Dream Theater – 40th Anniversary Tour 2024-2025 – The O2 Arena, Londres, Inglaterra – 20/out/2024 – a volta de Mike Portnoy (impressões via YouTube)

Em 20 de outubro finalmente a expectativa pela volta de Portnoy ao Dream Theater teve fim, com o primeiro show em Londres. E não é preciso ser um felizardo entre aqueles que estavam na Arena O2 para tentar entender o que aconteceu, pois o YouTube tem várias gravações do ocorrido. Assim, via YouTube mesmo, resolvi trazer um pouco do pude observar. O cenário traz um grande painel com as atuais imagens de divulgação da tour comemorativa aos 40 anos de banda. O banner cobre o palco antes do show iniciar, aumentando a expectativa. Exceto por este banner, durante o show o que se vê basicamente são as imagens do telão e a iluminação específica para cada canção. Há um plano mais elevado ao lado de Mike, onde Petrucci passeia eventualmente, mas de resto é um cenário bem justo.

Mas vamos ao show:  inicia-se um playback orquestral com o tema de Psicose que é sucedido pelo início de Metropolis Pt. 1: The Miracle and the Sleeper, ainda em playback. Cai o pano e a banda ataca faixa clássica do álbum Images and Words, aquele que os levou ao reconhecimento mundial, e de cara, duas fatos chamam bastante a atenção de todos. A bateria, no centro do palco, bem elevada, toma grande parte do cenário, ressaltando a volta de Portnoy. É um kit daqueles, três bumbos e uma quantidade incalculável de pratos e tambores. O outro fato é o atual estado da voz de LaBrie, ou pelo menos como esteve a voz de LaBrie neste primeiro show do 40º aniversário da banda.   Metrópolis é uma faixa de 1992, naquele momento a voz do vocalista estava no auge e ele usava toda a sua extensão. Fica claro que os bons tempos já se foram e a entrega hoje tem um resultado bem questionável.  Ele não atinge os tons mais altos e mesmo o timbre de boa parte da canção não agrada certamente boa parte daqueles que viram o show.

A banda emendou sem qualquer pausa as clássicas faixas Overture 1928 e Strange Deja Vu do outro álbum inquestionável da banda, Scenes From a Memory parte 2, e talvez pelo fato desta última ser uma faixa menos difícil para os vocais de LaBrie, a performance do vocalista é até melhor, em especial no início da música. Do meio pra frente, no entanto, já começam novamente a aparecer as dificuldades do vocalista de forma mais explícita.

Uma pausa após estas três primeiras músicas, Jordan vem agradecer a recepção na frente do palco e LaBrie aproveita para ressaltar a volta de Portnoy.  Já Myung se mantem discreto durante todo o show, concentrado em entregar uma performance impecável. Segue-se então The Mirror, única faixa do álbum Awake (que recentemente completou 30 anos de lançamento) no repertório, teve uma pequena falha no som dos teclados de Jordan por alguns momentos, mas o fato é que instrumentalmente, a banda está afiada como sempre, praticamente não há deslizes durante toda a apresentação. Alguns solos são ligeiramente modificados, uma nota aqui outra ali, mas tudo muito bem executado. A sequência da apresentação traz Panic Attack, do álbum Octavarium, Mike cantando junto a faixa toda com LaBrie.

O show é dividido em duas partes e um encore. Nesta primeira parte seguem-se basicamente vários dos singles lançados na carreira da banda, como Hollow Years (em uma versão estendida, com espaço para solos maiores de Rudess e Petrucci), As I Am e Constant Motion, todas da fase de Portnoy. Antes destas, algo que pode ser considerado uma surpresa, a inclusão da uma música que foi gravada na fase de Mike Mangini. Barstool Warrior, do álbum Distance Over Time (2019) foi, no meu entender, bem escolhida, e embora eu entenda nada de bateria, acho que Portnoy deu conta do recado.

Após uma pausa e nova introdução orquestral, desta vez com vários temas da carreira do Dream Theater, a banda volta com a boa faixa nova Night Terror, Portnoy agitando bastante a plateia. A nova canção é pesada e complexa, no meu entendimento lembra bastante os últimos álbuns com Portnoy antes de sua saída, faixas como A Nightmare to Remember ou The Glass Prison. A faixa seguinte do show é outra que originalmente tem Mangini na bateria, mas entendo que a linda balada This is The Life (daquele que eu considero o melhor álbum sem Portnoy na banda, A Dramatic Turn of Events) certamente traz bem menos dificuldades para o baterista que retorna. Portnoy ataca inclusive nos backings da canção. Na sequência, a banda continua fazendo um apanhado de boa parte da carreira nestes 40 anos, há espaço para mais uma canção do Images and Words (Under a Glass Moon), a sequência Vacant- Stream of Consciousness, do Train of Thought e a longuíssima Octavarium, que fecha a segunda parte do show. Under a Glass Moon é outra faixa onde os vocais sofreram bastante neste show. É uma faixa de vocais muito agudos, talvez a banda devesse rever a necessidade de tocar esta canção.

O encore traz mais duas faixas do icônico álbum Scenes From a Memory parte 2, Home e The Spirit Carries On e fecha com a faixa mais conhecida deles, Pull me Under. 2 horas e 50 minutos depois, a impressão que fica, pra mim, é de um show muito bom, que abrange boa parte da carreira, mas que deixou alguns bons álbuns sem representação, em especial eu acho que faltou uma canção do álbum Six Degrees of Inner Turbulence. Trazer Disappear ou Misunderstood no lugar de Vacant, por exemplo, resolveria a questão. No entanto, traria um pequeno problema, pois foi justamente em Vacant que eu percebi a melhor performance vocal de James, ou seja, seria incoerente tirar do repertório alguma faixa onde ele se situa mais confortavelmente. Outros álbuns não representados são o Black Clouds and Silver Linnings, o último de Portnoy na banda, antes de sua saída em 2010 e o primeiro (When Day and Dream Unite), ainda sem James LaBrie na banda. Ah, e, claro, também os demais álbuns com Mike Mangini, algo até lógico.

O repertório selecionado privilegia um pouco mais, com toda a coerência, as faixas dos álbuns Images and Words (3 canções) e Scenes From a Memory parte 2 ( 4 canções), até toca outras 3 do Train of Thought, mas talvez esbarre um pouco na falta de ousadia. Algo que não era comum na fase com Portnoy era a exata repetição do set-list, mas enquanto escrevi este post verifiquei que a banda manteve o mesmo set no segundo show da tour, em Berlim. Então , ao que parece, o baterista volta mesmo tendo um papel menos centralizador do que o periodo inicial da banda. Lembro também que a banda nunca tocou a twelve-step suíte na íntegra, aliás nenhuma faixa desta sequência desenvolvida em vários álbuns está no repertório atual. Será que eles estão guardando uma carta na manga?

Bem, o tempo dirá. E enquanto isso, quem quiser dar uma checada neste primeiro show, e tomar suas próprias conclusões, segue abaixo alguns links de gravações da plateia, enquanto estes não são bloqueados.Pra mim agora, é aguardar dezembro, quando os caras aparecerão por aqui.

Saudações,

Alexandre B-side



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