Saiu melhor que a encomenda. Dia 14 de Abril de 2018 era só para ser mais um sábado comum, mas que terminou comigo a duas fileiras da grade do Sons of Apollo.
Conseguida a carta de alforria (valeu amorzão), o plano era comprar ingresso na porta do local, visto que a pista comum já estava sem ingressos promocionais (assim eu não pagava taxa de inconveniência), mas, sábado pela manhã, durante minhas desventuras pelo Imposto de Renda, resolvi dar uma olhada no site e, só pra fazer graça, fui checar os ingressos promocionais da pista premium. E não é que tinha!?!? Antes do almoço estava na mão um ingresso mais barato e mais vantajoso do que a pista comum que eu pretendia comprar.
Queria muito ver o Sons of Apollo, não só pelo fato de em sua formação ter ex-integrantes do Dream Theater (que sou suspeito pra comentar) ou pelo fato de que poderia rolar DT no show, mas pelo fato de que o álbum de estreia da banda era de uma sonzeira esperacular – o excelente, do início ao fim, Psychotic Symphony.
O local era o Tropical Butantã e, como ia sozinho, fui de metrô. Não saí cedo, pois não tinha intenção de ver a banda de abertura, os brazucas do República, cujo horário previsto de início era 20:30. Cheguei na casa às 21:15 e o som estava rolando, inclusive muito bom para a banda de abertura, que por vezes tem o som sabotado em eventos por aí. Como a grana estava curta, passei seco pelas lojinhas, localizadas após as catracas e fui para a frente da pista, onde havia uma segmentação com um segurança para a pista premium. A entrada era pela direita do local, o que me fez automaticamente ir para a direção oposta, ficando quase na parede do lado esquerdo. Estava praticamente na grade.
Não sei dizer se a República entrou após o inicio planejado do show, mas eu acabei pegando algumas músicas. Ao chegar estava rolando Stand Your Ground, do novo álbum, o Brutal & Beautiful. Depois ainda rolou Beautiful Lie, Tears Will Shine, The Maze e El Diablo. Com um som bem consistente (e um baterista fora da curva, com uma excelente pegada), a banda faz um hard rock bem montado, mas que não foge de nenhum padrão do que já é conhecido por aí. É aquele tipo de som que não me incomoda, mas que não toca no meu aparelho de som (sim, eu tenho um). A apresentação terminou 21:45, o que fez ter certeza que a atração principal não subiria no palco às 22:00, tal qual era a previsão.

A banda de abertura, República
Ah, e eu peguei palheta (atualmente não pego nem gripe)! O guitarrista base, Jorge Marinhas, jogou duas palhetas na direção que eu estava e eu consegui pegar a segunda, com auxílio da lanterna do celular.
Às 22:30, as luzes se apagam e, com casa bem cheia, Mike Portnoy (bateria), Billy Sheehan (baixo), Ron Thal, o “Bumblefoot” (guitarra) e Derek Sherinian (teclados – dorme no formol esse cara) aparecem no palco, iniciando com a primeira faixa do álbum: God of the Son. Como de praxe, o vocalista aparece próximo da entrada da voz, não sendo diferente com Jeff Scott Soto, figura bem conhecida no Brasil.
Logo no início a voz estava mais baixa que os instrumentos, o que foi consertado bem rápido. Bumblefoot e Portnoy faziam os backing vocals, que estavam bem altos e limpos. A primeira faixa que filmei foi a segunda música da noite, Signs of the Time. E que lástima quando cheguei em casa e percebi que o som dos meus vídeos ficaram com um chiado forte de fundo (não sei o que ocorreu, mas acho que como estava muito perto das caixas, algo deve ter interferido).
O show seguiu com Divine Addiction e Just Let Me Breath, cover do Dream Theater, do único álbum que Derek participara, Falling Into Infinity. Acho que foi antes dessas duas músicas (ou antes do cover, não me lembro) que Portnoy pegou a caixa e literalmente fez ela voar pelos ares.
“O cara tá nervoso!” (Soto)
“Que nervoso nada! Isso aqui é pura felicidade!” (Portnoy)
“Imagina então quando tiver nervoso…” (Soto)
E assim rolou a troca da terceira caixa que Portnoy quebrara na turnê…
Bumblefoot se movimentava bem mais que Sheehan pelo palco. O baixista no máximo andava até a bateria e voltava ao seu canto, enquanto que o guitarrista (com um belíssimo instrumento) ia de lado a outro com muita frequência e chegava a ajoelhar bastante em seus solos.

Os muitos LEDs coloridos da guitarra de Bumblefoot
Soto não encontrou problemas para cantar os covers do Dream Theater e outros covers que se seguiram pelo show. O cara estava muito a vontade, brincando muito com a plateia, correndo de um lado para outro e com todos os tempos milimetricamente estudados (seguindo, muitas vezes, os ritmos da bateria com as mãos – eu costumo fazer isso também, errando praticamente 100% do tempo).
Labyrinth e Lost in Oblivion apareceram na sequência, intermediados por um solo de Sheehan, que abusou de tappings muito velozes. Quatro cordas só para o cara é desperdício de talento…
O show também teve seu momento acústico, só com Bumblefoot e Soto no palco, ao som de um medley do Queen, The Prophet’s Song e Save Me, cujo refrão foi cantado pela plateia. Pouco depois o tema da Pantera Cor de Rosa foi tocado, na minha opinião a parte mais fraca do show, pois o clima das canções pesadas (que já tinha sido quebrado com o Queen acústico), foi quebrado novamente. Para mim foi sem necessidade ou, no mínimo, a música foi encaixada na ordem errada. Na sequência, descanso para o Soto, enquanto a instrumental Opus Maximus dava suas caras.
E foi aí que as minhas costas travaram e eu não consegui gravar o segundo cover do Dream Theater na noite, Lines in the Sand. A música ficou muito melhor na voz do Soto, que somada à energia que o cara colocou, fez com que muitos comentassem ao seu término como ela ficou boa. O cara atrás de mim até brincou com outro: “já tá decidido; vamos regravar tudo”, fazendo uma comparação entre o Soto e o LaBrie.
Cinco minutos para aquela usual parada e quando a banda volta, Portnoy agradece ao público e pergunta “onde está meu vocalista?”. Jeff responde do meio da plateia, literalmente no bar, enquanto pegava mais uma caipiroska. O cover do Van Halen, And The Cradle Will Rock, iniciou com Soto saindo do bar para o palco, cantando pelo meio da plateia.
A banda finalizou com Coming Home, onde Soto fez um coro com a plateia direto no gogó (mesmo com o áudio zuado do meu vídeo, vale a pena ver – só tinha visto o Kotipelto fazer isso no extinto Olympia, na Lapa):
O Sons of Apollo é uma banda nova, com seus integrantes muito bem conhecidos por antigos trabalhos ao longo de largos anos na estrada. O rótulo “supergrupo” não me cai bem – é mais uma daquelas jogadas de marketing para promoção. Entretanto, o virtuosismo de cada um dos integrantes é sim um ponto forte que dá cara ao som progressivo que a banda criou. A apresentação foi bem melhor que eu esperava e espero que, no futuro, eles voltem para o Brasil ainda na mesma banda! Pelo álbum criado e show apresentado, tem tudo para dar certo!
Até mais! Beijo nas crianças!
Kelsei
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Kelsei, excelente review e pelo visto (mais uma) grande noite reunindo músicos excepcionais. Sinceramente, me dá até dó de ver estes nomes neste Tropical Butantã, que mais parece um galpão ou uma garagem “grande”. Nenhum deles merece…
Valeu mesmo pela resenha, você tem também uma capacidade que observo nos gêmeos, de síntese sem perda do que é importante falar. E bem humorado como sempre, o que é excelente.
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Em tempo: tem show solo do James Labrie sábado agora, dia 21. E do Glenn Hughes. E um festival de rock progressivo. E do Behexen. Amigos, isso é São Paulo :-).
Tudo na agenda do blog!
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Cara, eu até pensei em ir a São Paulo ver esses caras, mas algumas circustâncias me impediram de pensar mais firmemente na ideia. Pelo jeito valeu muito à pena mesmo. Em relação ao disco, a primeira impressão é boa, mas preciso ouvir mais para dar meu melhor veredicto.
Em tempo: sou daqueles que curtem muito o Falling into Infinity, na minha opinião um disco subestimado da banda.
Valeu pela resenha,Kelsei!
Alexandre
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Fui ao show de Porto Alegre. Muito bom mesmo. E olhe que não havia escutado o Psychotic Symphony. É nessas horas que não me vejo, egoisticamente falando, na posição de reclamar dos múltiplos projetos do Mike Portnoy, e outros astros de seus instrumentos. Graças a estes muitos projetos vi múltiplos shows desses artistas passando por Porto Alegre.
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E eu tenho que concordar nesse ponto Schmitt !!! Semana passada fui ao Manifesto, aqui em São Paulo, para ver 20 minutos de James La Brie cantando algumas canções.
E como dá gosto de ver esses virtuosos fazendo seus malabarismos hein?!
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Em tempo e para registro:
Considero este o melhor registro fonográfico de Portnoy pelo menos desde o Octavarium. O disco é muito bom mesmo, indicado para quem curte a fase do Sherinian no Dream Theater e com uma vantagem inegável,o vocal de Soto.
Alexandre
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