sentimos serem os pontos altos de nossos concertos e gravações até o momento.

Não é perfeito, mas é fiel a nós e vocês. Tentamos encontrar o cuidadoso balanço entre perfeição e autenticidade, ao criarmos um trabalho finalizado que vocês pudessem curtir e nos deixasse orgulhosos. Este álbum para nós, significa o final do começo, um marco do encerramento do capítulo um na história do Rush.

Para todos os nossos amigos em todos os lugares, agradecemos pela amizade e suporte, e desejamos sucesso em todas as suas aspirações.

All The World's A Stage Cover Right (1024x510)

All The World's A Stage Cover Left (1024x514)

VERSÃO ORIGINAL (LP):

DISCO 1:
LADO 1:
Bastille Day (4:57)
Anthem (4:56)
Fly By Night (2:09)
In The Mood (2:54)
Something For Nothing (4:02)

LADO 2:
Lakeside Park (5:04)
2112
(15:45)
I – Overture
II – The Temples of Syrinx
III – Presentation
IV – Soliloquy
V – The Grand Finale

DISCO 2:
LADO 1:

By-Tor and the Snow Dog (11:57)                                                                                                    In the End (7:13)

LADO 2:
Working Man/Finding My Way/Drum Solo (14:56)
What You’re Doing (5:39)

REEDIÇÃO EM CD:

Bastille Day
Anthem
Fly By Night/In The Mood
Something For Nothing
Lakeside Park
2112
I – Overture
II – The Temples of Syrinx
III – Presentation
IV – Soliloquy
V – The Grand Finale
By-Tor and the Snow Dog
In The End
Finding My Way/Working Man
What You’re Doing

NOTA DO AUTOR: Tendo em vista que as faixas já foram exaustivamente analisadas nas Partes 1 a 4 desta discografia, tecerei apenas comentários pertinentes às diferenças mais relevantes entre as versões de estúdio e as performances ao vivo, pois não há necessidade, ao meu ver, em se esmiuçar cada detalhe da execução das músicas pela banda, já que o Rush aqui já começa a provar que é um das bandas que toca ao vivo versões beirando a perfeição em seus temas desenvolvidos no estúdio. Incluirei as versões em vídeo para que o leitor também possa tirar suas próprias conclusões, seguindo a numeração da edição em CD.

1 – Bastille Day  

Aos sons dos aplausos da casa lotada, o “stage left technician” Skip Gildersleeve anuncia: “Won’t you please welcome home, RUSH!”, seguido do potente riff de guitarra de Lifeson da faixa de abertura do Caress of Steel.

Nota-se que a banda soa mais crua e pesada, porém não menos precisa que na versão de estúdio, esbanjando vitalidade e energia. Os vocais de Geddy estão impecáveis. As seções de solo de guitarra evidenciam mais esta crueza, já que Lee e Peart tem que segurar a base sem a ajuda dos overdubs de guitarra e violão do estúdio, padrão que se repetirá ao longo do álbum todo, porém nada deixam a desejar tamanha a solidez desta “cozinha de primeira”.

Uma curiosidade: enquanto introduzia o Rush no evento televisivo de caridade “Canada For Asia” em 13 de Junho de 2005, o ator e comediante Mike Myers (de “Quanto Mais Idiota Melhor” (“Wayne’s World” do SNL) / “Austin Powers” / “Shrek”) alegou que aos 4:03 de”Bastille Day”, quando a música para abruptamente, a voz que grita “Nighthawk!”  é de seu irmão Paul Myers, pois este era o nome de sua banda na época.

2 – Anthem

A banda mantém vários dos efeitos usados em estúdio, como o eco e o phase 90. A versão traz diferenças bem perceptíveis, em especial nas variações das melodias vocais de Geddy e um pequeno acréscimo no riff que precede o início da parte vocal. Na parte final do solo de guitarra há uma parada efetuada por Neil e Geddy, diferente do que está no original. Como pode-se perceber no álbum todo, a energia transborda pelos sulcos do ao vivo. A plateia reage bem ao fim da canção, já um pouco antes das viradas finais de bateria em ovação. Uma ótima performance ao vivo.

3

3a – Fly by Night” 

Novamente se percebe algumas sutis diferenças nas linhas vocais de Geddy, já no ínicio da primeira frase, por exemplo. O baixo, assim como em estúdio, está muito presente, fundamental como na gravação no segundo álbum de estúdio. A música em estúdio emenda em medley com a próxima faixa, assim quando se aproxima a parte mais lenta da canção ela é interrompida bem antes do final original para seguir-se uma faixa do primeiro álbum.

3b – In the Mood”  

Há uma pequena microfonia, quase imperceptível em cerca de 3:41 minutos da canção, que não depõe em nada a essa ótima versão. Geddy puxa a plateia no trecho final e também abusa dos agudos, novamente trazendo algumas linhas diferentes do gravado em estúdio. As viradas de bateria são evidentemente mais livres, já que a versão original foi produzida por John Rutsey. Neil também muda bastante a condução da canção, trazendo uma bateria muito mais cheia para a versão ao vivo. Durante o solo de Alex, novamente Geddy e Neil estão à vontade para juntos efetuar paradas e viradas, frases, trazendo uma versão mais rica. A música está em andamento mais acelerado e bem menos comportada do que a versão do primeiro álbum.

4 – Something for Nothing

A música que fecha o álbum “2112” é curiosamente a primeira deste álbum a aparecer no álbum ao vivo. Novamente se percebe os agudos quase inacreditáveis de Geddy, não deixando nada a desejar em relação ao gravado em estúdio. Não há os violões e harmônicos de guitarra na introdução, que trazem mais sutileza na versão de estúdio, há sim uma gravação muito mais energética. A versão original é mais comportada, com overdubbs de Alex, que dobra em vários momentos violões com guitarras em estúdio. O fade out e as frases adicionais de guitarras que aparecem sublinhando o final são substituídos por um arranjo necessário para finalizar a canção ao vivo.

5 – Lakeside Park

A versão de “Caress Steel” é bem mais grave, o baixo está mais presente no álbum de estúdio. Novamente o phase 90 da versão original se apresenta para fazer as modulações da guitarra de Alex. Geddy também traz mais agressividade em seus vocais para a canção. “Lakeside Park” não é exatamente uma canção lenta, mas é, no show, um dos momentos em qual o clima dá uma amenizada na agressividade latente que se percebe em quase todo o duplo ao vivo. O final ligeiramente estendido, com um eco que prepara a introdução da faixa 2112, é outro diferencial na canção.

6 – “2112”:

Aqui, uma versão ao vivo em 10 de Dezembro de 1976 em New Jersey:

A versão ao vivo é consideravelmente menor que a gravada em estúdio, com supressão total da parte “V Oracle: The Dream”, porém atesta a ousadia da banda em trazer em sua quase totalidade o que era até então o projeto mais ousado e rebuscado da banda. De saída se percebe os assobios da plateia nos intervalos iniciais da parte instrumental “Overture”. As explosões em playback ao fim desta primeira parte estão presentes, assim como em estúdio. Novamente percebemos um vocal bastante competente e desafiador de Geddy, já no início da segunda parte da canção, “The Temple of Syrinx”. Não deve nada ao original. O fim desta segunda parte não traz o violão de nylon gravado em estúdio. A versão ao vivo também reduz consideravelmente a terceira parte do original, “Discovery”. Não há o som de águas no fundo e o ínício que traduz a afinação da guitarra de Alex. Os dois primeiros parágrafos gravados em 2112 foram suprimidos também, assim como os overdubbs com violões. Geddy apenas canta o último parágrafo original, emendando na parte seguinte, “Presentation”. Segue-se “Soliloquy,” ao invés de “Oracle: The Dream”, com um ótimo solo de Alex, próximo ao original, e novamente os vocais inacreditáveis de Lee. Alguns overdubbs de frases e “outro solo” de guitarra de Alex não são reproduzidos ao vivo na parte final, mas de certo a banda entrega uma espetacular versão da sua obra mais audaciosa até então. A nota final emulada pela guitarra de Lifeson também não é igual ao que se ouve ao fim do álbum de estúdio, um detalhe que não traz qualquer demérito à canção.

7 – “By-Tor and the Snow Dog”

Outra faixa bastante intricada da banda, “By-Tor and The Snow Dog” tem a duração consideravelmente aumentada em cerca de 3 minutos em relação a original, do álbum “Fly By Night”. Já até chegar ao interlúdio, no meio da canção, a versão já trazia cerca de um minuto a mais, estendendo o final da primeira parte antes do citado interlúdio. Alex usa e abusa dos efeitos de volume com eco neste interlúdio, acrescendo mais mágica à versão ao vivo.  O trecho em estúdio é bem mais limpo, mais o acréscimo dos overdrives ao vivo trouxe outra dinâmica à canção.  O trecho do solo de Alex ao vivo é um dos momentos onde a versão perde um pouco em relação ao original, no meu entender, pois a emoção presente em “Fly By Night” perde-se um pouco aqui no “All The World’s A Stage”. Geddy entende um pouco as linhas vocais no trecho final da canção, e o resultado final é uma versão mais viajante e, mesmo sem um solo final tão bom, que ganha da gravação original.

8 – In the End” 

Novamente os violões, agora os de 12 cordas, não são utilizados na versão ao vivo, trazendo uma rendição menos limpa no início da canção. Inegavelmente a gravação ao vivo perde um pouco da sutileza dos belos violões de 12 cordas dessa introdução. O solo de Lifeson também perde para o gravado no original, há uma nota ali em 3:57 aproximadamente, quase ao fim deste, que no meu entender não é das melhores escolhas. A versão ganha em algumas viradas de Peart e um som incrível do baixo de Lee, pouco depois das citadas viradas de Neil. Há um certo exagero no eco usado na voz de Gedddy ao fim da música e é uma das poucas canções, ouso escrever, que entendo que a maioria dos fãs vai preferir a original.

9 –Working Man/ Finding My Way

O medley de duas faixas do primeiro álbum do Rush traz uma já esperada melhoria na parte instrumental, pelo fato do bom baterista John Rutsy ter suas linhas incrementadas por Neil Peart na versão ao vivo.  E o que já é bom vai melhorando conforme a faixa vai se desenvolvendo, na espécie de jam session que a parte instrumental de “Working Man” a banda destila a maestria da cozinha incrível de Peart/Lee, enquanto Alex improvisa um ótimo solo. Em seguida já emenda com a faixa de abertura do primeiro álbum, “Finding My Way”. Neil usa o cowbell como poucos teriam a criatividade de fazer durante o refrão que antecede um novo bom solo de Lifeson. Os vocais já agudos de “Finding My Way” atingem uma nova dimensão nesta versão ao vivo. E “last, but not least” vem o esperado solo de Peart, não sem antes a banda retornar para o fim de “Working Man”. Não cabe qualquer comparação deste medley com as versões originais, pelo formato, pela mudança na formação da banda, pelo já excelente solo de bateria que Neil entregava ali em 1976.

10 – “What You’re Doing”

É uma certa surpresa a inclusão desta canção, em detrimento, por exemplo, a mais canções do álbum mais recente à época, o “2112”. Ainda assim, temos uma faixa que fecha com méritos o primeiro álbum ao vivo da banda, novamente trazendo incrementos técnicos a condução da bateria original, gravada por John Rutsey. A versão ao vivo está mais lenta e não traz o delay na voz de Geddy Lee, que replica as frases de um lado para o outro de um fone de ouvido.

Reconhecimentos: “All The World’s A Stage” foi:  

Disco de Ouro pela RIAA: 16 de Novembro de 1977 – Disco de Platina pela RIAA :4 de Março de 1981 – Posição mais alta alcançada nas paradas da Billboard: 40

Primeiro álbum duplo ao vivo Canadense a ser certificado com Disco de Ouro no Canadá.

Disco de Ouro pela RIAA: 16 de Novembro de 1977 – Disco de Platina:4 de Março de 1981 –

Posição mais alta alcançada nas paradas da Billboard: 40

Primeiro álbum duplo ao vivo Canadense a ser certificado com Disco de Ouro no Canadá.

A tour que promoveu o álbum “2112” iniciou-se em 2 de março de 1976 e seguiu até 1 de agosto de 1976, quando por ocasião do lançamento do álbum ao vivo, após uma breve pausa, seguiu-se de 8 de agosto de 1976 até 13 de junho de 1977, renomeada para a tour do “All The World’s a Stage”.  Neste período, o Rush ainda abria para bandas como Blue Oyster Cult, Aerosmith, Kansas, ELO, Ted Nugent, Lynyrd Skynyrd, Montrose, Foghat e Kansas.  Em alguns shows bandas como Styx, Sutherland Brothers & Quiver, Artful Dodger, Starcastle, Thin Lizzy, Max Webster e Stu Daye eram as bandas que iniciavam as apresentações, antes do Rush.

O set list da primeira perna da turnê, promovendo o álbum “2112” trazia:

“Bastille Day”                                                                                                                            “Anthem”
“Lakeside Park”
“2112” (exceto a parte: “Oracle The Dream”)
“Fly By Night”
“In The Mood”
“Something For Nothing”
“In The End”
“By-Tor and the Snow Dog” (em algumas datas “In the End” vinha depois dessa)
“Working Man”
“Finding My Way”
“Drum Solo”

Encore: “Best I Can” ou “What You’re Doing”

Exemplo de set-list da época:

Como Headliners, em especial após o lançamento deste duplo ao vivo, o set incluía várias outras canções, como “The Twilight Zone”, “Something For Nothing”  (ambas do álbum “2112”)  e também “The Necromancer”, do “Caress of Steel”, conforme abaixo:

“Bastille Day”
“Anthem”
“Lakeside Park”
“2112” (exceto a parte “Oracle: The Dream“)
“The Twilight Zone”
“Something For Nothing”
“Best I Can”
“By-Tor And The Snow Dog”
“The Necromancer”
“In The End”
“Working Man”
“Finding My Way”
“Drum Solo”

Encore: “Fly By Night”
“In The Mood”                                                                                                                                    “What You’re Doing”

Um exemplo do set list como headliners:

Como curiosidade final, o kit de bateria na cor cromada Slingerland que aparece em destaque na capa do duplo ao vivo foi usado por Neil Peart desde “Fly By Night”, na verdade, e foi aposentado justamente após o fim da turnê do “All The World’s A Stage”, em junho de 1977. Neil, a partir dali, usaria um kit preto e cromado.  Este kit inicial usado por Peat foi entregue como prêmio a um vencedor de um concurso de solo de bateria Modern Drummer em julho de 1987, concurso este que foi julgado por Neil. Sabe-se que A Main Drag Music, loja situada no Brooklyn em Nova York, leiloou-o em 9 de agosto de 2009 por US$ 25.100.

A opinião positiva em relação às performances da banda ao vivo na época trouxeram incrível repercussão inclusive entre outros artistas do gênero, como Joe Elliot, do Def Leppard, ainda buscando o caminho do reconhecimento artístico. O cantor da banda inglesa cita a estranheza que teve após inicialmente ouvir o álbum ao vivo para depois conhecer o material de estúdio, em entrevista para a Rockline, em 11 de maio de 2011. Segundo ele, para as pessoas de sua geração o Rush era um dos melhores artistas, e este álbum ao vivo influenciou ele e demais artistas a começarem suas carreiras, mas ao ouvir os demais álbuns de estúdios anteriores, em suas palavras, “eles não eram tão bons quanto o álbum ao vivo”. 


“O mundo inteiro é um palco,
E todos os homens e mulheres são meros atores:
Eles têm suas saídas e suas entradas,
E um homem cumpre em seu tempo muitos papéis.”

[“As you like it” – título em português: “Como gostais ou como lhe aprouver”, Ato II, Cena VII, em “A obra completa de William Shakespeare” escrita entre 1599 – 1606]

Pode parecer incrível, mas esta passagem de Shakespeare acima foi, assim como quase a totalidade desta parte 5 da discografia Rush, disponibilizada e organizada pelo Abílio e estava guardada no draft (rascunho) como parte inicial deste até hoje inacabado post do primeiro álbum ao vivo da banda, o “All The World’s A Stage”. Ela explica a origem do nome do álbum, uma citação direta da primeira frase do monólogo de Shakespeare chamado “As you like it”. E, como cita o trecho em questão, homens e mulheres são meros atores, tem suas saídas e entradas. Neste momento, temos uma saída e uma entrada.

Por motivos particulares, a discografia do Rush, que teve 4 espetaculares capítulos escritos pelo Abílio até 2014, foi interrompida. Eu, Alexandre, confesso que tive muita dúvida em continuar o trabalho brilhante que ele deixou aqui, e tenho certeza que, por mais que eu me esforce, essa continuação não chegará aos pés do que ele poderia ter desenvolvido.

No entanto, o Rush, entendo, merece como poucos ter a discografia completa aqui no blog. E é apenas por isso que eu resolvi meter “a mão neste vespeiro”, esperando que o que vamos ter disponível para leitura daqui pra frente se traduza em algo que honre minimamente o projeto original. Fica aqui o meu agradecimento ao Abílio pelo início da obra e o meu convite para que ele volte pra participar daqui pra frente quando e como quiser.

Eu ainda neste instante em que ajudo a escrever e finalizar este quinto post da discografia não sei ao certo se conseguirei chegar ao que atualmente está previsto para terminar na 32ª parte. O que eu tenho quase convicção é de que a chamada segunda parte da carreira da banda, que vai começar o próximo capítulo, torna-se neste momento uma obrigação e compromisso meu de que será publicada. A partir da considerada terceira parte da carreira da banda, onde eu não tenho tanta conexão assim com o que foi desenvolvido musicalmente, encaro um desafio ainda maior, mas inicialmente a intenção é não parar. O tempo vai dizer…

Enquanto isso, nos trazendo de volta ao fim de 1977, esse primeiro álbum ao vivo do Rush fecha com excelência a primeira fase da banda. A banda se solidifica como um dos artistas de ponta e se prepara para o que pode ser considerado por muitos (inclusive, eu, Alexandre) viver a sua melhor fase artística. Os detalhes desta sequência virão no próximo capítulo, com “A Farewell To Kings”.

keep bloggin’

Abilio Abreu

Contribuiu: Alexandre B-side



Categorias:Curiosidades, Discografias, Músicas, Resenhas, Rush

10 respostas

  1. Só queria registrar aqui que é fantástico termos o retorno desta discografia e já que (pelo menos de momento) não nas mãos do genial Abílio, que ela siga nas mãos do também mestre absoluto B-Side.

    Este é um capítulo já de coautoria, mas que o B-Side trouxe complementos já importantes para um draft já excepcional que o Abílio deixou aqui por mais de uma década (!).

    Valeu B-Side pela iniciativa de retomar a discografia por aqui – sem dúvidas, a melhor notícia do blog em muito tempo!

    Que venha o próximo capítulo – e eu vou desfrutar neste Carnaval deste álbum ao vivo!

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  2. Minuteiros do Metal Pesado, que surpresa foi essa! Como disse o nosso Presidente, o draft desse post foi elaborado há mais de dez anos, e quando eu vi que o post estava agora no ar foi uma felicidade enorme, uma vez que o incomparável B-Side retomou de onde eu larguei e concluiu o post perfeitamente!

    Por coincidência resolvi esses tempos revisitar os álbuns da “era de ouro” (Farewell to Kings a Moving Pictures) uma vez que recentemente foram lançados os 40th Anniversary Deluxe Editions, com novas mixagens, em 5.1 e faixas ao vivo até então inéditas, e realmente me deu uma vontade de retomar os trabalhos aqui no blog.

    Mas acho que uma parceria a 4 mãos com o B-Side seria o ideal! Vamos planejar a retomada dessa série!

    Keep Rushin’

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    • Abílio, que legal você mandar esta validação. Fico feliz que você esteja curtindo. Em relação a retomar os posts, melhor ainda. Eu já coloquei no draft o A Farewell To Kings. Tá pronto, iria sair na segunda feira agora.

      Você pode ( pode é ótimo, olha o que eu estou escrevendo aqui….). Você poderia ir lá no draft, ajeita e troca tudo que quiser, se preferir muda a data de agendamento, tem carta branca ( como se eu tivesse de autorizar alguma coisa aqui).

      Se você preferir, eu te mando um email com o conteúdo dos próximos que eu já andei preparando, você lê , ajusta, grava as guitarras ( aí sim seria um baita ganho – não que o resto não seja..), como diria o Galvão, “vai que é tua, Taffarel”.

      Se achar melhor, segue daí, eu ajudo no que você achar melhor.

      É contigo, brother, seria uma excelente notícia!

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  3. “No entanto, o Rush, entendo, merece como poucos ter a discografia completa aqui no blog.” – foi o que sempre disse, mas jamais me atreveria a tentar. Falta-me conhecimento! Feliz demais por ver a discografia sendo retomada! Aguardando próximos capítulos! Abraço!

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    • Em tempo, uma nota pessoal…

      um de meus trabalhos ao final do quinto ano da faculdade foi a criação de um sistema que gerenciasse instrumentos plugados em canais diferentes e os ajustasse automaticamente, viabilizando uma espécia de “karaokê de instrumentos” para bares, baldas e afins. A ideia era que a pessoa fosse ao local, escolhesse uma música, o instrumento, e subisse ao palco para tocar, e até fazer uma jam com pessoas com quem jamais tinha tocado. O sistema faria a passagem de som automaticamente e tocaria a bateria e as faixas dos instrumentos faltantes, se houvesse. Poucos anos depois surgiu Guitar Hero e Rock Band, jogos com exatamente a mesma premissa. Se eu trabalhasse na industria poderia estar rico uma hora dessas.

      Enfim, dei todo esse background porque usei como epígrafe do trabalho escrito exatamente a frase de Shakespeare “O mundo inteiro é um palco, e todos os homens e mulheres são meros atores” – obviamente não por causa de Shakespera, mas por este álbum e também por “Limelight”. 😀

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      • Muito interessante a história e como você era um visionário antes de vários outros.

        Com o Rush, não tem muito erro mesmo.

        São frases e frases para nos acrescentarmos como humanos.

        Estamos no início de um período impar para as letras que os canadenses nos iriam entregar, as próximas partes serão o testemunho vivo disto.

        Obrigado por vir aqui e contar essa história , muito legal!

        Alexandre

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    • Vamos tentar, Caio, é minha ideia.

      Em relação a lhe faltar conhecimento (se é que falta), tenho certeza que era questão de se aprofundar algo aqui e ali pra você.

      Aliás, pra a grande maioria dos caras que habitam esse blog, nada fica no mundo da impossibilidade.

      Alexandre

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