Willy Verdaguer (baixista) e seu trabalho no primeiro álbum da banda Secos e Molhados

A banda Secos e Molhados marcou época na música brasileira no início dos anos 1970. Com letras marcantes e uma estética inteiramente nova para a época, o trio formado por Ney Matogrosso, João Ricardo e Gerson Conrad é até hoje celebrado como uma das principais experiências musicais do país e apontado como um dos precursores do movimento rock no Brasil. Pouco se fala, no entanto, sobre a banda que foi reunida para as gravações dos dois LPs do Secos e Molhados e, especialmente, sobre o baixista argentino Willy Verdaguer.

Nascido em Buenos Aires, mas vivendo no país desde os 22 anosVerdaguer é o responsável por algumas das mais destacadas passagens dos dois álbuns, lançados em 1973 e 1974.

Responsável pelo baixo nos dois LPs, o argentino se destaca especialmente na faixa Amor, composição de João Ricardo sobre poesia de seu pai, João Apolinário. A base da canção é algo que qualquer fã de música bem executada deveria escutar com a máxima atenção.

Conhecer esse disco foi mais um legado que tive dos grandes mestres aqui do blog ,Flávio e Alexandre, que tinha o primeiro disco em sua casa emprestado de um primo deles. Quando ouvi o disco e ouvi aquele baixo, fiquei impressionado com a voz de Ney Matogrosso e suas linhas de baixo.

Ao longo de mais de 50 anos de carreira no Brasil, Willy Verdaguer ainda atuou em outros conjuntos e trabalhos de sucesso. Sua primeira aparição para o grande público foi na formação original dos Beat Boys, uma banda de músicos argentinos que possuía forte influência da Jovem Guarda. Em 1967, o grupo acompanhou Caetano Veloso na execução de Alegria, Alegria, no III Festival Internacional da Canção.

Depois do trabalho com os Secos e Molhados, com quem Verdaguer e outros integrantes da banda de apoio tocavam desde as primeiras apresentações do trio, em casas noturnas de São Paulo, o argentino ainda participou da gravação de um LP solo de João Ricardo. Além disso, integrou por muitos anos a banda do cantor Guilherme Arantes. Outro dia, eu o vi no Serginho Groisman. 

Com tamanho talento para as cordas, Willy Verdaguerainda lançou dois álbuns solo: Humahuaca, de 1994, e Informal, de 2003. Neles, é possível perceber todas as nuances do trabalho do músico, nome pouco falado, mas crucial em um dos maiores momentos do rock brasileiro.

Reverência aos baixistas que tocam no Brasil!

Abraço,

Rolf “Dio” Henrique



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2 respostas

  1. Boa homenagem, filho!

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  2. Lembrar do Secos e Molhados é lembrar da minha construção de identidade musical , ainda antes do hard e metal. O baixo de amor, uma das muitas faixas incríveis do primeiro álbum dos caras, é sem dúvida uma das mais marcantes lembranças. Com toda justiça, aliás. Essa é uma grande homenagem a um dos heróis quase anônimo da arte em um período tão fechado pra nossa cultura.
    Apenas não considero tanto o segundo álbum. Acho o de estreia dos Secos e
    Molhados em um outro patamar.
    Agradeço muito a iniciativa, Rolf. Aproveito pra fazer dessa uma menção extensiva aos outros músicos que acompanham os donos da bola desse fantastico album. Uma mencao ainda maior para o solo de moog de Zé Rodrix em Fala.

    Muito obrigado

    Alexandre

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