Cobertura Minuto HM – Helloween em São Paulo – Pumpkins United Tour – 28/out/2017 – parte 1 – pré-show

A banda alemã Helloween fará hoje no Brasil um show mais do que especial para seus fãs. Diferentemente de suas vindas anteriores, o objetivo desta vez não é promover seu mais recente trabalho, mas sim realizar uma reunião com dois de seus mais queridos ex-membros. Exatamente: além de Andi Deris, Michael Weikath, Marcus Grosskopf, Sascha Gerstner e Daniel Löble o line-up contará também com ninguém menos que Kai Hansen e Michael Kiske.

Um pouco de história (embora ela mereça um post – ou uma série deles): Kai Hansen foi um dos fundadores da banda, ao início da década de 80, e assumia os vocais e uma das guitarras. A formação com os outros membros originais (Weikath e Grosskopf), além do baterista Ingo Schwichtenberg, foi responsável pela gravação do EP debut homônimo e do álbum “Walls Of Jericho”. Em 1987 e 1988, já com Michael Kiske nos vocais, a banda lançou seus dois trabalhos de cabeceira de todo apreciador do gênero: “Keeper Of The Seven Keys” partes 1 e 2.

Kai Hansen deixa a banda (formando posteriormente o Gamma Ray), e Roland Grapow assume seu posto. A mudança no direcionamento da banda e a queda na qualidade das composições ficam evidentes nos dois álbums posteriores. Kiske deixa a banda por divergências com os demais integrantes, seguindo carreira solo. Ingo deixa a banda por problemas de saúde – sofria de esquizofrenia -, tragicamente suicidando-se pouco depois.

Andi Deris assume os vocais e Uli Kusch substitui Ingo, formação foi responsável pela gravação de excelentes álbuns. O primeiro trabalho com Deris, “Master Of The Rings” de 1994, trazia composições com muito significado como “Why” e a pancada “Secret Alibi”, mas também faixas “happy metal” como “Perfect Gentleman” e “The Game Is On”. O álbum levava o Helloween de volta à sua proposta original, desviada por seus dois antecessores (principalmente por “Chameleon”, de 1993).

“The Time Of The Oath” de 1996 foi outro álbum muito bem recebido, assim como “Better Than Raw”, de 1998. Neste ponto passei a prestar mais atenção à banda, que fez um curtíssimo show de abertura para o Iron Maiden (durante a tour do Virtual XI) em dezembro daquele ano. Em 2000 foi lançado “The Dark Ride”, o que em minha opinião foi o último grande álbum da banda, e em 2001 finalmente pude ver um show completo.

Novamente por divergências internas, Kusch e Grapow deixam a banda após o fim da turnê e ambos formam o Masterplan. Sascha Gerstner assumiu a guitarra, e houve algumas trocas de bateristas por diversos motivos. As gravações do novo álbum sofreram com esta instabilidade, gerando o comentário que batizou o trabalho: “Teremos que tirar um coelho da cartola para conseguir gravar este álbum… e coelhos não ‘sai’ fácil”. “Rabbit Don’t Come Easy”, bastante aquém de seus antecessores, saiu em 2003, mesmo ano em que a banda voltou ao Brasil para para um show, pela primeira vez com clássicos da “era Kiske”.

Com Dani Löble finalmente efetivado na bateria, a banda assume a formação que mantém até hoje. Foram mais cinco álbuns de inéditas de estúdio, incluindo aí a terceira parte do clássico “Keeper Of The Seven Keys”, chamado de “Legacy”. Um álbum duplo, mostrando que a banda ainda queria beber do sucesso que fora ao final dos anos 80. Os shows continuaram a apresentar, além das músicas de trabalho, os clássicos das eras anteriores na voz de Deris, além de medleys para que a banda contemplasse o maior número possível de músicas, o que agradou a muitos fãs e, naturalmente, contrariou outros.

Enquanto isso, Kai Hansen seguia bem com seu Gamma Ray (incluindo apresentando-se como abertura para o próprio Helloween em 2008) e outras participações em projetos. Michael Kiske seguiu uma confusa carreira solo, com uma proposta muito diferente daquilo que fizera com o Helloween. Por motivos financeiros (ou ideológicos), aos poucos ele foi se reaproximando do metal melódico: gravou com seu amigo Tobias Sammet os álbuns do Avantasia, além de participar da ótima (porém quase desconhecida) ópera metal “Aina”. Formou o Place Vendome, com relativo sucesso. Gravou até com uma banda brasileira chamada Thalion, que infelizmente gravou apenas um álbum.

Uma reunião parecia “inevitável”, e ela foi anunciada finalmente em meados de 2016. Os ingressos, vendidos com mais de um ano de antecedência, evaporaram em segundos (eu mesmo consegui apenas pista normal, e apenas para um dos shows). Lamento a ausência de Grapow e Kusch, mas ei, teremos Deris, Kiske e Hansen juntos no palco. Alguém vai reclamar?

Confesso que li muito pouco sobre os poucos shows da recém-iniciada tour, querendo manter as surpresas para esta noite. Foi dito que Kiske não estaria em sua saúde perfeita, mas com a possibilidade da filmagem do show de hoje aposto em sua plena recuperação. Creio que a banda se apresentará em atos, com momentos de cada era, para um final épico com todos no palco executando as músicas que todos tiveram a oportunidade de cantar. Quem sabe “How Many Tears” com cada vocalista cantando um verso?

A banda apresenta-se hoje e amanhã no Espaço das Américas, em São Paulo. Estou certo de que será um show memorável para todos os fãs da banda, independentemente de sua era favorita. Para mim, fã há 20 anos e admirador de todo o trabalho, será mais que especial. Depois contaremos como foi!



Categorias:Agenda do Patrãozinho, Cada show é um show..., Curiosidades, Discografias, Helloween

6 respostas

  1. Caio, excelente post pré-show enriquecido com seu grande conhecimento e admiração pela banda há 2 décadas.

    Também li que Kiske está com problemas em sua voz e que para não cancelar os shows, houve uma redução no set. Concordo contigo que para noite de gravação de álbum ao vivo, talvez o que foi poupado antes seja compensado. Ou uma combinação de músicas das duas noites em SP, algo mais que comum. Veremos.

    Independentemente, desejo uma ótima noite de metal. E valeu pela salivante primeira parte.

    Ah… estará na noite de amanhã, também?

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  2. Post do caral**. Gênio!! Estaremos juntos nessa por**!!!

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  3. Realmente, uma oportunidade única. Sempre considerei Kiske um dos grandes vocalistas de todos os tempos do metal. Espero que o tal problema de saúde não atrapalhe a noite.
    Aguardo ansiosamente a parte 2
    Valeu, Caio

    Alexandre

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  4. Caio, obrigado por nos trazer aqui detalhes do inicio da banda e a expectativa em cima do show
    Estive ontem pelas redondezas da áudio e vi que o movimento foi grande

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