{FOR UNLAWFUL CARNAL KNOWLEDGE – álbum e turnê, 1991/92}
No fim da turnê de OU812, a nova fase da banda, intitulada de forma “irônica” de Van Hagar, era uma completa realidade. Afinal, apenas com dois álbuns eles haviam atingido uma vendagem superior a dez milhões de cópias, somente nos EUA. As tours foram um completo sucesso. Desta forma, a banda retorna ao estúdio de Eddie em 1990 para continuar a saga Van Hagar, tendo em mente trabalhar forte e seguir na direção do sucesso. Uma vez mais, os trabalhos de gravação do álbum duraram mais de um ano, e finalmente em junho de 1991, For Unlawful Carnal Knowledge foi lançado, tendo a faixa inicial Poundcake como single.
As gravações do álbum começam co-produzidas por Eddie Van Halen e Andy Johns, que finalizam parte do que foi registrado, mas Andy é substituído por Ted Templeman, afastado do ambiente do grupo desde a saída de Dave Lee Roth. A volta de Templeman teve a solicitação de Sammy Hagar, insatisfeito com o direcionamento de Johns. For Unlawful Carnal Knowledge teve seu título extraído da palavra FUCK, ideia inicial de Hagar. O vocalista andava contrariado com as intervenções da censura em álbuns do gênero e com a imagem associada ao grupo na ocasião. Teoricamente, F.U.C.K. seria um acrônimo para o título final do álbum, embora isto não seja exatamente uma verdade.
O lineup já bastante estável continuava sendo:
Sammy Hagar: Vocal
Eddie Van Halen: Guitarra e backing vocal
Michael Anthony: Baixo e backing vocal
Alex Van Halen: Bateria
Ao contrário do álbum anterior, nenhuma foto da banda na capa, nem na parte de trás do álbum, apenas no encarte.
Além do conceito da capa, que volta a não trazer fotos com os integrantes, não se pode exatamente afirmar que F.U.C.K. segue a fórmula dos dois álbuns seguintes. Há certa mudança no direcionamento musical, pois mesmo não sendo algo radical, o que se ouve aqui é um estilo de sonoridade menos voltada aos teclados e mais carregado nos riffs de Eddie Van Halen. Os teclados foram retirados e estão praticamente presentes apenas no piano e órgão utilizados na faixa de maior sucesso do álbum, Right Now. O álbum volta a apresentar uma faixa instrumental: 316 é na verdade uma composição de autoria exclusiva de Eddie (embora creditada a todo o grupo, como as demais), já tocada nas tours anteriores em seu momento solo e uma espécie de homenagem ao filho recém-nascido, Wolfgang, que voltará a ser assunto desta discografia em um momento futuro, mas que pode ser visto ao vivo aqui.
Tracklist:
Faixa | Título | Compositor | Duração |
1 | Poundcake | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 5:21 |
2 | Judgment Day | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 4:38 |
3 | Spanked | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 4:53 |
4 | Runaround | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 4:20 |
5 | Pleasure Dome | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 6:58 |
6 | In ’N’ Out | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 6:04 |
7 | Man on a Mission | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 5:03 |
8 | The Dream is Over | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 3:59 |
9 | Right Now | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 5:21 |
10 | 316 | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 1:29 |
11 | Top of the World | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 3:54 |
Turnê:
A turnê do álbum foi uma das mais extensas do grupo, quase 100 shows, novamente não saindo dos Estados Unidos, a não ser para duas datas no México. Os últimos três shows, em maio de 1992, foram no Havaí. Duas datas foram reservadas para a gravação de um futuro álbum, assunto do próximo capítulo da discografia Van Halen. O setlist mostra uma aposta muito forte da banda no novo álbum, pois todas as canções dele foram tocadas, ainda que não em todos os shows. In ‘N’ Out ou Man on a Mission foram tocadas muito raramente, é bom ressaltar. Right Now foi incluída de forma mais tardia nos concertos, muito em função do sucesso que a música fez durante o momento em que a banda excursionava. Outra novidade foi a volta do hit Jump, de fora desde 16 de maio de 1986, no início da turnê de 5150.
Avaliação:
Em nosso entendimento, e até de forma menos usual do que a maioria dos apreciadores da banda, For Unlawful Carnal Knowledge (ou F.U.C.K.) é o melhor trabalho da fase Hagar na banda. O amadurecimento como grupo é muito mais notado e destacam-se não só Eddie e Sammy, mas também o trabalho da cozinha, há espaço para a bateria já bem presente de Alex e, sobretudo, para o baixo de Anthony (basta ouvir Pleasure Dome ou Man on a Mission, por exemplo).
Outro ponto positivo é a retirada de certo excesso de teclados presentes nos primeiros álbuns deste lineup. A banda volta fazer um som voltado para as guitarras e nelas Eddie está um degrau acima do feito em OU812. O disco se destaca não só pelos singles de grande sucesso, mas também por músicas menos conhecidas como Judgement Day, Spanked ou Pleasure Dome. Voltando aos singles, é indiscutível a capacidade de acertar no alvo em faixas como Poundcake e Right Now, onde o piano de Eddie encaixa com os vocais de Hagar de forma perfeita.
Premiações:
O álbum, assim como seus predecessores, atingiu a primeira posição na Billboard, mas os singles, embora muito veiculados na MTV, não repetiram as posições alcançadas na Bilboard pelos seus antecessores, ainda que tenham ajudado o álbum a atingir três milhões de cópias nos Estados Unidos. Top of the World ficou em 27º e Right Now só em 55º. É importante contextualizar que o momento nos EUA era predominantemente “grunge”, e era de se esperar uma performance inferior ao disco anterior, já que estilo da banda não tem afinidade com o estilo “em voga”. Nas paradas de rock da Bilboard, os desempenhos foram bem superiores, conseguindo o primeiro lugar para Poundcake, Runaround e Top of the World. Right Now chegou ao segundo lugar, The Dream is Over em 7º e até Man on a Mission aparece em um elogiável 21º lugar.
Right Now foi escolhido o vídeo do ano pela MTV Awards em 1992, recebendo outros dois prêmios na mesma noite.
Curiosidades:
Para um som que retornasse aos riffs, uma nova guitarra. Eddie se associou à Music Man/Ernie Ball para desenvolver um modelo próprio e a estreia deste foi em F.U.C.K. Feito sob as considerações de Van Halen, a Ernie Ball Musicman Edward Van Halen Guitar pôde ser observada já no lançamento do vídeo de Poundcake, sendo sua guitarra principal por muitos anos a seguir.
E já que o assunto é Poundcake, é nela que Eddie traz a maior inovação, a utilização de uma furadeira para abrir o álbum e ser utilizada durante a canção e solo. Aqui cabe um parênteses para citar que no álbum Lean Into It, do Mr, Big, Paul Gilbert e Billy Sheehan também utilizam do mesmo artefato, no solo de Daddy, Brother, Lover, Litlle Boy, canção cujo sub-título é The Drill Song. O mencionado álbum foi lançado meses antes de F.U.C.K., mas como Eddie já trabalhava na canção desde 1990, fica difícil atestar quem foi, de fato, o primeiro a ter tal ideia.
Outra curiosidade acerca do vídeo de Poundcake são as palavras recitadas por uma garotinha na “full-version” do clip. Trata-se de um poema tradicional da cultura inglesa atribuído na maioria das fontes ao poeta Robert Southey. Não sabemos, no entanto, qual a intenção da utilização das primeiras frases do poema, a saber: “What are little girls made of? Sugar and spice and everything nice, that’s what are little girls made of”. Ou em uma tradução livre: “De que garotinhas são feitas? Açúcar, tempero e tudo de bom, é disso que as garotinhas são feitas”. O fato é que o título da canção remete a um bolo feito cuja receita é igualmente composta por quatro ingredientes: açúcar, farinha, ovos e manteiga. Outra versão é que a ideia de incluir as tradicionais frases do poema surgiu do título do episódio 7 do primeiro ano da série Jornada nas Estrelas: “What are Little Girls Made of?”, mas não há neste episódio qualquer citação ao poema (a propósito, o título do episódio de Star Trek vem de uma cantiga do Século XIX, “What Are Little Boys Made Of?”). Assim, se alguém souber da verdadeira intenção, por favor utilize os comentários deste post para nos ajudar.
Para seu iPod:
Avaliação do álbum: 5 estrelas ( * * * * * )
Você já ouviu: Right Now e Poundcake.
Ouça: Pleasure Dome, Judgment Day, Spanked, 316, Runaround e Top of the World.
[ ]’s
Alexandre Bside e Flávio Remote
Revisou: Eduardo
Categorias:Curiosidades, Discografias, Instrumentos, Músicas, Resenhas, Van Halen
Não conhecia esse álbum, apenas os dois singles que estão contidos no Best of Volume 1. E não tinha melhor forma de conhecê-lo do que com esse embasamento.
Minha primeira impressão é de um álbum mais direto como os primeiros da era Dave Lee Roth porém mais atualizado e com outra vocalização, é claro. Apesar que em alguns momentos sinto uma certa aura do estilo Dave nas notas menos agudas.
Me agrada muito a utilização mais discreta ou ausente de sintetizadores que tanto marcaram o Hard Rock dos 80’s o que claramente deixa guitarra e baixo mais bem posicionados, pelo menos para o meu gosto pessoal. Gosto de ouvir o som do baixo sem ter que me concentrar. Mesmo nas faixas em que aprecem não disputam atenção com os demais instrumentos. Juntando tudo isso a produção e mixagem certamente a sensação de um som mais pesado é muito clara. Parece que a intenção foi exatamente essa.
Certamente é um álbum que entra fácil na minha lista de aquisições. Um Hard Rock 24 quilates.
Valeu!!!
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Cláudio, suas impressões em boa ou quase na totalidade batem com as minhas .Pra mim é esse o ponto alto da carreira da banda nesta segunda fase, pelo menos no que se refere ao conjunto da obra . Há faixas que gosto bastante nos demais álbuns, mas esse é praticamente perfeito.
Obrigado pelo comentário, acho que você deveria ouvir este FUCK um bom punhado de vezes, a tendência é que você o aprecie ainda mais.
Alexandre
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O Van Halen foi uma descoberta tardia, acho que ganhei meu primeiro LP da banda por volta de 85, naqueles “amigo secreto” de final de ano na escola, era o 1984. Mais tarde também vieram de presente os LPs Diver Down, 5150 e OU812. Todos tiveram o mesmo destino, ficaram encostados no fundo do armário. Talvez pela superexposição de Jump, talvez por causa de Dave Lee Roth. Ate que nos anos 90, não sei por que, resolvi ouvir os discos com Sammy Hagar… hoje possuo a discografia de estúdio da banda em CD, além dos velhos LPs.
Tenho que dar o braço a torcer, o primeiro e’ excelente, um marco na historia do Hard Rock, porem prefiro muito mais a fase Van Hagar!
Não sabia a respeito de Right Now, inicialmente ausente nos shows, porem acho que no próximo disco de estúdio a coisa começa a ficar difícil internamente, mas vamos esperar pelo próximo capitulo.
Pra terminar, mais um ótimo post do Alexandre. A discografia esta realmente em boas mãos!!!
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JP, sempre uma honra e uma enorme satisfação ler seus comentários e os elogios.
Acho que a grande maioria dos fãs da banda ainda prefere a formação original, eu particularmente vejo com bons olhos ( e ouvidos ) as duas fases.
A coisa vai ficar complicada internamente na sequência e o que é ainda pior, complicada musicalmente um pouco depois. Deixemos as questões para os próximos posts, no entanto.
Alexandre
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