O Rush está de volta – o que aconteceu com o “No Neil, No Rush” ??

Hoje, 06/10/2025, por volta do meio-dia fomos surpreendidos com a notícia de que Alex Lifeson e Geddy Lee anunciaram a volta do Rush para shows em 2026. A novidade começou a pipocar no fim da manhã pela troca de mensagens entre os apreciadores e os fãs da banda, também pelas redes sociais. A noticia é pra valer e foi publicada nos vários canais da banda, entre eles em especial em 2 vídeos do canal da banda no YouTube. O primeiro abaixo, confirma a informação:

No mesmo canal da banda, foi disponibilizada uma entrevista, nesta um primeiro host chama Donna Halper, que foi a pessoa que colocou o Rush no mapa, quando trabalhava em uma rádio em Cleveland, mas a velha conhecida da dupla está ali inicialmente apenas para apresentá-los, não traz ainda nenhum indício do que viria a seguir. Em seguida, Alex e Geddy adentram o palco montado em um local intitulado Rock Hall Event, no dia 05/10, ontem portanto,em um evento aparentemente ligado ao Rock & Roll Hall of Fame. Eles inicialmente se mostravam presentes para participar de uma sessão de Q&A conduzida por Geoff Edgers do Washington Post, mas após uma primeira pergunta sobre as influências do grupo, talvez feita para quebrar o gelo, o host supostamente cita uma pergunta da plateia que traz o assunto principal, ou seja: quando eles cogitariam se reunir de novo?

A resposta leva todos da plateia ao delírio, pois a dupla não só anunciou a volta aos palcos, como já informou o formato: serão algumas datas em 7 cidades, começando por Los Angeles, no mesmo palco onde fizeram o último show com Neil Peart. Além disso, informaram ter a intenção de ter um tecladista para auxiliá-los no palco e o nome da baterista substituta (Anika Nilles), além dos motivos que os fizeram estarem juntos de novo, duração esperada dos shows, da aprovação da viúva e filha de Neil Peart ao projeto e também que haverá variação entre as músicas executadas, mas haverá obrigatoriamente homenagens a Neil, durante todas as datas. Tudo isso pode ser visto abaixo:

A notícia é bombástica e ao mesmo tempo servirá para os fãs da dupla matarem a saudade de vê-los em um show completo, tocando canções do Rush, depois de mais de 10 anos de ausência. A dupla apenas, neste período todo, participou de uma ou outra aparição muito específica, como no show homenagem ao saudoso Taylor Hawkins. Em relação à escolha da baterista Anika, do ponto de vista técnico não há o que contestar. Nilles é exímia em seu instrumento, com um background que inclui shows com Jeff Beck e também muitos trabalhos de sonoridades bem virtuosas, em especial voltados ao jazz rock, jazz, fusion, eminentemente instrumentais.

A questão que deixou fãs do grupo um tanto perplexos é que a dupla, em uma só tacada, abriu mão , sob a alcunha Rush, de vários dos seus preceitos, em especial de não tocarem sob um formato que não fosse de trio e principalmente de resolverem tocar sob o nome Rush sem um dos integrantes longevos. Sim, sabemos que Neil não era o baterista original, mas ele esteve junto da dupla desde a primeira turnê de lançamento do primeiro álbum e em todos os demais álbuns de estúdio e ao vivo. Além disso, durante o período em que Neil esteve ausente por problemas relacionados à morte da filha e da esposa, entre 1997 e 2001, durante todo esse período, Geddy e Alex foram categóricos, sempre citando a frase: “No Neil, No Rush”.

A dupla poderia simplesmente se reunir como dupla, mesmo tocando as músicas do Rush, mas não é isso que vai acontecer. O Rush está de volta, inicialmente para alguns shows em 2026. Dali em diante, ninguém pode afirmar o que irá acontecer. As motivações alegadas pela dupla referem-se basicamente à saudade de estarem juntos e tocarem as suas canções. Comercialmente sabe-se que o nome Rush irá garantir-lhes muito mais exposição e vendas do que a reunião sob um projeto de dupla, o que seria talvez menos sujeito a pensamentos sobre a ética desta escolha. Assim, ficam aqui expostas várias das questões envolvendo essa decisão, para a aprovação ou desaprovação daqueles que sempre acompanharam o trio canadense.

O fato é que eu, particularmente, se tivesse de apostar minhas fichas em alguma banda que nunca iria pensar desta forma, certamente escolheria o Rush. E confesso ter ficado um pouco desapontado com a notícia. Ainda assim, não me sinto à vontade para criticar quem esteja feliz com a volta ou mesmo apontar o dedo para Alex e Geddy. A essa altura do campeonato, com cada um deles tendo completado este ano seus 72 anos de idade, é bem compreensível pensar que eles não precisam mais justificar qualquer de suas novas escolhas.

Saudações,

Alexandre B-side



Categorias:Entrevistas, Minuto HM, Rumores, Rush

15 respostas

  1. Fala Alexandre, valeu pelo post. Eu estava em uma road trip a trabalho quando ouvi um locutor extremamente animado da rádio de Chicago pouco antes dela sair do alcance (estava entrando em Indiana) noticiando a “volta” do Rush, e comemorando as duas datas em Chicago. Sem considerar o histórico e os pontos que você levantou, naquele momento, eu fiquei feliz e comemorei! Se vou conseguir ir aos shows ou a pelo menos um deles, não sei. Talvez não consiga ir, pensando melhor agora, em termos de valores e datas, mas eu fiquei genuinamente feliz na hora só pela possibilidade de rever a (agora) dupla ao vivo. Só fui entender os detalhes agora com seu post, principalmente sobre a adição de um tecladista já que eu não tinha visto o vídeo oficial sobre a tour (dirigi o dia todo ontem).

    Como você mesmo disse, Geddy e Alex não precisam a esta altura justificar suas escolhas – embora o vídeo de quase 5 minutos pareça uma grande justificativa deles para eles mesmos. Mas talvez eles tenham ficado tão contentes em voltar ao palco quanto eu fiquei no momento em que ouvi a notícia (e pensei “será que entendi direito?”). Ou talvez seja algo financeiro mesmo, já que algo como “Lee-Lifeson on Tour, No Rush” não teria o mesmo apelo que simplesmente… bem… “RUSH”. É algo realmente agridoce, como disse Geddy no vídeo, mas eu confesso que agora, poucas horas após o anúncio, eu faço parte dos que estão mais felizes que desapontados embora haja, sim, uma mistura de sentimentos.

    Independentemente dos motivos, de qualquer forma é mais uma oportunidade de ver ao vivo ou em registros posteriores Alex e Geddy no palco depois de dez anos. É difícil ignorar algo desta magnitude mesmo sendo o contrário do que eles sempre disseram. Só sei que ontem e hoje ouvi ainda mais Rush do que de costume. 😀

    Abraço!

    Curtir

  2. Caio, a sua reação é a de boa parte do público, na verdade eu diria que a imensa maioria vê esta volta de forma 100% positiva, sem qualquer questão relacionada ao formato, uso do nome, e passado do trio.

    A mídia especializada é só elogios à ideia. Entendo que talvez apenas alguns fãs mais xiitas estão um pouco chateados com esta escolha.

    E como o próprio Geddy já disse em alguma entrevista, para alguns assuntos não há apenas o preto e o branco, mas sim um grande espaço de variação cinzenta.

    Eu fico feliz por eles, mas não posso conter uma certa decepção de hoje ver o Rush engrossar a lista de bandas que atestam algo, para em algum momento pra frente mudarem de opinião.

    Mas como disse, é uma área cinzenta, ainda vejo a dupla próxima ao que posso considerar a melhor extremidade.

    Deixou uma risquinha, pra mim, eu confesso.

    Obrigado pelo seu ótimo comentário

    Alexandre

    Curtir

  3. Buenas mein froind!

    Inicialmente, fiquei bastante intrigado com a notícia, pois realmente não esperava que Geddy e Alex iriam voltar a tocar sob a bandeira “Rush”.

    Porém, analisando a intenção de homenagearem o falecido Peart, e o fato de terem escalado uma excelente baterista que não pode ser considerada um “clone” do The Professor, já que tem um background bem diferenciado e amplo, comecei a me animar com a ideia, até mesmo pelo fato que não optaram por algo esdrúxulo como um “AI-Peart” ou um eventual unplugged “voz/baixolão/violão”.

    Também achei interessante o fato de escalarem um tecladista para aliviar as responsabilidades dos dois senhores (no site oficial da banda até mencionam que esperam chamar “mais um músico ou dois”).

    O que nos resta é esperar o resultado disso (principalmente com relação à voz de Geddy, que estava no limite na R40 tour há 10 anos), mas tenho certeza que não irão nos decepcionar em vista do glorioso e irretocável passado da banda.

    E, além disso, a discografia aqui no blog vai ter um capítulo a mais para ser escrito…

    Keep rushin’!!

    Curtir

    • Abilio

      Você levantou a questão da voz, que, do ponto de vista da execução das canções, também é que o mais me preocupa.

      Provavelmente teremos mais um capitulo, vamos ver como essa aventura vai se desenrolar

      Keep Rushin’

      Alexandre

      Curtir

  4. Expresso minha estrita e pessoal opinião. 

    No momento da emoção dizemos nunca farei isso ou aquilo, etc. Fato é… nunca diga nunca. As situações mudam, o tempo passa e as opiniões são alteradas. Li em algum lugar que os dois encontram-se para tocarem com uma certa frequência. É o que eles gostam de fazer e é ótimo que continuem a fazer o que gostam. Fazer shows também deve se algo que gostam. Não vejo mal algum em fazerem isso sob a luz da banda que eles criaram. Neil se foi e isso é triste! Mas eles estão vivos e podem fazer o que quiserem e não precisam ser a eterna viúva. Se lançarem material inédito, melhor ainda. E tenho dito. 

    Curtir

    • Never say Never Again, isso já havia surgido durante a década de 80 quando Sean Connery topou uma extraoficial versão de uma aventura do 007.

      Seus comentários vão de encontro a imensa maioria do que li na internet. Todos torcendo para uma boa rendição das canções antigas. Material inédito, será? Realmente, never say never…

      Curtir

  5. Quando eu vi a notícia (que foi pelo primeiro vídeo que você colocou aqui), eu fiquei muito feliz! Muito mesmo!

    Teve tão pouco show esse ano! Perdemos Ozzy! O dólar alto está vez mais sabotando os valores dos ingressos (além de outros fatores que todos conhecem)! É uma maré de coisa ruim atrás de coisa pior que não teve como eu não ficar feliz com o vídeo!

    E daí que eles falaram uma coisa a vida inteira e agora mudaram? Quando eu tiver 70 anos (e eu quero muito chegar aos 70), vou querer fazer isso todo dia! Vou querer voltar a fazer coisas que fazia tempos atrás que me dessem prazer, porque o final estará bem mais próximo do que antes….

    E a qualidade dos shows? Duvido que os dois não entregarão um padrão RUSH! Nem conhecia essa batera – vi o vídeo dela e achei sensacional a música! Poderia ser o Portnoy? Poderia! Poderia ser qualquer um dos virtuosos gênios nas baquetas que temos pelo mundo – TODOS praticamente foram influenciados por Neil! Todos dariam o sangue para entregar o impecável por Lee e Lifeson na frente da bateria!

    Que as poucas apresentações se tornem dezenas e que se tornem centenas! Viva a boa música! E viva você que vai ter que acompanhar isso tudo para um novo capítulo de uma discografia que obrigatoriamente precisa virar livro!

    Curtir

  6. Perfeito Kelsei, percebi que você está inteiramente de acordo com tudo que envolve a decisão da dupla em voltar.

    Sem dúvida, aos 72 anos, nem o mais chato dos fãs tem de fato algum argumento que se sobreponha à vontade pura deles.

    Em relação ao padrão Rush, faço apenas uma ressalva, que é em relação à voz de Geddy, já mostrando desgastes no fim da carreira como trio e canadenses. Eu não tenho dúvida que eles vão trazer um espetáculo nos moldes do que sempre fizeram, mas pra voz nem sempre há jeito. Pelo menos é o que estamos vendo até hoje nos demais artistas que estão sofrendo do mesmo jeito.

    A Anika eu já conheço há bastante tempo, embora não acompanhe, e saber que a escolha foi por ela me pareceu bem acertada , do ponto de vista técnico, em especial, isso é o que vale.

    O certo é que sim teremos notícias frescas em 2026 aqui no blog.

    Um abraço

    Alexandre

    Curtir

  7. Bom, muito do que precisava ser dito, já foi dito por aqui, então eu que estou chegando “atrasado” no post (mas “em dia” com a notícia), vou registrar aqui a doideira que tem sido desde o anúncio…

    Vou começar falando que entendo e compartilho do sentimento do B-Side. Não esperava mais o retorno do Rush neste aspecto grandioso, de tour, de anúncios gigantescos na Time Square e publicações enormes em redes sociais, etc. Acho que temos essa ilusão – no final é mesmo uma ilusão – de acreditarmos em certos valores e princípios que, hoje em dia e ainda mais no showbusiness, não existem mais. Bandas mais “sérias” como Scorpions ou Slayer também anunciaram o “adeus” e estão aí de novo – ou como sempre, melhor dizendo. O Rush ficou nesse hiato e realmente acreditei que seria a exceção. Não foram. Não há muita exceção, na verdade, e estou com um post sobre o tema na cabeça… será que consigo botar por aqui?

    Tenho minhas dúvidas com relação a escolha da baterista, por melhor que ela seja. Para Rush, eu talvez tenha um nível de exigência mais alto mesmo. Acho que somente o Portnoy estaria à altura. Mas sabemos que isso dificilmente aconteceria. Concordo com os amigos nos comentários – melhor que algo acústico da dupla, ótimo não ter um clone, mas estamos vendo o que está acontecendo no Iron Maiden… sei lá, teremos que esperar essa parte. Sem dúvidas, é competente, merecedora, e será apoiada e “admirada”, tenho certeza.

    Como já dito, eles não precisam provar mais nada a ninguém, e fazem o que quiserem (ou o que o showbusiness mandar). Não gosto da ideia de ter mais gente na banda, mas quem sou eu aqui na fila do pão? Teremos então um quarto e talvez até um quinto membro. Sei lá, estranho… mas ao mesmo tempo, em um retorno como esse, abriu-se o direito de quebrar-se 50 anos de paradigmas de um trio. Meio que vale tudo agora.

    Dito tudo isso, vem o outro lado da moeda – o lado positivo. Já sabemos que a oportunidade de ver o catálogo do Rush ao vivo com a dupla de frente é especial – muita gente nunca teve essa chance. Aí algumas análises minhas:

    a tour “v1” começou com poucas datas e abriu para registro da pré-venda. Eu, claro, fui atrás e, podendo selecionar até 4 datas, coloquei a do show do México, as duas primeiras no MSG em NY e um em Toronto. Minhas escolhas foram racionais neste momento: México por ser na hora o único em estádio ; NY por ser fácil (ou mais fácil) ir a trabalho (e ser o MSG) e Toronto, bom, por ser a casa deles, que seria o sonho e ideal, mas ao mesmo tempo, entendo o mais difícil.

    Novas datas foram adicionadas rapidamente após o marketing confirmar que a procura estava intensa já. Alguém tinha dúvidas disso?

    Ninguém falou, mas boa parte da tour colide com a Copa do Mundo 2026 que será, adivinhe, exatamente nos 3 países que eles anunciaram a v2 da tour até agora. Fiquem ligados: vai estar uma loucura de preços nos locais, viagens (voos e hotéis) mais caros, cidades mais lotadas, shows em dias de jogos, etc. A título de exemplo, o show do México é ainda durante a fase de grupo da Copa, e a abertura dos jogos será justamente no Azteca alguns dias antes.

    Há gaps nas datas (30/junho para 16/julho) e especialmente um buraco de 34 dias entre a última data de momento em Toronto vs os supostamente shows finais em Cleveland. Não faz NENHUM sentido isso – a banda ficar 34 dias parada voltar para 2 shows. Claramente, teremos mais datas ainda em 2026, no gap aí, e/ou até depois das datas de Cleveland.

    A pré-venda está rolando e há vários pacotes VIPs, mas que infelizmente precisam de cartões de crédito específicos (Amex, Citi, Banamex), e não tenho nenhum deles. Esses pacotes VIP, como o Closer to the Heart, já pegam os melhores setores nas casas, como as fileiras 2-12 em Toronto. O pacote Limelight inclui ingresso para a primeira fileira e um tour nos bastidores, além de foto com a dupla Lifeson/Lee, o que é extraordinário. O preço do Closer to the Heart é em torno de R$ 11.500,00 e só pode comprar em dupla, já que também inclui reserva de hotel. Imaginem o preço do Limelight quando abrir…

    Enfim… vamos ver como fica tudo isso. Eu tentarei a compra de um ingresso a partir das 13h00 amanhã. Eu acho que o saldo aqui deve sempre ser visto como positivo – são os gigantes mais uma vez reunidos no palco, e como sempre falo, temos que aproveitar. Fica sim esse gostinho estranho de não cumprir com a palavra, mas no final, músicos não param, eles adoecem ou morrem (entregando aqui o possível título do meu post). E o Paul McCartney pediu, gente, então, se ele pediu, está pedido :-).

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

    Curtir

  8. Paul pediu, está pedido. Não há argumento que bata este.

    Em relação a Anika, escrevendo unicamente em relação à técnica: acho muito difícil alguém reclamar.

    Se a questão envolve carisma, performance, interação de palco, energia, aí eu concordo com você, o cara era o Portnoy.

    Bom shows !!!!

    Alexandre

    Curtir

    • A questão aqui é o formato que parece trazer dúvidas para muitos de nós. Pra mim, o Rush hoje é uma dupla, que remunera diretamente os herdeiros de Peart em algum formato comercial e que tem contratados remunerados como tais.

      Anika é uma das contratadas. Uma excelente escolha,aliás. Um tecladista virá para compor as fileiras nos shows, talvez dois, talvez backings, talvez outros, o formato de trio definitivamente está sendo deixado intecionalmente de lado, até para mudar um pouco a questão comparativa.

      Vernon tem até razão, mas ao mesmo tempo deixemos os velhinhos se divertirem, que tal ?

      Curtir

Deixar mensagem para Eduardo [Presidente] Cancelar resposta