Discografia HM – Dream Theater – Awake – 04/out/1994 – 30 anos

Hoje, dia 04.10, trago uma homenagem a um dos álbuns da minha vida, completando 30 anos nesta data. Eu certamente não vou conseguir expressar neste post sequer metade do que este complexo álbum traz, muito menos do que ele significa pra mim. E diferente dos outros posts homenagens que venho trazendo durante o ano, eu me propus mergulhar um pouco mais no conteúdo do disco, nas letras (o que eu quase não faço) e trazer o máximo de reflexão que eu puder neste que eu considero uma obra-prima, talvez a última peça musical que mereça esta expressão. 30 anos depois, eu pouco encontrei algo que se aproxime a este e a outros álbuns merecedores da categoria obra-prima. E esses pouquíssimos exemplos feitos depois de 1994 talvez sim mereçam estar na mesma categoria, mas não acredito que cheguem no nível dele.  O post é longo, enfadonho para quem não tem conexão ou apreciação com o disco. Quem tiver, talvez não reclame do tempo gasto aqui. A estes eu convido seguir comigo, por partes, inicialmente eu vou tentar trazer uma visão geral do álbum, em sequência uma espécie de faixa a faixa, para então trazer uma espécie de consideração final. Então, de volta a 1994:

1)Visão Geral: A ideia aqui é tentar trazer os fatores que fazem de Awake não só uma obra-prima, mas aquele que considero o melhor trabalho do Dream Theater;

-Uma das mudanças mais significativas em Awake é a introdução da guitarra de sete cordas de John Petrucci, usado nas faixas Caught in The Web, The Mirror e Lie. Esse tom mais grave e profundo contribui de forma significativa para o ambiente mais escuro e pesado do álbum, embora não seja o único elemento responsável por isso. A guitarra está perfeitamente presente na mixagem, mas não é excessivamente proeminente como em outros trabalhos que sucederam o álbum. 

-A bateria tem uma sonoridade parecida com a que seria gravada na faixa A Change of Seasons, lançada em EP na sequência de Awake. A   faixa, que já havia sido composta mesmo antes de Images and Words, não entrou no track list de nenhum dos dois álbuns por estourar o tempo máximo permitido para um cd simples.  Mike Portnoy optou por usar a bateria Mapex tanto no Awake quanto no Ep A Change of Seasons e este som permanece até hoje como o meu som favorito de bateria do músico em toda a discografia da banda. E melhor, corrige o que eu entendo ser uma grande falha de Images and Words, que é a caixa do álbum ser trigada com um som midi que denota a artificialidade desta escolha.

-O álbum é impecavelmente produzido por John Purdell e Duane Baron, que manipularam os sons em paisagens sonoras exuberantes com grande ajuda de Kevin Moore. Pra mim, indiscutivelmente, o disco mais bem produzido e com melhor som do Dream Theater até hoje, e com certa margem. Purdell, que faleceu em 2003, produziu também o excelente Ozzmosis, de Ozzy Osbourne (1995). É outro disco com uma produção incrível. Duane foi engenheiro dos primeiros álbuns do W.A.S.P, além do Theater of Pain e do Girls, Girls, Girls, do Motley Crue.

– Awake tem muito mais variação entre as faixas que o imaculado Images and Words, contraste este que traz uma dinâmica invejável ao álbum. Os 75 minutos de duração passam voando, e mesmo se fosse duplo, contendo A Change of Seasons, passaria tão rapidamente quanto. Não há faixa nem sequer mediana no álbum, por isso a sensação de que o álbum mal começou, já acabou. Outro ponto que merece destaque é o bom gosto da arte gráfica, que traz vários elementos que remetem aos títulos de várias das faixas, como o relógio apontando para seis da manhã, o espelho ou o homem contemplativo que remete a The Silent Man.

-O conceito musical mais geral do disco é um pouco influenciado pelo grunge e groove metal, que estavam no auge com um som mais sombrio e pesado, mas apenas o peso e não o conceito total. Era a sonoridade que refletia a evolução do cenário musical do início dos anos 1990, mas também é importante destacar a disposição do grupo em experimentar e ultrapassar limites, pois os teclados e o virtuosismo presente no álbum têm papéis tão importantes quanto o escolha mais agressiva em si.

-Liricamente, as músicas também se conectam, trazendo um tema principal, que é relatar acerca de um sentimento ou conflito interno distinto, como se estivéssemos tendo a chance de vasculhar o subconsciente dos membros da banda, que também estavam em um tremendo desafio na vida real, tendo que repetir o sucesso de Images and Words.

-Musicalmente, durante todo o trabalho, há trechos, riffs, melodias que pertencem a uma música, mas também aparecem em outras, para reforçar a conexão entre o disco todo. Awake é um disco para ser ouvido com atenção máxima, até para identificar estas conexões.Eu certamente não trarei todas as referências, mas vou pincelar aqui e ali algumas delas.

-Individualmente, os músicos todos encontravam-se em grande fase, tanto como compositores quanto como instrumentistas, considero que:

a) Algum dos melhores solos de Petrucci estão neste álbum, entre eles o de Erotomania, Voice, Lie bem como o de Scarred. Todos esses são muito citados por vários dos apreciadores do instrumento. A grande mudança de Petrucci, no entanto, é pelo uso das 7 cordas em boa parte do álbum, contribuindo definitivamente para o clima sombrio que praticamente todos os minutos de Awake trazem.

b) Portnoy, além de resolver a questão da sonoridade artificial de sua caixa usada em Images and Words, traz pelo menos um “fill” que se tornou um clássico de sua carreira, justamente o da abertura do álbum. Além disso, o uso de 2 bumbos e de um peso absurdo em faixas como The Mirror contribuem significativamente para o desejável clima soturno do álbum. O músico, porém, não se limita aos momentos de pancadaria, há demonstrações de inquestionável classe na condução da bateria, por exemplo, em Lifting Shadows off a dream. Foi o trecho de bateria antes do solo de Lie completamente desencaixado do tempo padrão que acendeu a fagulha e despertou o meu interesse pela banda, ali em 1995.

c) Awake também contém algumas das contribuições mais proeminentes da carreira de John Myung, já que o baixo aparece com destaque em faixas como Scarred e Lifting Shadows Off a Dream. É sem dúvida, um dos álbuns onde o baixista mais se destaca, inclusive compondo, e mostrando a qualidade do seu instrumento de cara já nos primeiros momentos de 6:00. Acredito que não há um álbum da banda onde o instrumento está tão bem captado e também onde Myung esteja mais à vontade.

d)A performance vocal de James LaBrie é, pra mim, sem nenhuma sombra de dúvida, a melhor de toda a sua carreira. Em Images and Words James já tinha uma gama imensa dentro de seu tom, mas aqui, James também adiciona uma incrível de dinâmica aos seus vocais. Com a iniciação das guitarras de sete cordas na música do Dream Theater, houve a necessidade de alguns vocais mais agressivos durante algumas partes das músicas. As belas seções vocais ainda estão aqui, como os vocais em Lifting Shadows Off A Dream, mas LaBrie implementa alguns vocais mais ásperos, por exemplo durante 6:00 e Lie. E há espaço para agudos incríveis, por exemplo, em Innocence Faded. É sabido que um incidente gástrico durante a turnê deste álbum comprometeu sobremaneira o vocal de LaBrie e pra mim nunca mais o cantor voltou a ter a mesma qualidade.

e) A presença de Kevin Moore nunca é prejudicada pela sonoridade mais pesada, colocando uma variedade de teclados e efeitos ao lado de uma série de samplers que aparecem perfeitamente adequados às letras frequentemente confessionais que ele ou Portnoy escreveram. A saída de Moore da banda foi antes da mixagem do álbum ser concluída e o seu teclado geralmente não é o instrumento mais proeminente neste álbum (com exceção de Space Dye Vest, cujos detalhes seguem mais abaixo). Ele tem poucos solos, apenas em 6:00, algo mais ligeiro em The Mirror e um excelente trecho em sintetizador em Scarred.  No entanto, este papel mais contido das teclas de Moore se alia a uma contribuição ainda mais importante, que é praticamente manter a atmosfera do álbum unida. Ele parece saber exatamente qual tom é necessário onde, dos sintetizadores cativantes e distorcidos em “Caught in a Web” e “Lie”, ao sutil órgão no fundo de “Scarred”, faixas mais pesadas onde foi preciso “pensar fora da caixa”.

2)Awake faixa a faixa:

1)6:00 “So many ways to drown a man, so many ways to drag him down,some are fast and some take years and years” (Tantas maneiras de afogar um homem, tantas maneiras de arrastá-lo para baixo, algumas são rápidas e outras levam anos e anos).

“And answer a call while you still hear at all ‘cause nobody will if you won’t” (E atenda um chamado enquanto você ainda ouve, porque ninguém o fará se você não o fizer).

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A faixa que abre o álbum já inicia a trinca de contribuições através de samplers que Kevin Moore propôs em Awake, aqui os trechos são do filme The Dead, de 1987, que é uma adaptação cinematográfica da parte final da coleção literária Dubliners de James Joyce.

“Six o’clock on a Christmas morning…”
“Six o’clock on a Christmas morning…”
“Six o’clock on a Christmas morning…”
“Six o’clock on a Christmas morning…”
“And for what?”
“Well, isn’t it for the honor of God, Aunt Kate?”
“I know all about the honor of God, Mary Jane.”

Quanto ao direcionamento da faixa, 6:00 é uma música bem pesada, embora perca em comparação a algumas das outras músicas de Awake. Também é bem progressiva, um tanto incomum para uma música não tão longa. Há algo na claustrofobia tensa em “6:00” e nela Kevin Moore nos faz ter o grito desesperado por liberdade.  Curiosamente, a faixa é uma das mais diversas, permitindo a tão desejada expansão musical para o tecladista e também é uma das poucas a ter um solo do tecladista no álbum. È importante ressaltar que talvez a virada de bateria que Portnoy faz na introdução da canção é um dos momentos mais memoráveis da carreira do baterista no Dream Theater, pra mim, na verdade, é o mais memorável. Os créditos são todos de Mike, mas o próprio músico fez questão, recentemente, de citar Kevin Moore como o autor da “time-signature” que a música tem e de onde Mike desenvolveu a icônica virada, como se pode ver aproximadamente no primeiro minuto deste vídeo abaixo:

Letra: 6:00 é basicamente um resumo das sessões de gravação deste álbum e como Moore queria se expandir para outras fronteiras musicais, estava convencido de que o Dream Theater estava realmente sufocando-o. Liricamente, descreve um homem que é abruptamente acordado por uma sirene às seis da manhã, um símbolo de como a realidade muitas vezes interrompe nossos sonhos e aspirações. Ele luta para encontrar forças para enfrentar o dia. A repetição da frase ‘Six o’clock on a Christmas morning’ sugere um momento de desânimo, de desespero, onde o protagonista se encontra preso em uma rotina que parece sem propósito. A menção a ‘honor of God’ pode ser interpretada como uma justificativa religiosa para as ações diárias, mas também pode indicar uma certa ironia ou ceticismo em relação a essa busca.

2)Caught in a Web“Caught in a Web, removed from the world, hanging on by a thread, spinning the lies, devised in my head.” (Preso em uma teia, afastado do mundo, pendurado por um fio, contando mentiras, inventadas em minha cabeça).

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Após uma faixa agitada que abre o álbum, nos deparamos como uma canção bem mais pesada que as então conhecidas na carreira da banda. Caught in a Web tem guitarras realmente pesadas e isso se dá pelo uso das 7 cordas pela primeira por Petrucci.  O refrão grudento traz mais melodia, contribuição dos timbres incríveis de Moore, e essa melodia se repete durante o desenrolar do álbum, por exemplo, em Erotomania.  Portnoy entrega uma linha de bateria tão ambiciosa quanto a que entregou em 6:00.

Letra: esta é uma das poucas músicas da discografia com mais de um letrista, aqui John Petrucci e James LaBrie dividem os créditos.  O tema é relativo às pressões de viver em sociedade e preso aos conceitos da mesma, inspirado no conceito web of deceit – que se refere a um complexo ambiente de mentiras e decepções, também para aprisionar alguém. A metáfora da teia é central na música, representando a complexidade e a confusão mental que aprisionam o protagonista. Ele está sendo aprisionado por estar mentindo para si mesmo e a repetição da frase ‘You can’t heal the wounds of my soul’ sublinha a desesperança e a percepção de que a cura deve vir de dentro, e não de fontes externas. 

3)Innocence Faded – “Beginnings get complicated, the farther we progress, opinions are calculated, immune to openness” (os começos se complicam, quanto mais progredimos, mais as opiniões são calculadas, ficam imunes à abertura).

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O peso em Caught in The Web se dilue um pouco em Innocence Faded, que é a faixa que chega mais perto da sonoridade de Images and Words, algo mais brilhante e solar, novamente trazendo um refrão para buscar ser marcante. É uma espécie de melodia muito otimista e apresenta uma das melhores performances vocais de James LaBrie, atingindo um agudo (F5), semelhante ao que ele conseguiu em Learning to Live, no álbum anterior. Há espaço para a suavidade que o cantor já havia demonstrado em faixas como Surrounded, do disco anterior, e novamente ele faz brilhantemente aqui. Não dá, no entanto, para não citar a semelhança com um trecho de Red Barchetta do Rush, em cerca de 04:16 minutos da canção, pouco antes de mais um incrível solo de Petrucci. Talvez esta seja, no entanto, a música menos inspirada do álbum, exceto pela letra. O que não quer dizer nada, a faixa é excelente.

LETRA:  A faixa transparece a deterioração de uma relação ao passo em que há a necessidade de maturidade e por consequência perda da inocência. John Petrucci vomita suas frustrações pela decisão de Kevin Moore em sair da banda, já que o tecladista era amigo de longa data do guitarrista. A música também aborda a complexidade da transição da inocência para a maturidade, explorando temas de crescimento pessoal, desilusão e a busca por sabedoria.

P.S: Ao chegarmos nas faixas 4 a 6, nos deparamos com a primeira sequência de músicas que se ligam- A Mind Beside Itself, como é chamada essa trilogia, é um épico de contendo mais de 20 minutos de música.

4)Erotomania – A única faixa instrumental deste álbum serve para dois momentos bastante distintos, um início em progressão cromática no qual a música transparece uma sonoridade estranha, complexa, polirrítmica.  O solo de Petrucci neste trecho acompanha o clima apresentado pelos demais instrumentistas entre quebras de tempo e “odd times-signatures”. A parte final da canção traz um momento mais clássico e ali Petrucci realmente se sobressai, trazendo um solo daqueles que ficarão entre os melhores do músico na banda. A faixa serve para todos brilharem, não só Petrucci. E antecipa a melodia de The Silent Man ali pelos 3 minutos da canção, para exemplificar os momentos que precisamos prestar total atenção no que a banda está propondo. É certamente uma das três melhores faixas instrumentais da carreira do Dream Theater para a imensa maioria dos seus fãs.

5)Voices – “Judas on the ceiling,the Devil in my bed, I guess Easter’s never coming,so I’ll just wait inside my head”(Judas no teto, o diabo na minha cama, acho que a Páscoa nunca vai chegar, então vou esperar dentro da minha cabeça).

“Now they read my mind on the radio” (agora eles leem minha mente no rádio).

 “Others steal your thoughts, they’re not confined to your own mind” (outros roubam seus pensamentos, eles não estão confinados na sua própria mente).

“I’m lying here in bed, swear my skin is inside out” (estou deitado aqui na cama, juro que minha pele está do avesso. 

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Uma das faixas com letra mais perturbadora de Awake, Voices abre com uma linha de baixo melódica e ímpar de John Myung, e é também uma das músicas mais diversas do álbum, com um verso de piano suave logo no início para crescer em outras partes pesadas e um clímax no refrão também mais pesado. Com quase 10 minutos, Voices é a maior do épico em três partes. E aqui pra mim Petrucci entrega, pra mim, o seu solo mais marcante da carreira, o solo que mais admirei nos anos 90. Apropriado ao tema, Moore apresenta um tom gótico, como uma catedral, que é único no catálogo da banda. Em vez de querer duelar com os riffs e partes rápidas que Petrucci está trazendo em boa parte da canção, Kevin adiciona textura e nuances por toda parte, aumentando a atmosfera fria que permeia a faixa. Sinto que “Voices” é o melhor momento de James LaBrie, pois ele exibe uma quantidade incrível de ar em sua tonalidade mais suave em um fraseado impecavelmente bem escolhido. As partes mais agressivas da canção mostram o alcance de LaBrie, muitas vezes usando um tom áspero e agressivo, chegando a soar a plenos pulmões. A faixa é até hoje a música que mais gosto da banda em toda a discografia.

LETRA: Ao tentar contextualizar a esquizofrenia entre outras doenças mentais que podem acometer as pessoas, através de imagens religiosas – como ‘Judas on the ceiling’ e ‘the Devil in my bed’- Voices mostra o protagonista enfrentando vozes internas que refletem suas esperanças e medos, uma constante batalha mental com pensamentos perturbadores que o dominam, uma batalha contra os próprios demônios.  A repetição de frases como ‘Voices repeating me’ e ‘Voices discussing me’ sugere uma constante batalha mental, onde pensamentos intrusivos tomam a consciência do indivíduo. A presença de figuras como ‘the spider in the window’ e ‘the angel in the pool’ adiciona uma camada de surrealismo, sugerindo que a realidade do protagonista é distorcida e confusa.

6)The Silent Man – “A question well served,’Is silence like a fever? A voice never heard?’ Or a message with no receiver?” (uma pergunta bem elaborada, o silêncio é como uma febre? Uma voz nunca ouvida? Ou uma mensagem sem receptor?).

“I could sail by on the Winds of Silence and maybe they won’t notice” (eu poderia navegar nos Ventos do Silêncio e talvez eles não notassem).

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The Silent man fecha a trilogia A Mind Beside Itself e é considerado por boa parte dos conhecedores do álbum a faixa mais óbvia do álbum, uma balada acústica que poderia até destoar das demais.  A faixa, ainda que também esteja entre as minhas menos preferidas, é uma das responsáveis para que se estabeleçam os necessários contrastes concebidos em Awake com faixas super pesadas ensanduichadas por músicas mais calmas. A estratégia também pode ser vista mais à frente na discografia da banda e especificamente é notada se as faixas das Twelve-step Suite (presentes do álbum Six Degrees of Inner Tourbulence ao álbum Black Clouds & Silver Linnings) forem postas em sua sequência num play list. Ao chegar em Repentance tem-se esta alternância de clima proposto inicialmente pela banda em Awake.  The Silent Man é estranhamente simples em sua melodia em um álbum tão complexo, porém contém um belo solo de violão de nylon e acabou por se tornar o segundo single do disco, ainda que também tenha falhado em obter qualquer repercussão maior.

LETRA: O silêncio pode ser tanto uma forma de comunicação quanto uma barreira intransponível. As dificuldades de uma relação entre pessoas às vezes não estão nas discussões, mas no silêncio de um ou de muitos que outros não conseguem interpretar. Uma profunda reflexão sobre a comunicação, o isolamento e a busca por significado em um mundo repleto de incertezas. A letra começa com uma série de perguntas que exploram a natureza do silêncio, questionando se ele é como uma febre, uma voz nunca ouvida ou uma mensagem sem receptor. Essas perguntas iniciais estabelecem um tom de introspecção e mistério, sugerindo que o silêncio pode ser se tornar uma espécie de fuga ou mesmo covardia. A figura do homem silencioso surge como uma presença enigmática que aparece quando não há respostas. Uma outra interpretação da letra da canção mencionada em uma entrevista por James sugere uma dificuldade de relacionamento entre pais e filhos.

7)The Mirror – “Temptation- Why won’t you leave me alone? Lurking Every Corner, everywhere I go” (tentação- por que você não me deixa em paz? Espreitando em cada esquina, em todos os lugares que eu vou).

“Self Control-Don’t turn your back on me now when I need you the most” (autocontrole-não me vire as costas agora quando eu mais preciso de você).

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A segunda faixa do álbum a possuir samplers de trechos de filmes, documentários ou mesmo programas de tv é The Mirror e a contribuição dos trechos foi ideia de Kevin Moore, para a concordância entusiasmada de Portnoy.  Na canção os trechos são do filme Falling in Love de 1984, numa fala de Meryl Streep – “What’re you doing? What’re you doing?”,  outros dois trechos do filme Damage, de 1992, citados por Jeremy Irons –“That I haven’t behaved as I should” e “I thought you could control life, but it’s not like that. There are things you can’t control.” e um trecho do filme Light Sleeper, também de 1992, fala de Mary Beth Hurt – “Everything you need is around you. The only danger is inside you.” Este último trecho é para mim o mais concatenado com a ambiência da música, um trecho mais calmo com o volume distorcido da guitarra de Petrucci nos levando a um vocal mais suave de LaBrie. A música, no entanto, é bem mais conhecida pelo mais pesado riff do álbum, composto integralmente por palhetas abafadas em acorde de si aberto, mas tocado em três diferentes “time signatures”, um perfeita mistura de metal e prog. Traz o uso das 7 cordas na guitarra e uma certa influência de Walk, do Pantera. The Mirror também é uma espécie de parte 1 da dobradinha com Lie, mas foi ideia de LaBrie separá-las em duas, pois inicialmente eram uma faixa só.  Em 05:15 minutos há, como citei, uma antecipação de uma melodia, aqui é possível perceber e identificar as linhas de Space-Dye Vest.

LETRA:  The Mirror começa com a personificação da tentação, que persegue o narrador em todos os lugares, testando constantemente sua força de vontade e autocontrole. Essa tentação é uma força persistente e invasiva, que desafia a capacidade do narrador de manter sua integridade e resistir a impulsos destrutivos. revela uma jornada de confiança quebrada e a luta para recuperar o controle sobre a própria vida, destacando a importância de enfrentar os problemas de frente e reconhecer as próprias falhas. A faixa traz pela primeira vez na carreira da banda os problemas com alcoolismo que Mike teria, uma espécie de embrião da citada Twelve-step Suite.

8)Lie – “Never been much of a doubting Thomas, but nothing breaks like a broken promise” (Nunca fui muito cético, mas nada quebra mais do que uma promessa quebrada).

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Ao ser separada de The Mirror, Lie tornou-se o single inicial de Awake e a porta de entrada da banda pra mim. Depois de haver pra mim um período de certo ostracismo na cena musical onde o grunge não tinha me alcançado e eu só ouvia as bandas mais antigas, aquela fagulha que senti ao conhecer as bandas na minha adolescência voltou,  ao ver o videoclipe de Lie.  O clip, que vi pela MTV, me chamou a atenção de cara, em especial pela parte de bateria de Mike antes do solo e sim, pelo solo de Petrucci, aquilo era algo muito além do que esperava ver ali no segundo semestre de 1995, provavelmente. É uma pena que como single principal a música não tenha sido muito bem sucedido em comparação com single anterior Pull Me Under, pois ficou apenas em 38º lugar na Billboard Hot Mainstream Rock Tracks, enquanto a faixa do Images and Words chegou ao 10º lugar.  A parte final de Lie traz um trecho de The Mirror, ali pelos 5 minutos da faixa,  que foi retirado na versão single. O videoclipe mostra a banda como então um quarteto, tocando a faixa em vários locais da cidade de Nova York, incluindo a Ponte do Brooklyn, Tribeca e um túnel em Manhattan, ainda sem tecladista substituto para Kevin Moore.

LETRA: Lie fala sobre as dores causadas pelas mentiras, o sofrimento que a traição traz e a luta para reconstruir a confiança. A letra começa com uma imagem em metáfora de alguém preso no fundo de um lago, simbolizando uma situação sufocante e desesperadora. A repetição da palavra ‘trust’ (confiança) ao longo da música destaca a luta interna do narrador para confiar em alguém que já o decepcionou. A música também aborda a ideia de promessas quebradas e a dificuldade de superar a dor emocional. A linha ‘nothing breaks like a broken promise’ encapsula a profundidade da traição sentida pelo narrador.

9)Lifting Shadows Off a Dream – “Lifting shadows, off a Dream once broken, she can turn a drop of water, into an ocean” (levantando sombras de um sonho uma vez quebrado, ela pode transformar uma gota de água em um oceano).   

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A nona faixa de Awake começa com a incrível ambiência causada pelos harmônicos de baixo de John Myung seguidos dos sons de guitarra limpa em delay trazidos por Petrucci, referência clara ao trabalho de The Edge, guitarrista do U2. As camadas de teclado de Kevin Moore são lindíssimas e se complementam com a sutileza do trabalho de bateria de Portnoy. A faixa é outra das que faz um balanço do peso com a suavidade no álbum, abre espaço para o vocal aerado de James LaBrie para um arranjo final que ressalta a composição poética de Myung, a única letra dele no álbum. Faixa belíssima do álbum, se junta aos melhores momentos do disco. O final da música, com os acentos dos pratos de Portnoy, é algo sublime.

LETRA: O tema aqui é a dualidade entre desejo e medo, que move o protagonista a querer se afastar. No entanto, é através da escuta aberta de uma figura feminina que ele encontra um caminho. A letra começa descrevendo um indivíduo que se sente sozinho e silencioso, com pensamentos sem respostas e um medo que o faz se afastar lentamente. Essa sensação de isolamento é intensificada pela imagem do inverno, período de escuridão e frieza emocional. A figura feminina mencionada na música parece ser uma força redentora, metaforicamente capaz de transformar uma simples gota d’água em um oceano. A repetição da frase ‘Lifting shadows off a Dream once broken’ sugere um processo de cura e restauração, talvez a letra mais otimista do disco.

10)Scarred   – “And how come you don’t understand me? And how come I don’t understand you?Thirty years say we’re in this together, So open your eyes” (e como é que você não me entende? E como é que eu não te entendo? Trinta anos dizem que estamos juntos nisso, então abra os olhos).

“People in prayer for me, everyone there for me” (pessoas em oração por mim, todos lá por mim). 

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John Myung novamente é quem abre a faixa, com linhas de baixo em tapping, momento de incrível destreza do instrumentista. Segue-se uma linha de blues na guitarra de Petrucci, com alguns trechos em aumento do volume do instrumento (swell). A faixa se desenvolve como a mais ambiciosa do álbum e também é a maior, com cerca de 11 minutos de duração. O refrão é poderoso e muito competente, para mim talvez o melhor trecho em refrão do álbum. O trecho final traz, antes do único fade out do álbum, solos excelentes de Kevin e em especial um dos mais técnicos de Petrucci. Esta deveria ser a última música do álbum, mas o resto da banda ofereceu a Kevin Moore a oportunidade de colocar uma de suas músicas solo em que ele estava trabalhando para fechar o disco.

LETRA: Alguém com sofrimento em suas relações pessoais tentando encontrar conforto em sua religião, reflexão sobre dor, superação e autoconhecimento. A letra aborda a experiência de enfrentar adversidades e a luta interna para se curar e encontrar um sentido na vida. Desde o início, a música apresenta uma série de antíteses como ‘to rise, to fall’ e ‘to hurt, to hate’, que simbolizam os altos e baixos, emoções conflitantes que todos enfrentamos. Frases como ‘You don’t understand, you’re closing me out’ e ‘How come you don’t understand me?’ revelam a frustração de não ser compreendido e a sensação de estar sozinho em meio a uma batalha interna. A metáfora das cicatrizes (‘You don’t see the scars’) sugere que as feridas emocionais são invisíveis para os outros, mas profundamente sentidas por quem as carrega.

11)Space Dye Vest – “feeling my heart pull west,I saw the future dressed as a stranger love in a space-dye vest” (sentindo meu coração puxar para o oeste, vi o futuro vestido como um amor estranho em um vestido espacial).

“This is not how I want it to end” (esse não é jeito que eu gostaria de terminar).

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Space Dye Vest termina brilhantemente o álbum, mas é de fato muito mais uma canção de Kevin Moore do que da banda. É uma espécie de canto do cisne para Moore, e para mim, desde a primeira que a ouvi, algo muito mais parecido com uma linda canção do Alan Parsons. Assim como vários outros exemplos, é outra faixa que traz a variedade quase ímpar de Awake. A princípio, parece uma canção de ninar, com uma melodia simples de piano acompanhada de vocais contidos, mas acumula emoção após emoção através de versos tristes pós-término, samplers precisos ​​e um clímax pesado que eventualmente termina como começou. Ah, e os tais samplers? Sim, eles estão aqui mostrando um tom de vulnerabilidade para a canção como poucas vezes se conseguiu:

O primeiro é o incrível trecho do filme A Room With A View, de 1985, interpretado aqui por Julian Sands: “But he’s the sort who can’t know anyone intimately, least of all a woman. He doesn’t know what a woman is. He wants you for a possession, something to look at like a painting or an ivory box. Something to own and to display. He doesn’t want you to be real, or to think, or to live. He doesn’t love you, but I love you. I want you to have your own thoughts and ideas and feelings, even when I hold you in my arms. It’s our last chance… It’s our last chance…”

Segue-se um trecho da série canadense The Fifth State:  “…I was gonna move out…ummm…get, get a job, get my own place, ummm. But…I go into the mall where I want to work and they tell me, I’m, I was too young…

O terceiro trecho em sampler é um comentário sobre a fuga de OJ Simpson, proferido por Jim Hill, âncora esportivo americano: “Some people gave advice before about facing the facts, about facing reality. And this is, this without a doubt, is his biggest challenge ever. He’s going to have to face it. You’re going to have to try, he’s gonna to have to try and uh, and, and, and get some help here. I mean no one can say they know how he feels.”

Do programa de Conan O’Brien vem o penúltimo sampler: “That, so they say that, in ya know like, Houston or something, you’d say it’s a hundred and eighty degrees. But it’s a dry heat. In Houston they say that? Oh, maybe not. I’m all mixed up. Dry until they hit the swimming pool.”

E o último também é extraído da série canadense The Fifth Estate: ”..I get up with the sun… Listen. You have your own room to sleep in. I don’t care what you do. I don’t care when. That door gets locked. That door gets locked at night by nine o’clock. If you’re not in this house by nine o’clock, then you’d better find some place to sleep. Because you’re not going to be a bum in this house. Supper is ready…”

LETRA: a inspiração do título da canção é uma revista de moda que Kevin Moore folheou, usou a imaginação e relacionou o vestido da modelo aos eventos que passou em uma recente separação.  A letra começa com uma sensação de desorientação e perda. A referência ao coração puxando para o oeste pode sugerir uma busca por algo ou alguém que está distante, tanto fisicamente quanto emocionalmente. A metáfora do amor em Space-Dye Vest remete a algo efêmero e ilusório, uma beleza que é difícil de alcançar e manter. O amor é descrito como um ato de sangue, criando uma imagem poderosa de dor e sacrifício.  A segunda parte da música aborda a tentativa de seguir em frente após a perda. A repetição de nunca mais serei aberto novamente enfatiza a dor e a desilusão, sugerindo que se fechou emocionalmente. Os samplers inseridos na música falam sobre desafios pessoais e a necessidade de enfrentar a realidade, reforçam a ideia de lutar para encontrar um novo sentido na vida.

3)Considerações finais:

Infelizmente, após a saída de Kevin Moore, a música do Dream Theater, embora ainda mantendo um nível muito alto de proficiência técnica e criatividade, no meu entender nunca recapturou a magia original que caracterizou seu trabalho anterior. As contribuições únicas de Moore foram uma parte significativa do som da banda, e sua ausência deixou um vazio notável. Eu não quero aqui desprezar o papel de Jordan Rudess e também de Derek Sherinian na banda. Ambos fizeram e fazem um grande trabalho no Dream Theater. Acho apenas que Kevin Moore esteve no auge de sua criatividade e desempenhou um papel fundamental em sua contribuição neste trabalho, que eu não encontrei em outro álbum.  A banda, ainda assim, explorou vários dos caminhos trazidos aqui em Awake, em especial um som mais pesado que voltou em várias faixas no restante da discografia, como The Dark Eternal Night ou The Glass Prison e mais particularmente em quase todo o álbum Train of Thought. Também os levou a instrumentais exuberantes de faixas como Stream of Consciousness ou The Dance of Eternity e pavimentou o caminho da banda com inúmeras ótimas canções gravadas depois de Awake.

Considerar Awake o ponto mais alto da discografia apenas por este ainda conter Moore não é exatamente a verdade mais absoluta. Outros fatores aqui já foram listados, como a produção impecável, o auge da capacidade vocal e variação tonal de La Brie, a grande presença de Myung, o timbre e a capacidade do gênio Portnoy na bateria, o inicio do uso das afinações mais graves com as guitarras de 7 cordas…ou mesmo simplesmente e mais provavelmente…… pelo extraordinário conjunto de canções que o álbum tem.

Simples assim…

Saudações,

Alexandre B-side



Categorias:Discografias, Dream Theater, Resenhas

6 respostas

  1. Que texto / aula B-side ! Para mim que conheço muito pouco da banda este texto foi espetacular!!!!

    parabéns pela publicação!!! Leitura obrigatória

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    • Marcio, muito obrigado por comentar por aqui e pelo que conversamos antes , por ter mostrado ao seu filho. Eu realmente aprecio bastante esse papel de pai de trazer o que consideramos um bom conteúdo aos nossos decendentes.

      Meus parabéns!

      Alexandre

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  2. Alexandre B-Side, olha fazia tempo que eu não via um trabalho tão especial sobre um registro. Coisa de quem realmente tema devoção no processo. Fantáastico. Que grande resenha!!!! Eu estou aqui aprednendo e só agradeço!

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    • Bem, Rolf, meu muito obrigado é necessário, ainda que ache que aqui no Minuto HM há resenhas, inclusive nas outras discografias, que tem um nivel de aprofundamento bem maiores que esta.

      Em relação ao Awake, eu me senti meio que obrigado a fazer algo um pouco diferente das outras homenagens aos álbuns de 30 ou 40 anos que estão sendo publicados durante o ano . O álbum tem uma complexidade que eu tentei trazer em parte aqui, seria realmente impossível trazer todos os detalhes de tanto rebuscamento. Os demais álbuns destas séries ou já foram muito bem resenhados ( como o Powerslave, por exemplo), ou serão ( o Ride the Lightning – bem assim eu espero) ou simplesmente tem uma proposta menos complexa.

      A próxima resenha já está no forno e , adianto, pouco tem relação com o formato deste aqui, pois o próximo álbum já foi dissecado aqui. Será exatamente oposto ao que trouxe no Awake e este também é um bom fator – buscar algo variado e mais pessoal, na maioria desta série homenagem.

      De qualquer forma, fico feliz com o seu reconhecimento, uma honra mesmo.

      Alexandre

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  3. B-side, Post brilhante (sim, com P maiúsculo)!

    Quando fizemos uma batalha do Dream Theater no Podcast eu comentei que o Awake foi o primeiro álbum da banda que caiu no meu colo, lá pelos meus 21 anos. Há cerca de 1 ano antes eu tinha entrado na faculdade e descoberto o Power Metal, então quando ouvi Awake achei uma porcaria. Demorou cerca de três anos a frente para o som do Dream Theater entrar nos meus ouvidos (pelo Six Degrees) e, anos mais tarde, tenho um grande carinho por Awake assim como por vários álbuns da banda. Depois do Iron Maiden, o Dream Theater é minha secunda banda preditela e as posições 1 e 2 do meu TOP Bandas foram as únicas que não mudaram nos últimos 20 anos da minha vida.

    Eu já estudei as músicas do Awake a fundo (não na guitarra – não tenho técnica para isso – mas em termos de letras e significados) então muitos dos fatos eu já conhecia, mesmo assim você trouxe uma estrutura textual muito boa. Essa sacada de colocar um trecho da letra da canção (com excerto original e traduzido) é de tirar o chapeu. Me lembrou o Milton Nascimento em uma entrevista, quando ele conta quando ouviu Ebony and Ivory, do Macca e Steve Wonder, pela primeira vez e ele pensou “que burro que eu sou, estava o tempo todo na minha frente e eu não criei isso”. Agora eu vou ter que refazer todos os posts da Discografia do Iron Maiden para inserir essa estrutura ao falar das faixas dos álbuns, pois isso prepara o leitor para uma imersão do que a letra tratará e facilita o entendimento para quem não conhece. Gênio!

    Quanto ao álbum em si, para mim ele é TOP 3 inquestionável. A primeira posição eu sempre deixei com o Images and Words e o Scenes From a Memory mora no meu coração e fica na segunda colocação. Acho que o meu calcanhar de aquiles para não subir Awake no ranking é devido a The Mirror e Lie – são faixas que até hoje, dentro desses vinte ano de audição, eu sempre senti que falta algo nelas para me atrair. As demais, é assinar embaixo o que você coloca.

    A melhor faixa para mim é Voices. Eu já li uma interpretação dessa letra que era duas vezes o tamanho desse post. Foi uma análise minuciosa linha a linha e até hoje eu fico embasbacado como a criação da letra e o uso das metáforas foi de uma criatividade ímpar. Lifting Shadows Off a Dream é outro grande destaque que faz meus pés saírem do chão, tamanha levesa que o teclado junto da cozinha trazem aos ouvidos, colocando peso nos momentos apropriados.

    Esse lance de usar trechos / melodias em músicas diferentes já era usado no Images and Words – Learning to Live tem uma inserção de Wait for Sleep, para citar um exemplo. Mas você está certíssimo quando diz que o progressivo da banda com Kevin Moore estava em outro patamar – porque estava mesmo. A atmosfera criada no Awake (e no seu antecessor – aquele clarinete em Another Day (é um clarinete!?), é usado de forma brilhante e uma das coisas que eu senti falta no Awake – não o uso daquele instrumento em si, mas a utlização de algum outro elemento que a banda não tinha e que fosse ali encaixado).

    Uma coisa que faltou (eu pensei que você ia colocar, diga-se de passagem) foi a referência de todas as músicas na capa. Você mencionou algumas, mas eu li que todas as faixas estão na capa – e eu nunca descobri algumas delas, como Erotomania.

    E deixo aqui registrado:

    DEU-SE INÍCIO À DISCOGRAFIA DO DREAM THEATER!

    E ELA VAI TERMINAR ANTES DA DO METALLICA!

    Ah, só para terminar. Esses dias eu ouvi as demos do Awake (da sessão Lost Not Forgotter Archives) e foi uma audição deveras interessante, pois não há elementos como os excertos de filmes e discursos, além de realmente mostrar que o trabalho dos produtores influenciou bastante no peso do álbum, pois na demo as músicas parecem mais leves.

    Beijo nas crianças! E em todos vocês!

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  4. Comentário de quem pode perfeitamente continuar a discografia do Dream Theater, já que eu nunca me atrevi a pensar nisso.

    No mais é agradecer os elogios e a ideia de pegar trechos das letras para desenhar um comentário sobre a parte lirica vem justamente da discografia Iron Maiden, pois lá aprendi um bocado sobre essa parte que sempre para mim fica em segundo plano.

    É verdade que eles citaram alguns trechos melódicos de algumas faixas em outras no Images and Words. Aqui no entanto , há um considerável aprofundamento.

    Outro ponto bacana do seu comentário é sobre Voices, é realmente uma música incrível, também a minha favorita , mas não só no álbum, mas na discografia da banda.

    E eu não sei quando nem como esta suposta discografia vai seguir , mas também acho que termina antes da do MetallicA, o que aliás, não é vantagem nenhuma, né….

    Valeu !

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