Discografia Rush – Parte 6 – álbum: A Farewell To Kings – 1977

“…sailing into destiny, closer to the heart…”Neil Peart, Peter Talbot – “Closer To The Heart.”

Depois de atingir um pico crítico e comercial com “2112” e terminar uma muito bem sucedida turnê, que culminou no primeiro álbum ao vivo da banda, o Rush decidiu que gravaria o trabalho seguinte fora de Toronto pela primeira vez. Em janeiro de 1977, o trio era ovacionado pela crítica especializada. Uma publicação nos jornais locais de Houston, Texas, por ocasião do show de 06 de janeiro, mostrava que os críticos estavam estupefatos com sua música, afirmavam estarem “numa rara e estimada companhia”.

Nesse mesmo momento, começavam a surgir muitos comentários de críticos que abordavam o curioso fato de como o Rush havia chegado aonde chegou sem muito ou qualquer suporte das rádios americanas, algo tido como essencial para o sucesso de qualquer banda.   Por conta disso, A Phonogram / Mercury decidiu juntar um álbum especial que seria oferecido para as rádios dedicadas ao rock com faixas dos últimos três trabalhos de estúdio do Rush. Além disso, prepararam uma extensa campanha publicitária.  Nas palavras de Jules Abramson, vice-presidente sênior de marketing da Mercury: “Estamos oferecendo o catálogo inteiro de álbuns do Rush porque sentimos que quem assiste a banda num show ou ouve um LP recente fatalmente vai querer os outros materiais do grupo”.  


Assim surgiu o álbum “Everything Your Listeners Ever Wanted to Hear by Rush… But You Were Afraid to Play” – ou seja,  “Tudo Que Seus Ouvintes Sempre Quiseram Ouvir do Rush… Mas Que Vocês Tiveram Medo de Tocar” Trazia cinco faixas de “Fly By Night“, três de “Caress Of Steel” e quatro de “2112“: “Fly by Night”, “Making Memories”, “Bastille Day”, “Something for Nothing”, “Lakeside Park”, “Anthem”, “2112 (“Overture / “Temples of Syrinx“)”, “The Twlight Zone”, “Best I Can”, “Bacchus Plateau” e “In the End”. Para a banda, no entanto, esta estratégia era indiferente. Eles estavam conformados com o fato de nunca conseguirem ver seus discos tocando nas rádios. “Parece que o pessoal das rádios não acredita que existimos”, diz Geddy. “Não importa quantos shows lotados façamos, não importa quantos álbuns consigamos vender, mesmo assim eles ainda não se interessariam. Não acho que haja amargura com relação a isso. Contanto que continuemos atraindo público e vendendo discos, ainda acreditaremos estar fazendo a coisa certa. De qualquer modo, estamos na estrada há um bom tempo e acho que não poderíamos imaginar qualquer outro estilo de vida”.

O empresariado do grupo (SRO Productions, através de Vic Wilson e Ray Danniel) decidiu também na ocasião por criar um selo próprio para o Rush, assim surgiu o selo Anthem, após certa dificuldade na escolha de um nome novo.  Segundo eles, Anthem, como selo: “parecia ser uma declaração concisa e positiva do que queríamos realizar.”  

No final de 1976, o Rush percebeu que a mixagem final de “All the World is a Stage” em Toronto foi muito conturbada devido à proximidade de amigos e membros da família, e decidiu que o próximo álbum de estúdio deveria ser gravado longe das distrações do Canadá. Inicialmente, tentaram gravar no Electric Lady Studios em Nova York – famoso estúdio montado por Jimi Hendrix e imortalizado em seu álbum Electric Ladyland. No entanto, o material foi descartado pois não ficaram totalmente satisfeitos. Uma das razões levantadas na época foi que, aparentemente, não se sentiram “em casa”, não só com o estúdio, mas com a atmosfera urbana da cidade americana.  Resolveram então dar uma guinada de 180 graus.  A banda atravessou o oceano, inicialmente buscando o londrino George Martin’s AIR, localizado na Oxford Street. Por fim, resolveram deixar de lado qualquer atmosfera mais urbana ao seu redor e escolheram o Rockfield Studio, no sul do País de Gales, terra natal do produtor Terry Brown.  Porém, antes do início das gravações, Vic e Ray acharam por bem aproveitar esta viagem à Europa para organizar uma turnê de apenas duas semanas, fechando datas na Grã-Bretanha, Suécia, Holanda e Alemanha, aonde os álbuns da banda eram vendidos como importados. Os shows foram um grande sucesso e serviram como um excelente warm-up para as gravações do novo material. Já em Rockfield, começaram a trabalhar num álbum que teve primeiramente o título de “Closer To The Heart”. Pouco antes de ser lançado, em setembro de 1977, foi alterado para “A Farewell to Kings”. Era possível notar que havia um sentimento pastoril em algumas faixas – talvez devido à vizinhança bucólica do Rockfield – mas a banda também parecia mais relaxada e madura.

A escolha pelo estúdio não se deu apenas pelo fato deles conseguirem se isolar e se concentrar de fato na produção do álbum. O estúdio, pouco tempo antes, já havia sido visitado e utilizado para gravação de álbuns clássicos e que influenciaram a banda na escolha. O Queen gravou lá os álbuns “Sheer Heart Attack” (1974) e “A Night At The Opera” (1975). “Sad Wings of Destiny”, do Judas Priest, é outra obra gravada antes do Rush aparecer por lá. Outra banda que esteve por lá foi o Black Sabbath, ensaiando para os shows do lançamento de seu segundo álbum, “Paranoid”, em 1970.  Um pouco da história do Rockfield pode também ser vista aqui

Peart citaria, na ocasião, que “Tivemos um ano e meio entre álbuns de estúdio, um hiato criativo muito bem-vindo e uma oportunidade para nos concentrarmos em nossos instrumentos individuais, buscando o domínio das novas músicas a fim de manter o crescimento. Alex se transferiu para a guitarra de dois braços e para o baixo pedal sintetizador, Geddy também se aproximou de seu baixo de dois braços, sintetizadores e do Mini Moog, enquanto eu começo a me interessar por teclados de percussão como sinos tubulares, Glockenspiel e vários outros instrumentos percussivos aqui e ali.”

Pode-se citar que, inicialmente, o fator responsável por mudanças foi a aquisição de vários novos equipamentos. Geddy Lee decidiu por incorporar os teclados, passando a utilizar sintetizadores Moog e o versátil Moog Taurus Bass Pedal, o que permitiu ao vocalista simular acordes de baixo e tocar teclados com os pés. Alex Lifeson também passou a utilizar o Moog Taurus Bass Pedal, adquirindo também uma guitarra Doubleneck (dois braços), com 6 e 12 cordas.  “À medida que nossos gostos ficaram mais obscuros”, disse Geddy Lee em uma entrevista, “nós descobríamos mais bandas de rock progressivo como Yes, Van der Graaf Generator e King Crimson, e nós fomos muito inspirados por essas bandas. Elas nos fizeram fazer nossas músicas ficarem mais interessantes e mais complexas, e nós tentamos misturar isso com nossas personalidades para ver que o que estava por vir era um tanto quanto uma disputa para nós”.


A estratégia do conjunto em expandir seus horizontes sem necessariamente incluir novos membros é também citada por Neil: “Precisávamos expandir nosso som porque nos sentíamos limitados no final de “2112” ”. Sabíamos que tínhamos que fazer alguma coisa. O álbum ao vivo nos deu esse tempo para fazer as mudanças necessárias sem adicionar o óbvio quarto homem, o que seria pegar o caminho mais fácil. Vimos que tínhamos que ir para algo realmente grande.” Entrevista a Tom Harrison, Georgia Straight, setembro de 1977.

Peart também citou sua satisfação com a escolha do Rockfield Studios: “Fizemos uma boa utilização dos recursos variados que haviam no local, incluindo um enorme espaço acústico e a oportunidade única de registro ao ar livre. As aves de Rockfield podem ser ouvidas sobre a introdução jazz-elizabetana da faixa-título. Esta canção é uma das nossas preferidas no álbum, pois encapsula tudo o que queremos representar com o Rush. Aves podem ser ouvidas mais uma vez na introdução à segunda peça, que é um exercício de fantasia intitulado “Xanadu”.          

Após três semanas de gravação em Rockfield, Terry e a banda foram ao Advision Studios em Londres para a mixagem do álbum, que foi concluída em duas semanas. 

Ao concluir “A Farewell to Kings”, a banda retornou ao Canadá para trabalhar em seus primeiros vídeo-clips, filmando em um concerto “falso” as faixas “Xanadu”, “A Farewell to Kings” e “Closer to the Heart”, e após uma pausa de apenas um mês, retornaram para a estrada (literalmente) com turnê que mais tarde ficou conhecida como “Drive ‘Till You Die Tour”.  

Assim, “A Farewell to Kings” marca a transição da banda para um som mais elaborado e refinado. O refinamento também é encontrado no rebuscamento das novas letras. Novas músicas como “Xanadu” e “Cygnus X-1” estavam cheias de citações, e eram baseadas em autores de diversos gêneros. A ficção científica sempre inspirou Peart. O baterista, no entanto, não se restringiu às ficções científicas, o álbum traz influências das mais variadas em suas composições líricas: Ernest Hemingway, Samuel Taylor Coleridge, Frank Capra, entre outros. Para a capa, novamente o Rush contou com a parceria de Hugh Syme, como vinha fazendo desde “Caress of Steel”.  Para “A Farewell to Kings”, a banda pediu um tema que escancarasse a derrocada de um líder.  A arte, que foi feita antes mesmo das composições começarem em Rockfield, é uma mistura de uma fotografia tirada de um local de demolição em Buffalo, estado de Nova York, nos EUA, a vista de um céu vazio ao fundo do Hotel Harbourcastle Hilton de Toronto, Canadá e um homem retocado na boca, na mandíbula e nos olhos para parecer um rei que se transforma em um inerte fantoche, que se situa em destaque, à frente do cenário de destruição.  

Hotel Harbourcastle Hilton de Toronto

O álbum saiu mundialmente em 29 de agosto de 1977, sendo pela primeira vez lançado ao mesmo tempo nos Estados Unidos e no Reino Unido. A gravadora fazia o máximo para divulgar o álbum, atacando a mídia de todos os modos que poderiam imaginar. Através desta combinação da qualidade do álbum e do empurrão promocional, A Farewell to Kings começou a vender em quantidades inimagináveis. Ele se tornou o primeiro trabalho do grupo a atingir o status de Gold-selling álbum, mas não foi só isso. Ele carregou seus antecessores, assim, em novembro de 1977, nos Estados Unidos, três álbuns foram certificados com disco de ouro no mesmo dia: “2112“, “All The World’s A Stage” e “A Farewell to Kings”. Não havia mais como não entender o quanto o Rush havia crescido nos Estados Unidos nos últimos anos.

Ficha técnica:

Geddy Lee – Baixo, guitarra de doze cordas, sintetizadores Mini-moog e bass pedals, vocais.

Alex Lifeson – violões e guitarras de 6 e 12 cordas, sintetizadores, bass pedal.

Neil Peart – bateria, percussão.

Obs: Terry Brown faz a parte falada na introdução de Cygnus X-1.

Produzido por: Rush e Terry Brown

Engenheiros de som: Pat Moran e Terry Brown (Broon) com os assistentes Declan (not Norman!) O’Doherty e Ken Thomas

Gravado no Rockfield Studios, País de Gales em junho de 1977
Mixado no Advision Studios, em Londres

Direção artística: Hugh Syme

Fotografia: Yosh Inouye, Roger Stowell e Fin Costello

Produção Executiva: Moon Records

Mercury/Polygram, setembro de 1977
© 1977 Mercury Records © 1977 Anthem Entertainment

Notas adicionais no encarte:

Roadmaster and lighting director: Howard (Herns) Ungerleider
Concert sound engineer and effects consultant: Major Ian Grandy
Stage right technician: Liam (Elfbjörn) Birt
Stage left technician: Skip (Slider) Gildersleeve
Centre stage technician: Larry (The Saint) Allen
Stage Manager: Mike (Lurch) Hirsh
Chauffeur extraordinaire: (Ms.) Jorge Hoadley

Hello and thank you to National Sound and Crew, See Factor Lighting and Crew (U.K. too!), Electrosound U.K. and Crew, Graham The Coach Driver, Alans Moore and Kearsley, all at Rockfield and Pat (Duffo) Moran, (Farewell to Kingsley), Max Websters’ Dancing and Crew, the Cult and Crew, Fabrissio, The Percussion Centre, Tony (Old School Thai) Kelly, Continental Tom Berry, and all our friends in the U.K. (and everywhere!) we remember Brooklyn.

A special thank you to Dirk, Lerxst, and Pratt.

Our thanks also go out to the good people of Gibson Guitars, Rickenbacker Guitars, and Slingerland Drums for their personal help and consideration.

Dedicated to Nancy, Charlene, and Jacqueline

Lado A

A Farewell to Kings  (5:51)

Xanadu (11:05)

Lado B

Closer to The Heart (2:54)

Cinderella Man (4:20)

Madrigal (2:35)

Cygnus X-1 Book I: The Voyage (10:25)

“Prologue” (5:01)

“1” (0:44)

“2” (1:30)

“3” (3:03)

Obs: Em 01 de dezembro de 2017 houve o lançamento da versão do quadragésimo aniversário do álbum, trazendo o show do Hammersmith Odeon, em 20 de fevereiro de 1978, nos discos 2 e 3 (ambos cds bônus). O conteúdo musical será resenhado na próxima parte desta discografia, como complemento ao lançado no álbum Different Stages – Disc 3 – Live at Hammersmith Odeon London (1978) – 1998. A versão de aniversário faz jus à qualidade do original, uma edição caprichada com uma capa alternativa belíssima e abundante material gráfico que o acompanha.

O cd 3 também traz 4 covers de outras bandas executando faixas que originalmente foram gravadas neste álbum “A Farewell To Kings”. O Dream Theater gravou “Xanadu”, A banda Big Wreck ficou responsável por “Closer To The Heart”, The Trews (certamente um projeto com o nome em alusão à faixa “The Trees”) é o responsável por “Cinderella Man” e Alain Johannes gravou “Madrigal”. No nosso entendimento, a escolha por incluir covers de faixas originais do álbum “A Farewell To Kings”, independente da qualidade destas rendições, não foi uma escolha das mais acertadas, pois as comparações serão inevitáveis e o que se tornou clássico dificilmente será superado. O bônus disc ainda contempla um outtake chamado “Cygnus X-2 EH”, que basicamente reúne isolados os efeitos especiais utilizados na faixa “Cygnus X-1 Book I: The Voyage”. Vale pela curiosidade apenas, assim entendemos.

O álbum atingiu a 33ª posição na parada Billboard 200 nos EUA e a 22ª posição nas paradas da Inglaterra, ambos em outubro de 1977. Também ficou em 12º lugar nas paradas do Canadá em janeiro de 1978. Além de certificado pela RIAA com Gold Status em novembro de 1977, chegou ao status de platina em dezembro de 1993. Em sua terra natal, atingiu o status de platina (100.000 cópias) em fevereiro de 1978.

Os singles: 

O primeiro single, “Closer to The Heart”, atingiu a colocação 76 na US Hot 100, e ficou 36º na parada inglesa.

O segundo single “Cinderella Man” não obteve qualquer repercussão maior. Como já citado acima, a banda ainda fez vídeos promocionais que estão contemplados em versão 5.1 surround mix na edição de aniversário de 2017.

1- “A Farewell To Kings

A faixa título é também a que abre o álbum e já no início se ouvem pássaros e o violão de nylon de Lifeson. “A parte acústica foi gravada ao ar livre, com todos os sons de blocos sonoros e percussão”, segundo Geddy Lee. Aos 25 segundos da canção entram singelos elementos percussivos de Neil e o teclado de Geddy Lee, estabelecendo um clima muito leve. Em 1:09 de maneira rápida a banda inicia um riff introdutório que vai preceder o riff principal das estrofes, e estes fazem a base para a letra ser cantada por Geddy em 1:40. Em 2:09 vem o primeiro refrão. Apesar de ser uma clara evolução ao som da primeira fase da banda, alguns elementos permanecem como o icônico som do baixo Rickenbacker de Lee.  Em 2:34, após nova parada, inicia-se a segunda estrofe. Outro elemento que nos remete ao passado é o timbre bastante agudo da voz de Geddy, trazendo o estilo pelo qual ficou conhecido nos primeiros trabalhos. Em 3:13 começa uma nova parte, muito bem desenvolvida pela cozinha, baixo e bateria brilhando e em seguida começa o solo de Lifeson. Esse é um dos momentos que definem o emblemático estilo que já vinha sendo desenvolvido desde os primórdios da banda (como no solo na versão ao vivo de “Working Man” e mais tarde no solos de “Freewill”, “Tom Sawyer” e “YYZ”) quando todos os músicos parecem “solar” ao mesmo tempo. Após o solo, a banda traz novamente um clima mais lento, e em 4:18 Lifeson começa novamente a solar, de forma mais harmoniosa neste trecho. Em 4:34 o refrão retorna, com ótimas viradas de Neil. O refrão se repete para trazer o fim da canção e a citação do título da terceira música do álbum (“Closer To The Heart”) na letra. Aos 5:40 o violão de nylon retorna para encerrar a ótima faixa-título com Lee e Peart de forma magnífica.

O título da canção e também do disco foram indiscutivelmente inspirados na obra A Farewell to Arms (Um Adeus às Armas), do escritor norte-americano Ernest Hemingway (1899-1961). “A Farewell To Kings” afirma que homens, através do poder, e mesmo desacreditados, conseguem moldar e distorcer a realidade. A letra é construída utilizando imagens características de tempos passados, como castelos, sábios e reis, mas se adapta a qualquer cenário, inclusive o atual.  O recado de Peart recai sobre sua estranheza por ver uma esmagadora maioria de nós permitir que tais líderes ajam da forma que desejam em detrimento dos interesses coletivos. O desejo do baterista se manifesta ao fim da canção, que é o de encontrar pessoas que liderem através de propósitos que nos direcionem para mais perto do coração.

2- “Xanadu

A música mais ousada e complexa do álbum vem logo após a faixa-título. “Xanadu”, com os seus 11 minutos, abre com uma seção instrumental de cinco minutos que inclui o canto dos pássaros, que também foi gravada fora do estúdio. O começo traz a guitarra de Lifeson através de uso do volume e de eco formando a expectativa para a canção, juntamente com a percussão de Peart e os efeitos espaciais do minimoog de Geddy. Em 1:56 o primeiro riff agudo da música que vem crescendo aos poucos traz nova dinâmica para a música. Em 2:50 temos um dos riffs principais da música, ainda totalmente instrumental, que se segue ao uso extensivo de cowbells e teclados em 3:39. Aqui Lifeson está usando o braço de 12 cordas de sua doubleneck. O baixo também traz linhas de destaque, pontuado pelas ótimas viradas de bateria de Peart. Apenas depois dos 5:00 Geddy começa, sob um trecho calmo da canção, a cantar. Não há propriamente um refrão, mas pouco antes dos 6:00 Lee canta e repete o nome da canção. Outro trecho de teclado pontua um pequeno trecho instrumental, com linha de teclado e sinos para se seguir outro trecho cantado. Em 6:18 Lee volta a cantar, com Alex revezando-se entre o braço de 12 cordas, incialmente e o de 6 cordas, na parte mais agressiva deste trecho. Em exatos 7:00 o riff principal, aquele que havia sido tocado em 2:50 retorna, é um trecho instrumental impressionante. Segue o trecho que tem o nome da canção e novamente o teclado alterna o clima, com os sinos de Peart retornando com o trecho que foi reproduzido em 6:18. Em 9:17 a música começa a se preparar para o seu final, novamente se percebe o uso revezado dos braços de 12 e 6 cordas. Abaixo há um pequeno vídeo que mostra este revezamento entre os instrumentos utilizando a guitarra doubleneck. Segue-se então o solo principal da canção, em 9:35, aliás um ótimo solo de Lifeson. O riff agudo do início da canção volta em 10:17. Por fim, um lindo trecho acústico usando os dois instrumentos doublenecks. Neste trecho é Lee quem toca o instrumento de 12 cordas, já que seu RIckembacker é na verdade um baixo/guitarra de 12 cordas.

A banda optava na época por gravar as músicas de uma só vez.  A base principal de “Xanadu” foi gravada em versão final no seu segundo take. De acordo com Alex, o engenheiro da gravação, Pat Moran, não acreditava que eles gravar uma canção de onze minutos em apenas dois takes.  Para isso Lee e Lifeson usaram os instrumentos de 2 braços. O trecho final tem também o uso do xilofone por Peart, e as rufadas da bateria de Neil nos conduzem à nota que termina a canção. Outro instrumento protagonista de “Xanadu” é o Moog Taurus Bass Pedal, usado não só por Lee como também por Lifeson. 

“Xanadu” é sem dúvida uma das faixas mais impressionantes da carreira da banda. Parte da mágica da canção já foi trazida aqui, no Minuto HM. Na tour e no vídeo promo Lifeson and Lee levaram os instrumentos de 2 braços, e quando tocavam a música ao vivo acabaram por trazer não só a exuberância musical do épico, mas também uma icônica imagem para a banda, ambos empunhando instrumentos tão particulares, assim como o icônico kit de bateria com dois bumbos cercado por instrumentos de percussão.

A música combina seções acústicas e elétricas, criando uma jornada musical que explora a busca pela imortalidade e pela beleza.  A ideia inicial de Neil para a letra foi inspirada no filme Cidadão Kane, pois no começo do filme, as primeiras linhas de Kubla Khan são citadas pelo protagonista: ‘In Xanadu did Kubla Khan, a stately pleasure-dome decree’.  Neil resolveu se aprofundar pelo poema original, de Samuel Taylor Coleridge, escrito no século XVIII, a letra descreve a procura por um lugar mítico onde se poderia encontrar a imortalidade. Kubla Khan apresenta apenas cinquenta e cinco linhas, e o poema fez Peart mudar o foco lírico, desviando-se da ideia inicial.

Como não há palavras nos primeiros cinco minutos da canção, o significado pode ser literalmente o que qualquer um quiser, e isso ajuda a pintar uma imagem na mente do ouvinte. A partir do primeiro verso, Lee descreve o protagonista em sua jornada para encontrar a cidade.  Ele acaba por encontrar esse lugar mítico, mas, no 3º verso, o ouvinte descobre que passou os últimos mil anos preso em sua cúpula eterna.  Embora não seja esclarecido na canção, o termo Xanadu, com referências ao poema de Coleridge, indica uma lendária capital de verão de um período do império mongol. Concluído em 1797 e publicado somente em 1816, o poema, de acordo com o próprio autor, foi a consequência de um sonho influenciado pelo uso do ópio, numa noite em que lia numa coletânea o relato da viagem que muitos acreditam que o explorador veneziano Marco Pólo (1254 – 1324) tenha de fato feito à China em 1275. Os relatos de Marco Pólo citam uma cavalgada por três dias saindo da então Khanbalig (hoje, Pequim) para encontrar em Xanadu o palácio de mármore com quartos dourados, tudo feito em requintada arte além de toda a mística que envolvia a cidade.  Seguindo em uma árdua e longa expedição, o protagonista vitorioso encontra e saboreia de fato a imortalidade. Com os intermináveis anos a fio se passando, começa a experimentar com ele o desalento angustiante e enlouquecedor de sua prisão. Mil anos se passam, e o corpo eterno ainda aguarda o fim do mundo, para tentar assim encerrar a tortura perpétua que se tornou permanecer eternamente vivo. A imortalidade ambicionada e conquistada torna a existência congelada e estagnada, uma espécie de prisão entre a vida e a morte. A maioria da crítica moderna considera Kubla Khan como um dos mais importantes poemas de Samuel Taylor Coleridge, além de tê-lo como um dos mais famosos exemplos do romantismo inglês.   “Xanadu” aprecia o esplendor do palácio e dos domínios de Kubla Khan, mas enfatiza as insuportáveis consequências de uma busca solitária e obcecada. Uma estrutura épica que visita referências de uma dinastia mongol específica, mas que traz como o mais importante uma longa e impressionante construção de grande virtuosismo musical.

3- “Closer To The Heart

O primeiro single de “A Farewell To Kings” é uma delicada faixa, já desde seu começo, com uso de violões e discreto uso de percussão por Neil Peart. A introdução, composta nos violões, é de autoria de Geddy Lee. Aos 25 segundos, Geddy começa a entoar uma letra muito poética que encaixa perfeitamente no estilo da canção. Ao fim do primeiro minuto, vêm os também delicados sinos de Peart, para que a música então cresça dentro do mesmo formato anterior, mas apimentada pelos drives da guitarra de Lifeson.  Neste momento já se percebe o quão exuberante é Geddy, por conseguir entregar uma linha de baixo nada trivial e dar conta de cantar ao mesmo tempo toda a canção. Em 1:29 vem o solo, tendo Alex gravado duas pistas de guitarras para fazer a harmonia dobrada. Em 1977, não havia menção à utilização por Alex Lifeson dos pedais com efeito Pitch Shifter ou Harmonizer, o que justificaria o uso de apenas uma pista para este solo. Aos 2:14, após repetirem o início da canção em formato mais pesado, seguem-se novas letras para a nova estrofe e em seguida repete-se o refrão, que recebe o acréscimo de viradas complexas de Peart. A música tem agudos incríveis de Lee para terminar em fade-out.

“Closer to The Heart” foi a primeira música composta pela banda para este álbum, ainda em 1976, e é uma das pouquíssimas faixas que tem um coautor externo, Peter Talbot. Talbot é, nas palavras de Neil Peart, “um profissional que trabalha com rádio e mídia…” e  ”…um escritor muito prolífico”. O título e o primeiro verso de Closer To The Heart são de autoria de Peter. Esta canção oferece uma mensagem valorosa e sonhadora, com Peart contrastando, aos pares, pessoas bastante diferentes (um ferreiro e um artista, um filósofo e um lavrador, um capitão e um marinheiro) sugerindo que todos têm condições de colaborar na busca por um novo mundo, independente de suas condições e atribuições sociais e profissionais. Autêntico hit e faixa das mais conhecidas na carreira da banda, em especial no Brasil, o single descreve um cenário de restauração e realização da sociedade global, onde os protagonistas da canção negam a alienação que envolve suas atividades profissionais.  

4-“Cinderella man

“Cinderella Man”, de certo modo, antecipa riffs de abertura em músicas que se seguiriam na carreira do Rush, por exemplo, já no álbum seguinte, com “Circumstances”. O riff se inicia com todos da banda tocando, ao contrário, por exemplo, do que é feito em “Finding My Way”, do primeiro disco. Em 22 segundos, porém, quando Geddy começa a cantar, a poderosa introdução dá lugar aos violões de Lifeson, pontuada por intervenções em sincronia de Peart e Lee. Em 40 segundos o peso da música retorna, com uma bela condução permeada do uso dos hit-hats de Neil. O refrão, em 1:05, novamente expõe o contraste dos dois climas da canção, pois retorna as harmonias dos violões junto a uma melodia vocal das mais leves. E é assim que a canção se desenvolve, um contraste entre trechos pesados e rebuscados e partes mais leves.  Em 2:27, após uma parada, inicia-se o trecho do solo, que é inicialmente destacado pelo baixo de Geddy. Lifeson usa o pedal wah-wah e a mixagem desloca as notas guitarras de um lado para o outro do estéreo. Após o solo, em 3:18, retornam as linhas leves do refrão.  O final da canção se dá a partir de 3:44, quando o riff inicial é modificado e desenvolvido pelos músicos até terminar. Embora seja uma boa canção, é inegável entender para a maioria dos fãs que aqui o álbum perde um pouco de sua exuberância inicial. No entanto, ao prestar atenção nos detalhes do arranjo, o apreciador vai perceber que por trás de uma canção mais despretensiosa há diversos desafios do ponto de vista musical.

“Cinderella Man” exalta aqueles que acreditam em seus sonhos e que preservam seus ideais sob quaisquer circunstâncias. A letra, escrita por Geddy Lee, foi baseada no filme O Galante Mr. Deeds (Mr. Deeds Goes to Town), de 1936. O filme conta a história de um interiorano cidadão que herda uma inesperada fortuna pela morte de seu tio, mas precisa ir a Nova Iorque para recebê-la. O protagonista passa a lidar com pessoas interessadas unicamente em sua fortuna. O tema em caráter de fábula de “Cinderella Man” expõe, à princípio, elementos como idealismo, altruísmo, humildade e bondade confrontados à indiferença, insensibilidade e ganância, pois o protagonista no filme decide utilizar sua fortuna para diminuir a fome do povo criando uma fundação que ajuda fazendeiros pobres, sob a condição de que eles trabalhem para se recuperar. O refrão da música, em especial o trecho “Cinderella Man,hang on to your plans,try as they might, they cannot steal your dreams” (que em livre tradução significa Homem Cinderela, não desista dos seus planos, por mais que tentem, eles não podem roubar seus sonhos)  exalta aqueles que acreditam em seus sonhos e que preservam seus ideais sob quaisquer circunstâncias.   

5-“Madrigal

Vítrea, mas ao mesmo tempo frágil, talvez aqui esteja o que melhor encontramos ao tentar definir “Madrigal”, já desde seu início, violões suaves permeados pela singela percussão de Neil e uma linha delicada de teclado.  Lee começa a cantar em cerca de 26 segundos, porém o clima não se altera em nada, mantendo-se bem suave.  Em 1:09 discretamente a bateria simples aos poucos se incorpora a uma igualmente singela linha de baixo. Os teclados tomam o protagonismo no fim da canção, no lugar de uma linha de melodia vocal, já que as letras de Madrigal se encerram antes de seus 2 minutos. A canção é também uma das menores durações dentro do catálogo da banda (2:35 min), apenas Need Some Love, do primeiro álbum, tem a duração menor entre as músicas cantadas da banda. 

O Madrigal é um gênero musical profano que começou a ser conhecido na região da Itália no fim do século XIII, difundindo-se pelo continente até o século XVI. As primeiras linhas da música foram inspiradas na frase “The pen is mightier than the sword” (A pena é mais poderosa que a espada), do escritor inglês Edward Bulwer-Lytton (1803-1873) em sua peça Richelieu; Or the Conspiracy de 1860, que indica que a comunicação escrita ou mesmo o poder das leis são ferramentas mais eficazes do que a violência direta. A dualidade da letra nos leva desta reflexão sobre as dificuldades da vida a uma simples “love song”, durante o desenrolar dos poucos instantes iniciais, ressaltando o poder do amor para vencer as variadas formas de batalhas. Pra nós, trata-se de uma canção interrompida por um inesperado fade-out, como se o tempo de duração do álbum tivesse terminado (limitações recorrentes da era dos LPs) e não houvesse mais espaço para desenvolvê-la. Certamente é a canção menos inspirada do álbum, mas não necessariamente é uma faixa ruim.

6-“Cygnus X-1 Book I: The Voyage” 

A faixa derradeira de “A Farewell To Kings” é uma faixa progressiva com tema de ficção científica, como foi o tema principal da faixa-título do álbum anterior, “2112“. O assunto inspirador desta nova caminhada veio adaptado das leituras que Neil fazia de material voltado à astronomia, em particular no que tange aos buracos negros e suas origens. “Cygnus X-1 Book I: The Voyage” é liricamente uma intensa aventura sci-fi. A música foi composta para trazer uma continuação no próximo álbum de estúdio, e é exatamente o que acontece. Os detalhes desta sequência virão no capítulo 8 desta discografia. “Cygnus X-1” se desenvolve ao longo de três segmentos e um prólogo. A marcante introdução define o tema e o ritmo.

Prologue (0:00 – 5:01) – O trecho inicial é o mais longo da canção, marcando pouco mais de cinco minutos. O título, pelo latim prologos – o que se diz antes – é um termo originalmente utilizado na tragédia grega que se refere à parte anterior à entrada do coro e da orquestra, na qual se enuncia o tema da peça. Narrada introdutoriamente pelo produtor Terry Brown, Prologue apresenta o tema proposto de forma intrigante. Com uma gama intensa de sintetizadores característicos do space rock, a paisagem sonora dissonante relata uma misteriosa força existente na constelação de Cygnus, com a apresentação de Cygnus X-1, um buraco negro de massa estelar, que nasce a partir de um massivo colapso, indicando a existência de 6 estrelas do Cruzeiro do Norte em luto pela perda de uma de suas irmãs, que se apagara. Considerado um dos candidatos mais prováveis ​​a buraco negro no universo, Cygnus X-1 foi descoberto no início da década de 1970 pelo cientista canadense Tom Bolton, através do Observatório David Dunlap da Universidade de Toronto. Pouco antes de dois minutos da canção, a banda pouco a pouco vai se juntando a introdução em sci-fi, inicialmente através do baixo de Geddy, em seguida contando com a bateria intrincada de Neil Peart, para enfim, por volta dos 2:30, contar com a guitarra de Alex performando o riff em sincronia com Lee. Aos 3:05, a banda ataca o segundo tema da canção, com ótimas viradas de bateria. Aos 3:38 inicia-se uma terceira passagem, que conta com o acréscimo, por volta dos 4:18 do Taurus pedal, tocado por Geddy Lee.

1 (5:02 – 5:47) O breve trecho 1 lança a inquietante preocupação: Haveria algo além de Cygnus X-1? Seria possível, de alguma forma, viajar e avançar sobre o seu gigantesco poder? Esse trecho é cantado em boa parte em cima do segundo tema desenvolvido na parte um da canção, e nele os vocais de Geddy são muito agudos.

2 (5:48 – 8:09) O trecho 2 tem início de maneira acessível, uma melodia mais aproximada de um hard rock grudento que documenta o início da jornada ao temível buraco negro. A bordo da nave Rocinante (nome do cavalo de Dom Quixote), o trajeto do herói pela Via Láctea é descrito pela letra de Peart de forma minuciosa, indicando por onde o protagonista viaja para chegar em Cygnus X-1.  Aos 6:46, após Lee novamente usar e abusar dos agudos no trecho cantado deste segmento, inicia-se um solo de Alex com pedal wah-wah. No fundo ouvem-se intervenções, viradas de baixo e bateria, entre diversas paradas. Segue-se, a partir de 7:25, um trecho em uma espécie de transe sonoro que nos prepara para a partir final da canção.

3 (8:10 – 10:26) A parte 3 finaliza a canção, retratando de forma precisa a intensidade imposta à nave que acabara de ser sugada pela estrondosa força do buraco negro. Toda tensão e adrenalina imagináveis são representadas por um instrumental agressivo, idealizado pela magnífica genialidade dos três músicos, em crescente. Os vocais de Geddy são novamente bastante desafiadores, mostrando em desespero que o viajante perdeu o controle de sua nave. Em 9:36 há uma interrupção do trecho intricado e dali em diante o que se ouve são poucos e limpos acordes da guitarra indicando que o protagonista se encontra aparentemente derrotado em seu desafio de transpor Cygnus X-1. Do ponto de vista lírico, fica o questionamento do que vai acontecer, do que houve com o herói, se ele está vivo ou não. O encarte do disco indica que a música terá continuação.

“A Farewell To Kings”, em nossa opinião, é o fruto do momento especial que a banda passava, tendo mais tempo para materializar suas ideias musicais e com total apoio da gravadora, em função do sucesso do álbum anterior, “2112“. O grupo conquistou, enfim, a tal liberdade artística que tanto desejava. A turnê que suportou o álbum foi um autêntico sucesso, e será tratada no próximo capítulo desta discografia.

E ao nosso ver, temos um álbum muito coeso em qualidade, onde” Xanadu” se destaca e brilha intensamente como a mais ambiciosa e melhor faixa que a banda até então tinha produzido.  “Cygnus X-1” é outro momento bastante ousado e criativo, com a banda apontando para o futuro e deixando os fãs salivando para o que se indicava ser a primeira parte de uma sequência futurística e virtuosa do ponto de vista musical. “A Farewell To Kings”, a faixa-título, entrega de forma mais enxuta outro excelente momento, aliado talvez à melhor letra do álbum. O disco ainda foi concebido para ter espaço em buscar o reconhecimento comercial através do single “Closer To Heart”, e isso sem abrir mão da propriedade de ser, este single, uma faixa de extrema qualidade em pouco menos de 3 minutos.  Mesmo as faixas “Madrigal” e principalmente “Cinderella Man” trazem suas virtudes, e, ainda que não estejam no nível das demais, não podem de jeito nenhum serem consideradas faixas ruins ou descartáveis.

Para nós, “A Farewell to Kings” indica o começo do melhor momento artístico do Rush, que, por incrível que pareça, ainda iria, durante os próximos anos, fazer o que é quase impossível, ou seja, melhorar ainda mais qualitativamente. A banda seguiu com extensa tour que será resenhada na próxima parte desta discografia, já que teremos na parte 7 a análise de um álbum ao vivo gravado exatamente nesta turnê.

Ufa, chegamos enfim ao fim deste fantástico capítulo. Veremos no próximo post que, por incrível que pareça, a fase dourada da carreira dos canadenses estava apenas começando.

keep bloggin’

Abilio Abreu e Alexandre B-side



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2 respostas

  1. Excelente!!!!!

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  2. Rolf, o melhor foi ter tido a oportunidade de voltar a conversar com o Abílio.

    Os posts já estão sendo escritos em conjunto, e pra mim é sempre uma grande oportunidade de aprender , trocar ideias com quem sabe tanto e, principalmente, reverenciar os incríveis canadenses.

    Já soltamos mais um episódio hoje, o ritmo tá vindo junto.

    E só vem coisa boa aí pra frente: Hemispheres, Permanent Waves, Moving Pictures, Signals, Exit…Stage Left.

    Vou acabar com o meu estoque de elogios com esse trio..

    Um abraço, brother

    Alexandre

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