Chega um certo momento que mesmo quando nossos ídolos lançam um novo álbum, a gente fica com o pé atrás na hora de dar o play. Foi assim comigo também quando o Maiden lançou o The Book of Souls e o Metallica lançou o Hardwired só para citar alguns exemplos. Quando a golden era se vai, a gente perde a fé que algum novo trabalho possa surpreender.
É fato que se manter no topo é algo utópico, mas não é rara a situação onde existe uma determinada banda que trás um redirecionamento musical muito drástico, seja ele dado aos poucos ou simplesmente de uma hora para outra.
Foi assim com o Sonata Arctica, a banda filandesa de Power Metal, que abandou o lado Speed Metal faz muito tempo. Desde o lançamento de Unia, de 2007, que os “velhos tempos” que colocaram a banda em destaque não voltaram mais.
E o meu receio em colocar para tocar o álbum Talviyö, décimo álbum de estúdio da banda, era algo certo. Ainda mais depois que vi o video-clipe do single, que me trouxe aquele sentimento de “mais do mesmo”.
É se se esperar, portanto, que eu não tenha pesquisado nada sobre as canções e tenha ignorado o álbum em seu lançamento.
Até essa semana…
Ouvi o álbum no carro (não ouço coisas pela primeira vez em som de carro, ainda mais sem estar focado 100% no som), tamanha era minha fraca expectativa.
E tomei um soco na cara!
O álbum, obviamente, não traz o “velho Sonata”, com seu veloz Speed Metal, mas finalmente os caras saíram da mesma caixa que teimavam em ficar na última década.
Com uma volta, mesmo que tímida, do coro de vozes e de maior presença do backing vocal, Tony Kakko manteve, infelizmente, o padrão de não oitavar a voz e nem gritar nas canções. A maior inovação é a presença do violão e do baixo como protagonistas em muitos pontos. Parece que os instrumentos “se acharam” dentro de uma nova identidade.
Ouvi o álbum duas vezes somente mas dá para dizer, com todas as letras, que é o melhor álbum deles desde Reckoning Night, de 2004. Abaixo, seguem meus comentários com relação às faixas.
Message from the sun: tem uma levada que remete ao passado da banda instantaneamente, mas mantendo a identidade da formação atual. Uma coisa que nunca deu para reclamar desses finlandeses são as faixas de abertura – nesse quesito, sempre acertaram a mão.
Whirlwind: tem uma introdução bem diferente e eu não os teria reconhecido se estivesse ouvindo a música em uma rádio, por exemplo. Tem um riff de guitarra que também saiu do padrão, com espaço para violão e um teclado com solo inovador! Quero só ver como vão fazer ao vivo se essa for tocada…
Cold: também inicia com levada de violão e com um pequeno coro nos backing vocals como parte da harmonia. Tem um baixo forte e um teclado com uma levada bem clássica.
Storm The Armada: introdução gravada com dois instrumentos de corda e entra uma terceira guitarra. É a canção que os instrumentos mais falam entre si dos últimos quinze anos, fácil fácil…
The Last Of The Lambs: tem a levada mais sombria do álbum, com uma harmonia bem triste e melancólica. Outra que fiquei curioso para ver ao vivo, até porque ela termina com um suspiro de “hear the silence” e daria para fazer algo bem legal com algo do álbum Silence.
Who Fail The Most: é o single de estreia e foi a escolha mais errada que eles fizeram para divulgar o novo álbum. Essa canção tem um refrão repetitivo e que não contagia (além de usar expressões “Lord of the rings” e “Master of Puppets” na letra, que ficou muito clichê), além de trazer aquela levada padrão que a banda vem fazendo em vários momentos nos últimos álbuns. É a mais chata, disparado!
Ismo’s Got Good Reactors: faixa instrumental! E muito boa! Nunca pensei que nessa altura do campeonato os caras iam fazer um instrumental de mais de três minutos e meio.
Demon’s cage: essa não chamou minha atenção, mesmo trazendo alguns elementos diferentes aqui e ali. Em algumas partes, o teclado roubou a canção inteira.
A Little Less Understanding: passo fácil. Essa aqui é o tal “mais do mesmo” que o Sonata vem fazendo, mesmo com solo no final da música. Ganha de “Who Fail The Most” porque é mais alegre.
The Raven Still Flies: que título fantástico, trazendo à tona saudosismos da época de “Wolf & Raven”, mesmo sem ter ouvido a canção! E que música bem construída! Teclado bem encaixado! Quebras nas melodias! Como fiquei feliz em ouvir algo desse naipe!
The Garden: uma valsinha acústica que encerra o álbum com uma boa atmosfera.
2019 chega ao fim e eu ganhei mais uma lição de vida: vale a pena insistir! Vale a pena manter a esperança viva que as coisas podem melhorar!
Em Abril de 2020 o Sonata Arctica virá ao Brasil e eu espero estar lá para presenciá-los mais uma vez, só que agora não só para ouvir as poucas velharias dos primeiros álbuns que eles tocam!
Beijo nas crianças!
Kelsei Biral
Categorias:Artistas, Curiosidades, Discografias, Músicas, Resenhas
Conhecendo mais um pouco de uma banda que nada sei
Em abril, por favor, nova resenha
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Adoro o som da banda, mas conheço pouca coisa dela… vou atras a mais músicas. Alguma recomendação de álbuns, tipo um Top 5?
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Poxa Carlos, eu queria te dar um Top 5, mas vou conseguir só um Top 4 …
Ecliptica – 1999
Silence – 2001
Winterheart’s Guild – 2003
Reckoning Night – 2004
Isso porque esses são os quatro álbuns do Sonata que “nunca mais voltaram”. Depois disso, em 2007, veio o Unia e o que se segue é uma ladeira abaixo, com poucos momentos bons, até o respiro fora d’água que foi o Talviyo…
Se torne íntimo dos quatro álbuns acima que já está bom. 🙂
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Kelsei, o Sonata Arctica é aquela típico grupo que há muito não me chamava mais a atenção. Mas ao contrário de hoje em dia, no início dos anos 2000 essa banda finlandesa era referência quando eu pensa em ouvir um som mais melódico, pensando bem, mesmo os deixando de lado, quando tento me lembrar de algum grupo que aposte nas melodias acima de tudo, o Sonata Arctica está sempre em primeiro plano.
Particularmente penso que o Winter Heart’s Guild foi o seu trabalho mais maduro, seu ápice, em minha opinião um dos melhores lançamentos de 2003 e olha que esse referido ano teve muita, mas muita coisa boa! Até em termos melódicos comparo Winter Heart’s Guild ao Supremacy da banda holandesa Elegy, é logico que guardadas as devidas proporções, pois este último já não existe mais e os trabalhos citados têm uma diferença de quase 10 anos entre eles.
Bem, Reckoning Nigh já me decepcionou um pouco… ou muito, preciso ouvi-lo novamente, talvez despois de todos esses anos posso mudar de opinião. Mas concordo com você, Unia está fora de tudo que me fazia gostar do som do Sonata. Então simplesmente me desinteressei pelos discos seguintes e todos passaram batidos e possivelmente Talviyö também passaria se não fosse por esse post.
Kelsei, seu post me lembrou em alguns momentos de épocas remotas, quando pegávamos aquelas revistas dos anos 90, como as Rock Brigades por exemplo, liamos as resenhas dos álbuns lançados e por essas mesmas descrições resolvíamos se os discos nos interessavam ou não. Então, justamente pelo que li aqui, resolvi dar mais uma chance para o Sonata Arctica, realmente fiquei bastante curioso em conhecer mais este trabalho.
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JP, não eleve sua expectativa pela Post, mas espero que você seja surpreendido como eu fui.
Não sabia que você gostava de Sonata. Tenho alguns amigos que ouvem e todos concordaram que o álbum é muito bom, em comparação com o que eles fizeram desde Unia …
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Sei lá, ainda acho q o Pharias child é um álbum q estaria fora da curva destes discos fracos do sonata. Gosto muito dele ! Minha opinião !
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Oi Lúcio! É covardia minha vir aqui dois anos depois para responder seu comentário, mas muitas vezes eu sou traído por essa ferramenta de edição de textos do blog. Por isso, peço desculpas!
Olha, eu acho o Pariah’s Child um bom álbum, sim, dentro da leva de “discos fracos”, como você menciona. Eu acho que ele é um álbum que te engana, com uma faixa de abertura que dá muita esperança ao ouvinte. Sabe quando tiram doce da boca de criança!?
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