[ESPECIAL] Cobertura Minuto HM – Bon Jovi em SP – 25/set/2019 – parte 2: resenha. E uma história de amor de fã…

O Minuto HM, que completou 10 anos este ano, nasceu bem antes, na verdade, entre os amigos que trocavam e-mails e a ideia de criar este blog tão somente para “organizar” as coisas. Esta história vocês já estão cansados de saber por aqui.

Desde então, apesar do blog ter ganhado outros “ares” e um potencial de site referência de metal no país, para mim, a essência continua sempre a mesma: a reunião de amigos e fãs para trazerem suas análises, impressões, e histórias das bandas que fazem parte das nossas vidas. E o texto abaixo é algo que novamente reforça essa ideia: trata-se de uma verdadeira declaração de amor, aquela coisa não de alguém que “vai” a um show, mas que tem outra relação emocional com um artista / banda. É aquilo que “viver” para isso e quem tem isso, sabe o que é – quem não tem, bom, é difícil explicar em palavras. É uma história triste, alegre, persistente, de dedicação, enfim, todos os sentimentos que um fã de música pode entender de outro.

O texto abaixo é da “Taty Bon Jovi”. Ela é a esposa do Alan, meu professor/mestre de bateria no Bateras Beat Vila Mariana (e toca a escola com ele). O Alan é aquele que já trouxe um texto aqui daquele episódio do Iron Maiden em Campinas.

A Taty “vive” Bon Jovi desde que a conheci, anos atrás. Tudo é Bon Jovi. Mas ela não é daquelas fãs “cegas”: sabe colocar seus comentários com propriedade e respeita a opinião de todos. Mostra, portanto, que com a maturidade de um fã, tanto faz a opinião de outra pessoa: o fã tem uma relação especial com um artista / banda, e é exatamente isso que veremos neste relato igualmente especial abaixo.

À Taty, minha alegria de poder (finalmente) postar algo aqui do JBJ sob a óptica dela – de especialista. Mais especial ainda que eu havia comentado com ela sobre a possibilidade dela de fazer a resenha do show de 25/set/2019. E ela fez isso e MUITO MAIS, que vocês conferem abaixo. Fico feliz de poder ter visto esse texto nascer e ter incentivado para que ele ganhasse a luz do dia neste espaço – sei que, no futuro, ele será AINDA mais especial para a Taty e todos nós. Por fim, o que falar das palavras finais do texto para mim? Agradecer é pouco…

Aproveitem – este tem selo da essência do Minuto HM.

[ ] ‘ s,

Eduardo.

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Por Taty Bon Jovi.

A minha história com Bon Jovi é intensa e de longa data. Pra mim, falar desses garotos de New Jersey é sempre um imenso prazer porque eles fazem parte dos meus dias e da minha vida já há tanto tempo que falo deles com uma familiaridade quase que de sangue. São 25 anos desse amor, e já adianto que este sentimento só aumenta. E por falar em amor, tem gente que não acredita em amor à primeira vista, mas foi exatamente desta maneira que a minha história com Bon Jovi começou.

Em 1995, eu vivia o auge da minha pré-adolescência, em Campinas, interior de São Paulo, quando escutei “Always”, uma das duas músicas inéditas do álbum “Cross Road”, coletânea lançada em 1994. E foi com esta linda canção de amor, e ainda tão pedida pelos fãs até hoje, que eu me apaixonei perdidamente por esta banda. Claro que como toda paixão arrebatadora, as coisas foram acontecendo de maneira muito rápida e numa intensidade sem medidas.

Em poucos meses, eu já era membro do fã-clube, já tinha todos os álbuns lançados até então, alguns deles raros, coleções de revistas nacionais e importadas, pastas e mais pastas com todo tipo de material relacionado ao Bon Jovi, camisetas, dezenas das já extintas fitas VHS, K7 e todo este acervo típico de uma fã adolescente dos anos 90. Não era fácil ser fã numa época sem internet. Às vezes ainda me pego observando todo este material, que guardo com tanto carinho e me lembro daquela menina que adotou o Bon Jovi no sobrenome e é conhecida até hoje como Taty Bon Jovi.

Neste mesmo ano de 95, a banda da minha vida está na turnê do recém lançado álbum These Days, e anuncia a sua passagem pelo Brasil. Eu não poderia estar mais feliz com a notícia, pois naquele momento não existia absolutamente nada mais importante para mim que este show. Mas o que era para ser a realização do maior sonho da minha vida se tornou um dos piores pesadelos, e não daqueles que a gente esquece logo depois que acorda, mas um que me acompanha até os dias de hoje. Não, eu não fui ao show do Bon Jovi em 95. Eu não tinha idade suficiente para entrar sozinha e nenhum responsável maior de idade quis me levar. Essa mágoa de pessoas importantes da minha vida que se recusaram que eu vivesse o meu maior sonho naquele momento, eu prefiro guardar para mim. Não quero ser injusta, pois hoje eu entendo que eles tiveram os seus motivos, porém, jamais concordei, apenas entendi e perdoei.

Naquele mês de outubro, eu ainda guardava uma esperança dentro de mim de que aquela realidade poderia mudar. Passei este mês chorando, implorando, planejando ideias que jamais se concretizariam e, principalmente, sonhando com um final feliz para aquele “não” amargo que recebi centenas e centenas de vezes.

O show foi dia 28 de outubro de 1995, na pista de Atletismo do Ibirapuera e nunca vou esquecer a minha dor ao assistir à apresentação que foi televisionada ao vivo pela TV Bandeirantes. Jamais vou me esquecer das lágrimas, da sensação de impotência e da vontade tamanha de estar naquela platéia cantando I”ll Be There For You a plenos pulmões. Este “não” cortante pro meu coração teve severas consequências naquela fase da minha vida. Certamente, naquela idade, eu não tinha o controle necessário para enfrentar essa turbulenta roda de acontecimentos que envolveram o meu amor repentino pelo Bon Jovi.

Pois bem, um simples “não” me fez perder o chão, o rumo, o interesse pelas coisas. Eu perdi o ano escolar, me afastei de amigos, da família, passava os meus dias chorando, trancada em meu quarto assistindo repetidamente o show de São Paulo. A minha única esperança era que o Bon Jovi voltasse ao Brasil em 1996, mas isso não aconteceu. Aliás, nem em 96, nem em 97 ou 98, e se passaram 15 anos sem a banda retornar ao país. Eu tive que esperar longos 15 anos, QUINZE ANOS PARA ASSISTIR A MINHA BANDA AO VIVO E A CORES.

Me lembro de uma conversa que tive com o meu pai muitos anos depois daquele 1995. Acredito que com o passar do tempo, o meu pai tenha percebido que o meu amor por essa banda não era apenas uma fase da adolescência, eu percebi que ele entendeu que era uma verdadeira admiração e finalmente legitimou este meu sentimento. O ano de 95 foi marcante não só pra mim, mas para todos que estavam ao meu redor naquela época. A família, os amigos, todos perceberam a minha decepção e a minha insatisfação com o que havia ocorrido. De alguma maneira eu fui mostrando e também provando que eu era uma fã de verdade, e que o fato de ter pouca idade não significava que eu não sabia o que eu estava sentindo. Um fã, independente da idade, nunca deve ser subestimado. O tempo e um pouco da minha insistência fizeram o meu pai chegar em mim e dizer: ” Um dia, eu vou contratar um show do Bon Jovi só para você, filha”. É evidente o quão utópica é esta frase, mas as palavras faladas naquele momento foram tão verdadeiras que não conseguimos segurar as lágrimas. Naquele dia, vi e senti a sinceridade naquele olhar e também um visível e amargo arrependimento. Com isso eu tirei um peso das minhas costas e do meu coração. Ele compreendeu, demorou, mas ele entendeu, e isso foi muito importante pro meu amadurecimento e pro meu melhor entendimento interno daquele 95 tão impetuoso e inesquecível.

Uma coisa é certa, somente um fã pra entender outro fã e as suas loucuras. Nunca estive sozinha nestes 25 anos de universo “bonjiovano”, conheci e tenho até hoje pessoas incríveis ao meu lado, que compartilham do mesmo amor e admiração por essa banda. Nem todo mundo entende um fã, mesmo uma fã das antigas como eu. Ainda sou incompreendida por alguns, mas o tempo é implacável, às vezes a maturidade chega de mansinho, mas ela chega, e a gente aprende a lidar com isso tudo. Já fui muito julgada e criticada por amar Bon Jovi. Frases como: “ele nem sabe que você existe”, ou a pior de todas as frases “você só gosta dele porque ele é bonito”. Mas gente, por favor, vamos mudar essa mentalidade!

Em primeiríssimo lugar, Jon Bon Jovi é o vocalista da banda Bon Jovi, e ele não tem culpa de ter nascido bonito, não é mesmo? Cega eu não sou, ele realmente é lindo, mas, por favor, amar uma banda é muito mais do que isso, não existe nada pior que ver o seu amor ser desdenhado de maneira tão pequena e mesquinha. O Bon Jovi é uma banda que, em 35 anos de estrada até agora, construiu uma carreira indiscutível, totalmente consolidada e de extremo sucesso, coroada em 2018 com o Rock and Roll Hall of Fame. A banda mudou e evoluiu em todo esse tempo, e por isso, várias gerações cantaram e continuam cantando os seus muitos hits de todas as fases por que banda passou até hoje.

Finalmente, em 2010, eu realizei o meu grande sonho. É impossível não falar deste ano e deste show, mesmo que de maneira resumida, depois do desabafo dos últimos 15 anos descritos nas linhas acima. E ainda tiveram os inesquecíveis shows de 2013 e 2017 que deixarei para contar em um próximo texto.

Depois do show de 1995, a todo ano surgiam rumores da vinda do Bon Jovi ao Brasil e a cada rumor “my heart beats like a drum”, aliás, falando em Born To Be My Baby, eu tive a maravilhosa felicidade de ouvir ao vivo esta obra prima de música em todos os 4 shows em que estive do Bon Jovi. Que sorte a minha.

Mas dando continuidade, todo ano era a mesma esperança floreada em meu coração seguida da desesperança de mais um deprimente rumor. Passei esses anos todos sonhando com um show do Bon Jovi, acompanhando cada passo da banda, cada turnê, novos álbuns, melodias, cifras, casamentos, separações, nascimentos, turnês, cortes de cabelos, videoclipes, absolutamente tudo relacionado à banda. 

Chegou o mês de outubro de 2010 e com ele a banda da minha vida em terras brasileiras. MEU DEUS, eu estava sonhando acordada, é como se todas as estrelas do céu estivessem mais brilhantes do que nunca, planejei cada detalhe ao lado de grandes amigos desde o começo do ano para chegar 2 dias antes do show e acampar na calçada do Morumbi. Foi uma verdadeira força tarefa. Não vou mentir, foi bem sofrido dormir naquele chão debaixo de chuva, sol, frio, calor, uma mistura de todas as estações ao mesmo tempo, além de dor nas costas, nos joelhos e com mãos trêmulas jamais sentidas antes, coisa que assustou bastante minha amiga e companheira de fila. Mas tudo isso estava unido de uma forma inseparável e paradoxal com uma incontrolável ansiedade, uma felicidade sem tamanho e uma sensação tão boa e gratificante que eu faria tudo de novo da mesmíssima forma.

Me lembro de olhar o relógio repetidas vezes e concluir que cada segundo parecia uma eternidade, me recordo também de correr sem poupar os pulmões com a abertura dos portões, corri muito, corri até faltar o ar, corri para aquele palco, para aquele show que tanto sonhei naqueles últimos 15 anos. Até hoje tenho dificuldade de descrever o que eu senti quando começou a abertura do show, quando a banda entrou no palco, quando as primeiras notas de Blood on Blood foram executadas e quando vi e ouvi Jon Bon Jovi pela primeira vez ao vivo. Ainda é difícil de explicar em palavras algo tão íntimo do meu coração. Definitivamente um filme passou na minha cabeça, filme este com a melhor trilha sonora da minha vida.

Na fila para o show de 2010…

Nesta nostalgia, me lembrei daquela Taty Bon Jovi de apenas 11 anos com as suas capas de agendas com fotos do Bon Jovi. Um tanto eufórica, mas muito apaixonada e já numa luta incessante de ser respeitada como fã. Chorei demasiadamente, não consegui e nem queria controlar minhas lágrimas e nunca vou me esquecer daquela emoção quase delirante de estar ali respirando o mesmo ar que Bon Jovi.

Foi um show memorável de mais de três horas no estádio do Morumbi, com o melhor setlist de todos os tempos e um clima de redenção por ter ficado tanto tempo longe do Brasil e terminando numa espécie de êxtase coletivo e compartilhado com tantos fãs que esperaram um tempo enorme para ver sua banda favorita ao vivo. Demorou longos 15 anos, meus amigos, mas valeu à pena demais. E depois desse tão esperado primeiro show do Bon Jovi, para a minha sorte, a banda resolveu não deixar mais os fãs esperando tanto tempo e fez outros dois shows em relativamente pouco tempo, em 2013 e 2017, além desse último do dia 25 de setembro de 2019.

Bom, eu bem que tentei ser breve, mas pelo jeito eu não consegui, não é mesmo? E olha que fiz um bom resumo da história toda. Agora, imagina então essa jornada de uma vida contada com os mínimos detalhes. Mas vamos para a resenha do show de 2019 e prometo que, a partir daqui, sem desabafos pessoais, ou quase isso.

Acompanhada do meu marido, paramos o carro no estacionamento do Shopping Bourbon, e parece que cada passo naquele curto trajeto até a entrada da pista Premium do Allianz Parque, era um passo para trás no tempo. É como se eu estivesse sempre voltando àquele fatídico 28 de outubro de 1995, sempre voltando à mesma emoção febril de adolescente, numa tentativa instintiva e, de certa forma, inútil, de consertar essa lacuna que ficou eternamente aberta em minha vida, do que era pra ter sido o primeiro show e não foi, e agora, é como se fosse cada um deles fosse o primeiro. Não importa quantos shows eu ainda veja, é como se fosse sempre a primeira vez, com os mesmos sobressaltos do coração, com a mesma ansiedade que antecedem o apagar das luzes, e a mesma gratidão de poder cantar junto e sentir a energia da banda da minha vida entregando tudo e mais um pouco no palco há somente alguns metros de distância dos meus olhos sempre tão emocionados.

Dessa vez eu decidi tentar controlar esse ímpeto sem fim, totalmente ao contrário dos outros três em que eu cheguei a dormir na fila dos estádios. Para esse, eu estava bastante decidida e cheguei mais tarde para poder curtir o show mais tranqüila, sem aquela loucura tão recompensadora da grade e o cansaço das horas intermináveis de pé.

Chegamos ao estádio às 19:30, apenas 30 minutos antes do horário marcado para o início do show principal. A banda de abertura, o Goo Goo Dolls, ainda estava no palco e logo percebi que o evento todo estava atrasado, coisa muito rara em se tratando de Bon Jovi. Ainda deu tempo de pegar uma cerveja, comprar o copo personalizado do show e chegar à pista para ouvir “Iris”, o grande hit da ótima banda de apoio que está acompanhando o Bon Jovi em toda a atual turnê.

Bom, daí pra frente era aguardar o momento, aquele que é sempre o primeiro, debaixo de uma discreta garoa que só serviu para deixar a noite mais fria, mas totalmente insuficiente para esfriar o sangue que já corria cada vez mais rápido pelo meu corpo.

O tempo entre um show e outro, mesmo com o estádio já lotado a essa altura, ainda foi suficiente para encontrar meu amigo Edu Rolim, o grande incentivador para a realização desta resenha, além de velho conhecido do competente Minuto HM. Aliás, essa é uma coisa quase mágica do Bon Jovi e que sempre impressiona quando se olha em volta. Que mesmo com 35 anos de banda, enfrentando mudanças de lineup, inclusive com a importante saída do grande parceiro de longa data, o guitarrista Richie Sambora, e até de uma natural mudança de estilo musical, a banda continua esgotando ingressos em estádios por onde passa, reunindo num verdadeiro formigueiro humano fãs de várias gerações diferentes.

Chegou a hora! Chegou a hora de mais um show. As luzes se apagam, aquela tensão deliciosa de se sentir aumenta, como quando você sente que o carrinho da montanha russa está chegando ao fim da subida prestes a despencar. E começa a introdução nos três enormes telões, a mesma introdução do show de 2017, já que a turnê ainda é a mesma daquela vez, do último disco de estúdio This House Is Not For Sale. Como em todos os shows da turnê, a banda explode no palco com a música que dá nome ao último álbum, uma ótima música de entrada pra deixar correr a adrenalina da espera de dois anos desde a música final do último show do Bon Jovi, em São Paulo.

Passado o primeiro passo, apenas o primeiro da jornada de quase duas horas e meia de show, Jon puxa o clássico “two, three, four” que todo fã, quando ouve, já se prepara pra cantar junto o “nananana…” da introdução de Born To Be My Baby, de um dos meus álbuns preferidos, New Jersey. Foi só o primeiro medalhão de um show recheado de hits espalhados por todo o setlist.

Logo após outra música do disco mais recente, a animada Knockout, a banda põe o Allianz Parque inteiro abaixo com um dos maiores clássicos do hard rock mundial, You Give Love A Bad Name, que entra rasgando com um coro de seis vozes afinadíssimas e no talo pra acabar de vez com qualquer resquício de saudade ainda presente no recinto. É bom salientar também, esse ótimo recurso que a banda utilizou nos últimos anos para somar musicalmente nos shows ao vivo e tirar um pouco a responsabilidade sobre a voz do Jon Bon Jovi que, como todos sabem, já não é mais a mesma de trinta anos atrás. Todos no palco cantam com exceção do baterista Tico Torres, o que somado à maestria de um dos maiores e mais carismáticos frontman do rock de todos os tempos, torna esse fator “voz” apenas um pequeno detalhe perto do espetáculo entregue ao fiel público presente. E pra ser bem sincera, eu nem queria falar sobre a voz do Jon, até mesmo porque, trata- se de um desgaste natural e pode acontecer com qualquer outro artista, não é mesmo? O que importa mesmo é a entrega do Jon Bon Jovi durante cada minuto em que está à frente de seus fãs, chegando até mesmo a colocar no repertório de determinado show, músicas que, atualmente, seriam difíceis para ele cantar , apenas para agradar ao pedido do público. Creio que isso demonstra de forma muito concreta o seu amor pela música e isso ultrapassa qualquer barreira técnica que poderia existir.

Hora de dar uma pequena acalmada nos ânimos com a mais suave Roller Coaster, também do último álbum, seguida de Whole Lot A Leavin’, do álbum Lost Highway, e We Weren´t Born To Follow, com seu típico pós refrão que faz todo mundo cantar lindamente junto, essa do álbum, The Circle.

Logo após essa trinca de músicas mais “novas”, ou seja, dos últimos doze anos, e eu sou aquela fã que ama absolutamente todas as músicas do Bon Jovi, até as mais novas tão criticadas por alguns, o tecladista David Bryan abre um túnel do tempo com seu teclado eletrizante e chama a inigualável Runaway, e aí, amigos, não sobra um ser humano sequer parado dentro do estádio, desde os mais jovens aos que curtem a banda desde os anos 80.

Já que estamos falando de décadas, agora agradando aos fãs dos anos 2000, a banda puxa o enorme hit It´s My Life, do álbum Crush, esse indicado ao Grammy e mantém a vibe lá na borda da semi cobertura do Allianz Parque, que diga-se de passagem, é de longe o melhor lugar de São Paulo atualmente para ver show grande, tanto em termos de som quanto de conforto e logística. Para qualquer fã que já assistiu algum show de sua banda favorita no gigante Morumbi, como eu nos meus dois primeiros shows do Bon Jovi, nada melhor que poder curtir o show num lugar que proporciona, além de tudo, uma proximidade maior com o ídolo no palco e na passarela que invade o público.

Quem me conhece muito bem, sabe que uma das minhas músicas preferidas do Bon Jovi é In These Arms, do grande álbum Keep The Faith, uma verdadeira poesia em forma de música, e quando ela começou, na linda e exótica voz de David Bryan, mais uma vez eu fui lá nas estrelas e voltei. A felicidade foi tão grande que até agora eu me emociono quando vejo os vídeos. Só quem é fã para entender o que acontece dentro do coração quando a banda da sua vida toca a música que você mais ama. Sim, o coração bate muito mais forte, a vontade de chorar é incontrolável e a felicidade é imensurável, e tudo isso não tem preço. É uma música que vale cada centavo (dos muitos) do ingresso da pista Premium.

Depois de toda essa emoção, foi a vez da platéia virar um mar vermelho na agitadíssima e muito hard rock Have A Nice Day. Esse é um momento daqueles em que milhares de fãs se unem, de forma combinada ou não, para proporcionar uma emoção a mais para o artista em cima do palco, e quase todos os espaços, tanto das pistas quanto das arquibancadas, foram tomados por papéis vermelhos com a famosa capa do álbum que deu o nome à música. Claro que o Jon, esse artista com muito contato visual com os fãs e sempre extremamente atencioso com nós, exaltou e se emocionou com a atitude da galera durante e no final da música.

Mais uma pausa entre músicas, mas logo quebrada pela inconfundível intro do baixista Hugh McDonald, integrante da banda desde 1994, após a saída do ex baixista Alec Such, para a funkeada Keep The Faith, e em seguida, aquele momento de acender os isqueiros (atualmente lanternas dos celulares) na balada Amen, que eu amo de paixão, do álbum Because You Can.

Confesso que a próxima música, a balada ultra romântica, Bed Of Roses, música essa que eu realmente amo, vi umas partes e outras apenas ouvi. Assumo que é difícil ver o Jon Bon Jovi dançando e dando o famoso selinho na sortuda fã que é escolhida para subir ao palco no meio dessa música, embora eu fique imensamente feliz por cada fã que vive essa incrível experiência, mas você sabe como é fã, né? Quem me dera um dia eu ter essa oportunidade de também subir ao palco e poder dizer ao Jon “cara, eu te amo!”. Na verdade, eu nem precisaria do cobiçado selinho. Eu só queria dizer “muito obrigada por tudo mesmo, Jon. Vocês são fod*!”. Já é um costume ele fazer esse ritual nessa mesma música em todos os shows já há algumas turnês, e normalmente quem escolhe a fã é o irmão do Jon, Matt, que costuma ficar ali embaixo perto da grade.

Bom, acabada a pequena sequência de baladas, a banda ataca uma daquelas maravilhosas músicas para se tocar em estádio, que é na minha opinião, uma das especialidades do Bon Jovi, a quase ritualística Lay Your Hands On Me. O poder dessa música ao vivo, com todas as seis vozes no palco e mais 55 mil na platéia, é impressionante. Fora o incrível trabalho dos telões, não só nessa música, mas em todo o show, já que cada música do repertório teve uma temática visual específica para ela.

A música que foi a ponte para a reta final do show, de clássico atrás de clássico, um atrás do outro até não sobrar ninguém inteiro, foi a We Don’t Run, única do Burning Bridges. Daí pra frente, se segura.

As quatro notas do teclado marcaram no coração de todo mundo a entrada do verdadeiro hino Wanted Dead Or Alive, mais uma de um dos melhores discos de hard rock de todos os tempos, Slippery When Wet. Era aquela música que o Jon nem precisava se dar ao trabalho de cantar, pois, o estádio inteiro cantou cada palavra junto com a banda a música inteira, inclusive os famosos e marcantes backing vocals originalmente feitos pelo Richie Sambora.

Seguindo no mesmo ritmo avassalador veio I´ll Sleep When I´m Dead, outra do Keep The Faith,e logo depois, a enorme Bad Medicine, com vários solos de guitarra e alguns retornos com o famoso “one more time” que o Jon fala quando o clima está tão bom que parece que ele não quer que acabe. Vale ressaltar a qualidade da banda. Com a saída de Richie Sambora, entrou o talentosíssimo e muito rock and roll Phil X, como substituto imediato, e também um segundo guitarrista para somar no som ao vivo, o produtor e excelente músico John Shanks. Claro que não podemos esquecer o animadíssimo percussionista Everett Bradley, que além de enriquecer a parte rítmica da banda, faz backing vocals incríveis, chegando até a cantar a parte principal da Bad Medicine em alguns shows. Não foi o caso no show de São Paulo.

A penúltima música do setlist costuma ser uma música de troca, ou seja, uma música que varia de cidade pra cidade. Aqui em São Paulo a escolhida foi a Blood On Blood, também do álbum New Jersey, e que pra mim, tem sempre uma carga emocional a mais por ter sido a primeira música do Bon Jovi que eu ouvi ao vivo, porque como vocês leram, foi a primeira do tão aguardado e especial show de 2010. Acho que não preciso dizer se gostei ou não da escolha deles para fechar o show antes do bis.

E infelizmente, chega a última música, aquela que marca a contagem regressiva pra primeira do próximo show, e que lava alma depois de tanta emoção junta. Como não poderia ser diferente, a música de encerramento do Bon Jovi é sempre aquela que não precisa de introdução e nem tem adjetivos suficiente para descrever, trata-se da magistral e eterna Livin’ On A Prayer. Interessante que na parte final da música, quando estamos no auge daquele clima de excitação, emoção e já uma ponta de início de saudade, os enormes telões passam a mostrar somente o público visto de frente em altíssima resolução, a ponto da gente se achar lá no meio da bagunça atrás da banda. É como se o Bon Jovi colocasse todo mundo que estava presente no Allianz Parque para subir no palco junto com a banda e acabar o show num grande clima de união. Aliás, quem é fã sabe que quando se está num show de uma banda dessas que a gente gosta muito, é extremamente natural sentir esse clima mágico de união entre a gente e a banda que está tocando, mesmo quando não conseguimos estar tão perto do palco. O Bon Jovi só reforçou esse sentimento no final apoteótico do show. A turnê “This House Is Not For Sale” passou por 24 países, 5 continentes, 99 shows e reuniu 2,5 milhões fãs apaixonados pelo mundo todo.

Esse texto é uma combinação de resenha, desabafo e uma apaixonada declaração de amor de uma fã que tem o maior orgulho do mundo de dizer que ama incondicionalmente. Quero aproveitar e agradecer o Edu pelo convite e, principalmente, pela conversa que tivemos que tocou meu coração num momento de insegurança da minha parte em escrever este texto. O Edu é aquela pessoa que entende cada palavra, cada lágrima, cada realização e até cada loucura de um fã. Obrigada, Edu, pela sensibilidade e respeito com essas minhas sinceras e emocionadas palavras. Você é especial e sabe disso.

Setlist do Show do Bon Jovi – 25/set/2019

  1. This House Is Not For Sale.
  2. Born To be My Baby
  3. Lost Highway.
  4. Knockout.
  5. You Give Love a Bad Name.
  6. Roller Coaster.
  7. Whole Lot Of Leavin’.
  8. We Weren’t Born To Follow.
  9. Runaway.
  10. It’s My Life.
  11. In These Arms.
  12. Have a Nice Day.
  13. Keep The Faith.
  14. Amen.
  15. Bed of Roses.
  16. Lay Your Hands On Me.
  17. We Don’t Run.
  18. Wanted Dead or Alive.
  19. I’’ll Sleep When I’m Dead.
  20. Bad Medicine.

Encore:

   21.Blood on Blood.

   22. Livin’ On A Prayer.

Galeria de Fotos:

Taty Bon Jovi.

Fotos, vídeos e revisão por Eduardo [dutecnic].



Categorias:Artistas, Cada show é um show..., Curiosidades, Discografias, Músicas, Resenhas, Setlists

12 respostas

  1. Taty Bon Jovi,

    As a life long fan of Bon Jovi myself, your words were heartfelt and well said. Reading this, brought back memories of listening to my Bon Jovi cd’s getting ready for school and my parents telling me to “turn down the music”, attending my very first Bon Jovi concert in Stuttgart, Germany (to this day the BEST concert I’ve ever attended), the concerts in between, and the last in Copenhagen, Denmark in 2013. I was crushed when Richie Sambora left the band, and with the exception of the Copenhagen concert haven’t had the heart to see them live since. However, I’m still a huge fan and know this band is beyond special and incomparable to others. The impact the band has on its fans and the communities in the northern US, especially in New Jersey, is amazing. There will never be another Bon Jovi!! Thank you for sharing your memories and thoughts, and from one fan to another keep the faith and keep livin’ on that prayer ~ Rebecca

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    • Rebecca, how are you?

      Firstly, thank you so much for reading my sincere text about Bon Jovi.

      I also thank you for sharing your memories with us here. Through reading your words I can see how special you are ❣
      I hope we’ll someday be able to meet and talk about it!
      Sincerely,
      Taty

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  2. Hey Rebecca, you were the first person that I thought when I was able to preview this post with Taty. Besides another friend of mine, Vitor, you 3 are the hardest Bon Jovi fans I know. I know what JBJ and his music represent and touch you, so of course I had to have you reading this astonishing tribute.

    Taty (and guys) – Rebecca is a dear friend of mine from the US. Needless to say she is also a dedicated and huge fan. As you can see leaving this great comment here, she is just the best. Hope next time we are together in the US we make it to the JBJ’s restaurant – unfortunately it wasn’t possible earlier this year. Photos taken by her there:

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    The JBJ Soul Kitchen – restaurante do Bon Jovi

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    Thanks Rebecca and take care, see you around!

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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    • For sure, anyone who is a fan knows how special the moment for us, when they get on stage and we see how many people are there for it. I follow the band since I was 8 years old, when my dad would put the Cross Road CD (best album haha) to play in the car while I was 8 years old trying to sing in the back seat.

      I had the opportunity to go to the band’s last 3 shows here in Sao Paulo, with Richie Sambora and without him 😦 However I had the opportunity to meet Phil X in person, and I can say that he is a great guitarist and more nice than Richie.

      Edu, you finally went to see the band, I was happy for that.🤘

      And yes Taty Bon Jovi, I really understand what it’s to be a fan like you haha 😂

      [ ] ‘ s,

      Vitor

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  3. Eu sou testemunha viva de tudo que a taty falou e passou por não poder ir no show do Bon Jovi.

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  4. Rolim, muito obrigado por nos dar a oportunidade de lermos posts como esse aqui no blog. São pessoas com esse amor incondicional aos artistas que movem as coisas, em uma época em que tudo é efêmero na vida………
    Taty – se me permitir – muito muito obrigado pelo seu post, sua sinceridade em expor seus fantasmas, seu amor incondicional e seu depoimento como pano de fundo nesta turnê.
    Você também ‘sofre” da “tensão do apagar das luzes” …rsrsrsrs que legal…..todo mundo que é fa se parece ….alias outro dia que o Eduardo Rolim falou sobre isso é que eu fui me ligar……..antes dele comentar eu sentia mas nunca tinha visto sob essa perspectiva…
    Eu me amarro na musica Homebound Train – primeira do lado B do New Jersey …..nada se comparar a esse som

    Muito obrigado

    Rolf “Dio” Henrique

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    • Rolf, como vai?
      Em primeiro lugar, é com uma imensa alegria que recebo o seu comentário. Muito obrigada pelo respeito e tamanha sensibilidade com as minhas palavras e história.
      Não foi fácil liberar esses fantasmas que estavam presos dentro de mim, confesso que chorei algumas vezes ao escrever sobre sentimentos tão íntimos e pessoais. Mas o bacana disso tudo, além do alívio, e que alívio, rs, é que todo esse meu amor pelo Bon Jovi vem sendo tratado de maneira tão respeitosa neste blog. É realmente muito gratificante receber apoio no lugar de julgamentos. Você fez isso com maestria e eu lhe agradeço por isso. Espero te encontrar um dia para ouvirmos Homebound Train em alto e bom som. Um abraço 😉

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  5. Bem, nem posso considerar esse texto tão somente uma resenha, mas sim uma emocionante declaração de amor ao grupo. Interessante e mais ainda emocionante é o seu desenrolar desde o inicio dessa sua história e fica aqui uma sincera admiração por colocar essas palavras de forma tão contundente e transparente.
    Eu sou um admirador da banda em sua fase mais clássica, tenho algumas reservas à fase mais recente, mas nada a contrastar quando o assunto é o reconhecimento da importância para o gênero em suas sutis divisões onde eles acabaram por transitar tanto tempo dedicado até hoje.
    É uma pena que a voz sim sofre desgastes como tantos outros vocais , mas achei o show do Rock in Rio desta vez bem superior ao anterior, senti uma banda mais revigorada, madura no atual formato e com Jon buscando seu papel como front man e autêntica lenda do rock. Essa é apenas uma opinião de um conhecedor mais raso da banda e que, como o Rolf, cita a Homebound Train como sua música favorita.
    Ler o texto foi um privilégio e algo que se incorpora a incríveis textos que vemos por aqui.

    Muito obrigado por postar !

    Alexandre

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    • Alexandre, tudo bem com você?

      Eu que agradeço pelo seu amistoso comentário neste meu longo texto. Muito obrigada 😉
      Você sabe que a ideia inicial era de uma resenha, mas senti a necessidade de contar um pouco mais sobre como tudo começou, de repente, sem eu perceber, a emoção falou mais alto rs. Sabe como é fã, né? E depois do texto pronto, bateu uma certa insegurança, mas o Edu tratou logo de dar um jeitinho nisso, aliás, obrigada de novo, Edu. E hoje, graças a esse feedback bacana de pessoas como você, eu vejo esse texto com outros olhos. Estou feliz demais em acompanhar os comentários por aqui.

      E sim, Bon Jovi está numa fase ótima, este último Rock In Rio foi especial demais e realmente muito diferente dos anteriores.

      Como você sabe, a banda passou por alguns momentos difíceis, teve a triste saída do Sambora, que já não participou do show do Rock In Rio em 2013, inclusive nem o batera Tico Torres, que na época estava cuidando de um problema de saúde. Bom, mas dizem que depois da tempestade sempre vem a calmaria, né? E isso realmente aconteceu, e podemos comprovar com a maravilhosa última turnê “This House is Not for Sale.”

      Como disse o Rolf, a primeira música do lado B – Homebound Train é realmente incrível e sempre estará no meu setlist pessoal e dos sonhos.

      Obrigada demais, Alexandre. Um abraço!!

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  6. Aiiiiii, muito amor de fã passo por isso também!!!! E sei muito bem como é ❤️❤️❤️❤️❤️

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