Cobertura Minuto HM – Helloween em São Paulo – Pumpkins United Tour – 28/out/2017 – parte 2 – resenha

Conforme comentado no pré-show, era enorme a ansiedade pela chance de testemunhar a reunião do Helloween! O ingresso, comprado há mais de um ano, garantia a entrada apenas para a pista convencional, o que sabidamente prejudicaria boa parte da experiência. Ainda assim a hora custou a passar no sábado, ainda mais que eu pude chegar ao Espaço das Américas apenas alguns minutos antes do início do show.

Como era de se esperar a casa estava lotada, e os fãs disputavam até mesmo o espaço próximo às portas de entrada. Logo após a conferência de ingressos foram distribuídos balões laranjas, iniciativa dos próprios fãs – e não da organização do show. Foi algo bastante interessante e incomum.

Sem muita cerimônia, os alemães subiram ao palco e mostraram a que vieram. Minha aposta por algo cadenciado e separado por “eras” foi por água abaixo quando vimos logo de cara o line-up completo no palco começando o show com “Halloween”, seguida de “Dr. Stein”. O som, no entanto, não estava com qualidade à altura, com pouca definição e constantemente abafado pelo som do público, que obviamente cantava a plenos pulmões. Foi possível notar algumas variações no início do show, obviamente tentativas de correção pelos engenheiros de som.

O palco não trazia qualquer enfeite ou estruturas mais elaborados, mas contava com um telão gigante em alta definição que mostrava imagens em sincronia com as músicas. Durante “Dr. Stein” foi passado até mesmo um divertido lyric video, uma forma de interação bastante interessante.

Se havia qualquer dúvida sobre a saúde de Michael Kiske (ou sobre a forma com que ele interagiria com Andi Deris ao dividir os vocais) ela foi embora logo de cara. Kiske e Deris mostraram uma excelente química no palco, parecendo parceiros de banda há anos. Na verdade a banda inteira mostrou grande entrosamento. Claro que o fato de estarem gravando o vídeo influencia, mas todos pareceram muito à vontade.

Após uma introdução dos mascotes Seth e Doc no telão, a banda executou “I’m Alive”, também da era Kiske. Apesar da performance impecável dos integrantes foi neste ponto em que o telão começou a falhar, perdendo alguns de seus ‘pixels’. A equipe rapidamente deu um reboot e tentou corrigir. Kiske então saiu do palco para um descanso, e a banda mandou duas músicas da era Deris em sequência: “If I Could Fly” e “Are You Metal”, que tiveram uma recepção um tanto menos calorosa por parte do público (apesar da excelente interação de Deris). O telão, no entanto, falhou completamente e não foi mais ligado até o fim do show.

Kiske voltou ao palco e a banda voltou ao Keepers 2 com “Rise And Fall”, e Deris foi para o backstage. Hansen (que ficou com os backing vocals) e então Weikath foram à frente para os solos, fazendo a alegria dos fotógrafos. Com Deris de volta, a música seguinte foi “Waiting For The Thunder” e então “Perfect Gentleman” (com direito a cartola e grande presença de palco do cantor).

Aqui cabe o comentário: Kiske era ovacionado a cada entrada, mas Deris não recebia o mesmo tratamento dos presentes. É claro que Kiske, uma das mais impressionantes vozes do metal (e a presença mais esperada da noite), receberia maior atenção. Acredito porém que Deris merece grande destaque pelo seu trabalho, vestindo os largos sapatos deixados por Kiske com grande competência, tanto em suas composições quanto em suas performances ao vivo. Registro assim minha admiração por seu trabalho.

Após a introdução clássica veio um dos momentos mais esperados da noite, a era Kai Hansen. Assumindo os vocais, ele levou a banda por um medley de quase quinze minutos que juntou “Starlight”, “Ride The Sky”, “Judas” e “Heavy Metal Is The Law”, sem demonstrar qualquer cansaço. Foi de tirar o fôlego, realmente impressionante!

Kiske e Deris voltam ao palco, brincam com o telão que “morreu” (e comentam o quanto as pessoas precisam de televisão nos dias de hoje) e, contrastando com a sequência anterior, anunciam duas baladas em seguida: “Forever And One (Neverland)” (em versão “quase acústica”) e “A Tale That Wasn’t Right”. Kiske, para surpresa geral, pela primeira vez empresa sua voz para uma música da era Deris.

Agitando novamente as coisas vem a pancada “I Can” (com leve queda na qualidade do som, pude notar), e em seguida o solo de bateria. Mais uma vez lamentamos a falta do telão, pois desde o anúncio da tour foi divulgada uma homenagem ao baterista Ingo Schwichtenberg, a ser apresentada no telão durante o solo de Dani Löble. Mesmo com a experiência prejudicada, o solo foi feito e a banda emendou um pequeno medley de “Living Ain’t no Crime” (que ao início tinha o microfone de Kiske e uma guitarra desligados, problema resolvido pouco depois) e “A Little Time”.

Um momento curioso do show: em meio a brincadeiras sobre o passado turbulento da banda, Andi Deris revela que a música “Why?” (mencionada aqui no pré-show como uma das mais marcantes de seu álbum de estreia, o Master Of The Rings) fora na verdade escrita para Kiske. Sendo Deris o compositor da faixa, é claro que trata-se de um, digamos, elogio ao colega, mas isto pouco importou: ambos cantaram a faixa, fazendo deste um dos momentos mais marcantes do show (algo notável se pensarmos em todos os demais clássicos do set list).

Para encerrar, outros dois grandes clássicos da era Deris – “Sole Survivor” e “Power” – e a esperada performance dos três vocalistas em “How Many Tears”. Após um breve intervalo, Kiske anuncia “a primeira música do Keepers 2”, e canta sozinho “Eagle Fly Free”. Em seguida, talvez o maior clássico da banda: “Keeper Of The Seven Keys”, conduzida por ambos os vocalistas. Ao final os músicos deixaram o palco um a um, para a segunda pausa.

Finalmente, Kai Hansen volta ao palco e faz um breve e divertido solo, emendado à introdução de “Future World”, cantada por Kiske. Já com Deris novamente no palco a banda completa fez o encerramento da memorável noite ao som de “I Want Out”, em “versão estendida”, com brincadeiras com o público e interações. O encerramento perfeito para uma grande festa.

Mesmo com todos os problemas técnicos – que, assim esperamos, não atrapalharão na elaboração do DVD/Blu-Ray – não faltam adjetivos para descrever este memorável show. Foi um verdadeiro presente para os fãs de longa data que saíram satisfeitíssimos com o resultado de uma reunião tão aguardada. Não é possível prever ou sequer opinar sobre o futuro da banda, se teremos uma nova turnê, um álbum de inéditas ou mudanças de formação. É certo, no entanto, de que eles – todos os sete – têm talento e carisma de sobra para fazer a alegria dos fãs por muitos e muitos anos.

Que o Helloween tenha grande êxito nesta sua quarta era!



Categorias:Cada show é um show..., Curiosidades, Helloween, Resenhas, Setlists

5 respostas

  1. Alguns comentários adicionais:

    – Primeiramente um breve pedido de desculpas pelo pré-show em cima da hora, com qualidade aquém da merecida por este blog. Mesmo que rapidamente achei que valia a pena a tentativa de transmitir a expectativa para aquela noite tão especial. Mesmo sem muito tempo espero que a segunda parte consiga contar um a história do show de forma ao menos um pouco mais ‘digna’.

    – Amigos que foram ao show extra de domingo (dia 29) comentaram que o telão estava funcionando, mas que os problemas técnicos com o som foram terríveis. Aparentemente o show chegou a ser interrompido mais de uma vez, embora isto não tenha afetado o set list (a banda conseguiu completar o show).

    – Há agora no entanto a genuína preocupação com o lançamento em DVD. Com as falhas da primeira noite era esperado que o segundo show pudesse ser usado para “tapar buracos” na edição. Com os problemas de som talvez esperemos muito mais ‘overdubs’ do que seria considerado normal.

    – Curiosamente algo similar aconteceu no mesmo Espaço das Américas em 2004 durante a gravação do show do Edguy. O resultado foi um DVD totalmente editado, ‘overdubado’, de menor duração e de péssima qualidade.

    – Tirei apenas algumas fotos, e de baixa qualidade – afinal, estava muito distante do palco, na pista comum (e também não perdi muito tempo fotografando/filmando, claro). Muitas fotos podem ser encontradas por aí, e valem a pena.

    – Uma rápida busca mostrou que muitos, MUITOS vídeos foram enviados ao YouTube. Naturlamente estes vídeos são terríveis, tanto em imagem quanto em som, mas tentarei filtrar alguns para colocar em futuros comentários.

    – Pista premium, sempre que possível, por favor…

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  2. Ta aí um show que eu queria ter ido mas que, quando me dei conta que os alemâes vinham para cá, já estava tudo esgotado.

    O Kiske é unanimidade frente à qualquer fã do Helloween e qualquer dã de metal – eu até fui no show do Unisonic em São Paulo só para ouvir March of Time (que foi de cair o queixo), Future World e I Want Out na voz dele. Não gosto de compará-lo com Deris e foi nesse blog que em um dos podcasts deixei como audição o Gambling with the Devil.

    O Medley do Kai deve ter sido realmente essssspetacular. Privilégio seu estar ai para ver isso. E vamos esperar o DVD – como você disse no comentário, pelo jeito vem ai algo a la Edguy – eu estava naquele show para a tal gravação do DVD.

    Parabéns pela cobertura!

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  3. Muito legal Caio! Ótimo texto e fotos também. Helloween é uma banda muito boa. Essa tour é um sonho para qualquer fã. Eu conheci a banda lá nos idos dos 80’s na era Hansen/Kiske e fiquei por aí. Não faz muito tempo que conferi a discografia com Andi Deris que também é muito boa. Que bom que o Kiske recuperou-se para esse show. Li alguma coisa na internet que o primeiro show foi meio complicado pois ele não estava muito bem chegando a usar um playback para ajudar as partes mais difíceis. Essa cara é f…da! Para mim um dos melhores.
    Obrigado por dividir suas impressões. Se a banda passasse por Curitiba eu estaria lá para assistir.
    Valeu!

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  4. Antes de tudo, excelente a cobertura. As fotos estão bem legais, independente da distância, muito obrigado por tê-las trazido.
    Acho que para o fã do Helloween não há nada melhor do que este revival que abrange todas as fases da banda. Mas até para um apreciador menos assíduo o show deveria ter sido um bônus total, inclusive pela citada interação entre os vocalistas.
    Pra mim, fã confesso da fase Kiske, é espetacular ver o bom número de canções desta específica era. E fiquei na curiosidade pra ver como ficaram os vocais ao vivo em pleno 2017. Não são músicas fáceis de cantar, muitas delas na casa de 30 anos de compostas.
    Portanto, vídeos, mesmo amadores, seriam super bem vindos, Caio. Vou esperar por você , entendendo que sua capacidade em selecioná-los vai muito além da minha.
    Em relação à feitura do DVD, aqui temos uma questão complicada. Se a banda teve tantos problemas assim de vídeo e áudio ( nas noites distintas) o melhor talvez fosse escolher outros locais e não tentar buscar alternativas “artificiais” para preparar o produto final. É evidente que nenhum DVD tem 100% de fidelidade, na maioria das vezes esse percentual é bastante baixo, mas não se pode comprometer a noção de realidade mais próxima do que é visto ao vivo.
    Lembro dos VHS dos anos 80 e alguns naquela época são realmente ridículos. Ainda assim a gente achava o máximo….

    Valeu, Caio, seus posts são sempre excelentes, obrigado pela cobertura!

    Alexandre

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