Antes de mais nada, é agradecer às minhas costas, que aguentaram o tranco de ficar em pé das 13:30 até 23:00, sem sentar. Ela ainda dá conta do recado!
Dia 19, sábado, estive eu e minha esposa na última edição do Knotfest. Minha mulher é muito fã de Slipknot e na edição de 2022 ela estava de 7 meses da Alice e não conseguiu ir ao show (naquela edição, foi final de Copa do Mundo – estavam lá eu e o Rolim, mais para ver o Pantera e o Judas do que a atração principal). Na edição atual de 2024, o set de bandas era mais fraco (para o tipo de som que ouço), mesmo assim, no cardápio tínhamos Dragonforce e Amon Amarth, duas bandas que gosto e que nunca tinha visto.
A semana inteira os meios de comunicação fizeram alarde porque tínhamos previsão de chuva com ventos fortes e, uma semana antes, deu uma chuva em São Paulo que deixou muita gente (muita gente mesmo!) sem luz por mais de uma semana inteira. Como a Dragonforce tocava 14:30 eu cheguei no local uma hora antes, porque é necessário aquele tempo para ambientação. Fui com capa de chuva, óbvio.
Sobre a infraestrutura
Achei o evento muito mal montado em termos de infraestrutura. Tínhamos quatro entradas para a pista através do anel do Allianz Parque, mas isso não significa que elas fluiam bem. Não havia Pista Premium, mas uma pequena parte frontal à direita do palco foi fechada para quem tinha um ingresso VIP caro para ursinho. A pista também tinha uma parte na sua esquerda fechada para os PCDs – não tinha como transitar por detrás o que fazia você ter que andar ou pelo anel interno do estádio ou dar a volta por detrás da área de PCD.
Na pista ficava somente venda de bebida. Erro feio. Quem quisesse comer precisava ir para as lojas do anel interno do estádio e isso causou um trânsito danado. Comprar algo não demorava menos de 20 minutos (considerando que as bandas brasileiras tiveram o tempo de 30 minutos, você acabava por perder a banda para comer). Sobre os banheiros, eu não usei, mas minha mulher usou e falou que estava nojento – não havia banheiros químicos, somente os banheiros do anel interno do estádio.
Mesmo as bandas brasileiras tendo 30 minutos (com relação à 60 ou 70 minutos das atrações internacionais), achei a distribuição do set bem legal – intercalando as bandas e fazendo com que o festival não ficasse vazio no início e lotado ao anoitecer – sem contar que bandas brasileiras que não alcançam um grande público poderia tocar para um mar de gente.
Só havia um palco, sendo que um era pequeno (ficava à esquerda) e era dedicado às atrações nacionais. Durante as minhas andanças eu trombei com o Sérgio Pusep, guitarrista da Soulspell Metal Opera, e tirei uma fotinho (dei uma de Rolf). A lojinha do festival só tinha camisetas, aos preços de R$ 180,00 e R$ 220,00. Algumas bandas nacionais levaram CDs, ao preço de R$ 50,00.
Segue um pequeno resumo das bandas que presenciei. Como eu cheguei no Orbit Culture, você lê uma banda internacional e na sequência uma brazuca.
Orbit Culture
Cheguei na metade. Gostei do que ouvi. São novos (formados em 2013), europeus e fazem um metal bem característico das bandas mais pesadas de lá. No som, foram bem influenciados pelo Insominium, mas sem solos de guitarra.
Kryour
Foi a maior surpresa para mim. Excelente surpresa! Os moleques mandaram um Tharsh muito bem feito, com bons solos e consistência.
Dragonforce
Estava lá mais por eles do que por qualquer outra atração. No meio dos guturais houve espaço para o Power Metal dos ingleses da Dragonforce. Com três guitarristas e uma bateria trigada, foi a banda que mais teve problemas de som. Herman Lee mal ficou no palco durante a aberture com Cry Thunder, saindo e voltando quatro vezes até trocarem o cabo da guitarra. O vocal também entrou com problemas de som. Pelo menos dessa vez não foi com banda brasileira. Mas para a sorte de todos, foi a única que teve problemas de som. Tocaram uma hora seguindo à risca o set que estavam fazendo pela turnê mais recente, o que eu torci o nariz, já que nele havia um cover da Celine Dion e outra da Taylor Switft (que apesar de muito legais, poderam ter dado espaço para canções mais próprias para festivais, como Revolution Deathsquad e My spirit will go on – essa última eu queria muito ter ouvido). Do álbum novo, fizeram uma chamada Power of the Triforce que é baseada no jogo The Adventures of Zelda – No telão teve várias imagens do jogo e até a minha mulher (que odeia power metal mas é gamer como eu) gostou.
Eminence
Não vi, fui comprar pipoca para a minha mulher e cerveja para mim. Nada demorava menos que 30 minutos em filas, já que o pessoal saia bastante da pista para comes, bebes e banheiro durante as bandas brasileiras que intercalavam as internacionais. De dentro da área coberta do Allianz, pareciam bem barulhentos.
Meshuggah
A banda mais econômica do festival Você pega dois guitarristas com guitarras de 7 cordas mas que só usam as duas mais graves. Todas as músicas eram iguais e todas muito chatas, mesmo com um excepcional trabalho do vocalista, que mostrou um gogó poderoso. Instrumentalmente é muito monótono e as guitarras são lotadas de efeito. Haja reverb! Haja distorção! Na boa, me senti no Novidades HM ouvindo um álbum do Remote, com aquela impressão que “a próxima vai ser boa”. Um dos guitarristas é o Papai Noel (tirei até uma foto do telão). Mesmo nos solos não dava – o papai noel metia uns tapping nervosos e o que se ouvia era uma serra cortando um cano de aço. Foi demais até para mim!
Project 46
Também não vi, minha mulher queria comer mais.
Amon Amarth
De cair o queixo! Tudo muito bem encaixado! Foi o melhor som do evento – era possível ouvir tudo muito bem claro, sem sobreposição. O baterista deu um show de técnica e o vocal é muito carismático, mesmo parecendo um Viking matador de aluguel de 3 metros de altura.
Krysiun
Death Metal de Porto Alegre, que eu sempre achei muito chato. Não gosto de Death. A parte mais legal foi minha mulher que virou no meio do show para mim e disse:
“Imagina esse cara na casa dele” (agora troque a voz por um gutural bem arrastado)
– Mulheeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeer
– Tô com fomeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
– Faz um lancheeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
Até agora eu lembro e dou risada sozinho.
Mudvayne
Não são uma banda de metal. Nunca foram. Mas também são do início dos anos 90 e sempre foram conhecidos pelas maquiagens e roupas esquisitas. Eu conhecia uma coisa ou outra, mas ver o baixista Ryan Martinie foi muito bom! Só a apresentação dele já valeu! O cara anda com o baixo de um jeito diferente, toca vários estilos e técnicas, tem um baixo bem descolado com cordas vermelhas, foi a única coisa que valeu a pena ouvir enquanto um gato era estuprado e desmembrado nos vocais.
Ratos de Porão
Tocaram no escuro! Que coisa ridícula! Os caras entraram no escuro enquanto a produção do Slipknot ligou todas as luzes do palco principal para desmontarem o telão e preparem o palco para a apresentação final. Ridículo! Lá pela quart faixa (ou décima segunda, não sei, cada música tinha uma média de 1 minuto – afinal é Punk Hardcore), ligaram a luz. João Gordo continua muito engraçado.
Slipknot
Sabe aquela chuva que falaram a semana inteira que tinha risco de cair em São Paulo? Caiu quando a banda principal do evento pisou no palco. Nem consegui fazer muita foto porque não dava para deixar o celular naquela chuva. Primeira vez que ouvi Vermillion. Mas eu estava lá mesmo era para ver Eloy quebrar tudo. E o cara quebrou! Tocou tudo com muita fúria e muita técnica. Na frente da bateria ficam quatro poderosos faixos de luz, então não consegui tirar uma foto com ela. E por mais que tivesse sido a estreia dele no Brasil e com o pessoal gritando “Eloy” pulmões afora, Corey Talyor não deu uma canja para o novato. Seguiu à risca o protocolo da banda e não deu uma brecha para introduzi-lo ou dar algum tipo de “atenção especial” ao baterista.
Passei o domingo como se tivesse sido surrado.
Beijo nas crianças!
Kelsei
Categorias:Artistas, Bandas Independentes, Resenhas, Slipknot
































Minuto HM – Retrospectiva 2022
10º Podcast Minuto HM (e teasers das edições passadas) – 19/novembro/2012
Eu me divirto com essas resenhas “pessoais”… essa do “faz um laaaaaaanche” foi demais hahaha. Imaginei outros tópicos normais de conversa naquela casa… “chegou a contaaa de áááááaguaaaaa”, “Juuuuuunioooor tá mal na escooooolaaaaaa”, hahahaha… Destaque também pro viking matador de aluguel e pelo Papai Noel. Parabéns! 😀
Nota pessoal minha: vi muitos vídeos do Eloy e não tem como não ter uma ponta de orgulho.
E boa sorte na recuperação. Na minha idade o pós-show parece pós-operatório e leva pelo menos uma semana.
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Excelente resenha!
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Bem, meio atrasado na leitura de vários posts aqui no Minuto Hm, finalmente arrumei um tempo pra colocar alguma coisa em dia.
Essa leitura eu literalmente devorei. Que escrita que flui, com informação e bom humor, o post já vale pela qualidade de como foi desenvolvido, aliás algo que não é novidade nenhuma nos posts do Kelsei.
Em relação às bandas que tocaram, tem uma coincidência incrível aqui. Eu não conheço nada de quase nenhuma, exceto por alguns álbuns do Slipknot que eu tive de ouvir e não curto nada.
Então me chama muito mais a atenção os detalhes da cobertura, em especial dois:
Espero que apesar dos diversos contras ( a estrutura do espetáculo está nos anos 80) vocês tenham se divertido bastante.
No fim, é isso que importa
Bjs nas crianças
Alexandre
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