Shows no Brasil: o poder das redes sociais – para quem pode…

Não sei nem se vou conseguir organizar meu cérebro para falar desse tema, mas aqui o tema é para deixar aberto o papo e trazer perspectivas sobre o que está acontecendo com o entretenimento – shows, especialmente – no país – ou ainda mais especificamente, em São Paulo… só não vale falar de política ou ficar dando indireta sobre o tema, ok? Aqui não é o lugar para tal.

Faz bastante tempo já que o Brasil virou “rota” de shows. Sem ficar aqui pesquisando, é tranquilo dizer que São Paulo é facilmente, hoje, uma das cidades com mais opções de show do planeta, de todos os tamanhos e formatos. Afinal, parem para pensar: o que falta passar por aqui? Sempre há uma caso aqui ou ali, mas, sinceramente, tanto em termos de abrangência como em termos de artistas que vão e voltam rápido, os números são impressionantes.

Tão impressionante como o show business consolidado é pensar nos estádios de futebol. Já tenho dúvidas se o Allianz, por exemplo, teve mais shows ou jogos de futebol. Bandas que não eram “de estádio” passaram a fazer shows (de novo, especialmente em São Paulo) em estádios. Bandas que mal foram embora (como o Guns) voltarão rápido. Os festivais estão lotados, mesmo em datas que pessoas “versadas” em música olham e não sabem se são bandas ou sei lá, marcas de sabonete de países nórdicos – sem qualquer menosprezo aos artistas.

Então com o aumento da oferta, os preços diminuem, certo? Errado. Os preços são um parágrafo à parte aqui: o que está acontecendo com eles??? Quem aqui entende isso?

Bom, aí está o ponto… é exatamente ao contrário, pelo que entendo: as pessoas estão cada vez mais “consumindo” shows – com isso, os preços podem ser esticados, pois há muita demanda. Os artistas, por sua vez, são “obrigados” a virem muito para cá, pois é aqui que está o verdadeiro spread para eles.

Em um contexto internacional, isso também se confirma: enquanto cidades gigantescas E TURÍSTICAS conseguem manter o que sempre tiveram (NY, LA, Paris, Londres, Tokyo, etc), há outros lugares que bandas não conseguem vender tanto. Vejam só: eu consegui comprar ingresso para ver o Iron Maiden em Portugal em pleno verão europeu de 2026 por € 75 (sem taxas, preço final, pista) muito depois das vendas terem sido abertas. Quando vi que estaria lá justamente quanto a banda também, obviamente me bateu um desespero inicial de pensar “@#$@#$%!@$#@, não vi antes, perdi, não conseguirei mais ingressos”. E tinha. E ainda tem.

Já em outros países que não são de primeiro ou segundo mundo, por exemplo, veem artistas chegando e fazendo um número de shows como se os Beatles pudessem voltar no tempo e tocarem hoje: Shakira faz, sei lá, 30 shows em duas pernas na CDMX, todos cheios. Ou o Coldplay, que vem para a Argentina e faz aquele número surreal de shows, também sold out…

Mas se esses países como Brasil, Argentina, México, etc., não são essencialmente ricos, o que é isso? Vamos ver alguns pontos do mercado atual:

  • as pessoas, hoje, podem parcelar os ingressos;
  • São Paulo como a cidade mais rica do país possui muita gente rica também – mesmo que seja 1% de ultra-ricos, mais 1% de gente rica, isso já cobre tudo. Somam-se os ricos de outros estados que viajam para ver a banda e pronto, começamos a ver que os preços podem ser inflacionados e, mesmo assim, há público. Afinal, um show do Dream Theater custando mais de R$ 2k é algo que faz qualquer estranhar, não é mesmo? E lá vem eles de volta…
  • estrutura: não dá para comparar a cidade com nenhum outro lugar na América do Sul em termos de opções técnicas, logísticas, e a tal “garantia” do público. Há menos risco para quem organiza e para os artistas.
  • preços: um show aqui paga pode pagar uma tour inteira pelo país ; o artistas vem, faz 2 shows em São Paulo, e não precisa ficar indo para outras cidades, salvo algo mais de nicho.
  • os shows estão repletos de pessoas que vão pelo tal da “experiência”, do “pertencimento”, o status, da vontade incontrolável de ficar postando para mostrar para os outros.

Os exemplos estão aí e são muitos – o AC/DC, se abrisse a quarta data para 2026, lotaria – uma quinta, uma sexta, igualmente. Se o MetallicA vier, o dinheiro de todos “aparece” – a pessoa que sempre diz que não tem dinheiro para mais nada é uma das que vai comprar o MetallicA. De repente, dá.

Enfim, sei lá onde esse post foi parar, tem um monte de coisas aí meio desorganizadas, mas fica a consideração: quanto mais o tempo passa, menos as pessoas sabem da banda que vão assistir (as vezes, nem sabem, ou nem ligam, especialmente em festivais) e mais precisam mostrar que foram. Essa afirmação não é para ser lida de maneira radical, mas é o que está acontecendo. Enquanto isso, quem vive disso agradece: é muita gente disposta a pagar. Isso sem nem entrar no tema de playback, Inteligência Artificial, etc, tirando o “sabor” do ao-vivo e trazendo shows com lip sync perfeitos, telões em 8K inacreditáveis que distraem o público, shows sem banda no palco, DJs, entre outros…

Eu amo shows ao-vivo, escolho e tento prestigiar meus heróis sempre que posso, faço também sacrifícios financeiros para tal… mas, olha, está ficando difícil acompanhar…

[ ] ‘ s,

Eduardo.



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