
40 anos – 1984 é um ou o ano mágico para o metal, mas talvez a inclusão deste álbum aqui seja motivo de alguma controvérsia. Não para mim, ressalto. Em 1984 ou 1985, eu tinha uma lista de uns 15 a 20 álbuns para comprar, imerso que estava no mundo metal. Não tinha muita grana, o jeito era escolher um álbum de cada banda, iniciar uma discografia do gênero, depois de já ter comprado vários discos do KISS e o icônico Holy Diver, por exemplo. Ao tentar fazer essa lista, as fontes que eu e o meu irmão tínhamos eram os poucos amigos de escola, de vizinhança, que conheciam alguma coisa do heavy metal ali na época do primeiro Rock In Rio. Algumas revistas, algum papo nas lojas que vendiam os discos na Tijuca, era isso.
Apontando as fichas para o Saxon, eu já conhecia a faixa-título e conhecia alguns outros clássicos, como Motorcycle Man ou Heavy Metal Thunder. Crusader, a faixa, é incrível, acho que poucos podem negar isso. A opção foi comprar este álbum. Ele se inicia referenciando o passado da banda, já pelo prelúdio e a própria Crusader, voltados ao metal da nova onda britânica do início dos anos 1980. O solo desta música é maravilhoso, um dos grandes momentos do instrumento da época.
O restante do álbum, no entanto, é o que pode ser motivo de questionamento. Não por mim, reforço. A banda apontava suas flechas em direção ao hard and heavy do mercado americano, para depois seguir mais ainda para o hard. Assim, eles apostaram na fórmula de refrões em forma de hino e algumas baladas. A sonoridade do álbum é inegavelmente moderna para a época, bateria e solos de guitarra muito presentes. Hoje até pode ser considerado datado, há até o uso dos agudos tons eletrônicos. Uma sonoridade muito mais acessível, deixando a crueza do começo da carreira quase de lado. Eu adorei , mas aqui reside a dualidade do álbum, contrastando o som New Wave of British Heavy Metal da faixa-título com o restante do álbum, voltado ao mercado americano.
Há de se considerar que as faixas perderam a crueza, mas sim misturam o hard ao heavy. A Little Bit of What You Fancy e Bad Boys (Like to Rock’n’Roll) são aceleradas e se juntam ao bom cover do Sweet (Set Me Free) como parte desta mistura. Rock City e Just Let Me Rock são tentativas de trazer hinos do metal em um formato mais mid-tempo. Run for Your Lives tem aquele coro que foi cantado por tantas torcidas de futebol depois, no Brasil e no mundo. E tem as baladas, Sailing to America, Do It All For You, eu gosto de tudo. A banda está excelente, Biff canta como sempre, um dos mais subestimados cantores do metal. O disco é mais um dos que fizeram história do histórico estúdio Sound City, em Los Angeles. É uma sonoridade cristalina, se ouve cada instrumento com muita clareza. Não hesito em trazer este álbum para se juntar aos grandes de 1984, o ano do metal.
Ele furou de tanto tocar, não só na minha vitrola, mas também, tenho certeza absoluta, nas pick-up de amigos como o Rolf e o Bruno batera. Lembranças da adolescência.
Estamos ainda em janeiro, o ano promete vários outros posts como este,assim espero. Isto é só o início….
Crusader
30 de janeiro de 1984
Lado A
1 The Crusader Prelude
2 Crusader
3 A Little Bit of What You Fancy
4 Sailing to America
5 Set Me Free
Lado B
6 Just Let Me Rock
7 Bad Boys (Like to Rock’n’Roll)
8 Do It All For You
9 Rock City
10 Run For Your Lives
A formação da banda:
- Biff Byford (vocal)
- Graham Oliver (guitarra)
- Paul Quinn (guitarra)
- Steve Dawson (baixo)
- Nigel Glockler (bateria)
Saudações,
Alexandre B-side
Categorias:Curiosidades, Discografias, Resenhas, Saxon
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Caramba olha só o que apareceu por aqui hein ….Saxon foi uma das muitas bandas que eu conheci através dos meus irmaos Fla´vio e Alexnadre …….e lembro de comentar que a música que tornou a banda um pouco mais famosa, nada tinha a ver com o resto do disco e da figura dos caras na contra campa ….me lembro inclusive de perguntar a eles se eles trocaram o disco da vitrola por que Crusader é só o que conversa com a temática “medieval” do disco ……. os caras meio vestidos com boné não me agradaram nem um pouco …..mas Crusader é uma obra prima …B side muuit obrigado por mais uma vez me citar nesse post ………é só lembranca da boa no pé da orelha …….
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Rolf, você tem razão ao comentar que a faixa titulo destoa ( e é inegavelmente um clássico absoluto) do restante do álbum, que ficou em 1984.
Nenhuma das demais faixas resistiu ao teste do tempo, mas o álbum em si tem uma relação muito particular comigo, me emociono ao ouvir qualquer das faixas.
Você foi cirúrgico no seu comentário, mas eu fico na emoção e junto esse aos demais grandes álbuns de 1984.
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