Cobertura Minuto HM – Free Pass Metal Festival – Edguy, Hammerfall, Gotthard (07/12/2014) – resenha

Foi um fim de semana bastante movimentado em termos de agenda cultural em São Paulo. A cidade abrigava, como de costume, diversos eventos de grande e médio porte, desde a esperada convenção Comic Con Experience até jogos decisivos da última rodada do Campeonato Brasileiro (entre muitos outros eventos). Apesar da forte concorrência cerca de 2.500 pessoas escolheram prestigiar o Free Pass Metal Festival, enfrentando os problemas logísticos da grande cidade. E não houve arrependimento!

O Gotthard recebeu a missão de abrir o festival, trazendo a tour de divulgação de seu mais recente álbum “Bang!”. Mesmo com meu pouco conhecimento sobre o trabalho da banda pude apreciar um show bastante correto, embora tenha alternado faixas de apenas três álbuns (os dois mais recentes e “Domino Effect”, de 2007) nas primeiras nove músicas. O público reagiu bem durante toda a apresentação, mas realmente se empolgou com o cover de “Hush”. A banda aproveitou o momento para então fechar o show executando suas faixas mais conhecidas do grande público: “Lift U Up” e “Anytime, Anywhere”, ambas do álbum “Lipservice” de 2005.

Enquanto os roadies faziam as alterações e passagens de som necessárias no palco para a apresentação do Hammerfall, o Gotthard surpreendeu a todos simplesmente deixando o backstage e entrando na pista da Audio, dirigindo-se para a loja de camisetas. Os integrantes esbanjaram carisma e simpatia, vendendo seus próprios produtos, posando para fotos e autografando canhotos dos ingressos.

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Após uma pausa de pouco mais de meia hora o Hammerfall subiu ao palco para seu show de divulgação do recém lançado álbum “(r)Revolution”. A banda surgiu com algumas mudanças em seu line-up, conforme já anunciado: Fredrik Larsson não pôde participar desta fase da tour por motivos pessoais, e Stephan Elmgreen, antigo guitarrista do Hammerfall (havia deixado a banda em 2008), assumiu o baixo. Eu estava curioso para ver a performance de Stephan como baixista, e o resultado foi bastante interessante.

O público, que já demonstrava enorme empolgação logo nos primeiros acordes de “Hector’s Hymn”, animou ainda mais quando a banda emendou “Any Means Necessary”. Joacin interrompeu o show então para a costumeira saudação aos presentes. Desculpou-se por terem ficado tanto tempo sem vir ao Brasil (a última apresentação do Hammerfall havia sido durante a tour do álbum “Threshold”, em 2007), e prometeu não permitir que tal hiato ocorresse novamente. Mudando um pouco a ordem dos últimos shows, a banda em seguida tocou “Renegade”.

Nova e breve interrupção Joacin anuncia uma música sobre o momento em que passou a gostar de heavy metal, quando comprou aos 11 anos seu primeiro disco do Saxon. Era “B.Y.H.” (“Bang Your Head”), cuja letra descreve exatamente este ‘despertar’, sendo seguida pela única música do excelente álbum “Chapter V”, “Blood Bound”. Joacin provocou: “Se eu disser ‘let the hammer’, o que vocês diriam?”, para ouvir um estrondoso “FALL” como resposta. A banda emendou, então, uma sequência com “Let The Hammer Fall”, “The Metal Age” e “Last Man Standing”.

Após apresentar seus integrantes (e mencionar a substituição temporária de seu baixista por um novo-velho colega) a banda tocou “Bushido”, de seu novo trabalho, e já emendou “Glory To The Brave”, balada obrigatória em que as vozes da platéia conseguem suprimir os mais potentes amplificadores. “Hammerfall” fechou o set, e após uma pausa de alguns minutos a banda retornou para tocar ainda “Templars of Steel” e “Hearts on Fire”.

É indiscutível que mesmo com as mudanças em seu line-up a banda está em grande forma, e entregou uma apresentação bastante competente. Eu, no entanto, estive em dois outros shows do Hammerfall anteriormente, nas tours de “Crimson Thunder” e “Chapter V”, e nas duas ocasiões saí com a mesma opinião sobre Joacin Cans: ao vivo ele não chega nem perto de atingir as notas que grava em estúdio. Neste show não foi diferente: seu único agudo realmente esforçado foi em “The Metal Age”. Em todos os outros momentos Joacin optou por baixar o tom, ou mesmo deixar para o público cantar, o que acaba sendo decepcionante em momentos de ápice como “Glory To The Brave” e “Templars Of Steel”. Nada que manchasse a noite, porém.

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Nova e breve parada para que os roadies preparassem o instrumentos e equipamentos para o headliner. O Edguy subiu ao palco já mandando duas faixas do novo álbum, “Space Police: Defenders Of The Crown”: a música de trabalho, “Love Tyger”, e uma das faixas-título, “Space Police”. Tobias já começa com suas tradicionais interações com o público, agradecendo por todos os shows que já fizeram no Brasil, e menciona que tocarão uma música nunca antes executada. Ele refere-se a “All The Clowns”, que embora tenha ganho até seu próprio clipe não chegou a ser tocada nem mesmo na tour do álbum “Mandrake”. Nova interação de Tobias com a platéia, novamente enaltecendo a energia do público dizendo que todos são super heróis. Obviamente, foi a deixa para “Superheroes”.

A segunda faixa título do novo álbum, “Defenders Of The Crown”, reservou o momento tradicional dos shows do Edguy em que Tobias faz as brincadeiras vocais com a platéia. Divertidos gritos e falsetes devidamente repetidos pelo público. Tobias então convida os presentes a “repetir a história do rock”, e inicia um coro com o riff de “Detroit Rock City”, do Kiss. O Edguy, que já tinha o público nas mãos, consegue empolgar ainda mais: “Vamos continuar fazendo a história do rock”, grita Tobias, e a banda toca o riff de “Running Free”, do Iron Maiden, mantendo as linhas do baixo até o fim da brincadeira. Após emendar “Vain Glory Opera” (sem a costumeira ‘dancinha’ de Dirk, Eggi e Jens), a banda se retira então para o também tradicional solo de bateria de Felix Bohnke. Em perfeita sincronia com a Marcha Imperial de Star Wars (com direito a respiração do Darth Vader), Felix mostra ser um baterista que como poucos consegue interagir com a galera. Extra oficialmente (ou seja, opinião minha), estou certo de que o final do solo é uma homenagem a “Rock And Roll Radio”, dos Ramones.

Os demais integrantes voltam ao palco para a execução de “Ministry Of Saints”, a única faixa do álbum “Tinnitus Sanctus”. Durante a música um sutiã vermelho foi atirado ao palco (sim amigo, você leu corretamente), e Tobias o pendurou no pedestal do microfone, dizendo “Aqui está algo que Steven Tyler gostaria”, em alusão às echarpes que o vocalista do Aerosmith usa em seu pedestal. Após mais um (longo) discurso sobre não atender ao que as gravadoras mandam, e o “espírito do heavy metal” de fazer aquilo que você quer, Tobias anuncia “Amadeus”, cover da banda pop austríaca Falco, cuja inclusão no álbum foi bastante controversa. Admito que a música funciona muito bem ao vivo, com o refrão grave repetido por todos.

Tobias convoca os fãs mais antigos para algo do álbum “Theater Of Salvation”, a balada “Land Of The Miracle”. Era sabido que “Babylon” não fazia parte do set list, mas todos sabíamos que no show da Argentina a banda cedera aos pedidos da platéia e acabou tocando a música. Aqui não seria diferente: pedimos e fomos atendidos. “Se vocês querem ‘Babylon’, quem somos nós para recusar”. Tobias se atrapalhou com a letra em dado momento, talvez pela falta de ensaio. “Tears Of a Mandrake”, sempre excelente ao vivo, foi tocada como deixa para o bis. Após os pedidos do público a banda volta ao palco. Tobias conta a história de que teve a ideia de compor uma música sobre seu medo de voar durante uma viagem ao Brasil, para um show do Shaaman em que faria uma participação especial ao lado de Sascha Paeth (show que se tornaria o CD/DVD “RituAlive”). Após tocar “Lavatory Love Machine” o Edguy ameaçou encerrar o show (que já ultrapassava o horário determinado), mas a pedidos da platéia eles tocaram a última música, “King Of Fools” (agora sim, com a ‘dancinha’ de baixo e guitarras que faltou em “Vain Glory Opera”). A banda despediu-se, com a promessa de enquanto o Edguy existir, fará shows em São Paulo.

Conforme comentado anteriormente, o Edguy entregou mais uma vez um show bastante agradável e divertido, bastante variado musicalmente e que segurou o ânimo da platéia. Claro que o set list foi curto, e eu não posso deixar de pensar que se os discursos de Sammet fossem mais curtos seria possível colocar pelo menos mais duas músicas. Na parte técnica, no entanto, a banda foi novamente impecável, com solos precisos e notável entrosamento. E vale um comentário: enquanto Joacin Cans economizou em seus agudos, Tobias fez exatamente o oposto, mostrando verdadeira competência vocal.

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Foi o fim de mais uma noite de heavy metal, muito satisfatória a todos os presentes. O Free Pass Metal Festival reuniu três bandas em local relativamente menor, mas com excelente estrutura (som, iluminação, e trabalho competente dos roadies e assistentes – mesmo comentário que faço para o Carioca Club). Este deve ser a solução para que bandas de menor porte encontrem seu público no Brasil, enfrentando os “conflitos de agenda cultural” de uma grande metrópole. Que venham outros mini festivais com este formato.

FREE PASS METAL FESTIVAL
AUDIO CLUB – 07/12/2014

GOTTHARD

01- Bang!
02- Get Up ‘n’ Move On
03- Right On
04- Master of Illusion
05- Feel What I Feel
06- The Call
07- Remember It’s Me
08- What You Get
09- Starlight
10- Hush
11- Lift U Up
12- Anytime Anywhere
HAMMERFALL

01- Hector’s Hymn
02- Any Means Necessary
03- Renegade
04- B.Y.H.
05- Blood Bound
06- Let the Hammer Fall
07- The Metal Age
08- Last Man Standing
09- Bushido
10- Glory to the Brave
11- HammerFall
Bis
12- Templars of Steel
13- Hearts on Fire
EDGUY

01- Love Tyger
02- Space Police
03- All the Clowns
04- Superheroes
05- Defenders of the Crown
06- Vain Glory Opera
07- Felix Bohnke Drum Solo
08- Ministry of Saints
09- Rock Me Amadeus
10- Land of the Miracle
11- Babylon
12- Tears of a Mandrake
Bis
13- Lavatory Love Machine
14- King of Fools



Categorias:Aerosmith, Artistas, Cada show é um show..., Curiosidades, HammerFall, Kiss, Resenhas, Setlists

2 respostas

  1. Caio, bom ter você realmente por aqui ativamente, pois além de escrever muito bem, possui esta facilidade de trazer um material mais que interessante.

    Gostei bastante do post, fico devendo comentar sobre as 3 bandas, que pouco – ou melhor, nada – conheço.

    Como mera contribuição ao já ótimo post, deixo alguns vídeos do headliner:

    Valeu, Caio!

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  2. Excelente a resenha e eu fico ainda devendo um entendimento que seja mínimo para poder acompanhar os detalhes tão interessantes do texto. Caio, sua volta para o blog é sempre uma agradável surpresa, traga mais e mais textos pra todos aqui.
    Vou ver os vídeos , ouvir as faixas indicadas para um entendimento mínimo da banda e prometo um retorno com alguma coisa além dos necessários e adequados elogios à cobertura do show.

    Valeu !!

    Alexandre

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