
E iniciamos a segunda metade da primeira década! Com o pé esquerdo ou com o pé direito, só lendo as resenhas para saber…
A temática você já conhece. Com os álbuns ordenados por ordem alfabética de banda, você recebe em mãos uma novidade musical (nesse caso, do ano de 2005). As resenhas dos nossos especialistas são uma base para que você possa aprender cada vez mais, mas não se acanhe com elas – escute os álbuns e amplie seu vocabulário musical.
E se quiser participar com a gente de próximos episódios, ou deixar suas próprias impressões sobre essa seleção abaixo, deixe nos comentários.
E cadê essa vacina hein?!?!?!?!
Atualização: acesse nosso guia da série, com todos os anos até o momento resenhados, clicando aqui.
10 Years – The Autumn Effect

Sugestão de: Alexandre B-Side
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Alexandre: O álbum começa muito bem e acho que foi por isso que o indiquei, pois a minha ideia nessa série é correr um pouco de risco e se aventurar em não conhecidos trabalhos. Esse álbum, terceiro da carreira do grupo, levou-os ao mainstream e conseguiu disco de ouro nos EUA. Prometia. Resolvi apostar na banda, ainda que o estilo não me motivasse tanto, o tal post-grunge, alternative metal ou Nu Metal, sei lá. A primeira faixa “Waking Up” me agradou bastante, como citei, destaca-se a parte onde o som é limpo e também a levada de bateria. A partir da segunda música, no entanto, o vocal começa a me cansar, ainda que não tenha a caracteristica voz “ovo na boca clone do Eddie Vedder”, que é a maioria nos grupos post grunge. E em geral dentro de todo o álbum é muito meloso e enjoativo mesmo. Percebe-se que a cozinha, em especial o batera, tem qualidade, gostei do trabalho da dupla em “The Recipe”, terceira canção. Mas é só isso, um som limpo da guitarra cristalino muito bem gravado e uma cozinha muito boa. Quando entram os drives, vem o “lugar comum” junto. O resto é um verdadeiro porre e talvez não agrade nem os apreciadores desse post grunge, já que não é exatamente a repetição da fórmula. O que vai provavelmente significar não ser agradável pra quem não curte também. Nem dá pra entender como venderam tanto. Não há um mísero solo de guitarra, ô praga dos infernos essa modinha do início dos anos 2000. A faixa-título é um exemplo clássico do que não se fazer em 9 minutos. O cúmulo do desperdício de tempo. Arrisquei e errei. Não aconselho. No máximo a faixa de abertura e olhe lá.
Eduardo Schmitt: Salvo engano, este é o álbum que, até o presente momento, mais dificuldade tive em comentar. Desde a primeira música, a banda apresenta um pop hard rock moderninho que me incomoda demais. Não consigo apontar quase bandas que a 10 Years tenta emular, pelo simples motivo que não escuto este tipo de som, mas sei que já ouvi essa sonoridade em rádios, rapidamente trocados, bares de qualidade duvidosa e consultórios dentários falsamente moderninhos. O pior que não consigo odiar a bolacha. Ela se propõe a fazer algo e a faz de maneira competente. Vocal redondo, afinado, instrumentação precisa, mas tudo sem alma, sem personalidade marcante. E talvez mesmo o objetivo seja não ter identidade forte, apenas entrar na onda, e seguir com ela o quanto puder. Eu “furarei” esta marola sem força, e espero pela próxima série.
Flávio: Bom, começamos mal. Todos os sintomas de uma doença chamada Nu Metal estão aqui: de cara não tem solos de guitarra (vão dizer que aqueles trequinhos são solos? nem fu….), e se vamos começar a discutir a importância dessas passagens, é melhor nem prosseguir. As músicas tem aqueles refrões repetidos até cansar com um vocal totalmente sem sabor, que não vai para lugar nenhum e reforçado com 2a voz confusa no próprio refrão, um som abafado de guitarra com teclado, um baixo que de vez em nunca arrisca algo, que vou te falar ainda que é o que pouco se salva nesse treco. E depois de insistir para lá e para cá, realmente em termos de música, não desenvolve nada, não destaca nada, nem lavando a louça aqui. 47 minutos que pareceram 47000.
José Paulo: Não conhecia a banda e, para ser sincero, nem imaginava do que poderia se tratar, entretanto a primeira coisa que me chamou a atenção foi a capa, muito bonita por sinal. Porém, quando fui fazer uma breve pesquisa do que se tratava, notei que já era um nome conhecido e até fez um certo sucesso dentro do cenário americano. Musicalmente o 10 Years me pareceu aquele típico grupo de Rock Alternativo com pitadas bem generosas de pop que encontrávamos aos montes nos Estados Unidos nessa mesma época. A primeira faixa, “Waking Up”, até me chamou certa atenção, com boas harmonias de guitarra e um refrão bem melódico e agradável de ouvir, mas apesar da boa impressão inicial, parece que essa música começou a tocar infinitamente em looping, com bases parecidas. Vocais, melodias e arranjos com poucas variações entre si se repetem até chegar em “Wasteland”, o single do disco e, pelo visto, maior sucesso da banda, mas que não me diz nada e só não é mais chata que a balada “Seasons to Cycles”, essa sim difícil de aguentar. Depois deste ponto o disco dá uma pequena melhorada apostando em um som um pouco mais denso, algo mais próximo do Grunge, porém igualmente repetitivo – fico surpreso comigo mesmo ao escrever isso, já que o Grunge é um estilo musical que não tenho nem um pequeno apreço. Depois de 12 faixas finalmente começa a última que dá nome ao disco, ao contrário das músicas anteriores que variavam entre 3:00 e 4:21 minutos, “The Autumn Effect” tem nada menos do que 9 minutos e 32 segundos de pura chatice, estragando algo que estava começando a melhorar. Agora que tudo terminou, estou tentando me lembrar de algo, mas não consigo: acho que durante toda a audição do disco não ouvi sequer um único solo de guitarra, será? The Autumn Effect, pelo menos pra mim, não vai deixar saudade alguma, afinal de contas, nem me lembro mais de nenhuma das músicas que acabei de ouvir.
Kelsei: A capa junto dos segundos iniciais de “Waking Up” me enganaram! Pensei que ia começar um daqueles progressivos de dar nó no cérebro. Sedento por uma canção de 15 minutinhos, a distorção na guitarra entra e, junto com a cozinha, delata um post-grunge. Já tivemos uma banda desse estilo aqui, em 2002 – o Breaking Benjamin. Apesar da cerne instrumental do 10 Years ter a mesma intenção, aqui temos um inclinamento para um som menos mainstream (dentro das possibilidades do estilo). Temos o uso de uma guitarra limpa junta das distorções (até violão, às vezes), algumas passagens fora da linha rítmica padrão (mais evidentes em “Cast It Out” e “Through The Iris”) e um vocalista que não tem um timbre tão comercial, o que tomba o som da banda, em certos momentos, para o rótulo de “alternativo”. A mão da banda tem um dedo no Silverchair, um dedo no P.O.D., um dedo no Stone Sour, um dedo no 30 Seconds To Mars e o dedinho fica a cargo do Linkin Park (pelos efeitos na guitarra). O álbum é bom, mas nada estupendo. Até a metade eu gostei demais, mas da metade para o fim ele perde fôlego e não trás grandes momentos. Mas dá para lavar uma louça com vontade!
Circus Maximus – The 1st Chapter

Sugestão de: Kelsei
Ouça você também:
Alexandre: Disparado o melhor álbum dessa lista de 2005, fácil. Aliás, está facilmente também entre os três melhores desta série, sem muito pensar. A banda faz uma inegável mistura de prog metal, muito inspirado pelo Dream Theater (quem não foi?) com refrões (refrãos???) mais acessíveis e um vocal que me lembra o timbre do Russell Hitchcock, do Air Supply. E esta junção é o que faz a banda ir além do virtuosismo inquestionável dos seus músicos, que é a grande armadilha de inúmeras outras bandas competentes. Só vou fazer um senão: para o meu entendimento, a faixa-título peca em seu exagero, tanto no arranjo quanto no tamanho. Muito tempo para um instrumental não tão inspirado, com um arranjo orquestral que beira o enfadonho. Até as linhas vocais não me agradaram. O disco tem cerca de 60 minutos (deixando de lado as faixas bônus). Poderia ter 40 minutos, sem a faixa título e seria perfeito. O restante do material, no entanto, é muito promissor, olha aí uma banda que vou buscar conhecer mais. É evidente que vão encontrar apreciadores dentro do gênero prog metal, talvez não seja de apreciação aos que não curtem esta mistura. E os apreciadores do prog metal podem entender que há trechos muito parecidos com algumas canções do Dream Theater, como “This Dying Soul”, logo na faixa de abertura, trechos de “A Change of Seasons”, “Solitary Shell”, “Fatal Tragedy”, por aí vai. No meu entendimento, são citações/influências dentro de um limite bastante aceitável. Meus destaques são as duas primeiras faixas, “Sin” e “Alive” (com aquele timbre de teclado do Awake, do Dream Theater) e a balada “Silence From Angels Above”, que tem um timbre de melotron muito bem escolhido. As outras 4 faixas também estão em ótimo nível, talvez a instrumental “Biosfear” tenha se calcado demais sua influência na faixa “Dance of Eternity”, novamente do Dream Theater. Não me incomodou, também. O vocal é espetacular e traz exemplos de boas linhas graves (nas estrofes iniciais de “Glory of Empire”, por exemplo), embora se situe na maior parte do tempo em um alcance mais agudo e extraordinário. Outro ótimo exemplo do uso de tons graves é no início da citada balada “Silence From Angels Above”, lembrou-me o Geoff Tate, do Queensrÿche. Todos os instrumentistas são excelentes, ninguém consegue fazer um som desses não sendo um autêntico virtuoso. Gostei demais, espero que o ótimo nível das composições se mantenha nos demais álbuns do conjunto, tarefa que vou em breve tentar cumprir. Acabei nem ouvindo os bônus, de tanto que ouvi as faixas, várias e várias vezes. Posso considerar essa a melhor dica de banda desde o início da série. Obrigado, Kelsei!
Eduardo Schmitt: Criada pelos irmãos Mats Haugen (guitarra), Truls Haugen (bateria), acompanhado de Michael Eriksen (voz). Circus Maximus é uma banda norueguesa de metal progressivo que faz juz ao nome. As variações rítmicas características do estilo são presentes e muito bem encaixadas. Um ponto a se destacar é que as canções com andamento mais lento, as famosas baladas, conseguem um bom resultado, o que credito ao seu vocalista, que consegue imprimir uma expressiva personalidade em suas interpretações. Interessante os diversos climas que a banda consegue incutir em cada uma das músicas do álbum. E é claro, a “piece-de-resistance”, do álbum que é a faixa intitulada “The 1st Chapter”. É um verdadeiro épico, na essência da palavra. Fecha com chave de ouro: climas, riffs, vocais, tudo em mais lato nível. Ótima dica.
Flávio: A banda das terras geladas traz em seu disco de estreia uma referência óbvia: Dream Theater e seus asseclas, no caso do primeiro, da fase com um vocalista que cantava bem. Os circenses esbanjam talento nas passagens intrincadas e menos orquestrais que a fase atual banda mãe. Novamente um som que agradará aos fãs de prog-metal mais tradicionais, com boa presença de teclados, sem os abusos atuais da inspiradora. A guitarra, que usa afinações mais graves em alguns momentos, os tais arpegios e as fritações naturais do movimento. Vocal que lembra os bons vocalistas como Kansas e Rush, bem agradável, e que raramente apela para entoações sussurrantes irritantes e super berros falseteantes exagerados. Cozinha bem encaixada e o baixo faz aqueles tappings, isso é quase obrigatório do estilo. Gostei da primeira, achei a 3a (“Glory of the Empire”) razoável. A 4a é uma instrumental com umas escolhas de timbres de teclado que poderiam ser melhores, mas estão bem aplicadas. “Silence From Angels Above” é uma balada bonita, e no final tem a épica faixa título, às vezes esquisita e bem longa para um primeiro capítulo, porém tudo conforme previsto. Tá bom por esse, vai galera nerd prog atrás do disco e dos outros, que é bem legal; olha, é capaz de eu ir em um ou outro também.
José Paulo: Como o título do álbum já entrega, este é o primeiro lançamento da banda norueguesa de Prog Metal e como principal curiosidade, o vocalista Michael Eriksen chegou a substituir Roy Khan no Kamelot entre 2010 e 2011. Já de início é possível citar como destaque a bela capa e o extremo bom gosto de todas as composições, porém elas brilham ainda mais em temas como a belíssima “Alive” com suas melodias maravilhosas, até com uma certa influência de grupos de neoprogressivo, algumas linhas que lembram o Dream Theater e talvez o mais belo solo de guitarra de todo o disco. Além desta, posso destacar as duas músicas mais longas do álbum, “Glory of the Empire” e a faixa título com seus 19 minutos, uma letra épica e muitas mudanças de andamentos que não deixam a composição ficar cansativa. Particularmente me incomodou um pouco o timbre usado pelo guitarrista Mats Haugen, sobretudo em algumas bases, mas em contrapartida não dá para deixar de falar do gigantesco talento do vocalista Michael Eriksen, é um absurdo como canta esse rapaz!!! Não há muito mais o que falar de The 1st Chapter, mas se alguém que estiver lendo essas resenhas por acaso ainda não conhece o disco, sugiro que procure ouvir o mais rápido possível, nele você encontrará músicas de extrema qualidade e bom gosto, além de um cantor muito acima da média. Particularmente acho que esta foi, de longe, a melhor indicação de 2005!
Kelsei: Sim, Circus Maximus é mais uma banda de Metal Progressivo que tem seu som calcado no Dream Theater – que atire a primeira pedra quem não lembre de “This Dying Soul” quando a primeira faixa, “Sin”, se inicia (o riff inicial é praticamente um plágil). Esses noruegueses, inclusive, tinham uma banda cover de DT antes de montarem o Circus Maximus. Entretanto, a partir da segunda faixa, “Alive”, a influência dos americanos não fica tão escancarada aos ouvidos. A audição é fácil, sem ultra-velocidades, mas com um progressivo certeiro, sem soar enjoativo. Todos os músicos são extremamente competentes. O uso de violão é bem mais presente nas melodias, o que para mim é um ponto adicional, pois, dentro do universo progressivo, é um instrumento que contrapõe muito bem. Eu gosto muito do meio desse álbum, com “Glory of the Empire” e a bela “Silence From Angels Above” sendo destaques (essa aqui, tem um dedo de Queensryche que quem é fã tem que ouvir). Outro ponto positivíssimo é a última faixa, homônima ao álbum – como é bom ouvir uma musiquinha de 19 minutos com várias quebras e andamentos (nessa faixa, inclusive, fica muito clara a influência dos suecos do A.C.T., no que tange a temática circense). Na minha opinião, o Circus Maximus é uma das melhores bandas dos novos tempos. Se você não gostar do som, ao menos vai conhecer o álbum que fez o próprio Dream Theater ser acusado de plágio na capa do “A Dramatic Turn of Events”.
Galneryus – Advance To The Fall

Sugestão de: Flávio Remote
Ouça você também:
Alexandre: De início eu achava que se tratava de mais um trabalho de Power Metal. O prelúdio inicial instrumental sinfônico seguindo-se com a indefectível faixa super acelerada, dobras e harmonias de guitarra, 2 bumbos em profusão, na velocidade da luz e, pra fechar o círculo, o vocal agudo. Tava tudo lá, ainda que a parte intermediária da tal faixa super acelerada tenha trazido “alguma esperança”. Confesso que nunca avancei no gênero além do Helloween e do Angra. Acho inclusive que talvez seja o subgênero do metal onde há mais exemplos de conjuntos que seguem a mesma cartilha, tudo se repetindo à exaustão. Bateu o desespero, confesso, que ainda piorou quando entrou a faixa “Ancient Rage”, evocando todos os seguidores do Yngwie Malmsteen a se unirem em culto shred ao guitarrista Syu. Aquilo realmente me desanimou – mais de uma hora de metal espadinha ia ser dose. E ainda que não pudesse rotular o estilo do conjunto como Power Metal na essência, fato é que a maior parte do álbum não traz nada além disso e em todos os aspectos mais comuns ao gênero, acrescidos do Neoclássico metal a lá Malmsteen. A partir da faixa “Fate Of The Sadness”, no entanto, comecei a ver muito levemente uma luz no fim do túnel. Bastou reduzir a velocidade da espaçonave para um desejável “ritmo de cruzeiro”, que alegria! O meu gosto mais pessoal atura melhor o metal neoclássico do que o power acelarado, principalmente há certo tom de prog-metal na parte intermediária, desta forma pude apreciar de forma mais atenta o trabalho. Do meio do álbum pra frente, as faixas revezam-se entre a indesejável “cavalaria power” e os momentos mais calmos, onde consigo perceber algo além da inquestionável categoria técnica dos músicos. Faço uma crítica ao excesso do uso dos dois bumbos pelo baterista Junich Satoh. Trata-se de um ótimo músico, mas que até em faixas de andamento teoricamente mais cadenciado não abre mão dessa ferramenta. Há um desperdício considerável do clima mais calmo da faixa “Dream Place”, quase um hard rock, pela insistência do referido baterista. “Whisper of the Red Sky” é a faixa que destaco no álbum, apesar da nova insistência dos dois bumbos no refrão “espadinha”. “Eternal Regret”, apesar do vocal meio meloso em demasia, também se salva. No fim das contas, infelizmente, acho que os contras superam os prós, há muito mais faixas no lugar comum e utilizando das armadilhas do gênero mais utilizado do que a perfeição técnica do conjunto. Vale para quem quer uma mistura asiática do Helloween com Malmsteen, onde está longe de ser um problema a pronuncia não tão perfeita do vocalista Yama-B.
Eduardo Schmitt: Essa banda japonesa de Power Metal, formada em Osaka no ano de 2001, é uma bela surpresa vinda da terra do sol nascente. Este é o segundo álbum da banda, e me parece uma banda muito consistente na musicalidade que quer apresentar. Após a intro, a banda já apresenta uma clássica peça de Power Metal, com andamento acelerado e bumbo duplo; enfim, um clássico pra quem professa esse mantra powermetaliano. Mas para o meu gosto, as grandes pérolas são as músicas com andamento médio. Nessas canções a banda mostra o seu melhor, e ressalto o vocal de Mashiro ‘Yama-B’ Yamaguchi. Impecável. Grande destaque pra música “Fate of the Sadness”. Uma das melhores músicas “novas” que ouvi ultimamente. Mais uma grande dica.
Flávio: Bom, para começar não podemos deixar de perceber que a banda japonesa é habilidosa, são arpegios calcados em cima de arpegios, com ataque guerreiro dos dois bumbos massacrationizando nossos ouvidos. De vez em quando rola aquelas super quebradas de ritmo que lembram as bandas de prog metal, mas num geral isso é Metal Neo Clássico acelerado, misturado com o tal lálálá. E é um Arakiri Vocal Melódico, o tal Yama-B solta todas as pregas com vontade aqui, fiquei com medo de vê-lo ao vivo. Vamos lá que lembra os discos do Malmsteen pacas, tanto pelo “andante” como pelo guitarra visivelmente calcado no sueco. Vamos a alguns petardos. Começa como? Com uma intro instrumental (tá, conta alguma novidade aí, Flávio). Ok, vamos a 2a: “Silent Revelation”. Aqui a cavalgada come solta; estamos indo para guerra, acho. Em “Ancient Rage” tem um pedaço que me desanima: o lálálá acompanhado só de piano (que lindo – quase vomitei). Mas num geral, rola um timbre de teclado bem “Trilogy”, aí dá para animar. A tal “Deep Affection” mata minha saudade dos medianos tempos e com os requintes de boomerang pela culatra de crueldade, aquele coro bélico, junto com lálálá trazendo aquela ânsia…oh sentimento indescritível. E não dá para dizer que eles não tentam se reinventar: em “Eternal Regret” (nome apropriado) rola quase um pedaço de samba. Para fechar, temos que falar que a guitarra, vez em quando, repete a melodia vocal junto com o piano “Clayderman”, é para chorar! Imagino os celulares acesos. Enfim, como perceberam, gostei bem dos japonas….
José Paulo: Finalmente, finalmente! Finalmente um álbum que gostei de verdade!!! Mas pera aí, deve ter algum erro. Kelsei, você tem certeza de que foi o Remote quem indicou o Galneryus? Ou será que é outra banda homônima que coincidentemente gravou um disco com esse mesmo nome? Falando sério agora, quando fui pesquisar algo mais sobre a banda, notei que o baterista Junichi Sato tocou no Concerto Moon e na minha opinião, esse é o melhor nome do Metal japonês da atualidade, então mesmo sem ouvir o álbum, já começamos com uma boa referência. O Galneryus é o típico grupo japonês de Heavy/Power Metal melódico e aparece aqui no seu segundo disco. Musicalmente, lembra ícones do estilo como o Sonata Arctica dos primeiros discos, principalmente no Silence e Winterheart’s Guild. O Angra também é outro nome que lembramos quando ouvimos o referido disco, porém quando comecei a audição do Advance to the Fall o som logo me remeteu aos momentos mais Melodic Power de outro ícone do Japão, o X Japan, principalmente em músicas como “Silent Jealousy”, apenas para citarmos um exemplo. Podemos ouvir todas essas influências concentradas em “Deep Affection”, que é uma boa música, com toda a certeza uma das melhores. O que encontramos neste Advance to the Fall foi um disco bem coeso, meio clichê e até um pouco exagerado, mas a qualidade da totalidade do disco compensa todos esses defeitos, pois é extremamente melódico e com músicos competentíssimos em seus instrumentos, como na instrumental “Glorious Aggressor”, onde todos mostram as suas habilidades, com destaque para o guitarrista Syu. Já em “Whisper in the Red Sky” as melodias vocais, principalmente no refrão, lembram o Angra e é outra boa faixa, assim como “Ancient Rage” que se ouvisse sem saber, pensaria que era o X Japan. Temos a sem graça “Eternal Regret” e “The Scenery” que com uns efeitos bem esquisitos de teclado, essas duas são pontos mais fracos, mas não chega a estragar o trabalho como um todo. Com toda a certeza se eu tivesse conhecido este disco na época do seu lançamento, ele seria ouvido por mim com bastante entusiasmo, porém hoje em dia já não tem o mesmo impacto. Mesmo assim achei uma ótima recomendação e tentarei conhecer outros trabalhos lançados pelo grupo! Esse valeu!
Kelsei: O Remote está se mostrando um cara viajado! Em 2004 esteve na Suécia, agora em 2005 foi para o Japão. E indicando uma banda de Power Metal! O Japão sempre foi um consumidor paranóico de Power Metal e Metal Melódico – até hoje é. Evidente que uma hora esse país precisaria criar alguma coisa vinda de seu próprio povo nipônico. Sempre achei os japoneses excelentes executores em qualquer coisa, e aqui até que não é diferente, salvo algumas limitações. O álbum é cantado em inglês e é bem tocado, recheado de clichês, muitos vindos do Stratovarius e do início do Sonata Arctica. O vocalista tem sim sotaque e alguns problemas de pronúncia (falou aqui o nativo americano), o que dá um toque próprio ao álbum (em certos pontos eu me senti em um episódio do Jaspion), mas é o músico mais fraco – não achei que a voz dele seja potente para o que o estilo pede. Já o guitarrista solo, em faixas como “Silent Revelation” tem um timbre que me lembrou a guitarrinha de abertura do jogo Top Gear, para o Super Nintendo (e isso não é um elogio – o Dragonforce sabe fazer esse som de videogame em estúdio de uma maneira muito mais elaborada, por exemplo). Apesar de bem executado, o álbum não prende atenção, com muitos trechos altamente previsíveis. Chega a ser insosso. Gostei de algumas poucas coisas, como o instrumental de “Fate of the Sadness” e de “The Scenery”. É coisa para japonês sentir seu nacionalismo musical e para ter uma banda local abrindo shows dos europeus quando eles vão à terra do sol nascente.
Hatmann – Out In The Cold

Sugestão de: J.P. – A Enciclopédia
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Alexandre: Esse é um caso bem raro em minhas avaliações. Botei o álbum pra tocar e de imediato gostei bastante do que ouvi. A primeira faixa, “Alive Again”, traz um hard/AOR com muita qualidade, acessível na medida certa. Segue-se a faixa-título, que é ótima, tem um clima mais grandioso com teclados. “Brazen”, a faixa que vem na sequência, tem um falsete que me incomodou um pouco, mas de resto é outra ótima canção, com violões no início e um refrão competente. A quarta música, “The Same Again”, começa a mostrar um lado que me incomoda mais, a opção do arranjo por usar uma bateria voltada a sons eletrônicos eu dispensava. A música, no entanto, se sustenta, é outra faixa mais melódica com forte potencial comercial, bem competente. O baixo se destaca nos momentos mais calmos, ótimo arranjo, embora tenha ficado insatisfeito com o som mais artificial da caixa da bateria. Vem uma balada, onde a ótima voz de Hartmann se assemelha bastante com o timbre do Dave Coverdale, e já que eu não sou o Eduardo Schmitt, a música passou muito bem também. Aproveito pra elogiar todos os instrumentos, bem colocados dentro do estilo, ótimos solos. Até aqui eu achava o álbum muito bom, ainda que nada trouxesse de novidade. Destacava-se pra mim o bom nível das composições, desenvolvidas dentro de um competente instrumental e voz muito agradável. A partir da sexta faixa, a casa caiu. Na verdade a casa desabou de uma vez só. Backing Vocals femininos em exagero, arranjo com toques eletrônicos, em especial na bateria, o restante do álbum passou do recomendável do ponto vista comercial, apelativo mesmo. É realmente muito curioso como eu gostei do álbum até a quinta faixa e odiei tudo que ouvi a partir da sexta. Aliás, quase tudo, pois a balada “Can You Tell Me Where The Love Has Gone” foi o que se salvou, ainda que me pareça o comercial da Hollywood que o Coverdale gravou com o Roupa Nova quando esteve no Brasil para o Rock in Rio de 1985 ou mesmo a canção “The Last Note of Freedom”, que está na trilha sonora do filme Days of Thunder, de 1990. São o que talvez há de mais comercial entre as canções de Dave Coverdale (não pertencem ao Whitesnake), que se situam no limiar do aspecto comercial no meu entendimento e gosto pessoal. Uma pena que metade do álbum esteja além do que consigo considerar. Nem ouvi a faixa bônus, perdi a vontade O fim do álbum é muito, mas muito aquém do início.
Eduardo Schmitt: Bela voz – coverdeliana, repete até as respirações “efisêmicas” do DC. Muitas camadas sonoras de teclados genéricos. Isso nos melhores momentos. Nos piores, parece um disco do Jon Bom Jovi meio que sem inspiração. A audição da bolacha toda foi um feito pessoal, que debito ao respeito que tenho por esse projeto. Veja, é a velha questão de eficiência versus eficácia. O álbum tem uma boa eficiência. Busca um público mais mainstream ao qual atrai um approach mais meloso. Só que, do meu ponto de vista, isso é o mais distante de eficaz possível. Enfim, tem quem goste.
Flávio: Um bom início, num bom hard rock (“Alive Again”), com pitadas de blues, aproximando da carreira de David Coverdale, inclusive com o timbre vocal em bons momentos bem parecido com o suposto influenciador, principalmente na fase solo de 2000 (“Into The Light”). As músicas vão passando bem, sem grandes destaques, permeando entre baladas (“Brazen”) e rocks mais pops, até que começa uma sequência de misturas com uns trecos eletrônicos, abuso de backing vocal feminino, teclados pasteurizados (“I Will Carry On”) ou com diluição pop do hard rock inicial, tendendo para um tal hard melódico. Daí começo a ter a sensação de estar ouvindo a abertura de Malhação 2005, já que esse é o ano. Então apesar do início agradável, porém sem grandes novidades, o final traz aquela sensação de não querer mais voltar na carreira deste tal Hartmann, e se ele continuou nessa pegada final, é uma pena.
José Paulo: A primeira vez que ouvi o vocal de Oliver Hartmann foi no ótimo disco Only Human (2002) do grupo alemão At Vance, seu quarto trabalho com a banda e coincidentemente sua despedida. Nessa época, Hartmann já tinha um certo prestígio no cenário metálico, participou de várias Operas Rock como: Avantasia, Aina e Genius e antes de lançar o seu primeiro trabalho solo, o vocalista ainda gravou com a banda italiana Empty Tremor – outro bom álbum. Mas vamos falar do que realmente interessa, Out in the Cold, que por sinal é muito diferente daquilo que nos acostumamos a ouvir do vocalista no At Vance, aqui ele aposta em um Hard Rock/A.O.R. que musicalmente se aproxima muito do Prism, disco solo de Jeff Scott Soto lançado em 2002. Oliver Hartmann, além de cantar, se arrisca nas guitarras e teclados com resultados bem satisfatórios, é acompanhado pelo baixista Armin Donderer e o experiente baterista Bodo Schopf. As músicas do disco são bem niveladas entre si e se não há nenhuma faixa que se sobressaia muito acima das outras, também não há um grande destaque negativo que comprometa a qualidade do álbum. Se tivesse que citar, acho “Blazen” ligeiramente a melhor do disco, com uma ótima interpretação de Hartmann. E como ponto negativo, “I Will Carry On” tem todos os vícios e clichês que podem ser encontrados em uma balada, essa poderia ter ficado de fora que não faria falta alguma. Para finalizar, Out in the Cold é um disco leve, bastante simples e muito fácil de escutar, apropriado para aqueles momentos em que você quer ouvir algo descompromissado enquanto faz alguma tarefa qualquer e também para quem gosta dos primeiros álbuns da carreira solo de Jeff Scott Soto ou Takara, além dos discos de grupos como Toto e Foregner gravados nos anos 90.
Kelsei: Fiquei com a cabeça tão chocada com essa capa ridícula que não tive tempo de perceber que conhecia o som do cara e que até já vi ele ao vivo! Sério, isso é capa para um álbum de rock? Isso aí tem cara de roqueiro?! Mais parece um ex-backstreet boy! “Mas Kelsei, pera aí, um momentinho! O álbum é a mais pura nata do hard rock farofa da mais pura mesmice que o gênero se recusa a reinventar e você vem falando que já viu esse cara ao vivo?! Logo você, que odeia esse estilo!?” Pois é! Só que Oliver Hartmann é bem conhecido do mundo do Power Metal. Realmente não sei o que deu na cabeça dele para fazer esse álbum xexelento. Dentre seus trabalhos que eu recomendo ouvir, temos o Avantasia (ele faz o personagem “Papa Clemens IIX” nos dois primeiros episódios que apresentaram a metal ópera para o mundo e continuou cantando em outros álbuns do projeto capitaneado por Tobias Sammet – ele esteve em shows em São Paulo e foi lá que eu o vi). Ele canta na fase inicial do At Vance (ouça o debut No Escape, para notar a diferença de som – e de voz), banda alemã de power metal. Ele tem participação no álbum Aina (Days Of The Rising Doom), que capitaneou a ideia de metal óperas na Europa. Enfim, se mesmo assim você estiver sem opções, vai ouvir o caminhão do gás! Out In the Cold é uma tortura!
North Mississippi All Stars – Eletric Blue Watermelon

Sugestão de: Eduardo Schmitt
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Alexandre: Outra banda que eu nunca ouvi falar, aliás o Schmitt tem mostrado nessa série alguns artistas novos como essas variações do blues/country/rock and roll que trazem uma certa modernidade e são sempre novidades interessantes para mim. O que se ouve aqui é uma renovação do estilo buscando mesclar ao som mais tradicional do sul dos EUA com alguns elementos mais modernos, algo mais pop, toques de hip hop (na faixa “No Mo”, em particular). Eu achei o conteúdo bem agradável, passou muito bem, embora não seja o meu estilo de preferência, em verdade nem original mais tradicional da época tem lá minha apreciação além do mais raso conhecimento. Mais uma ótima indicação, como, enfatiza as que o Schmitt tem trazido ultimamente. Destaco a faixa “Stompin’ my Foot”, que mistura algo do hip hop com o funk/blues calcado nos anos 70. Algo bastante inusitado que funcionou muito bem com ótimos licks e um excelente trabalho de baixo. Outro destaque é a faixa “Mean Ol’ Wind Died Down”, um pouco mais enraizada no blues original, mostrando a competência do guitarrista Luther. Não é à toa que ele acabou indo parar também no Black Crowes. Quem curtir um blues/country com ênfase em violões, banjos e pouquíssimo drive nas guitarras e não tem preconceito com a ousadia de misturar o tradicional deve ir nessa. O grupo é uma agradável surpresa, resolvi checar os caras ao vivo. Quem tiver curiosidade, tem no YouTube um show com boa qualidade de vídeo e áudio em 2005. Minhas impressões corroboram um excelente guitarrista. Blues man de mão cheia, muita habilidade no slide. O que mais me impressionou na verdade foi ver o baterista tocar um teclado com uma das mãos, pra fazer uma base para parte do solo, sem perder o ritmo na bateria. Ao vivo, é um power trio de essência, sem muito espaço para as novidades do arranjo original, mas funciona muito bem dentro do estilo principal. Curti. Bola dentro, sem sombra de dúvida.
Eduardo Schmitt: Sem sombra de dúvida, esta é uma indicação fora da caixa. Mas quem quer sair da caixa? Hehehe. Sou um admirador ferrenho do blues, especialmente do electric blues de chicago, Muddy Eaters e gang. Aqui temos uma banda – um blues power trio formado pelos irmão Dickinson (gatilho de Maiden alguém???), North Mississipi Allstars, que, há de se admitir, é formada no Mississipi, “home of the blues”. No entanto, nota-se uma tentativa de misturar elementos sonoros do blues mais tradicionais com pinceladas “modernosas”. Meu destaque fica pra slide guitar, muito bem tocada, e que possui uma levada muito “pra cima”, anima qualquer funeral. Impressiona como a banda consegue desenvolver bem em sonoridades mais antigas e mais modernas. Em resumo, fui pego pelo clima positivo conduzido pela banda em suas composições e arranjos. Terminei a audição num humor melhor do que quando iniciei. E isto é uma boa coisa.
Flávio: Um resgate: isso é blues, é rhythym blues, bluesgrass, countryblues, qualquercoisa blues. Há toques de regionalidade e modernidade, como uma galera meio rap em uma das músicas, o que dispenso de boa. No mais, não há novidades numa bolacha muito bem gravada, afinal a época dos gravadores analógicos já havia ido embora em 2005, e os ruídos dos velhos vinis já não aparecem mais. Um vocalista que não sei qual dos primos do “Bruce Dickinson” era, me lembrou o Dire Straits, mas o som é americano sulista, com aquela guitarra cheia de slide, fechando o panorama. O disco então passa bem agradável sem surpresas, principalmente para os que gostam desse tema. No fim do disco um treco meio esquisito que não sei por que me lembrou Nova Orleans (como se eu conhecesse bem ou mesmo mal o lugar): uma tal flauta apito, um tarot (o instrumento percussivo) como numa parada, e a guitarra limpa entoando blues, que tava indo atrás. Daí acho que resolveram desmontar os instrumentos, entra um grilo que começa a cantar, quão bucólico!
José Paulo: Outro grupo/disco que não conhecia, também como o 10 Years, pelo que pude perceber, é bastante reconhecido dentro do cenário americano musical. Quando vi o nome da banda imaginei ser da nova safra do blues, ou pelo menos algo na linha do Southern rock, já que as regras deste desafio têm como pré-requisito ser um nome relativamente novo. Como a última geração do blues que tive contato já é bastante “rodada” e tem nomes como Robert Cray, Stevie Ray Vaughan, Joe Louis Walker, Blues Etílicos no Brasil, em minha ingenuidade pensei que escutaria algo mais ou menos nesse mesmo estilo. Grande engano! O disco começa com um blues tradicional, “Mississippi Bollweevil”, porém com uma pegada bem moderna e que me causou uma certa estranheza, mas passou. Aí vem a segunda música, uma tal de “No Mo” e o que é isso? Sei lá, Hip-Hop, tiveram a audácia e misturaram esses dois estilos musicais? Como diz o nosso amigo Rolf: Heresia! Heresia! Fazendo uma analogia, sabe quando você come alguma comida e ela é tão ruim, mas tão ruim que estraga tanto seu apetite que por longas horas você não quer nem pensar em comida? Então, foi assim que me senti após ouvir a referida música. Mas vamos tentar exaltar alguns (pouquíssimos) pontos positivos: “Teasin Brown” segue a mesma linha da faixa anterior, a única coisa que se salva é o solo de guitarra, enquanto em “Moonshine” a banda abraça uma proposta mais pop com uma boa guitarra e um vocal bastante ruim, por sinal esse vocal ruim é predominante na totalidade do disco, para nosso desespero. Outra que dá para ouvir é a versão de “Deep Blue Sea”, o restante é tortura mesmo, como em “Horseshoe” ou “Bounce Ball”, só para citar dois exemplos. Pelo menos para mim, Electric Blue Watermelon é ruim, mas ruim com força!!!!
Kelsei: Não vou mentir: quando vi a capa e o título desse álbum, torci o nariz na hora. Pensei “lá vem aquele blues de sempre”. Odeio blues. Fui pesquisar um pouco da banda antes de ouvi-la e aí que a minha expectativa foi lá para baixo, pois as estrelas do Northern Mississippi Allstars são dois irmãos que tocam de tudo, junto com algumas participações – ou seja, nem banda é direito (mesmo com um sobrenome de respeito no mundo da música – Dickinson). E foi começar a audição para eu tomar uma chibatada nas costas e martelar a língua. Em uma frase simples, Eletric Blue Watermelon é o melhor álbum dis-pa-ra-do da lista de 2005. Pegaram um liquidificador e jogaram southern rock, blues, modernizações musicais, doses cavalares de criatividade e pensamentos fora da caixa (tem até influência de rap na faixa “Mo Town”!). Não há exageros nostálgicos nem saudosismos. Não é aquele blues padrão naquele tempo arroz com feijão das décadas de 60 e 70 (B.B. King é rei, o resto é bobo da corte). Uma música melhor que a outra! Os caras conseguiram pegar um estilo que “nunca muda” e inovaram, dando uma repaginada total na proposta! Nota 10! Não vou parar de ouvir tão cedo! Pelo jeito vai ser o Schmtti que vai fazer eu mudar o meu ponto de vista com o estilo. Já tivemos um cenário assim em 2000. Obrigado, tchê!
Wolfmother – Wolfmother

Sugestão de: Eduardo Rolim, o presidente
Ouça você também:
Alexandre: Confesso que apesar de relativamente conhecida, eu não nada sabia dessa banda. Uma pesquisa rápida pela internet e verifiquei associações ao Led Zeppelin ou Black Sabbath. Novidade nenhuma, 99,9% das bandas de rock tem essa referência. Outras citações eram de bandas mais novas como o White Stripes e Queen of Stone Age. Ao ouvir quase nada me lembrou tanto o Led Zeppelin quanto o Black Sabbath, muito mais se assemelha com o vocal do Jack White e com a levada instrumental da trupe de Josh Homme. Se tivesse menos drive, lembraria algo mais alternativo como o The Strokes. Muito fuzz, quase nenhum espaço para variações melódicas. Então é mais um álbum que não me chamou muita atenção, não me prendeu e em algumas vezes me incomodou. Em especial quando fica aquele ritmo monolítico guitarra, baixo e bateria juntos. O vocal também não chama muita atenção e apesar de não desagradar está longe de ser um destaque. Acho que a questão aqui é do estilo não ter me motivado. Não é que seja algo desprezível, mas é indicado apenas para quem curte esse som mais alternativo misturado ao som retrô que o drive de fuzz traz. Há muito poucos solos de guitarra e a coisa só melhora quando há no arranjo instrumentos que efetuam alguma variação do som muito monolítico. Faixas como “Mind’s Eye”, “White Unicorn” e “Witchcraft” apontam para o progressivo/hard dos anos 70, com elementos como teclado ou flauta que ajudaram a trazer menos monotonia no trabalho. Seria mais legal se o álbum seguisse nessa linha, mas não acontece. Então eu passo, não me vejo buscando conhecer mais do trabalho do conjunto, mas não exatamente pode ser considerado como algo ruim, de forma alguma.
Eduardo Schmitt: Com esta dica, entramos no (nem tão) maravilhoso e despirocado mundo do stoner rock. Essa divisão do rock pesado sempre me foi interessante, mas sempre faltou algo para se completar. Talvez sejam os vocais, caídos um pouco pro lado da excessiva descontração. Esta banda, vinda da Austrália, traz riffs interessantes, uma bateria presente e bem trabalhada e um uso de teclado que é perto da perfeição. Outro ponto alto são as músicas lentas, muito bem escolhidas e arranjadas. O que me incomoda na banda são os vocais. Não encaixam pra mim, ainda que admito que são bem alinhados com o que se espera do estilo. De modo geral, foi uma audição interessante, ainda que não me pareça ser uma banda que eu escute seguidamente.
Flávio: Um dos significados de visitar é “ir conhecer, rever ou percorrer com determinada finalidade”. Isso aqui é uma revisita aos tempos em que o pedal de overdrive e distortion ainda não existiam. Sim, resolveram usar um som velho para cacildes e entenderam que isso era soar moderno? Quando não existiam tantos recursos, e o som de distorção era o mais feio possível, na guitarra usava-se o fuzz. Olha, usar o fuzz para o baixo, em um solo tudo bem, assim mesmo é para poucos. Mas na base e também para a guitarra? Aquele som de mosquito que entra no seu ouvido, esta porcaria de distorção que era usada em “Satisfaction”? Tudo bem, aqui não é tão ruim, tão abelhudo, é mais sutil, mas no fim, que lástima para o meu ouvido ficar ouvindo esse treco durante cinquenta e tantos minutos. O disco é o básico do básico, com os riffs mais batidos o possível em plenos anos 2005 e com aquela bateria de pratos em protuberância monolíticos. Ah, e quando o baixista resolve, ele também assume um tecladinho também ligado no fuzz e velho pacas, ao vivo fica pior, pois o baixo vai para o escanteio. Essa ideia de que o tecladista pode fazer o baixo é para poucos, e no fim falta muito “John Paul Jones” para funcionar. A menos pior é a tal “Mind´s Eye”, uma semi balada que inicia com um balde no lugar da caixa, novamente não sei pra quê, e dá até para ouvir exceto pelo refrão, no mais é tentar lavar aquela louça que deixei de 10 anos atrás.
José Paulo: Quando vi que este disco era um dos escolhidos para a audição, logo pensei: vai ser difícil! Me lembro que na época do lançamento, o autointitulado trabalho da banda australiana radicada no E.U.A. causou um burburinho considerável na cena rockeira. Fui ouvir como curiosidade para ver do que se tratava e achei o som bem chato, agora longos anos mais tarde terei que repetir a audição sem nenhum entusiasmo. Mas para minha surpresa, ao contrário da minha primeira impressão, até achei um som bem interessante, “Dimension” abre o disco com uma forte pegada que nos remete a bandas dos anos 70, com um instrumental bem denso e cheio, completando temos o vocal de Andrew Stockdale (também é o guitarrista) que estranha no início, mas aos poucos vamos nos acostumando com ele. “Woman” foi um dos singles e apesar de bem curta, pouco menos de 3 minutos, segue no mesmo nível da faixa de abertura, com um bom uso de teclado e um baixo marcante. A próxima, “White Unicorn”, começa com uma guitarra que nos lembra Bad Company, mantendo o pé nos anos 70, porém acaba se repetindo demais e deixa a música um pouco cansativa. A partir daí o disco me pareceu bastante previsível, porém regular e continua prendendo nossa atenção até o final, com boas canções como em “Witchcraft” e “Joker & the Thief”. Rotular o Wolfmother não chega a ser difícil, pois encontramos muito de Led Zeppelin, Black Sabbath da fase Ozzy, MC5, além de pitadas de psicodelia e folk nos temas mais calmos, uma viagem de volta aos anos 70. No final das contas, mesmo não virando um grande apreciador do Wolfmother, achei um trabalho honesto e interessante, mudei minha opinião sobre o disco que até então foi uma grata surpresa.
Kelsei: Logo depois das primeiras faixas, lá pelas tantas de “Joker and the Thief”, já tinha uma pulga no meu ouvido que não me deixava em paz. Usando um jargão de uma ex-presidentE do Brasil, eu pensava “comigo mesmo”: “nossa, eu conheço esse som”. Mas não encontrava a referência até que me deu um estalo – “nossa, isso é Jet!”. E aí eu fui procurar e bingo! Wolfmother é uma banda australiana de hard rock que teve seu debut saído do forno dois anos depois do debut do Jet, Get Born, outra banda australiana de hard rock, que explodiu na MTV naquele período. E só isso já fez eu torcer o nariz – putz, lá vem uma banda “cópia” de hard rock. E se pensamos em hard rock, o que (não) temos? Originalidade, claro! As músicas de Wolfmother são todas iguais: o mesmo efeito nas guitarra, o mesmo efeito vocal meio rasgado para parecer que a voz do cara é de roqueiro machão (que parece de moleque – e aqui é onde eu me irritei mais), a mesma cozinha básica em toda santa (e igual!) música. Volta e meia aparece um teclado distorido também (que me lembrou o som do dispensável The Doors), mas que às vezes conseguiu emular o som de uma sanfoninha. Ouça “Colossal” (mas se quiser escolher outra, escolha – é tudo igual, lembra?!). Talvez se as músicas fossem um pouco mais curtas o álbum enjoasse menos – não dá para manter músicas de cinco minutos em cima da mesma fórmula. Também senti falta de uma balada melosa (hard rock tem que ter balada melosa – não basta só usar um violão). E para desespero do Wolfmother (ou não, já que minha opinião somada a cinco reais paga um café), Jet é melhor!
Louvado seja o nosso senhor Rock ‘n’ Roll! Vem vacina … que eu tô precisando de um show!
Beijos nas crianças!
Kelsei
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Ri um bocado por aqui, em especial no comentario do Flávio sobre o Wolfmother que foi lhe lembrar logo o que? Os Rolling Stones , a eterna pedra ( rolante?) no sapato dele. Ai nem precisa ler o resto , né ?
Algo bem diferente neste 2005 foi que as avaliações muitas das vezes divergem. Entendo que pelo fato de não haver tecnicamente algo a se condenar , as análises caem pra um lado de gosto mais pessoal. E gosto é aquilo, segundo o velho ditado:
Gosto é gosto, não se discute ( mas podemos lamentar , certo?).
Da minha parte levo o Circus Maximus pra minha agenda. Os demais , mesmo a otima indicação do Schmitt, vão miseravelmente cair no limbo, nesses tempos de tanta informação disponível.
E vamos pra 2006….
Bj em todos
Alexandre
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Mas vamos considerar que às vezes é bom termos o “gosto pessoal” como critério. Afinal, é aqui que o projeto se torna interessante – termos contato com coisas novas, boas ou ruins. Mas esse ano a discrepância realmente foi grande entre os álbuns e os comentários.
E em 2006 acho que teremos o presidente na área hein ….
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Tomara ter o presidente na área sim. Até pela bomba que ele nos deixou em 2005 e saiu pela tangente….
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Novamente um prazer de participar aqui com momentos alternantes de salivação e de “asco’ pelas escolhas. No fim o que vou levar de bom é realmente o Circus Maximus e pode ser até que bote para tocar algum dos outros num dia inspiratório…
E fiquei “viajado” pro Japão…mas que senti saudades da “viajante Suécia”, ah senti….
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Nesse final de semana eu ouvi um outro álbum do Galneryus – Resurrection, de 2010. MUUUUUITO, mas MUUUUUUUITO bom! Realmente a banda deu uma bela evolução no som de estúdio (não os ouvi ainda ao vivo).
Quem quiser, dá uma conferida:
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