Kiss discografia 38a parte – Álbuns: Off The Soundboard – a série oficial de bootlegs

PRIMEIRA ATUALIZAÇÃO – 02/07/2025

O capítulo 38 desta discografia KISS pretendia ser uma parte viva e andamento de uma série de bootlegs oficializados pela banda em 2021. Seria desejável, antes de tudo, saber realmente se a série seguirá depois do lançamento do quinto bootleg, há mais de um ano atrás. Nada está sendo veiculado oficialmente pela banda, neste momento. Enquanto isso não acontece, porém, o Minuto HM faz o dever de casa e coloca em dia os lançamentos efetuados até o momento.

Voltando a 2021, em plena pandemia que suspendia a End of The Road World Tour, o KISS anunciou então que iria progressivamente ir lançando shows ao vivo que foram gravados pelas mesas de som. Acredita-se que deva haver um imenso catálogo de gravações de apresentações ao vivo de inúmeras turnês, ainda sem qualquer tratamento adicional de overdubbs. Não se sabe o quanto esses Off The Soundboards foram tratados sonoramente, mas avalia-se que foram apenas o necessário para entregar a mixagem adequada para o público presente aos shows. Assim, o que se ouve nesta série parece ser basicamente “live” de verdade, com possibilidade de falhas, microfonias e mesmo falta de trechos de uma ou outra canção.

Vamos começar, então, por partes:

1) Tokyo 2001- 13 de março de 2001.

Formação: Paul Stanley – Vocais, guitarra base.

                    Gene Simmons – Vocais, baixo.

                    Ace Frehley – Vocais, guitarra solo.

                    Eric Singer – Vocais, bateria.

Produzido por: Steve Hammonds e Jeff Fura

Lançamento: 11/06/21.

Track list:   

Detroit Rock City 04:59
Deuce 05:26
Shout It Out Loud 03:56
Talk to Me 04:25
I Love it Loud 04:03
Firehouse 05:44
Do You Love Me 04:58
Calling Dr. Love 04:09
Heaven’s on Fire 04:37
Let Me Go Rock & Roll 06:45
Shock Me/Guitar Solo 13:16
Psycho Circus 05:53
Lick It Up 05:55
Bass Intro/God of Thunder/Drum Solo 09:39
Cold Gin 06:47
100,000 Years 10:20
Love Gun 04:59
I Still Love You(Paul Stanley Spot) 04:13
Black Diamond 06:55
I Was Made for Lovin’ You 06:04
Rock & Roll All Nite 06:50

Em novembro de 2000, por ocasião da Farewell Tour, os shows foram cancelados após fim do contrato com Peter Criss ainda em outubro de 2000. O baterista se negou a renovar para os 6 shows finais previstos daquela turnê. A banda precisou postergar as datas para avaliar o que fazer, e a consequência do fato foi a volta de Eric Singer ao conjunto. Esse é o terceiro show após Eric Singer voltar usando a maquiagem original de Criss, algo que gerou extrema controvérsia e desapontamento de boa parte dos fãs.

No set list há duas alterações em relação aos shows americanos da tour, que contavam com o Catman original. No bis, sai Beth, que era o momento solo de Peter Criss, entra o hit I Was Made For Loving You. A outra mudança é em uma das canções com vocal de Ace Frehley, sai 2000 man, entra Talk To Me. Essa alteração deve-se ao fato da marcação de outros 8 shows na Austrália, que teve uma extensão excursão da banda por ocasião da promoção do álbum Unmasked quando essa e outras músicas deste citado álbum eram tocadas.  Estes shows originalmente não constavam do planejamento em 2000 e finalizaram oficialmente a Farewell Tour. 

A muito boa versão de Talk To Me é inédita nos lançamentos ao vivo da banda e talvez seja o maior atrativo para o fã mais assíduo da banda. O show é bem capturado, decentemente tocado e com um vocal ainda em forma de Paul Stanley. Sobra vocal em Heaven’s on Fire, 100,000 years ou Psycho Circus. O solo de bateria tem ainda, naquele momento da carreira da banda, uma preocupação com a performance e é excelente. Outro fator que vai contribuir para um bom review deste álbum é que o andamento das canções não sofreu alteração, como em algumas outras épocas da banda na parte final da carreira. Há ligeiras falhas, uma breve omissão do início de Deuce, algumas notas fora de Ace nos solos, um certo exagero na duração do guitar solo que é datado no aspecto musical, entre outros pequenos detalhes. O cd, no entanto, é provavelmente o melhor de toda essa série inicial de 5 álbuns e muito melhor que outros lançamentos oficiais ao vivo, como o Rocks Vegas. A qualidade deste material ao vivo surpreende os mais incautos, como diria o nosso amigo Rolf.  Vamos ao segundo capítulo:

2)Live in Virginia Beach – 25 de julho de 2004.

Formação: Paul Stanley – Vocais, guitarra base.

                    Gene Simmons – Vocais, baixo.

                    Eric Singer – Vocais, bateria.

                    Tommy Thayer – Guitarra solo, backing vocals.

Produzido por: Steve Hammonds, Jeff Fura e Jannet Talat

Lançamento: 11/03/22.

Track list: 

Love Gun 04:55
Deuce 03:57
Makin’ Love 04:02
Lick It Up 05:57
Christine Sixteen 03:22
Tears Are Falling 04:04
She/Guitar Solo 07:43
Got to Choose 04:06
I Love It Loud 04:13
I Want You 07:57
Psycho Circus 06:20
King of the Night Time World 03:52
War Machine 05:24
100,000 Years 08:41
Unholy 03:36
Shout It Out Loud 03:13
I Was Made for Loving You 06:12
Detroit Rock City 06:33
God Gave Rock N Roll to You 06:37
Rock and Roll All Nite 07:44

Em 2022, em um intervalo na turnê End Of The Road, que voltaria em maio em São Paulo, a banda lança o segundo Off The Soundboard, intitulado Live in Virginia Beach, trazendo a atual formação. O show fez parte da elogiada Rock The Nations tour, que inicialmente foi conhecida por tentar trazer músicas que estavam fora do repertório mais usual da banda.  A banda, durante esta turnê, tocou canções como All The Way, Love Her All I Can, C’mon and Love Me ou I Stole Your Love. A turnê resultou em um DVD (Rock The Nations Live!), lançado em 2005.  E é aqui justamente que começam as nossas críticas acerca da escolha deste segundo capítulo da série Off The Soundboard.

O DVD Rock the Nations Live! traz exatamente no seu track list músicas extraídas de 2 shows, entre eles este Virginia Beach. O outro é em Washington, um dia antes. E considerando o aspecto que esta série visa atrair os fãs mais ardorosos da banda (afinal de contas, são bootlegs oficializados), não há como entender o lançamento de parte de material que já havia sido lançado antes em áudio e vídeo. Mais ainda, as canções menos conhecidas do DVD foram tocadas em Washington. Assim, este Off The Soundboard em Virginia não traz nenhuma música mais obscura entre aquelas que a banda tocou em 2004. A menos veiculada talvez seja Tears Are Falling, que traz um backing vocal bem questionável, aliás.

Outro ponto negativo é que o andamento de boa parte das canções está muito mais lento. Um dos exemplos mais notórios é Makin’ Love.  O som da bateria de Singer está mais alta na mix e tem um timbre nos tons que incomoda um pouco também, estão bem agudos. Percebe-se também que a voz de Paul Stanley, ainda que aceitável, já começa a mostrar os desgastes que se acelerariam dali pra frente. Há uma inegável grande performance em I Want You. Gene também tem dificuldades em canções como Unholy, que traz um arranjo equivocado no retorno do solo. E falando em solo, novamente questionamos qualquer versão de War Machine com Tommy Thayer neste papel. A música ainda é acrescida de forma meio confusa do meio pra frente por uma sirene irritante (que normalmente está em Firehouse) resultando no momento onde Gene Simmons cospe fogo. Assim, no nosso entendimento, a escolha por este show em Virginia não traz qualquer coerência. Em verdade, é bastante decepcionante para boa parte dos fãs. A terceira parte desta série traz a banda original em plena reunion tour, vamos a ela:

3) Live at Donington – 17/08/96.

Formação: Paul Stanley – Vocais, guitarra base.

                    Gene Simmons – Vocais, baixo.

                    Peter Criss – Vocais, bateria.

                    Ace Frehley – Vocais, Guitarra solo.

Produzido por: Steve Hammonds, Jeff Fura e Jannet Talat

Lançamento: 10/06/22.

Track list:

Deuce 04:03
King of the Night Time World 04:05
Do You Love Me 04:08
Calling Dr.Love 04:16
Cold Gin 06:23
Let Me Go, Rock ‘N’ Roll 05:48
Shout It Out Loud 03:01
Watchin’ You 03:56
Firehouse 04:32
Shock Me 12:56
Strutter 04:17
God of Thunder 11:07
Love Gun 04:43
100,000 Years 05:23
Black Diamond 09:52
Detroit Rock City 05:22
Rock and Roll All Nite 06:56

Em 2022 a banda engatou em pouco tempo três lançamentos deste formato Off The Soundboards. O segundo deles, trazendo o show como headliner no Monsters of Rock inglês, em Donington Park, é um álbum para fones de ouvido ou bom distanciamento das caixas em estéreo.  As guitarras estão divididas entre os lados do canal. Ace à esquerda, Stanley à direita e é bastante interessante entender os papéis de cada um nos arranjos. O álbum também traz o baixo bem privilegiado na mixagem. Outro destaque é o suingue da caixa de Peter Criss. São poucas as falhas de voz ou notas imperfeitas mesmo no músico normalmente é o mais inconstante, Ace Frehley. Os momentos solos de Ace e Peter são tão clássicos quanto datados e um tanto longos. E exceto pela versão de Do You Love Me?, tudo aqui pode ser encontrado nos dois primeiros Alives da banda. Talvez a versão de God of Thunder, que segue a proposta mais cadenciada da versão original, ao invés da rendição mais acelerada do Alive II, seja a maior correção de rota, voltando ao arranjo mais adequado.

Aqui encontramos a banda com disposição pra entregar um bom espetáculo, antes do desgaste que viria pela segunda vez quando os membros originais estiveram juntos. Facilmente esse poderia ser o Alive IV, se lançado antes do Psycho Circus. É melhor que o Alive IV Milenium e também bate outros álbuns ao vivo mais recentes, como o KISS Symphony: Alive IV ou mesmo o Rocks Vegas. O álbum, então, traz as canções mais clássicas da fase áurea da banda, as músicas mais novas são de 1977 e é tão bom quanto óbvio. O fã sabe o que vai encontrar e exatamente isso que ele recebe. É altamente indicado pra o fã clássico da banda, o que não é exatamente o que nós somos. Não há surpresas, esse é o nosso único questionamento desta escolha entre os bootlegs que certamente estão à disposição. Exceto por Do You Love Me?, tudo você já ouviu, diversas vezes. Ou seja, não acrescenta nem compromete, mas tem o mérito de registrar um momento histórico da reunião em 1996, antes que o caldo entornasse mais uma vez.

4) Des Moines – 29/11/1977.

Formação: Paul Stanley – Vocais, guitarra base.

                    Gene Simmons – Vocais, baixo.

                    Peter Criss – Vocais, bateria.

                    Ace Frehley – Vocais, Guitarra solo.

Produzido por: Steve Hammonds, Jeff Fura e Jannet Talat

Lançamento: 28/07/22.

Track list:

I Stole Your Love 03:41
King of the Night Time World 03:39
Ladies Room 03:36
Firehouse 03:55
Love Gun 03:44
Let Me Go, Rock’N’Roll 03:01
Makin’ Love 03:15
Christine Sixteen 03:09
Shock Me 08:39
I Want You 04:14
Calling Dr. Love 03:28
Shout It Out Loud 03:02
God of Thunder 10:42
Rock and Roll All Nite 04:24
Detroit Rock City 04:10
Beth 02:29
Black Diamond 06:07

Não se sabe se, em pouco mais de um mês de intervalo entre o terceiro exemplar desta série e este, houve, pelos responsáveis, alguma tentativa de alterar a estratégia da escolha dos novos participantes.   Há duas grandes mudanças, dos três exemplares anteriores desta série para os últimos dois lançados até o momento em que este capítulo da discografia está sendo registrado. A primeira alteração é que houve uma redução do tamanho dos novos lançamentos, o que resultou em opções com cd simples ou vinis duplos. São shows mais antigos, com menores durações. Pode ser coincidência, mas é o que observa no quarto e no quinto exemplar desta série. A segunda mudança perceptível é que a banda optou, nas partes 4 e 5, por entregar shows mais raros, que por consequência não trazem tanta qualidade sonora de captura de áudio.

O show em Des Moines é, portanto, um bootleg na acepção da palavra. É um resgate de um show de 77 sem tentar um mínimo de ajuste e tratamento sonoro. O resultado final, portanto, traz as consequências da captura sem nova mixagem de um show de mais de 45 anos atrás.  A qualidade do som é, portanto, o grande problema do álbum. Muita coisa está embolada e as frequências graves estão sem definição, em especial o som do bumbo e do baixo.  Todas as peças da bateria estão mal gravadas, exceto talvez a caixa.

O repertório atende um requisito de boa parte dos fãs que prefeririam ter músicas ao vivo da primeira fase do grupo no lugar das faixas inéditas que estão no lado 4 do Alive II. Dentro do show, ainda que a maioria das canções remeta ao intervalo entre Destroyer e Love Gun, há 4 que aparecem no Alive!. São canções que permaneciam no set list de 1977 (Let me Go, Rock and Rol, Black Diamond, Firehouse e Rock And Roll All Nite). A versão de Rock And Roll All Nite mostra um conjunto cansado de repetir à exaustão a mesma música trazendo backing vocals que beiram uma auto-paródia. As demais canções já têm versões bem próximas no Alive II, onde estão muito melhores do ponto de vista de qualidade sonora. Não há no show músicas como Hooligan e Take Me, que foram tocadas em 1977. No entanto, ao contrário do Alive II, este bootleg é um show em sua sequência, trazendo momentos solos maiores, por exemplo. Há de se considerar que o solo de baixo de Gene Simmons não traz qualquer atrativo do ponto de vista sonoro, pois faz um alicerce ao espetáculo visual que o linguarudo entregava. Registrado em áudio, torna-se um ponto dispensável e com efeitos sonoros que nos remetem aos videogames da época.

Este Off The Soundboard: Des Moines vai agradar quem gostará de ter um bootleg oficializado de um show na íntegra da época, mas precisará relevar fortemente o resultado da captação de sonora.

5) Live in Poughkeepsie, NY – 28/11/1984.

Formação: Paul Stanley – Vocais, guitarra base.

                    Gene Simmons – Vocais, baixo.

                    Eric Carr – Vocais, bateria.

                    Mark St John– Guitarra solo, backing vocals.

Produzido por: Steve Hammonds e Jeff Fura

Lançamento: 07/04/23.

Track list:

Detroit Rock City 04:26
Cold Gin 06:07
Creatures of the Night 04:58
Fits Like a Glove 04:53
Heaven’s on Fire 04:20
Paul Stanley’s Guitar Solo 02:35
Under the Gun 04:21
War Machine 04:14
Drum Solo 05:25
Young and Wasted 02:24
Bass Solo 02:27
I Love It 03:27
I Still Love You 06:10
Love Gun 03:44
Black Diamond 07:58
Oh! Susanna 02:13
Lick It Up 04:39
Rock and Roll All Nite 04:41

O lançamento em 2023 desta série Off The Soundboards é disparado o mais surpreendente de todos. Mesmo entre boa parte dos maiores fãs do grupo não se sabia que havia um registro quase na íntegra de um dos dois shows que Mark St John fez na banda. E exceto pelo pequeno trecho final de Rock And Roll All Nite, que vai “sumindo” no fade out e por infelizmente boa parte de Young And Wasted, o que se ouve aqui é uma raridade como poucas na carreira da banda. Para se entender esta pérola, Mark fez ainda metade de um outro show, aliás, antes deste Poughkeepsie. E depois deste e do próximo, em Binghamton, também no estado de Nova Iorque, nunca mais tocou com a banda. Como complemento à raridade, este também é, até hoje e lamentavelmente, um dos poucos registros oficiais ao vivo com o também falecido Eric Carr no grupo. Além deste, apenas nas versões Deluxe e Super Deluxe dos 40 anos do Creatures of The Night, lançadas em novembro de 2022, há algo ao vivo do baterista.

Como complemento, quem nos conhece um pouco melhor sabe que a fase do KISS que mais nos interessa começa no The Elder e termina neste Animalize, que aliás recentemente completou 40 anos de lançado. Junto a esse período, talvez apenas a época do Revenge, Unplugged e Carnival of Souls mereça de nós tanta atenção. É a época que conhecemos a banda, por ocasião dos shows em 1983.  Aqui há, portanto, um componente emocional que nos deixa até este momento a dúvida em adquirir ou não fisicamente o produto. Mais do que os motivos pessoais, no entanto, cabe ressaltar que é inadmissível que o home vídeo Live Uncensored, da mesma turnê, não receba até hoje uma versão em áudio. Aliás, a fase desmascarada poderia também ser contemplada, caso haja novos lançamentos em Off The Soundboards. De cara entendemos que o KISS deveria buscar algo da tour do álbum Lick It Up, mas os outros períodos, com Bruce Kulick, mereceriam de nós uma grande apreciação, também pelo fato de trazer novamente Eric Carr nas fileiras da banda.

E aonde o caldo entornou com este Live at Poughkeepsie? Justamente na performance da banda, mais diretamente em função do desempenho de Mark St John e, em menor grau, também nos vocais de Paul Stanley. Gene Simmons e Eric Carr, ao contrário, são merecedores de elogios. Simmons tem nesta versão registrado oficialmente o único bom solo de baixo do estrito ponto de vista sonoro entre todas as turnês. Honestamente, é o único que merece estar em cd ou vinil. Eric, além de entregar um ótimo momento solo, desfila competência em todas as músicas e ainda canta bem o trecho de Young And Wasted disponível e também Black Diamond. Não consideramos este o melhor solo de Carr durante seus anos no KISS, certamente tanto os da Creatures of The Night Tour quanto os que posteriormente a esta Animalize Tour foram incorporando sons eletrônicos são melhores que o que aqui está. Ainda assim, é um belo solo de bateria.

A parte ruim se divide em três aspectos. O primeiro é em relação ao áudio, que está no limiar da qualidade e só se justifica pela raridade do momento. O som vai até melhorando durante o show, mas ficou aquém. É melhor que o de Des Moines, mas muito abaixo da qualidade dos outros três bootlegs oficializados. Em segundo, encontramos aqui um Paul Stanley bem desbocado e com dificuldades no vocal, algo até raro na época. Paul certamente teve uma noite meio infeliz, canta muito melhor em várias outras datas da turnê. Por fim, o mais importante: Mark, não se sabe se ainda se recuperando da Síndrome de Reiter que atacou suas mãos ou não, infelizmente não entrega uma boa performance. O som da guitarra, aliás, está sem peso e com captadores apitando volta e meia. Alguns solos são absolutamente lamentáveis, como ao fim de Cold Gin, o de Creatures of the Night e o de War Machine. Não há o solo mais lento de Black Diamond, não se sabe exatamente o porquê. O guitarrista ainda entrega bons momentos em Under The Gun ou LIck It Up, mas a impressão final não é das melhores mesmo.

6) San Antonio, TX – 12/03/1985.

Formação: Paul Stanley – Vocais, guitarra base.

                    Gene Simmons – Vocais, baixo.

                    Eric Carr – Bateria, backing vocals.

                    Bruce Kulick – Guitarra solo, backing-vocals ocasionais

Produzido por: Jeff Fura

Lançamento: 28/03/25.

Track list:

Detroit Rock City 05:08

Fits Like A Glove 05:48

Cold Gin 04:39

Paul Stanley Guitar Solo  04:01

Uh! All Night 05:26

Eric Carr Drum Solo  07:04

War Machine  04:14

I Still Love You 05:49

Under The Gun 04:30

Bruce Kulick Guitar Solo 06:02

Tears Are Falling 03:51

Gene Simmons Base Solo 03:05

I Love It Loud 07:36

Love Gun 03:29

Rock And Roll All Nite 10:38

Heaven’s On Fire  03:58

Oh! Susanana  01:26

Lick It Up 06:07

Quase dois anos depois, a série Off The Soundboard, que seguia em um hiato indefinido, retornou, com um show da fase limpa da banda, com a formação mais duradoura deste período sem máscaras. Não havia em formato fonográfico algum registro que contemplasse essa formação, apenas o home vídeo Animalize Live Uncensored já mostra a formação que durou até o falecimento de Eric Carr, em 1991. Em áudio, portanto, temos um registro inédito. A turnê do álbum Asylum (1985), que contempla a fase mais “flamboyant” da banda, é a primeira com Bruce Kulick oficialmente integrante do grupo. Assim, algo que também não tínhamos antes em áudio oficial (ainda que através de um bootleg oficializado), é um momento solo em show do quarto guitarrista solo das fileiras do grupo. Além disso, o track-list, que traz o show completo de San Antonio, contempla duas faixas do novo álbum, “Tears Are Falling” e “Uh! All Night”

A qualidade do som, considerando que a série não pretende mexer demais na captação original, é bem razoável. Dá pra ouvir, por exemplo, o baixo de Gene marcando em I Still Love You, no trecho com mais lento. Gene está cantando bem em quase todo show e dá um aula de presença de palco no seu momento solo, reclamando da altura do baixo para seu técnico e trazendo a plateia junto dele. A bateria de Eric tem a sonoridade característica da época, portanto traz os tons eletrônicos que ele começou a incorporar justamente nesta turnê. No solo, estes eletrônicos estão muito altos em alguns momentos, e “estouram”. Aliás, é uma pena que não tenhamos aqui uma execução mais normal de Eric, o solo traz alguns erros e alguns elementos eletrônicos já eram datados até naquela época, na primeira parte dele parecem retirados dos efeitos especiais de “Star Wars”.  Há certamente outros shows de muito melhor entrega do baterista, que também usa os tons eletrônicos em “Tears Are Falling”, de maneira bem mais ajustada. A opção incluir os tons eletrônicos no fim do solo para compor uma melodia sob a parte rítmica é inovadora e muito criativa, precisamos ressaltar. Não há indício do recurso ter sido usado antes por outro baterista. Eric tem também uma condução nas canções praticamente impecável, o solo, no entanto, deixa um pouco a desejar, considerando a grande categoria do baterista.

Alguns detalhes são melhores percebidos aqui, até pela falta de tratamento deste bootleg, como o vocal “flat” de Bruce nos backings de “Fits Like A Glove”. O guitarrista tem alguns solos aumentados (normalmente com o dobro da duração original), por exemplo, na já citada “Fits Like A Glove” e também em “Uh! All Night”, algo que melhorou as músicas em si. Bruce não está bem no seu momento solo, parece não conseguir “domar” a microfonia gerada no palco, que em boa parte cobre os detalhes da performance do guitarrista. Alguns solos dentro das canções são muito bons, como o de “I Still Love You” e a execução perfeita do ótimo solo em “Tears Are Falling”, mas ele também dá algumas bobeiras, por exemplo, no trecho inicial do solo de duas canções: “War Machine” e “Under The Gun”. Aliás, esta boa canção do álbum Animalize é uma que mais sofre ao vivo, por talvez estar colocada dentro do set depois de “I Still Love You”. Paul Stanley canta de forma tão desafiadora na balada do álbum Creatures of The Night, que nesta sequência em “Under The Gun”, que também exige muito do vocal, ele não consegue uma performance tão adequada. É no entanto, um dos poucos momentos que a voz de Stanley poderia estar melhor, aliás ele meio que se enrola no início da canção também, com a sua guitarra e alguma microfonia.No restante do show sobra voz, é uma fase muito marcante e com agudos impressionantes entregues pelo Starchild. Nesta época o KISS tirou “Black Diamond” do set, então o final dela foi adaptado para o fim “Rock and Roll All Nite” que encerra a parte principal do show. O grupo deixa para o bis justamente os dois últimos grandes singles da época, “Heaven’s On Fire” e “Lick It Up”  

Em resumo, este lançamento deve agradar quem curtiu o momento mais “hair-metal” da banda, que traz as músicas do novo álbum que foram realmente experimentadas e tocadas com consistência ao vivo. Há versões, em especial no começo da turnê, de “Anyway You Slice It” e de “King of The Mountain”, mas são pouquíssimas datas contempladas, assim seria muito difícil encontra-las neste bootleg. Vale por marcar a época, por ter uma capa que pelo menos não é um papel cartolina creme e pela qualidade sonora satisfatória para um bootleg, que como os outros, não esconde os erros e mostra um som teoricamente bem real. O material gráfico continua sem uma grande melhoria, além da foto principal, mas pelo menos algo foi alterado. E este sexto álbum da série, que saiu em formato triplo em vinil e duplo em cd ,é, sem dúvida, melhor que o lançamento anterior, o decepcionante e raro show com Mark St John em Pougkeepsie. Resta saber se a série engrena novamente ou não.

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Chegamos ao atual estágio desta série Off The Soundboards. Entendemos, no entanto que, além de analisarmos propriamente em separado cada um dos lançamentos, conforme fizemos acima, cabe neste momento ressaltar que eles não foram e não serão lançados no Brasil. Sim, é caro comprar qualquer destes álbuns, mais ainda em vinil. As versões triplas em Lp ainda trazem um conteúdo gráfico com opções de vinis coloridos, como atrativos visuais. As versões em cd, porém, são basicamente em digisleeve que é na nossa opinião o pior formato em cd. São literalmente capas em papel áspero e as mídias não têm qualquer proteção de acrílico ou plástico para prevenir arranhões. A nossa pessoal opção por comprar ou não, até o momento, seguiu um critério de avaliação puramente musical. E assim apenas o primeiro Off The Soundboards desta série foi adquirido, por enquanto. E ainda assim em volta de um momento de ineditismo, onde não sabíamos de fato o que consistiria este novo capítulo na discografia da banda.

É necessário, de nossa parte, fazer um adendo não muito satisfatório no momento em que estamos entregando o que talvez seja este último capítulo da discografia KISS. Esta série de bootlegs oficializados parou em abril de 2023 e nada, de lá pra cá, foi anunciado. Para o die hard fã, que é o alvo desta série, fica a sensação de que investir nela é comprar um produto inacabado, cujo projeto foi provavelmente interrompido subitamente. Outro ponto que precisamos trazer é que, do jeito que a série foi lançada, além de provavelmente incompleta, ela não condiz com o público alvo que pretende atingir. O fã mais ardoroso que vai gastar um valor maior nesta série (em especial aqueles que não tem lançamentos nacionais da série, como aqui no Brasil) certamente iria encontrar nos álbuns realmente piratas, não oficiais, aqueles não lançados pela banda, material com shows que trazem músicas diferentes, qualidade sonora às vezes até melhor do que algum destes lançamentos oficializados e principalmente, uma preocupação com a parte gráfica. Convenhamos, lançar estes bootlegs oficializados sem nenhum cuidado visual nos faz pensar que a banda optou por jogar produtos no mercado apenas para captar qualquer recurso financeiro, sem preocupação com o consumidor final.

Ufa, teoricamente chegamos ao fim aqui. Este capítulo da discografia, no entanto, permanece com o status “em andamento”. Se haverá alguma atualização ou não, só o futuro e a máquina KISS nos dirão. Enquanto isso, nosso foco avançará para alguns novos apêndices da discografia, então é aguardar os novos passos!

Saudações,

Alexandre B-side e Flávio Remote



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6 respostas

  1. Sempre que eu sou citado, eu me seinto honrado!!!! Faz tempo que não aparece um incauto … um dos dois shows que Mark St John foi sensacional

    Esse final aqui é chega a ser melancólico “Convenhamos, lançar estes bootlegs oficializados sem nenhum cuidado visual nos faz pensar que a banda optou por jogar produtos no mercado apenas para captar qualquer recurso financeiro, sem preocupação com o consumidor final.”

    Se eu entendi, tudo isso aqui foi lançado oficialmente ….como diria em jogos de futebol …….”tudo isso ai ta valendo”……O mais “exótico” é ler algo sobre Young and Wasted ….sensacional

    As fotos foram suas? Ou tem a ver com o lançamento?

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  2. As fotos não são minha, incauto amigo, e sim, elas têm relação direta com os line-ups de cada Off the Soundboard lançado.

    Tudo sim lançado (ou ejetado) oficialmente e bem caro, aliás.

    Young and Wasted é um caso raro na história da banda. A música foi feita para o Lick it Up por Vinnie Vincent e Gene Simmons e, eu confesso que até hoje não sei ao certo (mas desconfio) foi uma das poucas faixas que eram tocadas na tour subsequente, mas para a tour do Animalize . Sim, para minha surpresa, a faixa foi mantida, assim como Fits Like a Glove e, é claro, Lick It Up.

    Na tour do Lick it Up eles tocavam Gimmie More, All Hells Breakin Loose e Exciter. Todas essas faixas foram deixadas de fora para a inclusão das faixas do Animalize, na tour seguinte, evidentemente.

    A surpresa é ter ficada a Young and Wasted que, na tour do Lick it Up, era cantada pelo Gene Simmons, assim como está no original , do disco.

    A partir da tour do Animalize, no entanto, Eric passou a cantá-la . Acho que o fato do baterista assumir os vocais é de fato o motivo para terem mantido a música na tour do Animalize. Esta é a razão pelo qual eu desconfio que a banda manteve a faixa.

    Um fato sem muitos precedentes na história da banda. E aliás, eu gosto muito mais da versão com o Eric cantando, mesmo não tendo mais o alavanqueiro no line-up.

    No meu entendimento, é lamentável essa versão do Off the Soundboard tem a música de forma incompleta. E mais ainda é inadmissível que o LIve Uncensored, da mesma época, não tenha sido lançado oficialmente em áudio. Pra mim, era material para vinil e cd , facilmente.

    Um abraço, brother.

    Alexandre

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  3. Muito legal esse registro da nossa amada e controversa banda. 

    Difícil entender esses lançamentos. A banda não apostou muito em relançarmos, salvo Destroyer Resurrected, Love Gun que tem coisas que deveriam continuar nó sarcófago e o Creatures of the Night que ganhou uma bela edição comemorativa merecida. As edições remaster não trouxeram NADA! Outras banda colocam até cd extra com shows inteiros, DVD. Tudo bem, o Kiss não precisa! Mas então por que motivo jogam essas versões sem nenhum atrativo visual ou um mínimo de qualidade gráfica. As capas me lembram os papéis de pão de antigamente. A internet tem esses conteúdos, logo para que comprar?

    Os mestres do marketing pisaram na bola. A moça dos serviços gerais fez o melhor que estava ao seu alcance ao receber a incumbência. Se chamassem um fã qualquer teria saído coisa melhor. 

    Mas para quem quiser, o Tokyo 2001 está por 63,00 no site da universal na queima de estoque conhecida como Black Friday. 

    Valeu!

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  4. Claudio, legal seu comentário, menos polido. ¨63 pratas tá realmente uma queima de estoque, pelo jeito é pra onde esses off the soundboards vão parar neste momento. Depois viram item de colecionador, aí o preço é imprevisível.

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  5. Tenho certeza que a discografia vai avançar para algo mais parrudo sobre isso, mas de momento, já abro ao gêmeos ou outros especialistas o tema abaixo…

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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    • Eduardo

      Sobre a discografia avançar de alguma forma mais parruda, em decorrência do negócio feito entre Stanley e Simmons:

      vai depender se algo realmente relevante surgir depois disso

      A chance, honestamente, não é lá muito grande.

      A não ser que outros profissionais assumam as posições dos originais e façam algum material inédito ou relevante. Aí, além do material em si, teremos uma bela discussão filosófica em questão.

      Em se tratando de dinheiro, anything goes…

      Para um certo temor meu…

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