Cobertura Minuto HM – Sonata Arctica – 18/março/2023 – São Paulo – resenha

Foram três longos anos…

Eu sei que é difícil os leitores desse blog serem ouvintes assíduos de bandas como o Sonata Arctica, então eu estou aqui, antes de mais nada, para refrescar a sua cabeça que em 2019 os caras tinham lançado um novo álbum que tinha subido as minhas expectativas frente a diversos lançamentos anteriores. Nesse post eu, inclusive, comento da turnê que passaria pelo Brasil no início de 2020 e da minha ansiedade pelas novas músicas ao vivo.

E aí veio um vírus chinês…

A turnê do Talviyö acabou, sem passar pelo Brasil, e o Sonata iniciou uma turnê comemorativa dos 25 anos de existência. Eles viriam em 2021, mas houve um caso do vírus chinês na equipe e eles precisaram cancelar, mais uma vez, a vinda para a América Latina.

E no dia 18 de Março de 2023, enfim, aconteceu!

Essa foi a sexta vez que vi o Sonata. Para o tempo que eu comecei a escrever no blog, somente uma resenha foi colocada, a da turnê do álbum The Ninth Hour. Aqui na Minuto HM, bandas finlandesas de Power Metal são sons que acredito que somente JP e eu que realmente gostamos. Então, antes de entrar na resenha em si, gostaria de fazer um paralelo com uma banda muito ouvida (e lida) por aqui, o Iron Maiden, para vocês entenderem como funciona a cabeça de um fã raiz do Sonata Arctica, que é o meu caso.

Os britânicos tiveram, na década de 80, um período tão bom, mas tão bom, que a fase da banda ganhou um apelido para se referir aos matadores álbuns criados naquela época. Os álbuns lançados de 1982 até 1988, período conhecido como Golden Years, são uma referência ímpar na carreira da Donzela de Ferro. Depois disso, veio um tal de No Prayer For The Dying e, desde então, o som nunca mais foi o mesmo. Óbvio que muita coisa diferente foi produzida, inclusive muita coisa legal, mas nunca com o brilho de outrora. Hoje, em turnês, qualquer música tocada dos tais anos dourados é motivo de comemoração, ansiedade, vibração e catarse.

Os finlandeses, no começa da carreira, tiveram um período tão bom, mas tão bom, que é basicamente a mesma linha de pensamento: do debut até o Reckoning Night (para mim o melhor álbum da banda), só tem “tiro na cabeça”. Depois disso, veio um tal de Unia e, desde então, o som nunca mais foi o mesmo. Óbvio que muita coisa diferente foi produzida, inclusive muita coisa legal, mas nunca com o brilho de outrora. Hoje, em turnês, eu vou na torcida de ouvir algo dos álbuns iniciais.

E nesse show em específico, soma-se o fato de que a turnê era comemorativa de 25 anos da banda. Mesmo eu não tendo resenhado aqui, na turnê dos 15 anos teve tanta coisa boa que eu sai em êxtase do Carioca Club. Agora, na Audio Club, na Barra Funda, zona oeste da capital, também conhecida como “dois quarteirões do lado da minha casa”, eu também tinha a expectativa de ouvir algo que me surpreendesse.

Com portões abertos às 19:00, eu cheguei 20:20, conseguindo pegar as últimas três faixas da banda de abertura, Firewing, banda brasileira capitaneada pelo guitarrista Caio Kehyayan, que é formado na tão famosa universidade Berkley, nos Estados Unidos. Queria ter chegado antes, mas as filhas exigiram aqui em casa. O som dos brazucas é mais voltado para o metal progressivo do que para o power metal, estilo protagonista da noite. Achei muito bem cantado e tocado, mas nada que me chamou a atenção de primeiro momento. Eu comprei o CD na lojinha, então vou tentar ouvir com calma um dia desses.

O Sonata Arctica entrou às 21:20, conforme havia anunciado o HonorSounds, produtora do evento, em suas redes sociais. Atualmente, o vocalista do Korsus, o Marcelo Pompeu, faz as vezes de garoto propaganda, anunciando as atrações da produtora. Com os finlandeses não foi diferente, agitando a turma com os berros de “Eu digo ‘Sonata’ e vocês dizem ‘Arctica'”. Eu vi o Pompeu tirando foto no cartaz promocional do lado de fora da parte acústica da áudio, mas não fui tirar foto com ele – deixo essas tietagens para o Rolf.

A abertura foi com Always Look On The Bright Side Of Life, dos comediantes do Monty Python, muito conhecida por encerrar os shows da Donzela de Ferro. Achei uma abertura diferente, pois toda a banda – Tommy Portimo (bateria), Pasi Kauppinen (baixo), Henrik Klingenberg (teclados), Elias Viljanen (guitarra) e Tony Kakko (vocal) – entrou durante a execução da gravação e cantou o refrão junto com a plateia. A faixa é encerrada antes da repetição do refrão de maneira abrupta, dando entrada para The Wolves Die Young.

O que se seguiu nas próximas horas foi um setlist muito balanceado entre todos os álbuns da carreira da banda, até porque a turnê era em comemoração aos 25 anos do Sonata. Se considerar que o número de álbuns do Unia para frente é maior que a quantia de álbuns anteriores, eu, enquanto fã do som mais antigo, já saio atrás do placar. E foi realmente o que aconteceu. Além disso, a banda não escolheu, em nenhum momento, músicas mais arriscadas para surpreender os ouvintes. Todas as faixas já passaram por algum momento de alguma turnê anterior, dando preferência ao estilo de som mais lento e com mais power chords soltos ao invés de palhetados.

Para piorar, foi a primeira vez que vi o fator idade bater à porta. A voz de Tony deixou muito a desejar. Ele tem técnica, o que ajuda muito, mas praticamente todas as partes altas das músicas mais antigas ele deixou para a plateia cantar, sem contar que todas as velharias estavam em tom abaixo. Não sei se isso foi um fator determinante para a escolha do set, pois essa turnê vem se estendendo já faz um tempo na Europa.

Do álbum novo, que eu tanto queria ouvir, escolheram uma faixa mediana para baixo, Storm The Armada, que eu tinha que gravar, pois sabe-se lá quando eles tocarão isso novamente:

Todos os meus vídeos estão com zoom, porque eu estava na “pista normal”. A Audio, para quem não conhece, é uma balada. O local é pequeno (bem maior que o Carioca Club, onde muita banda de metal se apresenta, o espaço nem se compara), mas é um tanto quanto “sem noção” criar uma pista premium em um espaço como aquele – é algo simplesmente para captar dinheiro dos fãs mais xiitas. Os três próximos vídeos são de faixas mais antigas e, tirando Kingdom For A Heart, que é realmente uma canção rápida deles, as demais são mais baladas do que power metal ultrassônico.

Tony continua interagindo muito com a plateia e uma coisa que eu sempre achei legal é que o anúncio da próxima música é sempre com uma piadinha ou uma historinha, onde o vocalista encaixa o título da canção dentro do final da história. Toda a banda continua tocando muito bem, inclusive porque a maratona de shows na América Latina é bem puxada – a banda passou por vários estados e muitos dias com shows consecutivos, o que deve ser bem desgastante.

No final do show, eu não iria gravar Fullmoon, pois é uma música que sempre acabo pulando e estragando o vídeo, mas dessa vez acabei gravando. Foi a primeira vez que a plateia realmente participou, cantando a primeira estrofe.

O bis teve duas músicas meio que obrigatórias na carreira da banda e eu gravei a saideira, pois foi a única música tocada do meu álbum favorito. Tinha um pessoal pedindo Replica aos berros e o vocalista acabou dando uma palhinha do refrão e prometeu que ela será incluída no próximo set. O bom foi que Tony informou que já tem álbum novo sendo produzido e que eles voltarão às receitas old-school do power metal que apresentou a banda ao mundo. Isso é esperar para ver.

Para quem estava (e ainda está) dormindo mal desde Janeiro, conseguir duas horas para ouvir um pouco de Power Metal, mesmo que meio lento, até que valeu a pena. O setlist foi bem meia boca (duas músicas do Unia, sendo uma delas Caleb, não pode para uma turnê comemorativa de 25 anos), mas deu para passar de ano. O som estava bem montadinho e as luzes estavam bem colocadas. O local do show também foi muito positivo, porque o Carioca Club é minúsculo e as últimas vezes que a banda veio, o show foi no extremo leste da zona leste da Capital, o que é (realmente) muito longe de tudo.

Espero que eu não tenha que esperar mais três anos para vê-los pela sétima vez.

Galeria de fotos:

Beijo nas crianças.

Kelsei



Categorias:Resenhas

4 respostas

  1. Boa Kelsei! Mais um show pra conta, e tão esperado! Dá até gosto de ler! Parabéns!

    Eu não me considero fã “raiz”, mas tenho no currículo meus álbuns e shows de bandas nórdicas, principalmente lá nos anos 2000 quando ia a todo show que podia. Antes ainda, mesmo sem poder baixar MP3 (fui ter internet só em 2002, e ainda assim discada) eu pegava CDs de amigos (ou mesmo na Galeria do Rock) e gravava fitas. Ou fazia fitas de fitas, e foi assim que conheci Apocalyptica (ou “aqueles caras que tocam Metallica com quarteto de cordas”) e Stratovarius.

    Nightwish me chamou a atenção quando um amigo levou o Angels Fall First numa sessão de RPG de mesa. Fui ao show deles em 2002 no Credicard Hall, e em tantos outros depois (embora tenha perdido contato após a chegada da Floor, confesso). Na faculdade um amigo tinha álbums do Children of Bodom, mas neles eu pouco me aprofundei.

    Vi o Kotipelto solo em 2004, quando abriu pro Shaman e pro Edguy no Espaço das Américas (também conhecido como “três quarteirões ao lado da sua casa”). Um ano depois Tolkki se livrou de sua ‘maniac dance’, houve a reunião do Stratovarius e pude vê-los no antigo Olympia, quando foi gravado o DVD que nunca saiu – e que set list sensacional naquela noite. Eu gravei esse show com um MP3 player tosco, então eu tenho um ‘bootleg’ salvo em algum lugar aqui.

    Em 2008 no Wacken conheci um monte de bandas da região, e ao vivo. Além do já citado Nightwish um dos headliners foi o Lordi, e me chamou bastante a atenção não só pela música mas também pela produção e presença de palco. Eram muitos palcos e bandas, então vi metade do show do Sabbaton (OK, troquei de país, mas tá ali). E se for pra esticar, Roy Khan é norueguês e estava lá com o Kamelot também (com direito a participação especial de Simone Simmons do Epica, outra banda que gosto muito).

    A tenda de “metal extremo” teve também MUITAS bandas da região, mas faziam todas o estilo “death-clak-church-burning-metal” que, de fato, não me agrada muito).

    Já o Sonata vi uma vez só, no extinto Citybank Hall, na tour do Unia. Infelizmente foi um show para o qual eu pouco pude estudar, já que não tinha base (CDs ou fitas, e nem MP3, aliás) e consegui ingresso “no susto”.

    Ontem após ler seu texto peguei o Spotify e ia por Sonata pra ouvir, mas tive uma ideia melhor: queria te pedir pra listar aqui nos comentários o que seria, pra você, o set list pra uma tour estilo “Early Days” do Sonata Arctica (pra manter a analogia com o Iron Maiden). Pode me recomendar músicas que dariam um set perfeito do que você considera a melhor fase da banda? Aí volto aqui em alguns dias pra dizer o que achei!

    Um abraço! (e lamento se errei países e/ou datas acima, a memória já não é mais a mesma)

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    • Bem, depois dessa eu vou ter que trocar lá em cima para “bandas de Power Metal são sons que acredito que somente Caio, JP e eu que realmente gostamos”. Você precisa participar dos podcasts porque eu sempre fico no voto vencido se aparece algo frente à decada de 80 (mas o Presidente vai ver o Blind Guardian comigo agora no final de abril e vai mudar de opinião, né Rolim kkk?!).

      Cara, quase todos os shows que você comentou eu tava: O Stratovarius no Olimpia (eu fiquei na frente do Tolkki, “duas pessoas” da grade – até hoje eu lembro de Black Diamond, com o pessoal cantando tão alto que não dava para ouvir a banda), a turnê do Kamelot com o Epica, que foi na época do The Black Halo e o show do Sonata no CitiBank Hall na turnê do Unia, que foi o meu primeiro show do Sonata. Na época, meu irmão e meus primos vieram todos do interior para ver o Sonata e tava todo mundo em catarse, paralisados de tanta emoção. Eu comecei a morar em São Paulo em Agosto de 2005, então a partir de Setembro (depois do meu primeiro salário) eu ia em tudo o que dava. Hammerfall eu não perco um até hoje.

      Cara, quanto a um setlist, eu fiz rápido e sem pensar, escolhendo 15 músicas, senão eu ia ficar montando um set durante meses e nunca ia ficar pronto. Que bom que você não foi ouvir as mais tocadas do Spotfy porque a lista é muito ruim. Lá vai:

      1. Misplaced
      2. 8th Commandment
      3. Blank File
      4. False News Travel Fast
      5. Picturing the Past
      6. Kingdom for a Heart
      7. White Pearl, Black Oceans
      8. My Land
      9. Gravenimage
      10. My Selene
      11. Black Sheep
      12. Victoria’s Secret
      13. Wolf & Raven
      (Encore)
      14. Fullmoon
      15. Don’t Say a Word

      Todas as faixas são de um desses quatro álbuns, o Golden Years dos filandeses:

      Ecliptica
      Silence
      Winterheart’s Guild
      Reckoning Night

      Falta o JP agora fazer um set dele. Adoro ficar fazendo essas coisas!

      Abraço!

      Curtido por 1 pessoa

      • Maravilha! Já fiz minha playlist e começarei a ouvir hoje mesmo! Muito obrigado! Já tentei participar dos podcasts mas sempre acabo ficando na eterna promessa, mas vou tentar mais da próxima vez. A verdade é que minha vida (em termos de tempo) mudou bastante nos últimos tempos, e estou conseguindo fazer mais coisas – o que é ótimo! Quem sabe no próximo!

        Blind Guardian… poxa vida, e eu longe. Taí uma das bandas que SEMPRE quis ver, mas SEMPRE que passaram pelo Brasil eu tive um compromisso de trabalho, uma viagem, e não pude ir. Aproveitem muito!

        E seria muito legal se conversássemos sobre estes shows. Aliás, pensei agora… por que não uma seção no blog chamada, sei lá, “Ancient History”, ou “Concerts Archive”, ou “Blast From The Past” (haha) com reviews de shows que não foram cobertos pelo blog na época, mas que ainda estão vivos em nossa memória? Será que o Presidente permite?

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  2. “Pequeno” deslize ao esquecer do Hammerfall de tantos e tantos shows. Suécia tá “ali” também, rs.

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