Discografia HM – Mötley Crüe – Mötley Crüe – 15/mar/1994 – 30 anos

Opa, outro álbum meio polêmico hoje sopra velinhas. Se a série magnificamente iniciada pelo Rolf de 1984 vem trazendo em sua imensa maioria álbuns clássicos, como próprio 1984 do Van Halen ou o Defenders Of The Faith, do Judas Priest, a ideia de homenagear aqui no Minuto HM os álbuns de 1994 nem sempre vai referendar álbuns clássicos. E convenhamos, esse não é um álbum meio polêmico. É polêmico por inteiro e já adianto, é tão bom ou mais do que é polêmico.

Aliás, o ano de 1994 não é lá um ano particularmente especial no metal. Teremos muito mais álbuns de 1984, auge da cena, do que o de 1994 por aqui.  O que se percebia em muito ali era uma enxurrada de bandas se adequando à sonoridade grunge. Bandas que pouco tempo antes tinham uma proposta totalmente oposta. O caso do Motley Crue com o álbum homônimo daquele ano traz talvez uma das maiores reviravoltas musicais que eu conheço. Do ensolarado hard californiano a algo pesado como nunca antes a banda havia sido. As letras também nada tem a ver com Girls, Girls, Girls ou Smokin’ in the Boys Room. Os temas são sérios e pra fechar o cenário, com outro vocalista. Deu no que deu, vendeu míseros 500 mil exemplares. Pra quem tinha vendido 6 milhões com o Dr. Feelgood, álbum anterior, só nos EUA, foi assinar a sentença de morte. O que exatamente aconteceu foi a inevitável demissão de John Corabi. E o que eu acho disso?

Eu acho esse Motley Crue um dos discos mais subestimados de todos os tempos. O disco apenas tem o nome errado na capa. De Motley Crue, eu concordo, não tem quase nada. Independente disso, o trabalho beira à perfeição. As músicas são excelentes, o início com Power To The Music, Uncle Jack, Hooligan’s Holiday, Misunderstood é impecável. Loveshine, que lembra as faixas acústicas do Led Zeppelin ou mesmo Ain’t Gonna Cry no More, do Whitesnake, diminui o peso, mas não a qualidade. Poison Apples é a faixa que ainda lembra algo do antigo Motley Crue e seria um bom single em qualquer dos outros álbuns. Hammered traz o peso absurdo de volta. Outras senhoras pancadas se seguem no track list: Smoke The Sky, ‘Till Death Do Us Part, Droppin Like Flies, todas estão no mais alto patamar de musicalidade. Eu citei, sem pensar muito, 10 das 12 faixas originais. Não tinha citado Welcome to The Numb, outra boa canção, numa linha mais Guns and Roses. A outra é Driftaway, que é uma balada bem decente, mas, honestamente, nem precisava dela. O resto do material esbanja inspiração.

A produção de Bob Rock é irretocável, a sonoridade do álbum é excelente, Mick Mars e Tommy Lee estão no auge de suas performances como instrumentistas na banda. John Corabi é um incrível vocalista e se juntou a Sixx e os demais da banda para trazer um nível de composições extraordinário. O disco foi um fracasso retumbante, independente de tudo isso que eu escrevi. E basta ver a banda ao vivo pra entender. Não, eles não estão tocando mal, pelo contrário. O que se vê é basicamente outro grupo. Corabi é o oposto de Vince Neil, empunhando uma guitarra o tempo praticamente todo. Não há mais o sex-symbol front-man típico do hard rock de origem da banda. E, é preciso reconhecer, as faixas antigas ficam muito diferentes, provavelmente afastaram a grande parte dos fãs clássicos da banda. Pra mim, nada disso importa. Em verdade a minha relação com esse álbum é tardia, eu só fui conhecê-lo bem depois e por muita insistência do amigo Rolf. Eu nunca fui muito fã da banda, conhecia os singles, até hoje o vocal de Vince não me desce. Assim esse disco passou em branco para mim quando foi lançado. O que foi um grande erro, aliás. Hoje considero-o um grande álbum e merecedor de todas as homenagens.

É isso. Pra frente tem mais, é aguardar.

Saudações,

Alexandre B-side



Categorias:Artistas, Discografias, Led Zeppelin, Mötley Crüe, Músicas, Resenhas, Whitesnake

2 respostas

  1. Olha ai!!!!!!! Excelente, B side …..discaço

    Curtir

  2. Rolf, como comentei, muito do fato de eu ter acesso a esse disco deve-se a você, que insistiu muito sobre a qualidade dele.

    A homenagem é justa, embora os desdobramentos comerciais e a saída de Corabi não tenham sido algo que, exceto o Vince, alguém desejasse.

    O álbum, no entanto, ficou na história , isso é que vale.

    Alexandre

    Curtir

Deixe um comentário