Série Novidades HM – Ano 2014

Esse post é dedicado a todos que diretamente ou indiretamente foram atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul, onde um dos nossos membros, que também resenha nesse projeto, o Eduardo Schmitt, se encontra salvo e, como todos os gaúchos, logo logo vai vestir aquela bombacha, fazer aquele churrasco e tomar um bom chimarrão! Que a força para recomeçar venha de dentro de cada um como um riff pesado do Tonny Iommi e que a alegria volte logo para todos!

Esse aqui é o episódio de 2014, costumeiramente com as bandas em ordem alfabética. Temos mais 10 anos pela frente, então, se você quiser resenhar ou indicar álbuns para os próximos anos, deixe seus contatos nos comentários. Lembrem-se também de sempre olhar no nosso guia, pois já chegamos quase na marca de oitenta novas bandas ouvidas. Conheça cada vez mais e pare de sair falando por ai que o metal morreu…


Alestorm – Sunset of The Golden Age

Sugestão de: Flávio Remote
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Alexandre: Terra média, estamos chegando de novo, desta vez em embarcação marítima. Uma olhada rápida no track list e ali já há uma menção a uma batalha naval entre Grã-Bretanha e Espanha. Sim, é o tal do power metal espadinha, lambuzado de folclore escocês e acrescido de maresia. Então vamos de 2 bumbos em profusão, inegáveis bons solos de guitarra e aqueles refrões pegajosos e entediantes para quem não curte o gênero. Além disso, tem as flautinhas escocesas, pelo amor dos meus filhinhos. O Helloween começou a trilhar este caminho cerca de 30 anos antes de 2014. Posso até ser mais rigoroso, talvez o começo desta bagaça ache um precursor no Rainbow de Blackmore, na metade da década de 70. E pior que eu curto muito o Rainbow. Em 2014, porém, já era um gênero que não me atraia há quase uns 15 anos, pelo menos. A paciência para ouvir um disco desse já não é aquela, mas o trabalho tem o dom de ir piorando conforme avança no player. Que títulos são esses? “Wooden Legs”, “Hangover”, “Magnetic North”, honestamente, haja paciência hein! E o vocal? Well … vamos lá:  normalmente há duas escolhas para linha vocal no power – ou se opta pelos tons agudos supersônicos ou vai de um timbre mais rasgado. O vocal principal (Christopher) se alterna com a participação do tecladista (Elliot) que faz as vozes “não limpas”.  Aqui, neste Alestorm, a opção foi o rasgado. Mas não é só rasgado. É rasgado e limitado, muito limitado. Junte-se ao tal “vocal unclean” do tecladista, e desculpe, já não estava lá muito fácil, mas sempre tem jeito de piorar. A perna de pau afunda no gutural misturado com o power como areia movediça. E, independente do instrumental competente que até se aventura brevemente por um trecho de virtuosismo lá pelos 8 minutos da faixa título, o vocal piora o que já não me agrada em termos de estilo. É como se eu fosse ouvir um álbum do Lacuna Coil ou até do Nightwish e ao invés de ter um vocal melodioso (que era o que ainda me chama a atenção positivamente), houvesse 2 vocais: um bem limitado e que não agrada; e o outro que até pode ser não tão limitado, mas agrada menos ainda. Passo.

José Paulo: Se não contarmos os EPs, este é o quarto trabalho dessa banda britânica de Power Metal e mesmo antes de ouvirmos uma nota sequer, a primeira coisa que vem à mente, só de olhar as capas, são os alemães do Running Wild. Até penso que os primeiros discos do Alestorm estão para o Running Wild, assim como os italianos do Trick Or Treat estão para o Helloween. Na época em que os ouvir pela primeira vez, achei tudo muito exagerado, até mesmo caricato. Às vezes eu penso que nos trabalhos iniciais nem eles mesmos se levavam a sério, porém nesse Sunset on the Golden Age a banda se apresenta muito mais madura que nos primeiros discos, apesar de ainda manter um certo exagero no som. Voltando a citar o Runing Wild, eles ainda são uma boa referência para quem ainda não conhece, como exemplo clássico musicalmente falando. “Quest for Ships” tem um andamento bem na linha do grupo alemão e pode muito bem confundir alguém em um teste cego, já um pouco mais melódico e muito mais teclados “1741 (The Battle of Cartagena)”, só pelo nome já entrega toda a influência do Alestorm.  Penso que se fosse há 20, 25 anos atrás, Sunset on the Glonden Age seria escutado por mim à exaustão, mas hoje em dia não; mesmo sendo até bem legal em muitos momentos, esses hinos piratas acabam passando meio batido e esquecidos depois de algum tempo. Mas entendo que ainda existe um bom número de apreciadores do Power/Folk Metal Melódico que esse disco irá agradar em cheio, se esse é o seu caso e, por algum motivo, ainda não conhece, não perca tempo!!!

Kelsei: Bater o olho na capa e não lembrar da obra-prima do Savatage, The Wake of Magelan, é praticamente impossível. Pensei que fosse alguma homenagem, mas quando iniciou “Walk the Plank” eu percebi que estava errado. Muito errado. Aí fui pesquisar sobre a banda e vi que TODOS os álbuns desses escoceses eram baseados na temática pirata; e isso é levado MUITO a sério pelos caras. Tem orquestração, tem elementos folk (eu identifiquei gaita, sanfona, cornetinha, violino, acordeão e trompete – deve ter mais coisa), tem coro de vozes, tem discurso de capitão sóbrio, tem discurso de capitão bêbado, tem piadinha com letras engraçadas (não tem como não rir no refrão de “Drink”), tem peso, solos, bumbo duplo e até um guturalzinho faixa aqui, faixa ali. Adoro esse projeto do blog porque tem muita coisa que pega a gente na curva, para o bem e para o mal (muito mais para o mal). Mas afinal então, que ursinho de banda é essa?! Como eu resenho isso? Tinha hora que eu achava que estava ouvindo o Korpiklaani, hora o Nightwish, hora uma banda clichê de Power Metal Europeu, hora um joguinho de Atari, hora o Eluveitie. Acho que o segredo para passar pelos 50 minutos de Sunset of the Golden Age é se imaginar em um navio e incarnar um pirata. Ouça a música, não a leve a sério e entre na brincadeira. Destaco “Drink”, “1741 (The Battle of Cartagena)”, “Quest for Ships” e a faixa homônima. Ouvir um álbum assim é divertido, mas questiono toda uma discografia baseada nos sete mares. Uma mesma temática cansa, marujo! Não dá vontade de conhecer mais um trabalho desses caras, por mais que as águas estejam calmas. Deixa eu parar de escrever e começar a esfregar esse saguão antes que me mandem para a prancha!


Distorted Harmony – Chain Reaction

Sugestão de: Kelsei
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Alexandre: Bem, aqui o pessoal do Coldplay encontra Dream Theater sem Portnoy para uma cerveja e uma jam-session em Israel. Uma meia dúzia de caras estavam na mesa do lado, ouviram aquilo e resolveram juntar o som das duas bandas. É isso. E a junção para mim traz quase nada de bom e muitos contras. O baterista Yogev Gabay é bem técnico, adequado às mudanças de tempo durante o trabalho e aparece muito bem no final de “As One”. O guitarrista Guy Landau, que já não está mais na banda hoje me dia, até vai bem nos riffs, mas quase não há solos. Quando há, em “Hollow”, por exemplo, vai até muito bem, ou seja, é uma questão de arranjo mesmo. Acredito que o baixista Iggy Cohen tem bastante trabalho também, mas exceto por um momento ou outro, pouco se ouve na mixagem. Agora, o vocal não desceu. A fofice de algumas letras, já na faixa de abertura, “Every Time She Smiles”, não dá liga e me embrulha o estômago. Os timbres de teclado são bem questionáveis também. O eletrônico que permeia boa parte do trabalho eu passo também. Assim, salvo pela metade, o Petrucci da vez e o batera que está pouco se lixando para os falsetes sofridos do vocal e desce a mão quase sempre. Ficou apenas perdido no início da monotonia da última faixa, “Methylene Blue”. Na parte instrumental ao fim da canção, ele volta a ser o que é durante todo o disco. O destaque absoluto do álbum. Em suma, o conjunto da obra é uma mistura que não combinou, acrescida de algumas inevitáveis referências mais óbvias à obra do Dream Theater, como nas oitavações de “As You Go”, uma cópia bem descarada de “Solitary Shell” (que, para ser justo, já dava uma copiada braba no Yes clássico, em especial em “Wonderous Stories”). Se eu já não sou chegado na “Solitary Shell” original, o que dizer da cópia. Esse arremedo de Dream Theater com coraçãozinho de Coldplay não desceu.  O que é, honestamente, um desperdício de bons músicos. 

José Paulo: Quando vi a capa e o nome da banda, já pensei: “puxa lá vem mais uma daquelas bandinhas americanas de rock alternativo, vai ser difícil…”. Qual não foi a minha surpresa ao saber que o Distorted Harmony é israelense e o melhor de tudo, faz um “put* de um som!!!” Chain Reaction é um metal progressivo com melodias muito agradáveis e quase nada cansativo de ouvir. Bem … talvez a faixa “Methylene Blue” poderia começar no quarto minuto de duração para ser perfeita, mas na maioria das vezes o som me lembrou algo dos últimos discos do Evergrey ou o instrumental quebrado da fase mais moderna do Fates Warning, ou seja, só coisa boa! Não vou negar que o disco tem seus pontos baixos e do lado negativo, algumas partes eletrônicas me incomodaram um pouco, como em “Nothing (but the Rain)” ou na introdução de “As One”, mas músicas como “Every Time She Smiles”, a espetacular “Children of Red” e “Natural Selection” com um belíssimo refrão compensam tudo. Ah, também não posso deixar de citar a singela e muito bonita “As You Go”. No geral é um trabalho muito, mais muito bom mesmo e com toda a certeza, de todos os indicados para 2014 esse é de longe o que mais gostei e creio, irá fazer parte das minhas audições regulares por um bom tempo ainda. E para terminar, uma reflexão que tive após ouvir esse álbum do Distorted Harmony, que é a satisfação e gratidão de poder participar da Série Novidades HM, quando temos a oportunidade de conhecer e ouvir discos como Chain Reaction, até a tortura de passar quase 45 minutos escutando um tal de The Struts acaba valendo à pena.

Kelsei: Em 2014 já havia uma boa leva de bandas influenciadas pelo som que misturava o instrumental com o digital. Aqui na série temos dois excelentes exemplos, sendo os pilares que moldaram esse “gênero musical”: o Protest The Hero e o Periphery. Essa salada musical foi muito usada nos anos permeando 2010. O Distorted Harmony nasceu em 2009, ano que essa vibe de alternância de gênero começou a bombar. Só que esses israelenses (sim, ou você achava que só tinha a Orphaned Land por lá?!) tem um pé no progressivo da década de 90. Nessa época fica fácil saber o que moldava o gênero: Dream Theater. A Distorted Harmony é, portanto, a primeira banda que eu encontrei que trabalha um mix do progressivo da década de 90 com a mistureba musical dos anos 2010. Isso é bom e é ruim. É bom porque, querendo ou não, é algo novo. Pegar um intervalo de vinte anos musicais e criar um molde é um tanto diferente. E é ruim porque pegar dois estilos muito distintos é fazer mais mistureba musical. É como fazer um bolo com muito fermento e acrescentar um novo ingrediente cuja matéria-prima é fermento. Fermento demais perde o bolo. A faixa inicial, “Every Time She Smiles” talvez seja a faixa mais acessível do álbum e que tem o pé mais calcado no Dream Theater. Acho o andamento dela muito legal e ela é bem digerível. Aí o álbum te engana e você se prepara para ouvir outras faixas baseadas na inicial. Já diria aquele bordão do Chaves, “71 pessoas enganadas!”. Da segunda faixa em diante, temos um amontoado de músicas que não são ruins, mas que não seguem os elementos que fomos moldados a ouvir, mesmo com as quebras de tempo progressivas que temos contato. “As One” é Periphery puro! O timbre do vocalista Michael Rose não tem um baita alcance, além de ser uma daquelas “vozes bonitinhas”, que cabem até em baladinhas estilo Linkin Park. Uma balada também é o que falta nesse álbum – “Hollow” até que começa prometendo, mas sai dos acordes limpos rapidamente. No geral, o mais importante aqui é ter contato com uma maneira diferente de ver como o progressivo é trabalhado. Se dá certo é outra história. Quem nasceu na década de 2000 vai aprovar. Quem nasceu antes, poderá torcer o nariz nas primeiras impressões. Se insistir (como eu faço), acaba pegando gosto.


Free Spirit – All The Shades of Darkened Light

Sugestão de: Alexandre B-Side
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Alexandre: Mais uma banda de hard rock que vem dos países frios da Europa, o que vem se tornando uma tendência cada vez mais forte, conforme estes anos de resenha no Novidades HM vêm avançando em direção ao presente. A banda é da Finlândia, encontra-se em atividade, mas este seu segundo álbum de 2014 é o último que lançaram. Então, ainda que haja várias gravadoras como a Frontiers apostando em lançamentos em formato físico, este Free Spirit, ao que parece, não avançou muito desde 2014. O trabalho em si peca, no meu entendimento, por falta de peso e principalmente pelo excesso de artificialidade nos vocais. Entendo que essa extrema polidez é uma marca constante nos backing-vocals do gênero em si, que aliás mistura o Hard Rock com o AOR. Também entendo que tal polidez poderia ser menos presente nos vocais. Já na primeira faixa, “Nights of Paradise”, a coisa descamba de tal sorte que haja antiácido para tanta xaropada. Considerando que os teclados entregam aquela base empastelada que se junta aos artificiais vocais e que a cozinha não sai do padrão mais básico, exigência do gênero, não sobra muita coisa para tentar dar “aquela força” né?! Isto posto, salvam-se os solos e algumas partes de músicas onde as bases estão menos desaparecidas da mixagem, como “Ever Come True”, faixa 4 do trabalho. Até os solos às vezes somem na mixagem, como a horrorosa “The Dew of the Rose”. As guitarras de “Storyline” são chupadas de “Hysteria” do Def Leppard, a bíblia do gênero. E não, a “Hysteria” neste disco é outra, não é um cover. Só o título é igual, o resto segue a cartilha, mas não copia. Os refrões acompanham o bê-à-bá da cartilha do hard açucarado, aliás, como em todo álbum. Isso aqui é para o die-hard fã do gênero. E deixo claro, nada é mal feito. Pelo contrário, tudo está certinho. Certinho em exagero; falta alma.  10 músicas esquecíveis e “a leve impressão de que já VAI tarde”… (adaptado da letra de Chico Buarque e Francis Hyme em “Trocando em Miúdos”).

José Paulo: Já nos primeiros segundos da música que abre o disco fui surpreendido com um som totalmente “farofa” bem anos 80 e, falando por mim, uma ótima surpresa. Ainda não conhecia a banda finlandesa que já estava no seu segundo álbum e que apesar de não demonstrar no som, é um sexteto, com duas guitarristas e um tecladista. A primeira coisa que me chamou a atenção foi o início da faixa de abertura “Nights in Paradise”, principalmente o trabalho de guitarra, que me lembrou a melodia do refrão de “Intuition”, da norueguesa TNT, o que já é uma ótima referência. E por falar em guitarras, em contraponto aos outros músicos que são medianos, os vocais de Sami Alho chegaram até a me incomodar um pouco, mas os guitarristas se destacam demais pelos excelentes solos, riffs inspirados e ótimas harmonias, até mesmo quando as canções passam do ponto e soam pops demais, como em “Burning Love” e “Carry On” – eles dão um jeito de deixá-las um pouco mais interessantes. Como ponto positivo, além dos já citados representantes das seis cordas, são as influências que vão desde Def Leppard da fase “Hysteria” e “Adrenalize”, o TNT da época do “Tell No Tales” e “Intuition” e um pouco do velho “Icon” do Night of Crime. Os backing vocals chamam muito a atenção, pois estão sempre muito bem encaixados. As que mais gostei foram “Fever”, bem hit americano anos 80, “Living Tattoo” com um ótimo e marcante riff, a melódica “Hysteria” claramente influenciada pelos “Leopardos” com um solo econômico, mas belíssimo e “The Dew of the Rose” que também é puro hard/AOR anos 80 – essa foi uma das que me lembrou o Icon. All the Shades of Darkened Light pode não ser nenhum clássico do estilo, mas também não deve ser um disco desprezado por quem aprecia esse tipo de som, foi uma audição muito agradável e me deixou bastante curioso para ouvir os outros trabalhos do Free Spirit.

Kelsei: Para fãs do Bon Jovi atual sem o Sambora e rádios de rock oitentista mela cueca. Quando eu vi a capa eu pensei no tão manjado Sunset Strip e a primeira faixa já me transportou para aquela ambientação que desesperadamente quis sair nos próximos 45 minutos. Meu Deus, que tortura foi ouvir isso aqui. Olhava para o relógio de vinte em vinte segundos. Mas já que eu não acerto os seis números da Mega Sena, pelo menos acertei como todas as canções seriam à frente do que me era executado. Se você está achando que eu estou exagerando coloca “Carry On” e me fala o que achou. Teclados tão sólidos quanto isopor. Vocais tão agressivos quanto um poodle. Potência de plumas ao ar. Vi que são da Finlândia. Não foi a primeira vez que apareceu uma banda de hard rock da Finlândia. Por favor finlandeses, fiquem com o Power Metal Melódico que vocês fazem bem. Parem de apostar no AOR. Vão caçoar das obras clássicas que vocês precisam estudar nas escolas que o resultado é muito mais positivo. E “Carry On”, só do Angra, por favor.


Siena Root – Pioneers

Sugestão de: José Paulo, o JP – “A” Enciclopédia
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Alexandre: Nunca tinha ouvido falar. É mais uma banda sueca na linha hard, mas desta vez calcada no passado do início setentista, até sessentista. Ou seja, nada tem a ver com o cast da Frontiers, por exemplo. E é uma surpresa agradável, embora nada haja aqui de surpreendente. A tônica aqui é de canções que remetem principalmente ao Deep Purple, com algo de Uriah Heep, bastante calcadas nos riffs de Matte Gustafsson, que faz bonito durante todo o trabalho. E tome órgão Hammond e Leslie Rotary Speak nos efeitos de guitarra e teclados, para compor a mistura retrô.  Há duas faixas que fogem um pouco desta referência. “Keep on Klimbing”, pelo andamento modorrento que destoa do trabalho, é a que menos gostei. Em contrapartida, “In My Kitchen” trabalha em climas suaves durante mais de 9 minutos, com espaço generoso para um piano elétrico muito bem colocado. O resto é a cara do Purple. “Spiral Trip” tem um duelo bem bacana entre teclados e guitarras.  As pausas em “7 years” são a cara de “Child In Time” ainda que mais enxutas. “Root Rock Pioneers”, a quase faixa título, tem um novo duelo de guitarra e teclado para trazer uma levada que lembra imediatamente “Lazy”, do histórico Machine Head. É uma música quase sem vocal, com bastante espaço para os solos. A maior diferença é que o vocal não tem a exuberância de um Ian Gillan ou de um David Byron. É um estilo de cantar mais contido, mas agrada. Eu gostei bastante de quase tudo, mas se alguém colocar o Gillan ali vai ficar mais Deep Purple que o atual Deep Purple. Há muita qualidade, mas falta bastante originalidade. Se isso não for um incômodo, vá fundo.

José Paulo: Na época quando sugeri este disco até me pareceu uma boa ideia, mas hoje em dia, com o surgimento de uma infinidade de bandas nesse mesmo estilo, que investem e tentam resgatar a sonoridade típica dos grupos de hard rock setentista, tenho dúvidas. E o Siena Root é mais uma da safra sueca, assim como o Spiritual Beggars, The Mushroom River Band, The Night Flight Orchestra etc., que tem como influencia aquele som mais “retrô”. Pioneers já é o quinto álbum da banda. Entre todos os lançamentos, curiosamente é o que teve maior intervalo de tempo pois o seu antecessor, Different Realities, é de 2009 e, ao contrário deste, era um trabalho mais experimental e introspectivo e, apesar da pequena reclamação do início, ainda bem que eles resolveram voltar ao som setentista que os caracterizou. Para quem nunca ouviu nada do grupo, imaginemos um pouco do som clássico setentista de bandas carimbadas como Uriah Heep e principalmente da Mark II do Deep Purple na maioria das canções, mas também podemos ouvir Black Sabbath em “Keep on Klimbling” (essa a minha preferida). Tem até uma “Zeppeliana”, “In My Kitchen”, a faixa que menos gosto do álbum. Não podemos deixar de destacar a ótima performance do vocalista Zubaida Solid, como na faixa de abertura “Between the Lines”, outra muito boa! E após ouvir atentamente mais uma vez, acho que o grande trunfo do Pioneers é ser um disco enxuto e nada cansativo em seus 41 minutos de duração. se não é nenhum clássico, tão pouco é desprezível e para quem gosta das bandas citadas, vale à pena dar uma chance.

Kelsei: Releitura setentista tão deliciosa quanto manteiga no pão quentinho. Só que esse pessoal não é tão Novidade assim. A banda foi criada em 1997. Mas tudo bem, pois a excelente Spiritual Beggars nasceu em 1994, passou por aqui, foi aplaudida de pé e a vida seguiu. Confesso que a primeira faixa, “Between The Lines”, não me fisgou. Algo de “The Doors” me lembrou nela e eu dei uma brochada. Agora, passando essa primeira faixa, caímos para o Deep Purple (o antigo!). Meu amigo, o nível sobe estratosfericamente! Que sensacional que ficou a sonoridade! Que timbragem! Que nostalgia! Tudo bem que a base da Siena Root é mais o rock do que o blues, mas há também os flertes com o estilo. A segunda faixa, “7 Years”, muda os ventos do álbum (se você fechar os olhos quando a música começa e a bateria entra e não sabe o que está ouvindo, vai falar que é o Ian Paice) e quando chega a terceira, “Spiral Trip”, a coisa toda fica muito boa! Não tem como não lembrar do início de Highway Star. “Root Rock Pioneers”, quarta posição, além de ser a melhor faixa do álbum, tem uma guerra instrumental que os ouvidos derretem. Todas essas faixas que comentei junto da saideira com “In My Kitchen” foram as minhas preferidas. Um álbum de 40 minutinhos e oito músicas. Para mim, o melhor álbum entre as indicações desse ano. Que saudade que deu do Jon Lord naquele Hammond! Assim como citei com a Spiritual Beggars, esse aqui também é de aplaudir de pé!


The Struts – Everybody Wants

Sugestão de: Eduardo Schmitt
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Alexandre: Um pé no pop e pop/rock britânico, o outro tentando pisar no hard rock. Acho que funciona bem na Inglaterra, toques do lado mais comercial do Queen, mas falta um tanto de categoria nessa comparação, afinal esse é o primeiro álbum da banda apenas.  Os solos, quando existem, são bem econômicos, mas aí é se conformar mesmo, é a proposta. As guitarras entregam apenas o mínimo de drive necessário para enxergar algo de rock nisso. Em “Let’s Make This Happen Tonight” coube até uma de 12 cordas no riff principal – mais britânico, impossível. Os vocais de Luke Spiller têm o timbre parecido com o do saudoso Freddie Mercury, mas não é uma cópia e sim, provavelmente, uma grande influência. Dentro do pop eu até achei o trabalho bom, o problema é que não é exatamente “my cup of tea”. O restante da banda, no meu entendimento, apenas complementa a parte instrumental de forma a dar alicerce às composições e a proposta com bastante cunho pop. A bateria não se envergonha dos sons trigados e eletrônicos para atingir a massa. Destaco inicialmente “Kiss This” e “Put Your Money on Me”, onde se ouve um dos poucos, mas adequado solo de guitarra. A melhor música, no entanto, é “My Machine”, embora o mérito até seja meio discutível, afinal é onde a cara do Queen aparece mais. Os refrões que circundam todo o álbum são pensados para atacar o mercado como um chiclete, muita das vezes em formato de hino. O trabalho tem também o imenso mérito de ser curtinho, menos de 40 minutos. Assim, ele entrega um espírito festivo, otimista e não cansa.  Até despertou vontade de entender melhor a carreira do grupo. 

José Paulo: Nossa, o que é isso!?!?! Rock alternativo ou pop alternativo? Pop punk ou punk pop? Tem alguma diferença? Ou será que é rock pop? Sinceramente não sei responder, só sei de uma coisa:  é de doer!!! E o que não pode mais piorar, piora sim, afinal são 13 músicas!!! Na primeira faixa, “Roll Up”, eu achei que poderia ter alguma coisa errada, pensei em perguntar para o Kelsei se o disco era esse mesmo, mas conferi bem e era esse mesmo. Na segunda, “Could Have Been Me”, pensei: “Não é possível, acho que deve estar errado, vou perguntar para o Kelsei”. Fui conferir mais uma vez e não é que o disco é este mesmo. Está difícil! Bom, musicalmente, acho que é aquilo que foi citado acima, um Rock Pop ou alternativo, talvez pop punk glam radiofônico, não sei se existe esse “rótulo”, bem gravado e certinho. Feito para figurar nas primeiras posições das paradas, isso até pode ser bom para a maioria, mas falo com toda a certeza: para o meu gosto não.

Kelsei: Disco de estreia de uma das bandas que apareceram como “novidade” na atual lista da Kiss FM nas 500+. Despretensioso e leve. Esses britânicos se basearam muito no The Darkness, criando um rock de rádio dançante. Músicas curtas e todas tem uma vibe de glam rock. E acho que aqui fica o bom e o ruim dessa banda: de um lado eles conseguiram criar uma marca bem própria – o som é bem honesto, não aparenta ter um bando de produtor por detrás para tentar vender música pop. Agora, a estrutura das canções eu torci o nariz. São muito curtas. Tem faixa que quando você começa a curtir, ela acaba. No geral é bem gostoso de ouvir, mas com certeza não vou colocá-lo novamente por vontade própria, porque é bem distante do que eu ouço (agora, se o Brian May desse umas aulas para os garotos para ensinar como deixar uma música de rock com elementos pop tinindo – aí sim eu ouviria outros álbuns). Se um dia a faxina lá em casa não estiver rendendo, talvez eu coloque “Black Swan” para dar uma agitada no ambiente.


No próximo episódio completaremos 15 anos de resenhas! Nem se os ETs do Rolf me dissessem que debutaríamos eu acreditaria!

Beijo nas crianças!
Kelsei



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4 respostas

  1. Escolham um pra gente entrar

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  2. Pra você, Rolf? Honestamente eu não indicaria nenhum, mas se é pra escolher, iria no Free Spirit – All The Shades of Darkened Light . Genérico, mas tem mais conexão contigo que os outros.

    Pessoal,, aproveito para agradecer novamente a oportunidade de participar, ver as opiniões às vezes completamente discordantes e tentar conhecer algo novo nesta minha ranzizice infindável.

    Vamos para 2015

    Beijos nas crianças ( não é isso, Kelsei?)

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