Fui meio que intimado a escrever a resenha do recente show do Sabbath no Rio de Janeiro. Nada mais justo, visto que não tenho escrito tantos posts por aqui quanto eu gostaria. E também algo que me deixa muito feliz, pois além dos pais do gênero, também tive a rara oportunidade de me reunir com grande parte da família do Minuto HM.
Encontro marcado em um supermercado próximo do meu apartamento, os integrantes do Minuto HM foram chegando todos depois de mim, e assim o encontro transferiu-se diretamente para o meu apartamento, dali todos fomos via metrô para o local do show. Chegavam Rolf, Flávio e Eduardo Rolim. Logo depois, o conterrâneo Daniel. Mais um pouco, Schmitt e Marcus Batera. Com um ou outro desencontro ou ligeiro atraso, tive o privilégio de receber ao mesmo tempo na minha casa esses outros 6 integrantes deste blog. Momento único…
Partimos para a Apoteose de metrô, 5 estações de distância, trajeto curto. Porém, nas cercanias do show tivemos, quase todos, que acessar a pista VIP fazendo uma considerável volta. Fica aqui a primeira reclamação do local: que tal facilitar o acesso para aqueles que resolveram empenhar mais recursos para assistir o show? Aliás, mesmo de pista VIP, a Apoteose está longe de oferecer conforto aos que lá estão, há buracos na pista, bueiros com cheiros longe do agradável, desníveis consideráveis. Das duas, uma: ou eu aumentei o meu rigor acerca das instalações de um show, ou estou ficando velho…..a resposta deve ser a alternativa 2, imagino… mas chega de escrever sobre coisas ruins e vamos aos shows…
Após a tradicional adedanha de artistas e bandas (quase sempre sem vencedores) com os amigos para matar o tempo, subiu ao palco o Rival Sons, com ligeiro atraso, para apresentar uma ótima perfomance, com destaque absoluto para o vocalista Jay Buchanan, que entrega o que foi gravado em estúdio com sobras ao vivo e ainda improvisa em cima de seu invejável alcance vocal. O show curto dá espaço para os músicos também, pode-se ver a categoria do guitarrista Scott na maioria do tempo acompanhado de suas guitarras Gibson Firebirds e um sem número de pedais de efeito, investindo bastante na sonoridade recheada de “fuzz” e uso de slide guitars para trazer o som vintage da banda. Gostei muito do que vi e ouvi ao vivo do batera Miley, esbanja precisão e categoria ao trabalhar no tempo das canções. Pouco ouvia-se do baixo, uma pena, e mesmo com a adição de um músico convidado aos teclados, em algum momento o som ficava meio vazio, em especial nos solos. Esse pra mim foi o único senão de uma ótima apresentação, com destaques para as famosas Pressure and Time e Keep on Swinging, essa do excelente álbum Head Down, já destrinchado em um de nossos podcasts. A música fechou o show bastante apropriada, para muitos aplausos da plateia.
Intervalo breve, entram no palco 3/4 daquela banda que alicerçou e a quem todos nós devemos, quando o assunto é metal. Telões com imagens poderosas que remetem ao significado/DNA Black Sabbath, e finalmente eles atacam a faixa que deu início ao heavy metal, a homônima Black Sabbath. Escolhemos ficar do lado de um Geezer Butler cada vez mais contido no palco (não na perfomance, mas na movimentação), do outro lado a autoridade das guitarras SG despeja os riffs que construíram tudo que se sabe do gênero. O início, cantado a plenos pulmões pela galera, nos mostra um Ozzy cada vez mais desafinado e errando em algumas horas até no tempo (afinal isso é ser Ozzy…) e um erro meio incomum de Iommi (quem puder preste atenção no início do riff da canção exatamente em 4:09 mim do vídeo abaixo):
A banda opta por um andamento ainda mais cadenciado do que se ouvia anteriormente na maioria da canções, calcado na pegada extraordinária do único não original da banda, o batera Clufetos e vai destilando faixas do primeiro ao quarto álbum em sequência, de Black Sabbath à Into the Void. Essa, juntamente com talvez Fairies Wear Boots e principalmente After Forever, ambas nesta sequência cronológica, são as que são menos “jogo ganho” em um repertório recheado de clássicos.
Seguem-se N.I.B., Iron Man, Children of the Grave, Paranoid. Nada do último álbum, o bom 13; nada do Sabbath Bloody Sabbath ou Sabotage, minha fase preferida do line up com Ozzy e Ward, mas há de se convir que Ozzy nunca teve facilidade em cantar Symptom of the Universe ou Killing Yourself to Live, não seria agora o melhor momento para arriscar. Snowblind ou Dirty Women talvez sejam um pouco menos conhecidas de alguma pequena parte da plateia, mas é até ali que eles foram. A tour de despedida é calcada nos clássicos, para êxtase da quase totalidade dos cariocas (e “intrusos”).
[Por Eduardo – War Pigs:]
Mais do que analisar um show dos mestres já em idade avançada e sem muita novidade no repertório para este que aqui escreve e gosta tanto de ouvir os sons mais obscuros, venho aqui para cumprir o dever de relatar o prazer que tive ao ver aqueles que construíram a fundação do som que ouço desde minha adolescência e para quem eu vou ficar eternamente devendo. Ver, provavelmente pela última vez, um show do Black Sabbath quase todo original era cumprir uma obrigação moral. Junto de 6 dos meus irmãos do blog, obrigação total, na verdade. A noite seguiu no pós show na companhia sem preço da galera do Minuto HM. Seguiu no dia seguinte, na famosa “pelada“ de fim de ano em forma de ensaio musical. Muita diversão, muitas risadas, muito prazer em estar do lado dessa galera que eu não canso de me admirar.
Ao Sabbath, eu agradeço nominalmente: Iommi, Butler, Ozzy, muito obrigado!! Quem sabe até um outro dia!!!
Fotos – ensaio do dia seguinte:
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E o futuro? São as crianças…
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O vocal ainda maturando a voz mas legal… os outros 3, já maduros, a baixista fazendo tudo, guitarra excelente e o batera preenchendo tudo!
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Eduardo.
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O futuro da música não está perdido
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