Cobertura Minuto HM – Megadeth em SP – parte 2 (resenha)

O que melhor fazer em uma quarta-feira a noite do que ver um show do Megadeth?

E foi realmente este espírito, de muita vontade da galera em ver a banda, que pude conferir em 05/setembro/2012, no Via Funchal. A responsabilidade em escrever um pouco do show é grande, visto que temos grandes especialistas da banda aqui no blog, então espero aqui pelo menos trazer um pouco da satisfação que é ver um show da banda de Dave Mustaine.

Deixa eu então adiantar uma coisa aqui, já que falei do Mustaine. Foi (ainda mais) impressionante ver a adoração mútua que rolou entre Mustaine e o público nesta noite. Um Mustaine que, apesar de ter mantido o padrão de entrar no palco e praticamente não ter qualquer interação com o público no início do show, vem a cada apresentação se mostrando mais maduro, adotando um estilo mais “paizão”, no melhor sentido. Por diversas vezes, agradeceu o público, que o reverenciou de volta gritando, por muitas vezes, “Mustaine” ao invés do próprio nome da banda.

O Megadeth despejou clássicos logo de cara, abrindo os trabalhos com Trust, com Mustaine, Ellefson, Shawn e Chris ganhando o palco as 22h09, para delírio de uma casa praticamente lotada. Na sequência, hora de seguirmos para o álbum Rust In Peace, que também foi celebrado quando de seu aniversário de 20 anos, com Hangar 18, a qual trago o vídeo abaixo:

Na sequência, mais um “medalhão”, com a “arranca-toco” She-Wolf. São momentos como estes que a frase que uso para definir o Megadeth é justificada: “ali não tem brincadeira, não”. Um grande momento do show.

Sem tempo para respirarmos e em uma posição não comum em setlists das tours anteriores, a banda se dá ao luxo de executar, com a maestria de sempre, A Tout Le Monde, em outro momento ímpar da noite. “You’re beautiful”, exclama o animado Mustaine.

Com a expectativa de conferirmos o álbum Countdown To Extinction na íntegra, em comemoração aos 20 anos deste que é o álbum mais vendido do grupo, o Megadeth executa duas músicas do último disco de estúdio da banda, TH1RT3EN: Whose Life (Is It Anyways?) e Public Enemy No. 1.

Além das músicas terem funcionando muito bem ao-vivo, cabe aqui mais um comentário geral do show, sobre a revitalização tecnológica da banda que, desta vez, ao invés de ter apenas uma cortina estática, se preocupou em trazer um bonito telão principal, além de outros 2 menores, que ficavam nas laterais de dentro do palco, todos de alta resolução (além dos 2 telões do Via Funchal). A banda usou e abusou destes telões e da tecnologia para mostrar vídeos e passagens de letras das músicas, precisamente sincronizadas, ao longo da noite – e o resultado foi espetacular: sem excessos e sem “roubar” a atenção do público nos músicos (e nas músicas).

Sobre as músicas novas, Mustaine comentou que acha o vídeo de Whose Life (Is It Anyways?) um de seus favoritos – e, novamente, a música encaixou bem demais no set. Mustaine, no final da música, deu mais uma demonstração do carinho que tem por nós, passando de ponta a ponta no palco cumprimentando a galera que se espremia na grade da VIP e aproveitando para anunciar a segunda década de vida do Countdown To Extinction, além de comentar que tem seu coração dividido também com a Colômbia, onde o Megadeth foi recebido muito bem. Já Public Enemy No. 1 teve uma recepção ainda mais calorosa, dado que foi uma das músicas de trabalho do disco.

A banda, então, executou o disco na íntegra mesmo, como prometido, proporcionando o início dos moshs nas pistas. Como ponto negativo, a guitarra de Chris ainda continuava baixa (e assim foi durante todo o show), por vezes tão baixa que parecia que ia sumir de vez, com o baixo de Ellefson também “baixo” (este com leve melhora em seu volume para o final do show).

Skin O’ My Teeth foi cantada a plenos pulmões pela galera, mas o momento quase insuperável do show em termos de reação do público é sempre com o hit absoluto Symphony Of Destruction (e haja esforço para não lembrar disso aqui, hehehe). A execução da banda é impecável, ainda que neste momento se observa a segunda voz da linha de frente da banda mais alta que a primeira de Mustaine…

A ordem do Countdown do Extinction continuou sendo seguida à risca, sempre com as altas reações do público, com os telões sincronizados com as mensagens de caráter político / militar, e com Mustaine dando outros exemplos do carinho que desenvolveu pelo Brasil, perguntando, ao final do clássico Sweating Bullets: “Did I tell you that I love you?”. Também comentou, em dado momento, que a primeira vez de Ellefson na América do Sul havia sido justamente no Brasil, mais precisamento no Rock in Rio 2. E complementou: “eu não sou um cara que falo muito, mas as vezes acho que tenho que falar algumas coisas”, em outra hora de elogios. Mustaine também pegou uma bandeira do Brasil atirada no palco e a deixou em seu pedestal.

Com o fim do celebrado álbum, o Megadeth ainda daria mais 2 porradas bem dadas em nossas caras: a must-have Peace Sells, contando com a ilustre presença de Vic Rattlehead no palco.

A banda deixa o palco com a galera gritando por Mustaine e fazendo coro por “Holy Wars”. A banda retorna para o BIS com Mustaine separando a galera para gritar (em um momento que lembrou o Bruce Dickinson em Sanctuary) para atender aos pedidos com Holy Wars… The Punishment Due.

“Thank you, God bless you, Brazil, good night”. Mustaine beija palhetas antes de jogá-las e, com a esperada “You’ve been great, we’ve been Megadeth”, a banda fecha esta noite de metal as 23h48.

Gostaria, entretanto, de deixar registrado algumas críticas, especialmente ao Via Funchal, casa esta que já fui fã mas que anda dando algumas mancadas:

– na hora da nossa entrada, não fui revistado! O cara apenas olhou para minha cara e liberou minha entrada. E isso aconteceu com todos por perto, já que o horário do show se aproximava e a fila ainda era grande. Uma vergonha;

– a falta de atenção da segurança com as tentativas de invasão da pista comum para a VIP (algumas concretizadas que, independente de concordar ou não com os critérios de pista normal x VIP e tudo mais, é uma grande falta de respeito com quem pagou mais caro e é atrapalhado por pessoas que, por exemplo, pulam e acabam machucando outras pessoas que estão de costas. Por exemplo, havia uma criança por perto que poderia ter se machucado em uma dessas invasões. Felizmente ou não, apenas caiu muita cerveja no Marcus e em mim do copo de uma pessoa que estava na VIP e acabou tomando um solavanco de um dos invasores);

– o som, que sempre foi uma das referências da casa, além de não estar tão alto como esperado, pecou (e muito) na guitarra-solo por todo o show e também com o volume do baixo;

– o processo de entrada na pista VIP, onde pessoa é obrigada a deixar seu ingresso e depois voltar para casa com o ingresso de outra pessoa (eles devolvem o ingresso, mas obviamente que essa devolução é feita com o ingresso de outra pessoa). Isso é inexplicável, uma vez que o ingresso já foi destacada e a “fitinha” colocada. Para quem é colecionador ou fã, é pior ainda, pois você volta para casa com o ingresso de outra pessoa, as vezes amassado, sujo, além de tumultuar e tardar a saída. Isso é algo que a casa precisa rever com urgência!

Megadeth Setlist Via Funchal, São Paulo, Brazil 2012, Countdown to Extinction 20th Anniversary Tour

Galeria de fotos da noite – basta clicar para ampliar e navegar entre elas:

Por fim, “twittadas” pós-show da cozinha da banda:

[ ] ‘ s,

Eduardo.



Categorias:Backstage, Cada show é um show..., Curiosidades, Músicas, Megadeth, Resenhas, Setlists

21 respostas

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  2. Eduardo. muito boa resenha. Não faltou nada mesmo! Que mais resenhas e fotos dessa qualidade sempre acompanhem os nossos shows.

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  3. Que legal que vocês foram no show, parece ter sido bem divertido. O set bem diferente dos apresentados nos últimos shows do Megadeth aqui no Brasil. Até pelo fato de ser um show “solo”, não-festival.

    Mustaine tem motivos de sobra para sentir-se à vontade por aqui visto que vem agora ao nosso país de 6 em 6 meses. Daqui a pouco shows do Megadeth já farão parte da cultura nacional, rs.

    E muito legal essa revitalização tecnólogica da banda. A idéia do QR code é sensacional! Só não entendi o porquê do set do Chile em vez do set do Brasil.

    Enfim, ótimo show e cobertura, parabéns a vocês que foram.

    Abraços,

    Su

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    • Su, valeu, obrigado pelas palavras… sim, fomos e foi mais uma noite muito boa de “Metaldeth”. Ué, não entendi: eles já não são parte da nossa cultura? Hahahahaha 🙂

      Sobre o QR Code, a ideia é legal mas como disse, estava difícil “enquadrar” o código na hora. Por isso, tirei a foto e somente consegui fazer o “scan” com a foto passada para o computador para que finalmente eu pudesse usar um app de iPhone para visualizar a página – isso depois do show.

      Assim, o setlist do Chile foi porque eu fiz este scan ontem (dia 09/set/2012), e eles já estavam no Chile para tocarem nesta noite (na verdade, eles estão com várias datas no país, eles também tocaram por lá nos dias 07e 08). Então a ideia aqui foi apenas sanar a curiosidade do código e trazer como foi legal esse novo recurso nessa “revitalizada tecnológica” deles.

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  4. Esse Show vai ficar para a história!
    Cheguei na Via Funchal mais ou menos 17:30, e o Tempo custava a passar hahaha. Demorava mais ainda, pois, foi o primeiro Show do Megadeth que fui!
    Também foi o Primeiro Show que vi no Local, e fiquei decepcionado , pois só tinha ouvido elogios à casa, e pude observar muitos pontos negativos, (os mesmos apontados no Post).
    Quando fui obrigado a deixar meu ingresso na Entrada da Pista Vip, fiquei sem entender nada! Você fica tomando conta do seu ingresso, para que possa guarda-lo intacto , e recebe um todo amassado! Um absurdo. Sem contar, que vi muitas pessoas saindo e voltando para a Pista, e cada vez que saia, pegava um ingresso “novo”. Muita gente deve ter ficado sem ingresso no fim do espetáculo.
    Mas o Show foi Tão bom que na hora era impossível, apontar defeitos. Fico esperando a próxima apresentação , e farei o possível para ir novamente!

    Abraços.

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  5. Suellen tomara que o megadeth faça como o Deep Purple e o Jethro Tull
    Lucas, vc tem toda razão nos seus comentários e corroboraram com o que o Eduardo comentou

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  6. Ótima Resenha! Apesar de não ser um fã de primeira linha do Mega, deve ter sido um ótimo show. E uma pena que o Rj tem sido excluído de tudo que é show de heavy metal. E público tem! O Linkin Park, que não é heavy, mas é um rock, vai fazer uma segunda noite aqui no Rio pois esgotaram-se os ingressos de uma noite. Tenho certeza que o público do Rio não iria fazer feio numa noite do Megadeth….!

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    • Heavy Metal no Rio é complicado. Ainda mais para uma banda como o Megadeth que tem batido o cartão aqui no Brasil quase todo ano. O último show do Megadeth aqui no Rio, em 2008, foi num Citibank Hall vazio!! Cheguei na metade da primeira música e ainda assim consegui ficar na grade! Talvez num lugar menor como o Circo Voador ou na Fundição Progresso, funcione… Vamos esperar pela próxima tour, que deve ser ano no que vem hehehe

      Bandas que fazem um rock mais “acessível” sempre tem público no RJ. Vide o Pearl Jam e Guns N’ Roses que por aqui aqui que são sempre sold-out. Mas em se tratando de Heavy Metal mesmo, tem que ser SP mesmo…

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    • Glaysson, muito obrigado pelos elogios e sim, foi mesmo ótimo, apesar dos problemas que mencionei. Quanto à questão do Rio, realmente é uma pena, mas creio que a Su já comentou muito bem a situação – e eu concordo com o que ela comentou.

      De qualquer forma, fico na torcida para que o Rio volte a ser passagem de bandas de metal (e outras importantes capitais do país), ainda que não creio que supere o que os caras podem ter em SP (leia-se $$$$), já que a terra da garoa é realmente a cidade do heavy metal.

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  7. A Suellen disse tudo. Agora o RJ já entrou numa fase perigosa onde fatalmente nenhum produtor quer arriscar agendar um show com medo do fracasso de bilheteria. Para a banda tanto faz por que ela recebe o cache dela, mas para os produtores – que são as pessoas que viabilizam a vinda do artista para o local – isso vira um negocio de risco e eu acho que o RJ já nesta fase, ou seja, já tem uma certa imagem consolidada de que virou um risco para os produtores. Foi igual quando a Globo, visando atacar os politicos do PDT instituiu uma imagem de que o RJ é violento. Pra reverter um prejuizo de imagem desses, levam décadas. O mesmo esta ocorrendo nesse sentido. Se o RJ não buscar de alguma forma reverter essa imagem de que Metal não tem publico lá, pode ser que isso seja quase irreversível.

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    • O RJ não leva muito público mesmo, isso todo mundo sabe. Não sei ao certo, mas a Via Funchal dá umas 4 mil pessoas (e nesse show não lotou…). O Anthrax fez show aqui no Rio, na Fundição e provavelmente deu próximo a isso e o Megadeth é mais popular que Anthrax.

      Com uma boa divulgação, dá sim. Rola um preconceito.

      Como eu, deve ter um monte de caras que não foram pq é em SP. Só fã de primeira linha que se dispõe a ir a outro estado, perder dia de trabalho e incluir outros custos, além dos ingressos que já são caros.

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      • O papo está bom por aqui…

        Olha, galera, certeza de sucesso (ou o menor prejuízo possível), no Brasil, somente em SP. Claro que o Rio é a segunda praça e que há sim muito público, mas até o comportamento na hora de comprar ingressos no Rio é diferente: muitos deixam para comprar na última hora, bem mais do que ocorre, por exemplo, em SP.

        E com tantos shows, que produtor quer arriscar ter problemas, se em SP é mais certo? Do ponto de vista de negócios, não faz sentido correr riscos…

        De qualquer forma, é uma pena isso, já que há sim muitos fãs que acabam tendo que viajar ou então ficar sem o show em sua cidade…

        [ ] ‘ s,

        Eduardo.

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  8. Primeiro, parabéns pela resenha Du!!! Eu gostaria muito de ter ido ao show, infelizmente não foi possível, mas lendo o que você escreveu, senti toda a emoção deste que deve ter sido um grande show do Megadeth, que como você bem frisou tem o Mustaine com seu novo estilo “paizão” e a banda como um todo, vem demonstrando um amadurecimento incrível…músicas muito bem encaixadas durante os shows, um frontman que dá inteira atenção ao seu público, e agora também temos os telões que pelo que mostram as fotos e a resenha, foram idéias muito boas.

    Um forte abraço!

    Wagner

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    • Wagnão, valeu pelos elogios e pelo comentário aqui… realmente uma grande pena você não ter ido a mais este MegaShow conosco…

      Sim, o setlist foi bem costurado e funcionou muito bem mesmo, como falamos inclusive pessoalmente. A banda está bem legal de ser assistida ao-vivo e o Sr. Mustaine realmente amadureceu e merece todos os elogios possíveis.

      Long Live Megadeth! Megadeth! Megadeth!

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  9. Eduardo e galera do Minuto, desculpem a demora em comentar, mas já havia lido esse post e a única coisa que consigo considerar em escrever aqui é que a cobertura desses monstros de conhecimento beira à perfeição.
    Fotos sensacionais, texto impecável!
    E uma opinião bastante coerente acerca da questão dos bilhetes na arena de espetáculo

    Parabéns !

    Alexandre

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